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História Mutual - Chapter 17


Escrita por: Suuye

Notas do Autor


OLÁ OLÁ, eu sei que demorei mais que duas semanas, me desculpem. Entrei no clima só agora para escrever.
90 FAVORITOS? CALMA, DEIXA EU RESPIRAR. EU NÃO ACREDITO T_____________________________________T
Chegamos ao capítulo 17, do seventeen SAUHUHSAUHSHUAUHUHSA ~ai que piada horrível~
Esse é o capítulo mais trabalhoso até agora e profundo, espero que gostem desse clima meio bad.
Conversamos mais nas notas finais, amo vocês.

Capítulo 17 - Chapter 17


 

Narração por Hansol

Como começar a descrever o que aconteceu tudo? Bem, podemos começar quando eu percebi que eu gostava de Seungkwan, isso na verdade foi engraçado porque bastou o sorriso dele animado me dando bom dia que fez meu coração disparar e me fazer pensar o quanto ele havia se tornado importante para mim, porém eu comecei a desconfiar que aquilo fosse algo que eu estava equivocado e na verdade apenas era um carinho enorme pelo mesmo, já que vivíamos grudados e passei a ignorar qualquer sinal besta que aparecia bem na minha cara. Eu sei, é algo idiota de se pensar e tomar essa atitude, mas não é todo dia que do nada você começa a se arrepiar e sentir sentimentos que você sentia apenas por garotas. Então quero explicar o que aconteceu durante todo esse tempo turbulento da minha vida.

― Não quero mais aquele tal de Seungkwan aqui em casa.

Parei ao ouvir o que minha mãe pronunciou antes de sair de casa, virei-me com a face confusa e meu pai apenas continuou a ler seu jornal normalmente, mas o que diabos ela estava falando?

― Por que mãe? – Ajeitei minha mochila que caia e ao observar a face brava da mesma senti meus pelos se arrepiarem.

― Porque ele é uma aberração, não me surpreendo como ele ainda não se declarou para você. – O tom grosseiro da minha mãe me assustou e aquilo me atingiu de uma forma que me senti tonto momentaneamente.

― Do que está falando? – Perguntei sentindo minha garganta seca e minhas mãos começaram a suar.

― De nada filho, vai para a aula antes que se atrase. – Meu pai interrompeu.

Olhei meu pai que fitava minha mãe raivoso e a mesma deu de ombros sussurrando algo que não ouvi, apenas observei meu pai suspirar e sorrir de leve ao me olhar, acenei e sai de casa com aquela cena estranha de manhã em minha cabeça.

 Durante o caminho eu pensava o quanto minha mãe tinha esse asco enorme por pessoas homossexuais, sentia seu ódio em cada palavra quando via ou ouvia algo á respeito, era algo que eu não entendia o porquê de tanta raiva por algo que não afetava em nada a vida dela. Além de meu pai que a cada dia o observava cada vez mais cansado, talvez fosse pelas brigas constantes ou o desgasto do casamento? Balancei a cabeça e tentei não pensar em nada ruim.

― O que foi Hansol?

Ergui meu olhar observando o rosto preocupado de Seungkwan que segurava seus livros, fitei seus olhos pequenos e delineados, o cabelo castanho brilhando levemente e sua boca em linha reta expressando sua preocupação.

― Nada não. – Sorri leve e abracei seus ombros ouvindo-o resmungar quando quase deixou seus livros caírem.

Andamos até a mesa onde um Jeonghan distraído estava sentado, nos sentamos á sua frente o cumprimentando-o.

― Bom dia amores!

― Ih, o que aconteceu para ter esse bom humor de manhã? – Levantei uma sobrancelha sorrindo debochado e Seungkwan riu baixinho.

― Daqui á um mês e meio meu querido amigo Junhui está voltando. – Seu sorriso não poderia ficar maior me fazendo gargalhar.

― Já vai trocar a gente. – Kwannie fez bico e Jeong apertou as bochechas salientes do mesmo fazendo-o rir.

― Você me tem Kwannie, não precisa desse aí. – Abracei-o contra mim fazendo Jeonghan nos observar chocado e eu ri soprado.

― Vai ser assim? – Jeonghan perguntou magoado e o menor do meu lado tentava sair do meu abraço só me fazendo apertá-lo mais.

