História My Antichrist (HIATUS) - Si mesmo

Sentado em algum lugar no meio da floresta, Nico tentava processar que provavelmente havia estragado tudo. Contar a Percy o futuro, não devia ter feito aquilo, agora tudo podia acontecer, inclusive o próprio podia morrer. Nico soluçou e lágrimas escorreram dos seus olhos, se sentia não idiota, tão inútil por não conseguir manter um segredo. Lembrava da expressão machucada de Percy como se Nico estivesse o cortando e ele não pudesse fazer nada. Não aguentava o ver daquele jeito, então a única saída de Nico foi fugir covardemente.
A chuva ensopava suas roupas, mechas negras adornavam o rosto dele, às lágrimas se misturavam a chuva sem problemas, mas os olhos de Nico continuavam inchados e o seu coração parecia está amarrado a quilos de pedras que eram ameaçados serem jogados no mar. O rangido das folhas sob a chuva encobriram a aproximação de Vine, mas sua Áurea o denunciou a Nico assim que apareceu a metros atrás. Sobre Vine, Nico não tinha muita certeza, era como dizer que odeia o passado, o presente ou o futuro, ele não conseguia dizer isso, se não houvesse o passado, nem o presente nem o futuro existiriam, da mesma forma era ele, ele machucava com o tempo, mas ninguém podia culpa-lo. Entre o barulho da chuva ele disse se abaixando à frente de Nico:
-Queria falar comigo, não? 
-Eu não sei mais. -Nico respondeu sem levantar a cabeça. -Eu estraguei tudo, não estraguei? 
-Olhe para mim. -Vine às vezes parecia um irmão mais velho para Nico. Nico olhou para ele, igualmente ensopado, com cabelos castanhos úmidos puxados para trás, olhos azuis como o céu em tempestade e aquele charme que todo demônio tem, a persuasão, a beleza demoniaca, eram armas incríveis quando bem manuseadas. -Tudo que você fez até agora, eu já previ, Nico. Eu lhe conheço e tento o ajudar desde muito cedo, sabe disso. -ele segurou o rosto de Nico. -Eu confio em você, e você confia em mim, então acredite quando eu lhe digo que tudo, tudo que fez até agora, eu já sabia. Ainda a tempo de concertar, se achar que deve concertar. 
-Eu não mudei nada? -Nico perguntou com a esperança brilhando no fundo os olhos. 
-Bem, se não for atrás dele agora talvez ocorra algumas mudanças. -ele se levantou e Nico fez o mesmo. -Lembre-se, confie em mim. 
-Sempre diz isso, -Nico tirou a chuva dos olhos. -Nunca entendo. 
-Vai entender, essa informação não posso dar mesmo. 
Nico assentiu e sumiu entre às sombras da floresta. Reapareceu no chalé. Todos continuavam lá, Percy estava sentado na cama dele praticamente abraçado aos joelhos e os outros estavam conversando entre si na cama de Léo, mas pararam ao vê-lo na entrada. Percy levantou o rosto pra ele, Ainda parecia em choque, Léo apontou para a porta num sinal e os outros se levantaram e saíram. 
Quando a porta se fechou, Percy se levantou e abriu o armário, Nico pensou que ele fosse o ignorar, então ele pegou uma toalha azul e foi até ele a pondo sobre os seus ombros, o abraçou e não disse nada por um bom tempo. Nico quis chorar de novo, se agarrar a ele como se não existisse mais nada, voltar no tempo e talvez entrar no corpo de outra pessoa, nunca ter conhecido ele. Talvez fosse melhor para todos.
-Me desculpe por ter fugido. -Nico sussurrou enquanto enterrava o rosto na camisa dele. 
-Não me peça desculpas. -Percy respondeu o apertando mais e suspirando. -Nada disso é sua culpa. -ele afastou Nico para o olhar. -Eu te amo, e… sim, o suficiente para fazer suas próprias escolhas, nem que em uma delas esteja arriscando… -ele não conseguiu continuar, Nico viu seus olhos marejarem e o abraçou de novo. 
-Não chore por mim, por favor. -ele sentiu Percy exalar todo o ar que prendia, o coração dele batia rápido do peito. Ele voltou a se afastar, mas dessa vez foi para puxar Nico para a cama e novamente o aconchegar junto de si. 
-Você chorou, da pra perceber. -Percy disse beijando levemente. -Eu também teria sumido. 
-Quer dizer ‘fugido’. 
-Tanto faz. 
-Quando olhou pra mim… parecia que eu estava lhe apunhalando de novo. Se tivesse uma torre eu me jogava de novo. 
-Ei, pare com isso. -Percy segurou suas mãos que estavam muito geladas. -Sem Torres, sem segredos, Okay? 
-Okay. -Nico encostou o rosto no peito dele e suspirou logo apagando e dormindo profundamente.  

Percy ficou acordado enquanto o outro dormia, ainda com as roupas e os cabelos úmidos. Lembrava-se de quando Nico Ainda não tinha se dado conta de quem era, de quando sua mente continuava humana e inocente sobre esse outro mundo. Às vezes ser cego como os humanos era melhor do que ver aquele mundo, onde pessoas surgiam do céu e da terra, onde guerras contra demônios eram travadas o tempo todo. Com um suspiro, Percy fechou os olhos, ouvindo a chuva lá fora, vez ou outra botas chapinhando na lama, alguém fugindo da chuva ou tentando ir para o seu chalé. 
Até quando aquela calmaria continuaria? Sem ter a intenção, Percy mergulhou nos pensamentos de Nico. Parecia está deslizando num escorregador gelado, com vozes altas e imagens retorcidas. Então parou ao lado de Nico na chuva, Vine abaixado à frente dele, segurando seu rosto. Percy não podia evitar em ficar enciumado, qualquer um que visse alguém segurando o rosto do seu namorado e ficando tão próximo, ficaria. Não se concentrou em ficar ali, fechando os olhos, não ouviu mais chuva, agora estava numa estrada de terra, ladeada por grama, pela direita se subia um morro até uma igreja e a esquerda, não muito longe, havia um declínio. Percy a reconheceu, mas não se lembrou no momento. Cascos de cavalo faziam barulho ao se aproximar, notando que estava no meio da estrada, Percy se afastou mesmo que fosse só um pensamento. Uma carruagem veio sendo guiada por dois cavalos negros, lá dentro ele sabia quem iam, seu coração doeu. Então do chão uma figura em sombras apontou para a carruagem e essa, como se estivesse sendo empurrado por uma grande mão, foi jogada no declínio. Percy ficou paralisado olhando para Lilith, do seu lado Lúcifer apareceu, do seu lado estava uma sombra sem rosto. Mas isso não chamou a atenção de Percy, foi o barulho de asas que ouvia, procurou ao seu redor e viu perto da igreja, ninguém menos que Miguel e ele mesmo.