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História My Dear Harlequin - Medo?


Escrita por: ayayui1504

Notas do Autor


HEY! Sorry postar no sábado, é que ontem foi meio corrido para mim e eu não pude terminar o capítulo.
Ainda não batemos 600 favoritos, MAS o capítulo tem mais de 3000 palavras!! Jesus, eu não conseguia parar de escrever hahaha.
Ele está na lista dos capítulos que eu mais gostei de escrever... Acho que algumas pessoas vão se surpreender aqui...
Espero que gostem <3

PS: Sinto muito por ter demorado tanto para responder os comentários... Eu tinha viajado e só tive tempo de postar o capítulo mesmo. E LEIA AS NOTAS FINAIS.

Capítulo 26 - Medo?


Fanfic / Fanfiction My Dear Harlequin - Medo?

 Acordei com o som de uma porta batendo e abri os olhos rapidamente, sentando-me na cama, assustada.

 O quarto ainda estava com as luzes apagadas, mas os raios de sol entravam pelas frestas da cortina, mostrando que já era de tarde. Vejo-me sozinha ali e estranho, tentando adivinhar da onde o barulho vinha, quando percebo uma pequena luz debaixo da porta do banheiro, com rápidas sombras, indicando passos ali dentro. Suspirei, já tomando certeza da única pessoa que poderia estar ali.

 A porta se abre de forma ríspida, do mesmo jeito que foi fechada, e The Joker sai de lá, estalando o pescoço de um lado para o outro. Noto que o outro lado da cama também estava meio bagunçado e, a não ser que eu seja uma sonâmbula que se mexe o tempo todo, ele tinha dormido ao meu lado.

 Passei os dedos rapidamente ao redor da minha boca, para não correr o risco de ter baba seca ali, o que pode até parecer cômico. De qualquer jeito, passo a encarar novamente o homem de cabelos verdes, sem ter certeza de sua reação ao fato de eu ter entrado em seu quarto sem qualquer permissão.

 Eu estava surpresa, afinal, conhecendo a sua personalidade, era capaz de eu ter acordado com um tapa no rosto, mas não foi o que aconteceu. Ele me olhou de forma rápida, não realmente prestando atenção em mim.

 —Ainda bem que acordou – a ironia ficou explícita em sua voz – Estava começando a ficar... Preocupado.

 –Achei que soubesse lidar bem com cadáveres – digo, ainda sentada despojadamente na cama com um sorriso no rosto – Que horas são?

 –Cinco horas – respondeu, ainda sem mal me olhar. Eu tive vontade de perguntar se ele realmente tinha dormido ao meu lado sem eu saber, afinal, estava dormindo há mais de nove horas.

 —Esse é seu quarto – falo aleatoriamente, um pouco incomodada com seu silêncio.

 —É, por enquanto – sua resposta foi novamente indiferente, arrancando um pesado suspiro meu.

 —Sinto muito – sussurro, rapidamente, temendo que estivesse bravo – Eu não sei, parece invasão de privacidade.

 Foi a sua vez de suspirar e, quando notei, seu corpo já tinha me derrubado de novo na cama, de forma que eu ficasse deitada e que ele estivesse por cima de mim. Seu braço esquerdo se apoiava ao lado da minha cabeça e sua mão direita rondava meu pescoço.

 Coloquei minhas mãos sobre as suas, já esperando o aperto, mas J ficou apenas segurando minha garganta firmemente, fazendo-me encará-lo.

 —Harley – ronronou e, por um momento, eu me tranquilizei – Tem que parar de pedir desculpas, não é como se você realmente se arrependesse de todas as coisas erradas que faz.

 Seus olhos estavam fixos no meu e minha respiração estava acelerada. Talvez eu apenas devesse me acostumar com seus movimentos bruscos e mudanças repentinas de humor. Assenti com a cabeça, mesmo que dificultada por sua mão em meu pescoço. Com a mão esquerda, do braço que apoiava-o na cama, tirou uma mecha de cabelo que atravessava minha testa, seu rosto extremamente próximo ao meu.