― Espero que ele seja legal, aguentar outro chato igual a você não vai ser fácil. – Disse provocando Jeonghan que rolou os olhos e bufou.

― Me larga! Que saco. – Recebi uma cotovelada me fazendo arcar para frente ao sentir a pontada da dor. ― Para de ser dramático Jeonghan, é mais fácil você nos abandonar pelo bonitão do curso de Estética.

Sorri de lado ao observar a face vermelha do mais velho, gemi de dor falsamente fitando o rosto de Kwannie ficar preocupado novamente e mostrei a língua para o mesmo que deu de ombros me ignorando.

Voltei para a casa e a mesma se encontrava estranhamente silenciosa, suspirei pesado ainda sentindo aquele clima estranho que havia aparecido de manhã, segui para o meu quarto e observei  a bagunça que estava por ali e que com toda certeza eu não arrumaria aquilo. Senti meu celular vibrando e o peguei fitando uma nova mensagem de Seungcheol, sorri ao observar o comunicado que no próximo final de semana teria uma festa do curso de Geografia. Escutei o barulho de chave e fingi não escutar o barulho me deitando na cama já ligando meu notebook, ao minha porta abrir observei os olhos castanhos furiosos de minha mãe, ergui uma sobrancelha.

― Já falei para arrumar esse quarto, quero ele limpo até o final da tarde. – Sua voz irritada me causou calafrios e apenas assenti ainda fitando-a, ela suspirou fundo e saiu fechando a porta.

Minha mãe andava cada vez mais estressada e eu não fazia a menor ideia do que era, o clima aqui em casa parecia cada vez menos amigável e mais tenso, será que meus pais estão pensando em divórcio? Bem, isso seria ótimo para os dois já que ambos pareciam desgastados e a mágica do casamento ter acabado. Era algo triste presenciar isso, mas se for melhorar esse clima desagradável é preferível.  Levantei decidido á acabar logo com aquela bagunça antes que eu fosse jogado do primeiro andar.

Era plena Quinta-feira e eu queria explodir a faculdade, o que eu tinha na cabeça quando achei que iria ser a melhor fase da minha vida? Suspirei fitando os projetos á minha frente pesaroso, decidi deixa-los em um canto e segui até o refeitório onde vou encontrar as criaturas. Sorri de leve ao observar a face emburrada de Seungkwan para Jeonghan que parecia lhe ignorar ao mexer entretido no celular.

― Ta seguindo os árabes para ganhar curtida nas suas fotos do insta?

― Não me confunda com você. – Jeonghan rebateu ácido me fazendo gargalhar.

― Bom dia Hansol. – Seungkwan sorriu e eu baguncei seus cabelos ouvindo seu resmungo.

― Bom dia.

― Vamos ir à festa semana que vem? – Jeonghan largou o celular e me olhou curioso.

― Claro que vamos. – Respondi alegre e Kwannie rolou os olhos.

― Eu não vou.

― Vai sim! – Jeonghan rebateu e observei os dois se encarando mortalmente, Kwannie grunhiu frustrado e o mais velho comemorava sua vitória.

Eles tinham essa coisa estranha de se encararem e disputarem mentalmente quem era mais teimoso, nem me pergunte como funciona isso direito. E é claro que Jeonghan ganhava todas essas brigas, pois ele é mais teimoso que uma porta.

― Então está combinado.

A outra semana passou correndo, no dia seguinte era a festa e sentia o clima alegre da faculdade com isso, os hormônios pareciam explodir em todos os lugares, ao sair da sala encontrei com Seungcheol que conversava com seu amigo Joshua, cumprimentei ambos e seguimos conversando coisas banais.

― Hansol, quer ir dormir lá em casa? – Seunghceol perguntou ao entrarmos no assunto tão comentado da festa.

― Ah, brigada. Mas dessa vez lá em casa está tranquilo.

― Ok, mas qualquer coisa minha casa está aberta.

Assenti e sorri agradecido, era bom ter um amigo assim prestativo.

Cheguei em casa e franzi o cenho ao observar meu pai na sala vendo televisão, segui até lá e sentei ao seu lado.

― Boa tarde pai, aconteceu algo? – Perguntei preocupado e o mesmo virou-se com a expressão confusa.

