Hinata descansava o rosto nas mãos enquanto a xícara de chocolate quente fumegava na sua frente. Ela suspirou cansada e deu um pequeno gole na bebida.
O hospital costumava ficar mais tranquilo durante a noite e aquela não era uma exceção. Depois que Naruto saiu em missão ela começou a ficar algumas horas a mais no hospital, apenas para distrair a mente.
Pensar no loiro a deixava apreensiva, pois já fazia mais de um mês e ela recebeu apenas três ligações dele. A voz dele estava tranquila mas ela não se enganava com isso. Ele era muito bom em esconder o que sentia.
Hinata cruzou os braços na mesa e deitou a cabeça sobre eles. Sentir o coração de Boruto bater ritmadamente dentro dela a acalmava um pouco. Por enquanto ele estava protegido.
-Essa cara de novo! - a loira puxou a cadeira em frente a amiga e se sentou - Parece que faz anos que vocês não se falam.
-Ele me ligou hoje. - Hinata suspirou - Mas é que faz tanto tempo que eu não fico longe dele...
-E você sabe que não vai morrer por isso né Hina?
-Ino eu sei...só estou com saudade, não posso?
A loira apoiou a cabeça na palma da mão e encarou a amiga sorrindo.
-Eu ainda quero encontrar alguém assim. Quero me apaixonar como vocês dois. - A morena corou levemente
-Ah mas se você continuar dispensando todos os caras que se aproximam vai ficar difícil.
-Isso - ela apontou para si mesma - Não é para qualquer um não! Nada de curtir, eu quero compromisso, e de preferencia com um cara gato.
-Você não tem jeito - rindo
-Bem... Fazer o que ne? Eu já vou indo, vai fazer plantão hoje?
-Não, depois mais eu vou pra casa.
-Okay, cuidado viu!
-Tudo bem, sempre tenho cuidado.
Ino segurou a bolsa firmemente contra o corpo e saiu do hospital. A rua estava vazia para uma quarta-feira e parecia que o frio tinha estragado as luzes dos postes, apenas algumas lâmpadas piscavam. Ela apertou o casaco contra o corpo e andou mais depressa. Parecia que iria nevar a qualquer momento.
-Ta com pressa princesa?
O brilho metálico se moveu no beco escuro. O cabelo castanho e uma estranha cicatriz na bochecha chamou a atenção da loira. Ela percebeu que o brilho não era uma faca, mas uma pulseira grossa de prata.
-Ah...- ela tropeçou na calçada, o coração acelerando de medo. Olhou ao redor e a rua escura estava deserta e pequenos flocos de neve começavam a cair.
-Cuidado bebê. - A voz veio de trás
Em um piscar de olhos os braços do homem já tinham-na prendido, ao redor da cintura junto com os braços. Por mais que ele falasse para ela ter cuidado com a voz suave e rouca, exalava perigo.
Ino se debateu nos braços dele. O medo era tanto que ela não conseguia gritar, parecia que seu coração iria saltar pela boca a qualquer instante. Arranhou os braços do moreno, estranhando o fato de alguém estar de camiseta em uma noite tão fria.
-Calma princesa - ela sentiu a bochecha dele roçar no seu pescoço - não vai sentir frio se eu te abraçar assim certo? - Os braços nus e musculosos se apertaram ao redor dela e a pele tinha uma sensação elétrica na dela, estranhamente quente.
Sobre o calor, Ino sentiu algo frio na sua pele e empurrou com toda a sua força o homem se livrando dele. O sangue escorreu pela palma da mão gotejando na calçada.
-O que...? - ela olhou assustada para o ferimento e levantou o olhar para o homem que sorria como um anjo.
O moreno ergueu o pequeno punhal lambendo o sangue da lâmina. O sorriso largo e amedrontador iluminou o rosto dele. Ino arregalou os olhos e pressionou o ferimento contra o casaco, manchando o tecido.
-Você é deliciosa! - ele disse em um rosnando - Eu quero mais...mais!
"-O que é ele?" - Ela pensou ao vê -lo se agachar e saltar na sua direção. De forma alguma ele parecia humano. Ela se virou e deu um passo com a intenção de correr, mas ele se jogou sobre suas costas, derrubando- a no chão.
-Senhorita Yamanaka!
Mãos quentes a seguravam. Frio. Ela estava congelando. Será que tudo foi um sonho? O medo fez o corpo dela estremecer. A loira abriu os olhos desesperada, se debatendo. Sentiu os pulsos sendo segurados com força e arquejou de medo. Olhos escuros, azuis, a observavam com preocupação.
-Senhorita... Você está machucada?
-Não sei... - Agora ela percebia que estava deitada na calçada, e que o homem sobre ela impedia de a neve cair no rosto dela, mas o restante da roupa estava ensopada. -O que aconteceu?
Ele olhou para trás, um carro prateado parado no meio da rua com a porta aberta.
-Eu estava passando e a vi aqui no chão, fiquei preocupado e vim ver o que estava acontecendo. Acho que caiu e desmaiou.
-Acho que bati a cabeça - mas ela se lembrava do terror que sentiu ao ser atacada, aquilo não tinha sido um sonho de forma alguma.
