História Mutual - Chapter 16

Joshua

Estou em um estágio onde eu paro e penso o que ando fazendo com a minha vida, estou curtindo ela? Minhas decisões estão sendo corretas? Devo seguir por esse caminho? Essas perguntas começaram a surgir cada vez mais na minha mente á cada vez que eu fico fitando o nada, isso realmente me preocupa já que estou na metade da minha faculdade, acabei de sair de uma paixão confusa e estou sem trabalhar, isso vem tomando cada vez mais minha mente.

― Joshua?

Levanto a cabeça acordando de meu transe fitando os intensos olhos negros de Junhui, apenas dou um sorriso observando seu olhar desconfiado que já deve ter descoberto que estava viajando em assuntos nada agradáveis, suspirei e apenas dei tapas de leve em meu colo onde o mesmo deitou e comecei a massagear seu cabelo.

― Você fica bonito de cabelo preto. – Disse sincero puxando levemente o cabelo do mesmo e ele sorriu de leve e ficou me observando.

― Até desse ângulo continua atraente. – Ri soprado e dei um peteleco em sua testa fazendo o mesmo fazer careta e um bico se formar em seus lábios.

― Besta.

Jun ergueu seu corpo ficando de frente para mim, lambi meus lábios e suspirei quando senti sua respiração próxima de meu rosto quando o mesmo se aproximou, fitei seus lábios e mordi os meus ao imaginar aquela vontade enorme de sentir os mesmos contra os meus, fechei os olhos ao sentir seus dedos acariciarem minha bochecha. Seus lábios roçaram de leve nos meus e Jun depositou um selo demorado, minhas mãos foram até a sua nuca onde puxei seu rosto para mais perto, Jun se afastou colando nossas testas me fazendo abrir os olhos para observar seu rosto sereno, acho linda sua expressão calma e tranquila.

― Sinto seu olhar queimando em mim. – Sorri de leve ao ver seu rosto agora retorcido em divertimento.

― Convencido.

Busquei seus lábios e um beijo lento começou, arfei quando sua mão apertou minha cintura e arranhei sua nuca em resposta recebendo um resmungo entre o beijo, fui sendo deitado aos poucos com o corpo de Jun quase grudado ao meu, sentia meu corpo quente e nosso beijo ia cada vez mais aumentando o ritmo, apartamos o beijo e Junhui puxou meus cabelos para deixar minha cabeça tombar, arfava enquanto sentia seus beijos molhados pelo meu pescoço e apertei sua cintura ao sentir a mordida recebida.

Levantei a cabeça e Junhui se afastou, ao fitar aqueles olhos semicerrados com sua boca vermelha seguida de um sorriso encantador senti meu coração bater acelerado, senti todos meus músculos retesarem e esquecer-se de respirar, arregalei os olhos assustado e sentei abruptamente. Não, por favor, não não.

― Josh? – Jun perguntou e fitei seu rosto confuso, puta merda.

― Acabei de lembrar que me esqueci de mandar minha parte do trabalho, tenho que ir agora. – Passei a mão nervoso pelos cabelos e levantei num pulo do sofá.

Peguei minha bolsa e fingi estar conversando com alguém no Messenger, virei e fitei Jun que estava atrás de mim, sorri e esperei o mesmo abrir a porta e antes que eu pudesse fugir o mesmo segurou o meu braço e ficou atentamente olhando meu rosto. Alguém me ajuda aqui, por favor.

― Desculpe sair assim, amanhã nos falamos. – Dei um selinho rápido no mesmo vendo sua expressão suavizar e ele acenar antes de finalmente ir embora.

Quando cheguei a casa apenas deitei e dormi até outro dia tentando esquecer quaisquer pensamentos incoerentes, a aula também passou tranquila, havia marcado com Jeonghan de encontrar para saber como estava o “plano” e vi que o mesmo não estava no lugar marcado, suspirei fundo e comecei a ligar para o mesmo procurando ele ao mesmo tempo, foi quando ouvi uns garotos comentarem sobre alguém chorando no banheiro e eu sabia quem era, perguntei educadamente aos mesmos e segui até o local encontrando meu amigo completamente vulnerável, e meu coração se apertou ao ver ele assim, o sentimento de gostar alguém machuca e eu sabia exatamente o que ele estava sentindo, depois de lhe acalmar segui para a aula que durava como uma tortura, suspirei fundo ao finalmente o dia acabar e sai da sala, pulei de susto ao ver um Wonwoo brotar na minha frente.