― Boa tarde filho, não aconteceu nada, por quê?

― Bem, você estar esse horário em casa não é normal. – Respondi dando de ombros e retirei meus sapatos apoiando meus pés na mesa central.

― Ah, hoje o chefe tinha que sair mais cedo e liberou todo mundo, parecia algo importante.

― Entendi.

Passamos o resto da tarde conversando sobre as coisas corriqueiras do dia, até que eu decidi perguntar algo que me incomodava.

― Pai, você vai se divorciar da mãe?

Senti seu corpo ficar tenso e observei o mesmo engolir em seco, mordi o lábio arrependido por ter estragado o clima leve que havia surgido.

― Não querido. – Ele sorriu triste e franzi o cenho.

― Mas vocês não parecem mais felizes juntos, não é desgastante? – Perguntei frustrado e sentei de lado para poder fitar seu rosto sério.

― Se eu fizer isso não posso garantir seu futuro.

E aquilo me pegou de surpresa, meu pai me fitou e sorriu triste fazendo carinho em meu cabelo, eu não sabia o que falar e com essa frase parecia que tinha um peso maior do que realmente parecia.

― Pai...

― Vamos deixar esse assunto para lá, sim? Pense apenas na sua felicidade. Esse é um conselho que eu quero que você siga, já que eu não o segui. Sempre pense em sua felicidade, não pense em ninguém e nem o que vão pensar. – Seus olhos sérios me fitavam intensamente e eu assenti. ― Ótimo, vamos fazer o jantar e aproveitar que sua mãe não está para fazermos batata frita.

Já estava pronto e arrumado para a grande noite, me despedi de meu pai e sai de casa, me encontrei com meus amigos na estação de metrô e seguimos para o local. Lá dentro já estava abarrotado de gente, a música alta retumbava pelo local e fazia seu corpo mover automaticamente, segui sendo empurrado até o bar onde peguei apenas uma cerveja para começar a noite.

  Avistei Jeonghan e Seungkwan no canto da boate bebendo e rindo, andei com dificuldade no meio da pista de dança e consegui chegar até os dois.

― E aí. – Cumprimentei já sentando ao lado de Jeonghan que sorriu grande e me abraçou pelos ombros.

― Ah, que saudades de um local animado assim. – Concordei com o mais velho.

― Admito que está legal. – Seungkwan corou e fez-nos rir de si.

Ficamos ali conversando, indo no bar pegar mais bebidas, e o tempo foi passando nem notarmos já que o álcool nos faz perder essa noção. Fitei o banco ao meu lado vazio e ri sozinho ao ver que Jeognhan não estava mais ali, olhei para Seungkwan que estava na mesa deitado com uma garrafa de cerveja colada a sua bochecha, o mesmo tinha um sorriso leve e bobo no rosto, neguei com a cabeça e dei um peteleco na testa do mesmo.

― Ai, isso doeu. – O mesmo disse arrastado piscando os olhos já semicerrados.

― É bom saber que ainda sente dor, está tão alterado que chega a ser fofo. – Sorri e cutuquei sua bochecha ouvindo outro resmungo.

― Você é muito chato, como posso gostar de você?

― Porque sou seu amigo e tem que me aturar assim.

Seungkwan ficou sério e aquilo me assustou, ele levantou a cabeça largando a garrafa e ficou me encarando, um arrepio cruzou minha coluna.

― Eu não gosto de você desse jeito Vernon.

― Que?

― Eu gosto realmente de você, no sentido de amor.

E foi como se um balde de gelo fosse jogado em mim e todo álcool evaporasse do meu corpo, meus olhos arregalaram e eu apenas conseguia fitar o rosto sério de Seungkwan, meu coração parecia querer explodir junto com a batida que agora tocava, engoli em seco e mordi meus lábios.

― Tudo bem, vou buscar mais bebida.

Deixei a mesa ainda aturdido, apoiei-me no balcão e tentei ainda discernir o que havia escutado, passei a mão no rosto e suspirei fundo. Peguei mais duas garrafas e voltei pelo mesmo caminho, quase agradeci aos céus que Jeonghan estava de volta a mesa e conversava com um Seungkwan já sonolento.

― Ei, essa é a saideira. – Dei a garrafa para Jeonghan que assentiu e começou a contar uma história que eu não prestava nem um pouco atenção.

