História My Dear Akai Ito - Eu não posso te amar

Era uma tarde qualquer, as aulas passavam lentamente e as palavras ditas pelo Aizawa não conseguiam penetrar a mente de Bakugo, antes tão centrado, agora o garoto mal conseguia conceber os conceitos explicados a turma. Por mais que odiasse admitir, havia outro assunto que lhe chamava mais atenção que qualquer coisa naquela aula: os cabelos curtos e acastanhados de uma menina que sentava por perto, anotando em seu caderno apressada o conteúdo. Como ela era esforçada… Não podia deixar de notar seus dedinhos girando a caneta com a mão esquerda enquanto a direita escrevia sem parar com canetas coloridas o conteúdo da lousa, ansiosa para não se perder em nenhum dos dois: o conteúdo das próprias anotações e as explicações do temperamental professor. 

Ela não era a mais inteligente, tão pouco a mais bonita, contudo era nela que seus olhos se fixavam e seus pensamentos se perdiam. Gentil e determinada, Uraraka parecia disposta a não abrir brechas para si, ainda que não o afastasse com repulsa, estava preso no dilema de ser um estranho colega de turma, sem grandes atrativos e que discutia com o garoto que ela estava interessada. Sim, Bakugou sempre soube que a menina tinha olhos para outro alguém, mas não pode evitar seu coração de bater mais forte. Todos os dias, via seus olhos brilhantes e sentia a pontada do amor na boca do estômago, que ao mesmo tempo que o fazia sorrir durante a noite, o impedia de se declarar pelo medo da evidente regeição. 

Hoje, porém, havia algo especial naquela sala de aula. Uraraka parecia mais ansiosa que o normal, Bakugou podia notar. Isto é, já a observava faz algum tempo, então poderia dizer quando havia algo de diferente em suas ações. Notava que ela também não conseguia se concentrar em nada, pois vire e mexe olhava para os lados, procurando encontrar Midoriya, que sentava ao seu lado. Chegava a ser fofo, mas só por ser ela. Era terrível vê-la sofrendo daquele jeito, pois não sabia se o rapaz que sentava ao seu lado a correspondia, e isso a deixava tão aflita... Mas, acima disso tudo, o que Bakugou mais odiava naquela situação era o fato de não poder entregar-se aos sentimentos de ternura, já que aqueles olhares não pertenciam a sua pessoa. 

 Não podia evitar de se sentir puto consigo mesmo, aquele não era ele mesmo, nunca teve medo destas bobagens adolescentes e jamais se imaginou preocupado com o que uma garota pensaria de si. Ele era o “lorde da destruição” ou ao menos queria ser chamado assim, seria o herói numero um. Como poderia um herói enfrentar grandes inimigos estando preso aos seus sentimentos inconvenientes? Era isso, agora ou nunca. E se o nunca significasse ficar sem ela, assim o faria. Seria apenas uma fase a ser superada em seu caminho de pedras. 

Iria se declarar, custe o que custar. 

Perdido em pensamentos, não ouviu o sinal tocar indicando que o horário de ir embora havia chegado, acordado de seus deváneios por Kirishima, guardou rapidamente seus matérias, se despediu do colega com um soquinho e passou a correr, planejava encontrar a acastanhada no caminho e assim por seu plano em prática. Não era hora de hezitar, porém as pernas não deixavam de bambear mesmo assim. Seu coração estava a mil por hora, correndo pelos corredores do colégio e depois pelo pátio de entrada, sem encontrá-la nem de vista. Teria ele perdido sua chance? Será que já tinha ido para casa? Ou pior…...

“Merda, será que ela foi se declarar?!”

Tudo fazia sentido. Estava nervosa por esses motivos! Iria se declarar hoje para Midoriya, o seu rival. Ele tiraria mais isso de si. Inevitavelmente, seus olhos marejaram, e um choro silencioso escorreu pelo rosto enquanto o sol se punha e as cerejeiras caiam…

- Bakugou-kun? - Uma voz feminina o chamou, seguido de uma suava encostada em seu ombro. Isso foi o bastante para enterromper seus pensamentos, virou-se.

 E, para sua surpresa, era ela. 

Seu cheiro doce invadia suas narinas, os cabelos o prendiam e os olhos o hipnotizavam. Naquele momento, percebeu que estava entregue. 

Você… estava chorando? - Ela perguntou. 

Eu… claro que não! - mentiu. 

Eu estou vendo as lágrimas… Não precisa esconder 

Eu… pare com isso, não é nada demais, só… 

só…?

Achei que você estava com o deku de merda, bem, era o de esperar.

Mas o que isto tem haver com seu choro, Bakugou-kun? - perguntou curiosa e um tanto perdida, enquanto o garoto a encarava em silêncio, parecendo confuso quanto o que queria dizer

Ai, foda-se não posso adiar isto - disse rapidamente, sem pausas para respirar - EU NÃO POSSO TE VER COM O DEKU DE MERDA, PORQUE EU QUERO QUE VOCÊ OLHE PARA MIM, DROGA. 

A garota ficou em silêncio por alguns momentos, absorvendo tudo que havia sido proferido por Katsuki, por fim abriu um largo sorriso. 

Vai rir de mim, porque se for avise para eu ir embora de uma vez - resmungou, imaginando que seria cruelmente rejeitado

Eu jamais riria de tu, Bakugou-kun. E não precisa pedir para que eu olhe por ti, pois bem, eu sempre estive te observando. 

Isto é brincadeir…

Antes que pudesse terminar sua frase, Uraraka pulou em cima de si, envolvendo os braços em seu pescoço e colando os doces lábios nos seus. Era puro e genuino, um laço havia sido selado e desejava que este nunca fosse quebrado.