 —Tenho uma... Reunião com um velho amigo, hoje – a forma como balançava a cabeça, parecendo escolher as palavras, mostrava que “Reunião” não era um bom termo para ser usado, muito menos “Amigo” – Se arrume, sairemos em três horas.

 Solta meu pescoço e levanta da cama de uma maneira rápida, assustando-me. Volto a me sentar, colocando as mãos envolta de minha garganta, onde ainda havia marcas da noite passada, me perguntando como eu iria cobri-las.

 Talvez ele não queira que eu as cubra, passou por minha cabeça.

 Apesar de ter me divertido, e muito, quando ganhei os chupões e mordidas, sabia que eles me deixariam com uma aparência frágil. Levantei da cama, abrindo minha mala, que agora estava dentro do quarto. Escolhi um vestido preto, um pouco curto e colado, colocando-o sobre meu corpo e sorrindo em seguida.

 Quanto mais frágil eu parecer, mais os outros me subestimarão. E maior vai ser a surpresa deles quando realmente me conhecerem.

-x-

 Saí do banheiro, arrumando meus longos cabelos loiros no penteado que tinha inventado de fazer. Tinha usado bastante maquiagem nos roxos, mas não tinha os coberto totalmente. Olhei para minhas unhas, aleatoriamente, analisando o esmalte preto que eu havia acabado de passar sobre elas.

 Suspirei, olhando pela última vez no espelho e saindo do quarto.

 Desci as escadas e o vi lá embaixo. Usava uma camisa roxa escura, com os três primeiros botões abertos, sendo possível ver as tatuagens no peito, uma calça preta e sapatos engraxados, como sempre, com correntes, relógios e anéis de ouro que chamavam a atenção. Seus cabelos estavam penteados para trás da maneira que eu sempre os vi e sua boca parecia ainda mais vermelha.

 —Estou aqui – digo, levantando uma mão para cima numa pose, parada em cima do primeiro degrau.

 Senti os olhares de seus capangas sobre mim, mas o único par de olhos que realmente me interessava só ficou em cima de mim por alguns poucos segundos, praticamente ignorando minha presença.

 Desci o restante da escada, não me importando com os brutamontes ali me encarando, sabia que J não deixaria que fizessem nada comigo.

 —Vamos – Mr. J fala, mais especificamente voltado para o barbudo que quase atirou em mim, provavelmente seu capanga de maior confiança.

 Estou bem a seu lado, parada e com os braços cruzados, quando ele finalmente parece notar minha presença e se importar com ela. O homem de cabelos verdes estende o braço para mim, arrancando-me um sorriso, enquanto enlaço meu braço no dele.

 Assim que saímos da mansão, vejo algumas vans negras, nas quais os capangas sobem rapidamente, e uma lamborghini roxa chamativa. Ao vê-lo entrar no carro, sigo sua ação, sentando-me no banco do passageiro. Ele não disse nada, parecia estar esperando por isso.

 The Joker sai já em alta velocidade e eu suprimo minha vontade de colocar o cinto de segurança. Há uma van em nossa frente e duas atrás. Seja o que for essa reunião hoje, ele precisava de seus capangas muito bem armados.

-x-

 Paramos em frente a um restaurante japonês e eu estranho. J sai do carro e eu faço a mesma coisa, vendo os homens saindo dos veículos com suas armas e entrando no local pelos fundos. Sem esperar qualquer convite, enlaço novamente meu braço ao do palhaço e ele, mais uma vez, não reclama.

 Seguimos alguns capangas pelos fundos, passando por uma cozinha nojenta, cheia de frutos do mar.

 Ah, odeio peixe.

 Além dos inúmeros cozinheiros japoneses, havia uma porta escrita “Restrito a funcionários”, a qual um homem com máscara de bola de bilhar, a vermelha, para ser mais precisa, abriu, dando espaço para que passássemos.

 Apenas com a aproximação da porta, pude ouvir a música alta e entender finalmente o que estava acontecendo, repreendendo-me por ter sido tão burra e não ter percebido. Entramos no local e a fumaça toma conta dos meus pulmões, as luzes coloridas em meio àquela escuridão incomoda meus olhos e estou sendo guiada, indiretamente, pelo psicopata em minha frente.

