07/02/2020 - 10:08 am [sábado]
— Voltei!
Yukhei havia voltado com o café da manhã. YuQi apenas desviou seu olhar da televisão e olhou para a porta. Adorável. Essa é a palavra que o define. O grande e grosso casaco verde escuro cobria seu torso e o capuz aveludado o dava um ar mais infantil. Um bebezão, que precisava dos apertos fortes pelas mãos macias da Song.
— Você é muito fofo! – Ignorou suas atividades físicas diárias e correu para abraçá-lo.
— Vai amassar o baozi.
— Esquece o baozi e me abraça de volta... – Ditou, parecendo incrivelmente magoada.
Sem outras opções, a única coisa que o jovem rapaz poderia fazer, seria abraçar de volta. Mas não o fez. Colocou a sacola branca com um nome da padaria na cômoda ao lado da porta de entrada, e apertou a cintura da garota em um ponto bem específico, coisa que a fez sentir cócegas.
— Ai! – Escapou de seus braços cobertos pelo pano esverdeado. — Cretino... – bateu em seu braço.
— Foi engraçado.
Yuqi passava a mão pelos seus ombros e franziu o cenho.
— Estava chovendo?
— Não. Quando eu estava passando da padaria, o toldo estava tão cheio de neve que acabou virando-
— Virando?
— É. Ele dobrou e caiu tudo em mim. Umas senhoras que estavam lá me deram algumas toalhas, mas ainda estou com frio.
— E por que não me disse antes? – perguntou saindo da sala e voltando com uma coberta azul. — Tira esse casaco. Vai ficar com o troço molhado, murrinhando no seu corpo? Eu hein...
— Eu queria comer antes, se me permite...
— Vai trocar essa roupa logo, antes que eu arranque ela do seu corpo.
Enquanto Lucas caminhava até o próprio quarto para trocar de roupa, Yuqi se vangloriava por ter tirado a atenção dele da sacola de café da manhã, da padaria da esquina. Suas mãos foram, trêmulas, até a sacola rodeada de flores, enquanto tinha seu nome em chinês e frases soltas em inglês. Ela foi devagar até a mesa da cozinha tentando fazer pouco barulho. Pegou o doce marrom mediano, que sabia muito bem que pertencia a Yukhei; mas simplesmente ignorou e o comeu.
Seus olhos iam constantemente até a porta de entrada da cozinha, para ver se Lucas estava pronto para voltar. Quando ouviu o som dos pés descalços dele aproximando-se, entrou em um nervosismo imediato e a única coisa que fez foi colocar o resto do alimento na boca.
— O que você está fazendo?
— Nada – respondeu com as bochechas infladas, e sentiu as mãos suarem ao vê-lo parar e encará-la indiferente. — Eu juro.
— Então abre a boca...
Ela riu e negou, dando um pequeno passo para sair da cozinha.
— Não não! – Riu. —Você comeu o meu brigadeiro?
— Não...
— Então onde ele está?
— Não sei.
Riu e sentou a cadeira, pegando a caixa com o arroz dentro da sacola.
— Está me devendo um brigadeiro.
— Bobeou dançou, vou dever nada não.
— Está sim. – Pegou o pote transparente com uma sopa, e sentou frente a ela. — Eu não tinha comprado para você.
— Foda-se, meu irmão.
— Olha a boca.
Yuqi jogou um pouco do arroz nele, esse que não gostou muito, mas não parecia realmente bravo.
— Eu vou jogar o repolho quente em você!
— Que nojo! – foi até o microondas, tirando a caneca com leite quente dali.
— Fez pra mim?
— Yukhei, você só sonha, que eu vou perder meu tempo fazendo leite pra você.
— Eu comprei seu café da manhã!
— Você que lute para me aturar.
— Hm.
— Que foi? – Sentou a mesa novamente, após pegar um garfo de metal para si.
— Eu estou sempre tentando te agradar e assim que você me trata... – Colocou a mão no peito, com falso sentimentalismo.
— Eu te trato bem. Poderia estar te obrigando a lavar a louça, mas quem lava sou eu.
— Só por isso?
Yuqi o olhou com o cenho franzido, e terminou de mastigar o arroz.
— Quer lavar o banheiro?!
— Não, obrigado.
— Então pare de reclamar... Que saco.
Lucas fez uma careta e riu, afinal, adora irritá-la.
As horas haviam passado muito devagar e nesse meio tempo ambos haviam visto um filme, sendo que o segundo estava em sua metade. Não sabiam ao certo qual era o gênero do filme, mas acharam a capa legal, e clicaram. Não sabiam que era de romance, pois a tumb indicava que era ação ou suspense. Vários pensamentos passavam pela cabeça intrigante de Yukhei, ao contrário de Yuqi, que estava atenta a tudo que passava na televisão.
— Você já sonhou comigo?
Song o olhou assustada. Sim, ela havia pensado besteira, afinal, sua mente é mais poluída que o mundo, mas não esperava uma pergunta dessas assim... Do nada.
— Como é que é?
— Tipo... Um sonho. Qualquer um.