Eu e o mais velho carregávamos um Seungkwan completamente adormecido até o ponto de táxi, o colocamos no banco e antes de conseguir me afastar aos mãos do mesmo seguraram o meu pulso, fitei seus olhos pequenos.

― Não me deixe sem resposta.

E depois disso o mesmo largou e Jeonghan pagou o motorista, observei o carro dobrar a esquina e sumir, suspirei e fitei o celular vendo as horas, me despedi do mais velho e segui com o resto de meus amigos de curso até a estação.

Bem, depois disso o tempo passou voando e nada de interessante aconteceu na minha vida, apenas a rotina de sempre e aquela tensão a cada vez que via o olhar triste de Seungkwan em minha direção. Eu estava confuso, extremamente perdido com o que pensar ou sentir sobre isso, cada vez que tentava ter alguma ideia do que eu sentia sobre isso um medo absurdo me tomava. Certo, eu possuo um carinho enorme pelo menor, tenho vontade de protege-lo, acho ele fofo e engraçado, mas sentir algo além disso parecia estranho.

― Parece que sua cabeça vai pegar fogo. – Jeonghan comentou enquanto mastigava seu sanduíche.

― Engraçadinho, a próxima prova vai acabar comigo.

― Posso te dar dicas. – Jeonghan deu de ombros e parecia que uma luz divina caiu em cima da cabeça do mesmo.

― Te amo Hannie! – O outro fez careta ao ouvir o apelido.

― Essa semana é quando o Junhui chega. – Os olhos dele brilharam e eu sorri por ver a felicidade do mesmo.

― Já falei né, se ele for chato que nem você eu mando de volta pra China.

― Faz o favor de ir se foder, obrigada.

Quando peguei minha prova eu quase chorei ao ver minha nota, sai andando todo feliz e girei Jeonghan lhe agradecendo pelas dicas, conheci seu amigo Junhui e era realmente um cara gente boa. De noite recebi mensagem de um veterano meu me convidando para uma festa, sai apressado de casa e sorri ao ver que Jun também estava ali, foi quando ia ao bar que senti alguém me cutucar e observei o rosto de Jeonghan.

― Oh, também veio? – Perguntei curioso bebendo um pouco da bebida.

― Sim.

― Tentei convidar o Kwannie, mas ele rejeitou.

― Nem imagino o porquê. – Jeonghan rolou os olhos e pediu sua bebida para o atendente.

Suspirei fundo e tomei um grande gole sentindo minha garganta ficar gelada e com o gosto característico da cevada.

― Você sabe que...

― Não adianta ficar enrolando assim em dar uma resposta para ele Hansol, dói a cada vez que ele te vê , você não pode ficar prendendo ele para sempre nesse sentimento enquanto você decide seus próprios sentimentos.

E foi como um tapa bem recebido na cara, tomei o resto do conteúdo e peguei outro, antes de falar algo o mais velho já havia sumido e me deixou ali pensativo.

O final de semana passou rapidamente e me arrependi de ir num bar em pleno Domingo ao acordar com uma puta dor de cabeça, suspirei fundo ao levantar e segui até a cozinha onde meu pai ainda tomava a sua refeição, sentei ao seu lado desejando um bom dia e ele me olhou curioso. Minha mãe cada vez mais tinha viagens e era normal ficarmos sozinhos.

― Quando vai falar o que está te deixando assim? Já tem um mês que está assim confuso e perdido.

Foi naquele momento que eu senti que tinha que falar, meu pai certamente me entenderia e não me condenaria que nem minha mãe, mas ao mesmo tempo sentia uma dor esquisita em meu coração.

― Seungkwan disse que gosta de mim.

Um silêncio surgiu logo após isso, deixei de olhar a mesa e fitei meu pai que parecia impassível, mas observei seu corpo tremer de leve. Ele andava estranho esses dias, trabalhava cada vez mais e suas olheiras pareciam cada vez maiores, além de ficar quase o tempo todo no quarto.

― E então?

― Não sei o que sentir sobre isso. – Suspirei frustrado e mordi meu pão perdido em pensamentos.

― Acha que gosta dele? – Meu pai foi direto e seu tom sério me pegou desprevenido.

― Talvez, não sei. Esse é o problema, eu não sei o que pensar. – Respondi sincero fitando seu rosto.