 Descemos alguns poucos degraus e encontro um lugar mais limpo e menos lotado de pessoas gritando e dançando. Suspiro de alívio ao ver aquela sala. Era uma sala com alguns palcos rosas, cercados pelas luzes, talvez um pouco escura demais e com um cheiro de álcool impregnado no ar. Há quadros fluorescentes por todos os lugares e as únicas pessoas que consigo enxergar ali são strippers e velhos aparentemente muito ricos.

 O barbudo, que era o único a não usar máscara, vai à frente de Mr. J e eu sigo seu caminho, ainda com meu braço entrelaçado no homem ao meu lado. Recebo um leve susto ao parar de supetão e reconheço a voz imediatamente.

 —J! Tenho que dizer, sua fuga de Arkham beneficiou a todos – Duas-Caras cumprimentava meu palhacinho com um sorriso, apesar do lado queimado de sua face estar com uma expressão zangada.

 —Harvs – J começa, dando um sorriso irônico e ignorando a mão que Harvey Dent oferecia para ser apertada. Sentou-se no sofá de veludo roxo que cercava uma mesa com diversas bebidas em cima.

 Duas-Caras se sentou novamente e percebo duas mulheres paradas ao seu lado, porém não estavam sentadas. Elas usavam o mesmo vestido, metade branco e metade preto, e uma maquiagem que cobria exatamente a metade face, de forma que ficassem parecidas com o criminoso que acompanhavam.

 Sinto-me ser puxada por Mr. J e me sento em seu colo, meio hesitante. Fico mais calma ao sentir o metal de seus anéis deslizar por minha coxa exposta pelo vestido.

 —Doutora Quinzel – meu ex-paciente parece, finalmente, me reconhecer e me sinto incomodada ao ouvir esse nome.

 Harleen Quinzel não está mais aqui.

 Sinto, agora, a mão esquerda de J subir para o meu quadril, apertando-o levemente. Tomo coragem e enlaço seu pescoço com meu braço direito, deslizando minha mão em sua nuca e pescoço, observando as tatuagens ali presentes e tentando ignorar meu nervosismo.

 —O que fez com ela, J? – o idiota tinha um grande sorriso no rosto – Agora ela é seu bichinho de estimação? Sua empregada?

 —Não é como se eu precisasse saber cozinhar e passar roupa – digo, interrompendo a gargalhada do homem irritante em nossa frente. Sinto Mr. J apertar novamente meu quadril, como em um sinal para que eu ficasse quieta.

 —Harvey, você parece estar tentando desviar o assunto – sua voz ameaçadora ecoa pelo lugar, mesmo com a música alta, e vejo o otário engolir em seco – Mas é só uma impressão minha, certo? Tenho certeza que minha... Acompanhante não traz nenhum problema para nossos negócios.

 —Sabe o ritual, J – diz, tirando uma moeda do bolso, com um dos lados queimado – É divertido se brincar com a sorte, principalmente quando o preço é a vida de alguém.

 Ele joga a moeda pro alto e eu fico tensa, sabia desse ritual maluco que ele tinha por causa de nossas sessões. Lado limpo, a pessoa vive, lado queimado, ela morre. E eu tinha certeza que Dent não tinha os melhores sentimentos por mim, ele costumava odiar todos em Arkham.

 Mais rápido do que meus olhos puderam acompanhar, Mr. J tirou do cós da calça um revólver cheio de adornos e o segurou por cima da mesa, ao mesmo tempo que a moeda caía na mão de Duas-Caras.

 —Claro, brincar com a sorte é algo muito divertido – a ameaça em sua voz é ainda mais forte – Você não quer tentar?

 Sem dizer mais nenhuma palavra, o criminoso guarda a moeda em seu bolso, sem nem mesmo olhá-la e eu, inevitavelmente, sorrio convencida.

 Ele estava me defendendo.

 Vejo as duas garotas se olharem assustadas e dirigirem-se ao banheiro. Os dois estavam ainda se encarando, os olhos de J ameaçadores e o nó na garganta de Duas-Caras, deixando claro seu medo pelo Príncipe Palhaço do Crime.