― Quer me matar? – Perguntei retoricamente e me recompus escutando a risada baixa do mesmo.

― Vem, vamos indo.

Começamos a andar em direção a saída da faculdade e fazíamos isso em silêncio, até que aqueles pensamentos irritantes voltaram e eu queria me afastar daquilo, então fui direto com meu amigo.

― Você geralmente fica sozinho comigo quando quer falar algo que lhe atormenta.  – Falei enquanto chutava uma pedra.

― Acho que o Mingyu vai voltar com a namorada dele.

― Ele chegou a terminar? –Perguntei confuso e Wonwoo suspirou assentindo. Olha só, que grande amigo que não avisa nada. ― Mas por qual motivo você acha isso?

― Ela veio falar comigo e quando viu isso saiu puxando ela, acho que se acertaram. – Ele deu de ombros e respirou fundo fitando o céu.

― Falando contigo sobre... – Tentei incentivar para ver se mais algumas palavras iriam vir.

― Nada demais, ela viu o livro que estava carregando e veio comentar animada sobre.

― Hm. – Respondi pensativo e dei de ombros. ― Só tem uma maneira de descobrir e é perguntando.

― Pode ser. – Ele deu de ombros e foi quando seu olhar finalmente caiu em mim, engoli em seco. ― Sinto sua aura inquieta Shua, quando quiser falar pode vir.

Apenas assenti de leve e senti meu corpo ficar relaxado,  e continuamos conversando sobre coisas banais até meu ônibus chegar e eu me despedir do mesmo enquanto ele esperava o seu. Era estranho o quanto nossas vidas mudaram em pouco tempo, se bem que isso começou desde que Junhui chegou, ao pensar no mesmo suspirei e dei de ombros.

Na manhã de Quarta-feira estava tudo ok, numa boa e tudo no conforme, até Mingyu simplesmente desmaiar na minha frente e contra meu corpo, agora estava na enfermaria da faculdade com todos ali, gemi ao tocar o machucado no cotovelo ao bater com tudo no chão com o peso do maior.

― Vem, temos aula. – Junhui sussurrou e senti todo meu corpo arrepiar com seu toque gentil em minha cintura, assenti e fiz sinal para Minghao e Wonwoo.

― Eu vou ficar e levar ele para casa. – Observei o rosto cansado do maior e senti meu coração apertar, sorri fraco e acenei saindo da enfermaria.

― Nos vemos depois gente. – Minghao disse e saiu correndo pelo corredor.

― Não contou pro Jeonghan para ele não fazer escândalo? – Perguntei descontraído enquanto andávamos calmamente pelo corredor já vazio.

― Exatamente.

E assim ficou pairando um clima estranho e aquilo era inteiramente culpa minha, estava me odiando no momento por isso e fitei Junhui que parecia perdido em seus próprios pensamentos, parecia que ele sabia o que aconteceu naquele momento e isso estava me assustando.

― Hyung. – Ele disse ainda olhando para frente.

― Fale. – Voltei a olhar para frente quando o mesmo virou a cabeça para me encarar.

― Desculpe forçar a barra com você, achei que estava no clima aquele dia.

Foi quando virei à cabeça rapidamente lhe fitando provavelmente com a cara de tipo o que você está falando? E foi aí que me toquei sobre o que ele estava falando e senti meu rosto inteiro queimar de vergonha.

― Não foi por isso Jun. – Gargalhei e tampei meu rosto ainda rindo. ― Eu realmente lembrei que tinha um trabalho para fazer, desculpe.

― Ah sim. – Ele riu sem graça.

