POV Clary
Uma semana havia se passado e minha identidade falsa finalmente havia chegado, ou seja, EU FINALMENTE POSSO SAIR UM POUCO DESSA CASA!!!!
Eu passei a semana inteira lendo, chorando e vendo séries, raramente comia mais de duas coisas no dia e quando o fazia era porque Stefan me obrigava, mas hoje seria diferente.
Aproveitei que Damon havia saido pra jogar cartas com seu amigo Alaric no bar da cidade e que Stefan havia ido ver Caroline para que eu fosse até o centro comprar algumas coisas. Rafael havia vindo trazer meu dinheiro um dia depois que eu cheguei e, antes que perguntem, eu ganhei uma grande quantia por salvar o mundo duas vezes.
Enquanto andava pelo centro comprei algumas coisas de comida pra casa e maquiagem que eu usava pra cobrir minhas runas do pescoço quando saia, foi então que eu a vi. A mais perfeita, linda e maravilhosa loja de materiais de pintura que eu já havia visto! Como um inseto atraido pela luz eu entrei na loja.
Eu sabia que parecia uma criança em uma loja de doces, mas fazia tanto tempo que eu não pintava que não tinha me tocado de quanta falta eu sentia daquilo. Pintar sempre foi meu porto seguro, meu ultimo resquício de normalidade em meio a todo caos, mas quando Jace morreu eu parei de pintar, não tinha mais inspiração pra isso.
Foi o som de passos próximos que me tirou do meu devaneio.
-Desculpa, não queria te assustar. -disse o rapaz.
-Tudo bem, você não me assustou. -disse com um sorriso.
-Você pinta? -ele perguntou curioso.
- Pintava, ando sem muita criatividade. -Admiti envergonhada.
-Tem um lugar que dá uma ótima vista da cidade, é bem legal de pintar.-ele disse animado.
-Você também desenha?
- É um dos meus hobbies. -Admitiu.
-Eu preciso comprar materiais novos, mas depois podemos ir nesse lugar. -Disse enquanto escolhia algumas tintas e lápis.
-Seria ótimo!
O garoto me ajudou a comprar os materiais que foram muito mais baratos do que os de Nova York e começamos a andar na direção de um enorme relógio que era ponto turístico da cidade. Entramos no lugar e fomos até o topo de escada que dava pra uma enorme porta que levava a uma varanda. Andamos até lá e eu perdi o fôlego por um instante. AQUELA VISTA ERA MARAVILHOSA!
Era possível ver a cidade toda dali e parecia uma pintura em 3D.
-Eu realmente preciso pintar essa paisagem! -comentei sorrindo.
-Eu disse! - comentou o rapaz orgulhoso.
Peguei meu novo caderno e os lápis e comecei a desenhar.
-Você definitivamente não é daqui, então por que veio pra essa minuscula cidade? -ele perguntou curioso.
Eu não precisei erguer meus olhos do desenho ou pensar muito pra soltar a mentira ensaiada.
-Eu sou de Boston, eu... -hesitei falsamente- eu finalmente descobri quem eram meus pais de verdade, quem foram os babacas que me abandonaram em um orfanato, na verdade descobri o sobrenome deles.
-E qual é o sobrenome? -perguntou curioso.
-Finalmente te achei!- o moreno e eu viramos para a voz no mesmo instante e eu pude ver reconhecimento passar nos olhos do garoto que se levantou do chão onde estava sentado e abraçar o outro.
-Qual é Damon, eu mal voltei e você já esta atrás de mim?- disse o garoto sorrindo.
-Eu não vim atrás de você pequeno Gilbert, vim atrás dela! - disse Damon apontando pra mim- Sabe o susto que me deu quando eu cheguei em casa e não te vi? -ele parecia irritado, mas posso jurar que vi preocupação em seus olhos.
-Desculpa. -Eu disse suspirando- eu só queria sair um pouco e acabei me empolgando na conversa e nos desenhos.