 —Mr. J? – chamo sua atenção num sussurro – Eu tenho que ir ao banheiro – falo, fazendo biquinho e ele assente, sem nem mesmo ouvir direito.

 Levanto-me de seu colo e dirijo-me para a mesma porta onde as duas sumiram, vendo Harvey e J finalmente começarem a conversar.

 Chego no banheiro imundo e vou para a frente do espelho, arrumando meus cabelos e ignorando as mulheres ao meu lado.

 —Eu odeio esse cara – uma delas reclama para a outra, eram gêmeas – Não vale o dinheiro que nos pagou.

 —O que aconteceu? – pergunto aleatoriamente, apoiando-me na pia e as observando – Já sei, ele colocou a mão debaixo da saia de vocês. Ou agarrou sua bunda? Quais foram as coisas nojentas que disse a vocês?

 —Por acaso está nos analisando? – a outra responde mal-humorada e eu reprimo meu pedido de desculpas, lembrando do que meu palhacinho tinha falado mais cedo.

 —Força do hábito – sorrio irônica, arrumando meu colar, mesmo que não precisasse, sorri com a ideia que tive – Mas se ele realmente já pagou vocês, deveriam sumir.

 —Como assim? – a primeira foi a mais curiosa, aumentando meu sorriso.

 —Sabe, essa boate não é dele, então não deve ter muitos de seus seguranças – falo naturalmente – Não seria difícil sair. Além do mais, se vocês estão aqui com ele, imagino que ele planeja se divertir com vocês mais tarde. Sabe como é, Duas-Caras parece ser o tipo de cara que gosta de sexo a três.

 Vejo a expressão das duas se contorcerem de nojo, mas a mais irritante ainda replica.

 —Ele vai nos procurar e nos matar – tenta justificar e eu reviro os olhos.

 —Pare de se dar tanta importância – meu tom de voz é meio grosso – Ele está morrendo de medo do psicopata com quem está negociando, memorizar o rosto de prostitutas seria a última coisa que faria.

 As irmãs se entreolham e saem do banheiro apressadas. Alguns segundos depois, saio também e, ao chegar na mesa, não as vejo. Sorrio com isso e sento-me novamente ao lado de J.

 —É sempre um prazer negociar com você, Harvs – diz sorridente, se levantando. O outro parecia irritado, provavelmente não tinha conseguido o que queria. Dent também se levanta e vejo The Joker sussurrando algo para ele, que olha para mim rapidamente, sua expressão ainda mais raivosa, mas assente, como um cachorrinho. Dou um sorriso de escárnio, acenando levemente.

 Ele sai com os seus capangas rapidamente, sem nem ligar para as prostitutas que estavam o acompanhando. Sinto a mão de J em meu braço.

 —Vamos embora – diz, de forma grossa – Tenho outro lugar para ir.

 —Outro? – pergunto, mas sou ignorada.

 Andamos por um longo corredor, com os capangas atrás de nós. Bruscamente, The Joker para e se vira para eles.

 —Liberados – fala e sorri em seguida, imagino que tinha tido alguma ideia – Quem conseguir roubar mais tem o direito de matar qualquer um dos companheiros que desejar.

 Rapidamente os homens correm de um lado para o outro, sacando suas armas. O barbudo não tem nenhuma reação, somente continua a andar em nossa frente, alheio ao jogo mortal que o Príncipe Palhaço do Crime tinha proposto.

 Caminhamos por um tempo em silêncio, o capanga que não tinha máscara só seguia em frente, sem olhar para trás. Ele parecia realmente conhecer o palhaço e deveria fazer um ótimo trabalho.

 —Ficou com medo essa noite? – J pergunta ao meu lado e eu me assusto, já que tínhamos estado tanto tempo sem nenhuma conversa. Sabia que ele se referia à pequena ameaça que eu havia recebido de Duas-Caras. Sim, eu havia sentido um pouco de medo, mas se eu fosse continuar ao seu lado, isso aconteceria sempre e eu tinha que me acostumar.

 —Não – respondo e em um milésimo de segundo, sinto a parede bater em minhas costas. Ele tinha em empurrado até ali e me encurralado.