-Posso te levar ao hospital – Ele a ajudou a se levantar
-Desculpe senhor...- ela olhou novamente para ele, ainda confusa – Acho que vou para casa
-Pode me chamar de Menma. Se quiser eu te dou uma carona, meu filho não ia gostar mesmo de voltar para o hospital – Ele acrescentou ao ver o olhar desconfiado da loira.
-Eh..- ela se arrepiou com o vento frio, seu casaco estava ensopado – Acho que vou aceitar.
Ele retirou o casaco e entregou a ela, ficando apenas com uma camisa de mangas compridas.
-Acho que você deve estar congelando – riu suavemente – Vamos?
Ino confirmou com a cabeça e entrou no carro, olhando para a rua desconfiada. Retirou o casaco molhado e colocou o casaco seco. Tinho um cheiro forte e delicioso e uma parte da sua mente, a que não estava confusa ou apavorada, ficou corada.
-Você está bem? - a vozinha veio do banco de trás
-Ah...oi - ela se virou para encontrar um garotinho bem acordado. Visivelmente a cópia do pai, com cabelos pretos arrepiados e olhos escuros.
-Pai, eu quero chocolate quente – pediu manhoso
-Calma Koji, nós vamos levar a senhorita Yamanaka em casa primeiro. -Menma dava partida no carro e aumentava a temperatura do aquecedor. Nenhum dos dois pareceu se incomodar e Ino agradeceu mentalmente.
-Ela parece com frio, talvez quisesse um chocolate quente também! - e o garoto a olhou com expectativa
-Eh não, que isso! Vou atrapalhar a diversão de vocês...
-Não atrapalha. Vou adorar parecer ter uma familia de verdade pelo menos uma vez! - O garoto sorriu
-Koji! Pare com isso. Não incomode a senhorita...
-Ino – ela interrompeu a fala do moreno – Pode me chamar de Ino.
-Não incomode a senhorita Ino – ele pareceu corar de leve – E você tem uma familia, eu!
-Mas não tenho uma mãe! - o garoto resmungou
-Posso com isso? – ele falou para a loira – Koji sempre fica de mau humor depois das transfusões.
-A eu sempre vejo ele lá com a Hina... Ele tem leucemia? - ela baixou o tom de voz ao perceber que o garoto brincava com um tablet. Não queria incomodá-lo com sua curiosidade.
-Não. Talassemia – suspirou - tem sido difícil, mas ele é um garoto forte. Meu trabalho exige muito tempo e eu faço o possível para ficar com o Koji. Só quando não posso leva-lo comigo, ele fica na casa de algum amigo, já que não tenho família aqui.
-Entendo... - Ino olhou para a janela - Acho que aceito o chocolate quente. - ela falou suavemente
-Certo. - o carro deu meia volta e seguiu caminho
O garoto deu um largo sorriso ao encontrar o olhar do pai pelo retrovisor. Eles seguiram para uma lanchonete.
-Sério Hina, eu me diverti!
-Mas vocês foram onde?
-Em uma lanchonete e depois no playground do shopping, levar o Koji para brincar. - a loira se virou na cama agarrada ao travesseiro e segurou firme o celular.
-Incrível! Nunca pensei que você fosse fazer algo assim...- Hinata bocejou - Mas eu vou dormir agora loira.
-Ta bom! Mas nós vamos fazer compras amanhã certo? Aproveitar a folga....
-Não precisa ficar comigo o dia inteiro, vc sabe né? Eu to bem - sentiu a voz se arrastando pelo sono
-Sei... Mas eu quero comprar umas coisas pro Bolt, aliás, sei que ele não tem quase nada!
-Hum! Boa noite Ino! - Hinata cortou a amiga
-Boa noite amore - estalou um beijo antes de desligar.
Hinata deixou o celular no criado mudo e se inclinou para desligar a luz de cabeceira. Um fio de eletricidade passou pelo seu corpo e ela se lembrou da noite que andou na roda gigante com Naruto.
Com o coração acelerado, se virou e o viu em pé, próximo a janela. A pele morena clara tinha um discreto brilho dourado. Os cabelos mais compridos caíam sobre a testa, destacando os olhos azuis.
Apesar da neve que cobria tudo lá fora, ele vestia apenas uma calça comprida escura, de tecido leve e um tênis. O sorriso tranquilo e o olhar intenso a fizeram descongelar e correr para ele.
Ao olhar de perto, o loiro parecia algo incrivelmente lindo mas que não deveria ser tocado, como são os anjos. Ela estendeu a mão e hesitou.
-Hina...- ele falou confuso
-Eu posso te tocar? - levantou os olhos para ele
Um sorriso se alargou nos lábios dele e meio segundo mais tarde eles estavam se beijando.
As mãos dele enviando ondas de eletricidade pela pele. Ele a segurava com força e delicadeza, a beijava com carinho, saudade e desejo. Coisas que ela não achava provável, mas que Naruto tornava possível de alguma forma.
-Te amo pequena...
E caminhou com Hinata para a cama, sem deixar de beija-la.
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