Foi quando me surpreendi ao ver uma lágrima descer de seu rosto, arregalei os olhos ao vê-lo limpar rapidamente e sorrir fraco para mim, senti uma pontada no peito ao ver o quanto sue rosto parecia triste naquele momento. Ele não me aceitaria sendo gay ou bi? Nem eu sei ainda como me definir.

― Saiba que vou apoiar qualquer decisão sua, eu te amo de qualquer forma. E não desista da sua felicidade, lute por ela qual que for.

E novamente senti aquela tensão que ocorreu tempo atrás, assenti contido e continuei a tomar café, antes de sair da mesa meu pai me deu um abraço forte e eu senti a necessidade de abraça-lo ainda mais forte.

― Mais tarde nos falamos. – Disse sorrindo e o mesmo beijou minha testa sorrindo.

― Sim, até mais.

Se eu soubesse naquela hora, se ao menos tivesse notado os sinais, entendido suas palavras, eu não teria ido para a faculdade nesse dia.

Cheguei na faculdade e fui falar com a turma do barulho, ao chegar perto ouvi a conversa.

― Sua voz é bonita. – Jun elogiou Seungkwan que corou me fazendo sorrir.

― Eu sempre digo isso, mas aí ele me bate. – Falei e sentei ao lado do mesmo que rolou os olhos.

― Por que não falou que também ia à festa? – Jun perguntou e se mostrou chateado quando sue café acabou.

― Meu hyung convidou em cima da hora, daí eu fui. – Respondi dando de ombros. ― A propósito Jun, você dança bem. – Sorri maldoso observando o mesmo corar.

―Brigada. –Ele respondeu tímido e eu gargalhei ao vê-lo assim.

― O que foi isso? – Seungkwan estava com os olhos semicerrados e encarou Junhui, esse levantou a mão e começou a rir.

― Não te interessa, não quis ir quando convidei.

― Pra que? Para ficar sozinho enquanto pegava alguém? Me poupe. –Seungkwan rebateu ácido e eu apenas rolei os olhos.

― Você tem que ter mais confiança em si, sabia?

Ao não receber nenhuma resposta levantei chateado e sai sem me despedir de ninguém, o resto do dia passei com mau humor e não via a hora de chegar em casa.

No caminho para casa pensava em seriamente dar uma resposta para Seungkwan, aquilo também estava me sufocando e ficar apenas nessa de ficar ignorando não estava fazendo bem para ninguém. Franzi o cenho ao observar uma viatura próxima a minha casa, comecei correr até o local e vi que era ali mesmo onde os policiais estavam.

― Boa tarde, o que gostariam? – Perguntei cauteloso.

― Você é filho de Junmyeon?

― Sim, sou. – Respondi sentindo meu coração martelar contra as costelas.

― Eu lamento muito pela sua perda.

Pisquei aturtido e fiquei fitando o policial que retirou o seu chapéu em sinal de respeito, minha mente ficou simplesmente em branco.

― Do que está falando?

― Encontramos o carro do seu pai próximo á um parque abandonado, seus pulsos estavam cortados e encontramos várias caixas de remédios no banco ao seu lado. Sr.Junmyeon cometeu suicídio ás 15:00 da tarde.

Agora eram exatamente 16:30, meu pai está morto á uma hora e meia, isso parece até uma piada, não parece? Senti meu corpo caindo de joelhos contra as pedras do quintal, as lágrimas não paravam de descer, eu não conseguia segurar meus gritos de dor e sofrimento, nada na minha cabeça se passava.

― Me diz que isso é uma pegadinha, não é possível. – Tampei meu rosto sentindo mais lágrimas correndo pelo meu rosto.

― Sinto muito. – Ouvi a voz sussurrada do policial e aquilo doeu mais ainda.

O mesmo me ajudou a entrar em casa ao notar os vizinhos, sentei na mesa da cozinha e as lágrimas não paravam de descer, ainda mais ao lembrar de seu pai falando que se veriam mais tarde, ele mentiu naquele momento já sabendo no que vinha depois.

― Eu sei que não é uma boa hora, mas encontramos essa carta no carro, seu nome está na mesma.

Ergui a cabeça e fitei o papel branco que ficou embaçado pelas minhas lágrimas, solucei e novamente não consegui conter o meu choro.