 —Harley – diz sério, suas mãos agarrando meus quadris com força – Não gosto quando mentem para mim.

 —Por acaso eu deveria ter medo dele? – falo, tentando não parecer surpresa, ou assustada, com seu gesto brusco.

 —Não necessariamente dele – aproxima seu rosto de mim e sinto uma de suas pernas entre as minhas, provocando um arrepio em minha espinha.

 —Eu deveria ter medo de você? – pergunto, mesmo sabendo a resposta – Por que? Por que você é o rei de Gotham? Ou por que é um assassino que vai dormir na mesma cama que eu essa noite?

 Ele ri baixo, perto demais. Mesmo com salto, a diferença de altura é grande e eu tenho um vislumbre de seus dentes metálicos antes de aproximar seus lábios de minha orelha.

 —Deveria ter medo do que vou fazer com você quando chegarmos em casa – aquilo fez meu corpo se esquentar e eu rio, nervosa, mordendo o lábio inferior.

 —Mr. J! – digo divertida, empurrando levemente seu ombro. Saio de seu aperto, ainda rindo.

 —Vamos, Harley – fala, com seu enorme sorriso no rosto. Sinto um tapa na minha bunda e dou um gritinho.

 Cruzo novamente nossos braços e seguimos o capanga, que nem havia se virado, rindo juntos.

-x-

 Eu imaginava ser umas onze da noite e, mesmo sendo cedo, eu mal podia esperar para chegar na minha nova casa. Estava dentro da lamborghini, com as pernas cruzadas e impaciente. Eu via The Joker e seu capanga conversando com outro homem, o qual não consegui identificar, e nem tentei, na frente de um grande depósito, com vários caminhões.

 Estava distraída com minhas unhas, quando ouço um barulho alto e olho pela janela, preocupada. Vi o corpo do cara caindo no chão, com um buraco no meio da testa e suspiro aliviada.

 O capanga começa a arrastar o corpo para algum lugar e vejo J vindo em minha direção, aparentemente, irritado.

 —Vamos pra casa – praticamente rosna ao fechar a porta do carro com uma força absurda e totalmente desnecessária, fazendo com que eu pulasse no assento.

 —O que aconteceu? – pergunto, hesitante, mas ele nem olha em minha direção.

 —Nada que lhe interesse – responde grosso e eu fico calada com aquilo.

 Ficamos quase meia-hora no carro, para finalmente chegar no nosso “lar”. Ele sai do carro, ainda muito irritado, sem nem me esperar. O volante branco ainda estava levemente amassado por causa da força com que seus dedos o apertaram. Suspirei, tentando me acalmar e não parecer tão nervosa, saindo da lamborghini.

 A mansão estava silenciosa, os homens de J deviam estar ainda roubando e o chefe deles deveria estar no andar de cima. Não tive coragem o suficiente para procura-lo pela casa, ele estava muito irritado e eu achava melhor dar a ele um pouco de espaço.

 Fui até a cozinha, abrindo os armários e a geladeira. Deus, aquilo estava vazio. Tinha algumas latas de cerveja espalhadas pelo chão e algumas caixas de pizza empilhadas, provavelmente era esse o jantar dos capangas todas as noites.

 Achei um pacote de salgadinho e meu estômago roncou. Na geladeira só tinha cerveja barata, minha única opção. Comecei a comer e bebericar a latinha lentamente, deixando minha mente viajar para qualquer lugar que quisesse.

Sou interrompida com a porta de entrada batendo e logo o homem barbudo entra na cozinha, com o rosto e a roupa sujos de sangue, que eu tinha certeza que pertencia ao cara que vi morrer em minha frente.

 Ele pegou uma lata de cerveja da geladeira e tomou-a também apoiado no balcão, mas sem olhar para mim. Observei-o, curiosa.

 —Jonny Frost, certo? – falo espontaneamente e ele me olha, confuso.

 —Sim – responde, desviando o olhar. Não parecia querer conversar comigo.

 Azar o dele.

 —Então foi você que entregou as rosas vermelhas que o Mr. J pediu, né? – pergunto e ele assente, claramente desconfortável – Sabe, não é educado comprar flores para uma mulher e logo depois apontar uma arma para a cabeça dela.