-Não sabia que você pintava -comentou Damon prendendo seus olhos azuis nos meus.
-Tem muita coisa que não sabe sobre mim. -comentei sem desviar o olhar.
Algo estranho brilhou nos olhos dele e, se fosse qualquer outra pessoa eu poderia jurar que era desejo. Foi Jeremy quem quebrou o clima entre eu e Damon.
-Desculpa, o que é que eu perdi aqui? -disse ele apontando de mim para o vampiro.
-Você meu querido Gilbert acabou de conhecer a última Salvatore literalmente viva -mentiu Damon e apontou pra mim- essa pequena garota é filha de um dos descendentes do meu pai, de um dos casos extraconjugais dele. O que faz dela...
-Uma Salvatore. -interrompeu Jeremy.
-Exatamente pequeno Gilbert. Agora eu preciso arrasta-la pra casa. -disse Damon me arrastando pelo braço de forma nada gentil. Só tive tempo de pegar meus matérias e acenar pro Jeremy.
Mansão Salvatore
Mal entramos em casa e Damon começou com o sermão que eu sabia que viria.
-EU NÃO ACREDITO QUE SAIU SEM AVISAR!
-EU NÃO ACREDITO QUE ME ARRASTOU DE LÁ ASSIM! -gritei de volta.
-EU ACHEI QUE TINHAM TE SEQUESTRADO! EU NÃO FAÇO IDEIA DE QUEM TA ATRÁS DE VOCÊ OU O POR QUÊ...EU NÃO SABIA O QUE PENSAR! -gritou.
-OS CARAS QUE MATARAM MINHA MÃE ESTÃO ATRÁS DE MIM! -gritei segurando as lágrimas.
-POR QUÊ EU MATEI OS LÍDERES DELES! POR QUE EU COMETI O MAIOR PECADO PRA UM NEPHILIM DUAS PORRAS DE VEZES!
-PARA DE MENTIR PRINCESA, PORQUE MATAR O VILÃO SERIA UM PECADO? -gritou Damon com deboche, mas com a voz um pouco mais baixa.
-PORQUE ELES ERAM CAÇADORES DE SOMBRAS TAMBÉM SEU GRANDE IDIOTA! -gritei, mas abaixei a voz pra um quase sussurro quando disse- E porque eles eram da família!
-QUE MERDA VOCÊ TA TENTANDO DIZER? VAMOS LÁ PRINCESA, SOLTA A VOZ! - ele disse em tom de desafio.
A fúria me tomos e eu gritei;
-EU TO TENTANDO DIZER QUE EU MATEI MEU PAI E MEU IRMÃO SEU BABACA E EU NÃO SINTO O MENOR REMORSO POR ISSO!
A expressão dele foi de puro choque. Eu senti as lágrimas vindo e sai pela porta da sala correndo em direção a floresta. Não sei por quanto tempo corri até que minhas pernas cedessem e eu encostasse em uma árvore com a testa encostada nos meus joelhos dobrados. Foi só então que eu me permiti chorar por tudo; por ter perdido Jace, por ter matado meu pai, por ter trazido Simon pra essa vida, por ter perdido minha mãe, por estar fugindo do meu inimigo ao invés de lutar... Mas principalmente por ter matado Sebastian. Ele não merecia ter nascido daquele jeito, foi mais uma das grandes maldades que Valentin fez, ele era o verdadeiro monstro! E por mais que Sebastian tenha matado Jace e diversas pessoas quando eu penso nele tudo que eu posso ver é o garotinho loiro de olhos verdes que ele teria sido sem o sangue de demônio. Aquele era o meu irmão, o verdadeiro Jonathan Cristopher Morgenstern. Era por ele que eu estava chorando porque no dia em que eu atravesei a espada que o matou foi também o dia que ele realmente nasceu. Pena que sua vida verdadeira foi tão curta.
Eu estava chorando havia algum tempo quando ouvi o som de um galho se partindo e passos se aproximando...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.