― Desculpe, mas preciso ir. Conseguimos contatar sua mãe, ela já está a caminho do legista, gostaria de ir?

― Não, obrigada. – Respondi sussurrando.

Fechei a porta de casa e corri para o quarto segurando firme o pedaço de papel, deitei na cama não controlando minhas lágrimas e minha dor. Apenas parei de chorar depois que eu não tinha mais lágrimas para chorar, onde eu apenas encarava o teto e tentava achar algo como motivo para ter acontecido isso. Me movi e ouvi o barulho do papel, peguei o mesmo e senti minha garganta fechar.

Suspirei fundo e abri a mesma, ao fitar a letra de meu pai fiquei zonzo e gritei, fechei os olhos e tentei me acalmar para pelo menos conseguir ler, deve ser algo importante.

“Olá Vernon, sei que deve estar sofrendo muito e acredite que não fiz isso por egoísmo, eu quero que você leia minha história e não cometa o mesmo erro que cometi. Não se sinta culpado, você não foi o motivo disso e nem raiva por ninguém, apenas leia o que quero lhe dizer.

Foi exatamente aos quinze anos que descobri que eu não gostava de mulher, não conseguia sentir prazer fazendo sexo com uma, e foi nessa idade que tive minha primeira experiência também com um homem. É, eu sou gay. Claro que escondi da minha família que é extremamente mente fechada, mas a mentira sempre tem perna curta e uma hora ou outra isso viria a tona.

De ínicio eles ignoraram quando descobriram, achando ser uma fase da adolescência e que ia passar, pois bem, isso é absurdo e como viram eu realmente estava sério sobre ser assim. Como sabe, seu avô é grande nos negócios e infelizmente eu já tinha um casamento arranjado exatamente com a sua mãe.  Nessa época eu namorava um cara, éramos felizes e já fazíamos muitos planos, e eu lamento até hoje que sua vida professional fora estragada pelo seu avó quando descobriu que eu planejava fugir com ele. Fui ameaçado e forçado a casar com sua mãe, por puro orgulho e preconceito que existem nesse mundo.

Filho, eu fui infeliz durante anos com sua mãe, eu tive que esconder um bom tempo que eu era gay da mesma, mas quando você nasceu isso foi a minha maior felicidade, eu ganhei um filho lindo e saudável. Numa das reuniões de família, sua tia arrogante contou para todos o quanto minha vida foi miserável e cheia de mentiras, sua mãe soube e nosso casamento só foi piorando.

Entenda, eu não aguentava mais isso filho, essa infelicidade extrema e sentir que minha vida toda foi uma grande mentira, e a única coisa que posso dizer que eu não me arrependo foi de ter te dado a vida e ter visto você crescer. Eu te amo e muito, obrigada por ser a única alegria da minha vida toda. Obrigada por todos os risos e momentos que eu nunca vou esquecer, e desculpe mentir dizendo que iriamos nos ver.

Seja feliz, não se importe com o que vão pensar e siga em frente. Nesses meses eu passei trabalhando para pagar toda a sua faculdade, no momento ela está quitada e pode terminar sem problemas, deixei uma conta no seu nome também. E porque não me divorciei e permaneci seguindo em frente? Se eu fizesse isso, seu avô tiraria a família de sua mãe do negócio e vocês ficariam pobres, eu não a culpo por nada e nem por seu preconceito já que ela foi condenada pelas mentiras que tive que contar. Então só siga em frente Hansol, sem medo de ser feliz e não conte mais mentiras para si mesmo, não viva uma vida infeliz.

É isso que tenho para te dizer, seja feliz. Eu te amo. “

E depois eu apaguei ao sentir o estresse acumulado, não sonhei com nada e acordei sentindo nada, parecia tudo tão opaco e sem sentido. Suspirei pesado e desci as escadas ouvindo o barulho na cozinha, a esperança de ser um sonho ruim beirava a minha cabeça, porém ao ver somente minha mãe na cozinha a realidade bateu, limpei as lágrimas e sentei tomando café da manhã em silêncio.

― A cerimônia do funeral será semana que vem. – Ela disse sentando-se na mesa.