 —E o que quer? Um pedido de desculpas? – sua voz está irônica e grossa, de um modo que eu sabia que ele nunca usaria com o chefe dele.

—O que irritou tanto J essa noite? – mudo de assunto, curiosa, mexendo nas diversas pulseiras que eu usava.

 —Se ele não te contou, por que eu iria? – disse, arrancando um sorriso meu, que pareceu deixa-lo confuso.

 —Certo – apoio meu queixo em minha mão e abro a boca para falar novamente, mas sou interrompida por um barulho de algo se quebrando no andar de cima.

 —Ele não vai se acalmar tão cedo – Jonny comenta e eu acabo o meu lanche.

 —Vou subir – decido e ele me olha com espanto.

 —O chefe está irritado e está em seu escritório – Frost começa e eu cruzo os braços, esperando-o terminar – Ninguém entra lá. Ir falar com ele agora é suicídio.

 —Não, não é – replico como uma criança e ele suspira. Vou até às escadas.

 —Ainda não me decidi se você é corajosa ou louca, garota – fala de repente e eu me viro mais uma vez, sorrindo.

—Sou as duas coisas – respondo, subindo os degraus rapidamente.

-x-

 —Mr. J? – pergunto, batendo na porta do escritório.

 —Agora não, Harley – grita e eu suspiro, frustrada. Bato novamente na porta.

 —Mas é importante – digo e o ouço grunhir – Você me disse que essa noite seria divertida e agora está trancado aí, não é justo!

 A porta abre bruscamente e o vejo irritado, com os botões da camisa abertos e a arma em sua cintura. Segurava um copo de uísque.

 —Não, eu não disse – replica – E pare de agir como uma criancinha mimada.

 —Eu não estou agindo como uma criancinha mimada – entro em seu escritório com os braços cruzados, batendo o pé freneticamente no chão. Ele me olha irônico e eu bufo, descruzando meus braços – Só queria saber o porquê de estar tão irritado.

 —Negócios, Harley, negócios – fala, tomando um grande gole da bebida alcóolica e se apoiando em sua mesa.

 Fecho a porta do escritório, que até então estava aberta.

 —Sabe – começo, um pouco mais delicada – Eu gostei dessa noite, muito.

 Ele ficou em silêncio, como se dissesse para que eu continuasse. Aproximei-me.

 —O idiota do Duas-Caras parece ter tanto medo de você – agora já estou em sua frente, muito perto – A propósito, eu estava sendo sincera. Não sei cozinhar, nem passar roupa.

 Ele ri levemente e eu sorrio com isso, sabendo que não estava mais tão tenso e irritado.

 —Todos os vilões têm medo de você? – pergunto docemente, como se estivesse falando com qualquer um e não com um psicopata.

 —Não só os vilões, querida – responde, não se afastando e permitindo que eu me aproximasse ainda mais – Todos têm medo de mim. Gotham tem medo de mim.

 —Ah, é? – um sorrisinho travesso cresce em meus lábios enquanto abaixo minhas mãos até o cós da sua calça, tirando sua arma de lá – Eu não.

 Ele grunhi, sorrindo, e logo sinto sua mão se afundar em meus cabelos loiros, puxando-me em sua direção e atacando minha boca.

 Ah, sim, essa noite vai ficar ainda mais divertida.


Notas Finais


Então, gostaram? Hahaha.
Minha maravilhosa BFFF me ajudou um pouquinho aqui (ela entende mais dessas conversinhas atrevidas do que eu HAHAHAHA, sorry, ruivinha).
Espero que tenham gostado, mesmo.
PERGUNTA IMPORTANTE: Como eu cheguei a 3000 palavras nesse capítulo, não acho justo o capítulo especial de 600 favoritos (que tá chegando o/) ser ainda maior, com 5000 palavras OU ser tamanho normal, mas escrito em terceira pessoa sobre a visão do Joker na história toda <3
Vocês decidem, vamos fazer meio que uma votação.
1- 5000 palavras, Harley narrando.
2- De 1000 a 3000 palavras, perspectiva do Joker.

Comentem e favoritem!!
Beijos


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