História My Best (Boy)Friend - Festival Cultural

   Então o dia do Festival cultural finalmente chegou. Como era notável, haviam muitos visitantes, andando de um lado para o outro. Provavelmente, visto de cima, se pareceria com milhares de pequenas formiguinhas cumprindo com suas obrigações para o bem estar da colônia. Havia dança, música, teatro, filmes, jogos, competições, livros, cultura, terror e tudo que se tinha direito. Como esperado, a sala de Laser Tag foi um grande sucesso. Não apenas entre cidadãos e alunos, mas até os professores e alguns heróis fizeram avaliações positivas sobre a criatividade daquela atração.

Realmente, aqueles alunos tinham algo único e especial.

Mas o que os alunos realmente ansiavam era a chegada do tão aguardado “Eiyu no Boru”, como vinha sendo chamado o Grande Baile. Os pares já estavam feitos, as roupas formais alugadas, os salões de beleza lotados, apenas por estudantes. Mas por enquanto, mesmo que dificilmente, o melhor era se focar no Festival. Como sempre, ao pôr do sol, tudo estava terminado. Apesar da maioria dos alunos terem saído apressados, para se arrumarem, um pequeno grupo decidiu sair para tomar um sorvete, como comemoração. Deku, Eijirou e Uraraka, conseguiram convencer Kacchan a ir com eles.

- Vocês sempre me metem nessas merdas. – ele dizia no caminho.

- Só vamos tomar um sorvete, Kacchan. O que tem de mais nisso?

- Não falei com você, Nerd.

- Depois nós ainda temos tempo para voltar e ver se os professores precisam de ajuda com os preparativos...

- Não começa, cara redonda! Eu vou direto pra casa.

- Qual é cara, uma ajudinha não faz mal a ninguém! Quem sabe até, eles nos dão umas notas extras?

- Mas vocês hein? Tsc, ta legal...

Os quatro se dirigiram à uma sorveteria que havia nos arredores da escola. Flocos para Ochaco, baunilha para Izuku, chocolate para Eijirou e morango para Katsuki. O gelado do sorvete era ótimo para acalmar os corações ansiosos de uns... e cabeça quente de outros. O Sol já havia dado lugar à escuridão da noite quando os amigos acabaram suas doces sobremesas, em meio a risadas e comentários sobre o dia cansativo.

- Caramba, cadê a minha carteira?

- Você deve ter esquecido na sorveteria Kirishima-kun. – Ochaco sugeriu ao amigo, que procurava desesperadamente em seus bolsos. Eles devem ter guardado!

- Tem razão, eu vou voltar lá. Me esperem um pouco, por favor! – Kiri pediu e os amigos consentiram.

- Kirishima-kun parece tão feliz ultimamente!

- Você também notou, Deku-kun? Deve ter algo a ver com a Mina-kun...

- Hm! Eles parecem muito felizes. Bom pra eles.

- E você viu o pingente de dragão no pescoço dele? Deve ter sido um presente dela.

- Você acha? Eu também reparei, é muito bonito!

- Sim, me lembrou até... ei, olha lá, ele tá voltando!

Kirishima correu até os amigos, balançando a carteira acima da cabeça. Por sorte a gentil atendente a encontrou em cima de uma das mesas e guardou.

- Agora podemos ir... ué, cadê o Bakugo?

- Que pergunta, ele ta bem aq...eeeeh!? Cadê ele? – a morena e o esverdeado ficaram tão entretidos na conversa, que nem se deram conta de que o loiro, havia saído sem dizer nada. Mas não tão longe a ponto de sumir da vista dos amigos.

- Eu vou resolver isso, podem ir sem mim. – o falso ruivo diz e anda em direção a Katsuki.

A rua estava deserta, não ventava. Podiam-se ouvir diálogos soltos, muito distantes. O garoto explosivo caminhava apressado. Não conseguiu continuar ouvindo a conversa dos outros dois. Eles não tinham como saber o quanto aquele assunto era doído para Bakugo. Ele olhava para o próprio braço, onde até poucos dias costumava ficar um gesso, com várias assinaturas. Sem almas vivas por perto, naquela calçada havia um silêncio barulhento. Apenas o som dos sapatos batendo no cimento, um após o outro. Uma sequência quase musical, até ser interrompida pelo nome de alguém, sendo chamado.

- Bakugo! – Ele começa a andar às costas do amigo.

- Que?

- Aconteceu alguma coisa?

- Não.

- Você ta bem?

- To.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Mas parece que... – Bakugou se vira bruscamente para trás.

- Que porra Kirishima! Me deixa quieto, caralho, porque você sempre fica perguntando isso? Não te interessa! – Katsuki estava mais agressivo do que o normal. Kirishima levou um pequeno susto com a mudança repentina. Ele antes parecia tão calmo...

- Ué, porque... porque eu me importo com você, é claro que me interessa! Eu só quero te ver feliz cara, você não entende isso? E o que eu tiver que fazer pra que isso aconteça, acredite eu faço. Você... você é meu amigo...

Igual a uma montanha-russa de sentimentos. Ele sentiu como se Kirishima tivesse o elevado, subindo cada vez mais alto em direção a um céu azul radiante e então, sem mais nem menos, o tivesse empurrado de volta para um abismo fundo e escuro. “Meu amigo”, “amigo”, essa palavra ecoava em sua mente, causando uma sensação desconfortável no fundo do estomago, que subia até sua garganta, na forma de um nó apertado.

- Eu... eu vou pra casa... – disse, dando-lhe as costas.

- Espera aí Bakugo, a gente nem... – Kirishima colocou a mão em seu ombro, que se livrou com um puxão agressivo.

- Não enche, Kirishima!

Sentiu a voz falhar na última frase e torceu para o colega não ter percebido, mas desta vez, não teve tanta sorte.

Ele percebeu.

Não só percebeu como tomou uma decisão: não deixaria Bakugo sozinho, não de novo.

Bakugo ouvia passos atrás de si e fingiu não ligar. Só se importou quando percebeu que a frequência aumentava rapidamente.

- O que é... – antes que pudesse se virar, o garoto explosivo foi surpreendido por dois braços que envolveram seu torço e apertaram, firme, mas delicadamente. Eijirou estava com a face direita apertada junto as suas costas, num abraço reconfortante e que expressava toda a preocupação de Kirishima para com Bakugo. O loiro arregalou os olhos, estático, mas não tentou se libertar do contato inesperado. O corpo do ruivo esquentava Bakugo, por dentro e por fora. Ficaram alguns segundos assim, sem dizer nada, até que Kiri o soltasse.

- Desculpa... - disse, com medo da reação do garoto, se virando e começando a caminhar de volta para seus amigos.

- ...Obrigado. – Bakugou respondeu. Imóvel.

     Kirishima parou surpreso, mas apenas esboçou um sorriso bobo. Os dois continuaram seus caminhos opostos, vez ou outra espiando-se, por cima dos ombros.