Fitei o seu rosto que parecia normal, sem algum sentimento de tristeza ou qualquer coisa parecida, isso doeu meu coração ao perceber o quanto minha vida parecia realmente um teatro.

― Ok.

E foi apenas isso que consegui proferir naquela situação, subi para o quarto me arrumando e fui para a faculdade, tudo passou como um borrão e agradeci quando cheguei em casa tudo estava silencioso. Subi até o quarto dos meus pais, quando peguei na maçaneta meu coração apertou, suspirei fundo segurando as lágrimas e abri a porta, fitei as caixas que minha mãe começou a empacotar e sentei no chão ao lado delas, ao abrir me deparei com suas roupas e não consegui segurar mais as lágrimas.

Durante uma semana eu relia aquela carta podendo ouvir a voz dele dizendo as palavras, no enterro eu fiquei em silêncio e não falei com ninguém, não queria ouvir palavras de falso afeto de ambas as famílias, aquilo já parecia um teatro de quinta categoria. Cheguei em casa e suspirei pesadamente. Seguir em frente não é algo fácil, mas eu tenho que tentar superar isso.

Foi quando depois de alguns dias que eu havia recomeçado a tentar viver que na faculdade que ouvi os boatos que Seungkwan está saindo com Dokyeom, e isso doeu mais do que achava do que doeria, e foi quando eu o avistei conversando com Junhui.

Segui trotando até o mesmo puxando-o pelo pulso e eu ignorava completamente seus protestos.

― O que foi Chwe? – O mesmo perguntou tedioso e eu senti uma pontada ao notar seu tom indiferente.

― Está saindo com Dokyeom? – Perguntei direto e ele riu sarcástico.

― Agora se importa comigo? Me poupe Hansol.

― Responda. – Falei nervoso e um turbilhão de sensações me dominava. Tristeza, raiva, ciúme.

― Sim, estou.

― Aish Boo Seungkwan, não podia esperar? Logo agora?

Porque ele tinha que seguir em frente agora? Minha mente parecia cada vez mais confusa, ao lembrar das palavras de meu pai senti meu coração doer e abracei imediatamente Seungkwan, senti meu corpo relaxar e uma paz que eu não sentia faz tempo. Ah, eu sabia exatamente o que fazer, eu entendi pai.

― Desculpe Boo, ainda não.

E sai andando dali pensativo bolando o que eu poderia fazer para seguir em frente e conseguir minha felicidade. Bem, você se pergunta o porquê de meu silêncio sobre o que aconteceu na minha vida, certo? Eu simplesmente não conseguia falar sobre isso, só de pensar nisso fazia uma tristeza enorme surgir, as palavras travavam e eu apenas consigo sofrer em silêncio.

Foi quando estava em casa que uma luz acendeu na minha cabeça, já tinha o plano em mente e só precisava ter certeza de uma coisa.

Quarta-feira eu esperei que Seungkwan saísse de sua sala para puxá-lo comigo novamente para traz da faculdade, o encurralei contra a parede e ao sentir sua respiração perto da minha senti meu corpo inteiro vibrar.

― Por que me bagunçou inteiro e agora simplesmente não liga?

― Do que diabos está falando Hansol? – Ele perguntou puto da vida comigo e nesse momento eu não conseguia responder, sua boca chamava pela minha.

Puta merda, eu sou muito burro mesmo de não ter beijado Boo Seungkwan antes. Meu coração parecia querer explodir, todo meu interior se revirou, acariciei sua cintura querendo o sentir ainda mais, afastei-me observando seu rosto confuso , mordi o lábio e baguncei meus cabelos vendo suas bochechas coradas.

― Desculpa, precisei fazer isso para ter certeza.

Eu sou apaixonado por Seungkwan e sou gay, e eu faria de tudo para conseguir essa felicidade por mim e pelo desejo de meu pai.

Já havia falado com Seungcheol que aceitou me ajudar com tudo, então eu sai em busca de um emprego e consegui o mesmo, e foi em um final de semana que tomei coragem de finalmente contar o que tudo o que aconteceu comigo e eu tive que aturar um amigo chorão, vulgo Seunghceol, chorando e me batendo por ter sofrido em silêncio sem falar nada. Em vez de ser consolado, eu que o consolei.

Hoje era o dia em que eu iria contar para minha mãe a minha decisão e quem eu sou, obviamente estava com medo e sabia que as palavras duras que iria receber, mas eu não quero deixa-la sem explicações.