— Que susto...
Hei a olhou com os olhos semicerrados, negando devagar com a cabeça.
— Para com isso! – Riu. — Nunca sonhei com você... Por quê?
— Por nada... Só fiquei curioso.
Ela sorriu, achando fofa tal atitude. Estava com as pernas em chinês, olhando uma das mãos de seu amigo. Levou as suas macias e com unhas bem feitas até a dele e segurou, com um sorriso pequeno. Estava apenas fazendo um breve carinho, enquanto ouvia desatenta o filme que já não importava a nenhum dos dois ali. YuQi notou as veias dele surgirem em suas mãos e logo foi puxada para o colo de seu amigo, nem tão amigo assim. Olhava as orbes escuras, essa a qual perdia-se completamente e em um ato singelo, juntou ambas as bocas. Sorria meio ao beijo, sentindo o rapaz tirar seus fios de cabelo de seu rosto, mas nunca perdia aquela conexão invisível, que sempre os faziam ter momentos como esse.
Quando as mãos do jovem foram até a cintura de Yuqi, ela percebeu que não era apenas um simples beijo francês. Sentiu os beijos descerem pela sua clavícula até seu pescoço e logo após a mão com algumas veias, pressionou seu corpo para baixo, onde o membro coberto de Yukhei se encontrava. Quase como um reflexo, movimentou seu quadril sobre a pélvis alheia, em movimentos lentos. A vergonha de fazer isso com o cara que estava sempre a irritando era grande, mas não ao ponto de nunca ter pensado em momentos como esse. Um gemido baixinho atravessou suas cordas vocais e alcançou os ouvidos de Wong, esse que a olhou de relance.
Um solavanco, que, de longe, podia ser confundido com uma quicada foi dado por Yuqi, ao ouvir baterem na porta.
— Puta que pariu...
Ela riu sem graça e saiu do colo dele, este que foi até a porta, aparentemente chateado.
— Eu vou dar na sua cara.
— O que eu te fiz?!
Hendery entrou sem permissão, o que já parecia comum por ali.
— O que você quer?
— Olha o que eu achei em uma loja online...
Tirou uma caixa de videogame de uma sacola, e Lucas reconheceu pelo simples fato de ainda não ter entrado em lançamento.
— 'Tá de sacanagem que você veio aqui só por um jogo que nem lançou...
— Relaxa Luquinhas... – Sorriu. — Eu só quero experimentar, aí vim jogar com você. O Ji-sung tá viajando e o Ximen não ia abrir a porta pra mim... E como você é um ótimo amigo, eu vim até aqui...
.
.
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[17:29]
— Não, Lucas! É sério! O-o Hendery ainda deve estar lá embaixo, vai encher o saco dele!
— Mas eu só quero brincar!
— Não! Você me machucou, e eu não gosto quando faz isso...
— Mas eu nem fiz nada...
Deu um passo à frente e Song riu, ainda nervosa.
— Sai... Sai!
— Relaxa, gata... Eu só quero sair.
— Hm... Acho bom.
Hei andou até a porta, com os olhos grandes de Yuqi a seguindo. Como é um grande idiota, ainda sim a puxou, fazendo movimentos constantes em sua cintura.
— Filho da mãe, me solta!
— Eu nunca vou me cansar disso...
Saiu da cozinha e sentou ao sofá, seguido de sua roommate. Nesse momento já estava com o celular em mãos, e isso chamou a atenção quase como desnecessária do primeiro dono daquele apartamento. Yukhei interessou-se rapidamente para saber com quem ela estava falando, e não ia ficar na curiosidade.
— 'Tá falando com quem?
— Hm? Quando você saiu mais cedo para pegar sua encomenda lá embaixo, eu troquei meu número com o Hendery... Aí estamos nos falando.
— Não pode falar com ele! – Yu o olhou sem saber o motivo daquilo, e murmurou um “por que?” – Porque ele é chato! – riu. — Eu sou muito melhor.
— Eu falo com quem eu quiser, você não manda em mim.
Talvez um tiro tivesse doído menos. Juntou os lábios e pegou seu próprio celular, buscando por algo que jurava ajudá-lo com Song Yuqi.
“12 passos para conquistar uma garota”
A primeira coisa que pensou fora o porquê de só serem doze. Para conquistar aquela pedra, eram necessários mais de mil passos, e ele era um recém nascido para isso.
“O1: Mantenha a higiene em dia.”
Certo. Já começou ruim.
Correu para o próprio quarto, procurando por uma boa roupa cheirosa, e, ao achar, foi até o banheiro.
Sorria satisfeito durante o banho, afinal, estava disposto a encantar Yuqi com seu charme e provar a ela que não era como os outros homens por aí. Ou talvez esteja só com ciúmes de Hendery.
.
.
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— Olá, senhorita! – parou a frente dela, orgulhoso pelo seu aroma impecável.
— O que foi?
— Sabe da onde vem este maravilhoso cheiro?
— Você está falando como aquele garoto de Shrek... O Encantado.
— Talvez seja por que eu pareça com ele.
— Você é o ogro.
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