E depois disso nos despedimos combinando de sair amanhã a tarde para fazer algo no jardim botânico, cheguei em casa simplesmente acabado fisicamente e emocionalmente, crescer é algo difícil e lidar com problemas pessoais juntamente com isso dificulta ainda mais. Joguei-me na cama e fiquei fitando o teto sem pensar em algo realmente, jantei e resolvi comer qualquer coisa para ir dormir.

O dia seguinte passou correndo já que tinha minhas melhores matérias, conversei pouco com meus amigos e segui para casa, quando deu duas horas da tarde já estava na frente do lugar esperando o Jun que chegou cinco minutos atrasado rendendo eu zoando ele quase a tarde inteira por isso. Observamos a variedade incrível de flores, árvores e lugares temáticos com plantas de regiões específicas, tiramos muitas fotos e resolvemos por fim sentar no vasto campo verde que havia ali, compramos besteiras antes de sentar e agora dividíamos.

― Ah, esse passeio foi ótimo para tirar o estresse. – Junhui sorriu de leve arrumando seu cabelo rebelde e eu confirmei deitando na grama.

― Também estava precisando. – Suspirei aliviado ao ver que não sentia nada estranho durante essa tarde e aquilo pareceu aliviar de uma forma descomunal.

― Sabe, acompanhando você e nossos amigos com todos esses problemas amorosos me fazem pensar.

Sentei-me curioso lhe fitando e ele riu soprado tirando os pedaços de grama que grudaram em meu cabelo.

― Em que exatamente? – Deitei minha cabeça em meu braço que estava apoiado em minhas pernas cruzadas.

― Se algum dia eu volto sentir isso, nessa intensidade.

Devo mentir e dizer que isso não me feriu? Porque doeu, doeu como se uma faca fosse enfiada no coração e não poder mostrar o quanto doía me dava o sentimento de sufocamento. Apenas fechei os olhos e tentei acalmar o mar de emoções que acontecia no momento, quem eu estava encarando enganar?

― Porque pensas isso? – Disse calmo enquanto observava sua expressão tranquila observando o campo.

― Woozi veio novamente no meu serviço, como já lhe contei a gente namorou e aconteceu coisas que me magoaram, depois disso eu deixei de sentir isso, e nesse dia ele simplesmente me beijou e se confessou.

Senti todo meu corpo tencionar, aquela raiva misturada com tristeza crescia, mordi o lábio e sentei ereto para sentir o último impacto.

― E eu não senti nada sabe? Mesmo que tenha passado, é normal sentir aquela nostalgia ou até algo, mas nada. Além de que faz muitos anos que isso aconteceu e aquele sentimento bom nunca mais retornou, é algo bizarro de se pensar e ás vezes penso se sou normal.

― Olha Jun, não é algo errado não sentir isso de gostar de alguém, você só está se restringindo e fugindo disso, mas não pense que você se tornou alguém sem sentimentos. – Disse sincero e sorri fraco.

― Sei disso, mas é algo que pesa quando penso. – Ele suspirou e deitou na grama observando o céu.

É, eu estava inegavelmente começando a gostar de Wen Junhui e acabei de descobrir que é improvável do mesmo corresponder. Realmente tenho sorte no jogo, porque no amor não dá para apostar nada.

Deitei ao seu lado e entrelacei nossas mãos sentindo aquele arrepio pelo meu corpo, Jun virou o rosto e sorriu me olhando, beijou nossas mãos e apertou de leve, aproximei-me e dei um selinho no mesmo.

― Shua, eu quero que me avise quando começar a sentir que gosta de mim para a gente parar com isso, tudo bem? Você é uma pessoa extremamente importante, e eu não quero lhe machucar sabendo que eu não posso retribuir da mesma maneira. – Ele sussurrou como se fosse seu maior segredo aquecendo meu coração, sorri assentindo e o beijei, algo lento com o vento balançando nossos cabelos e afastei-me do mesmo, repeti o gesto de beijar nossas mãos.

― Tudo bem.

Desculpe-me Jun, mesmo sabendo que o sentimento não vai ser mútuo, eu quero tentar entrar em seu coração mesmo me machucando com isso e até me arrependendo com isso.