― Olá mãe, precisamos conversar.

Ela ergueu uma sobrancelha e me fitou desconfiada, a nossa relação havia piorado depois do suicídio do meu pai, quase não nos falávamos e brigávamos quase sempre. Não é que eu tenha raiva, mas o sentimento de injustiça pelo o que meu pai passou fulminava dentro de mim.

― Que foi? Virou viado também?

Palavras duras e esperadas, mas que doeu como um inferno dentro de mim.

― Sim. – Respondi simples e observei seu rosto desgostoso.

― Sabia que iria virar escória que nem seu pai, está no seu dna.

― Para sua informação, isso não é genético e segundo, não fale assim dele.

― Só estou falando a verdade, seu pai era uma merda de um viadinho e covarde que montou essa vida de mentira, que estragou a minha vida.

― Cala a boca. – Gritei nervoso e a mesma gargalhou.

― Pode sair dessa casa, não quero outro lixo dentro de casa.

Eu subi correndo sentindo as lágrimas caindo severamente de meus olhos, arrumei tudo rapidamente e sai de casa batendo a porta, as palavras ácidas e cheias de ódio da minha própria mãe falando de seu marido falecido doíam. Sua mãe era uma pessoa cega por seus ideias, e nem fazia ideia do que meu pai fez por ela, mesmo não merecendo um centavo.

Sai do trabalho cansado, ter uma vida de estudante e trabalhar ao mesmo tempo é cansativo,  suspirei pesado ao seguir andando até o apartamento de Seungcheol desejando minha cama mais do que tudo,  agradeci ao ver o prédio tão conhecido por mim, porém estanquei no local ao ver Boo Seungkwan em pessoa em frente ao portão.

― Vejo que voltou de viagem, se divertiu? – Perguntei descontraído e o outro sorriu assentindo.

― Foi muito divertido e esclarecedor.

― Que ótimo.

― Hansol, eu quero fazer isso pela última vez, então escute atentamente e me dá a droga de uma resposta. ― Senti meu coração falhar uma batida. ― Seungcheol  me contou a merda inteira que aconteceu na sua vida faz trinta minutos e admito que ainda estou tentando a porra de seus motivos de esconder isso. ― Contive minha vontade de secar as lágrimas que escorriam de seus olhos. ― Enfim, eu amo você e tive certeza nesse tempo que tentei te esquecer, eu amo você de uma maneira que nem eu sei como é capaz de acontecer. Tentei mesmo encontrar a merda de uma razão, mas não consigo.

Ele despejou de uma vez e parou para respirar, ficou me fitando com os braços cruzados e os olhos ainda molhados.

― Desculpe Kwannie, por tudo. Eu sei que eu provavelmente gostava de você muito antes de se declarar, mas eu acho que estava assustado ao perceber isso. Desculpe não contar o que aconteceu na minha vida e nem ser sincero com você. Eu também amo você e sei que também veio para pedir que sejamos amigos por enquanto, porque é o que iria sugerir.

― Seu insuportável! Eu te odeio, retiro o que eu digo, eu te odeio muito.

Sorri feliz e o puxei para um abraço ouvindo seus soluços, o apertei ainda mais perto e ao fechar os olhos eu juro que pude ver meu pai sorrindo me fazendo derramar lágrimas.

― Eu quero recomeçar Boo, quero que a gente comece isso do jeito certo, para dar certo.  – Me afastei e limpei suas lágrimas.

― Eu sei, seu idiota. – Ele sorriu e me abraçou novamente.

E naquele momento eu senti a felicidade, senti meu coração bater mais forte e o quente dos braços.

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


Então, eu quis fazer isso de uma forma nova e que eu nunca vi ser retratada em nenhuma fanfic, quis fazer algo profundo e justificar essas ações dele, não quis fazer algo: Sou gay, sai de casa. Vocês entenderam, né?
Por isso também demorou tanto uma narração por ele, tava construindo todo esse roteiro enorme dele.
Agradeço por cada comentário, favorito, por causa de vocês já cheguei ao capítulo 17 e isso me deixa muito feliz e satisfeita.
Desculpe pela demora e espero que gostem.
Comentem, e nos vemos no próximo :*


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