Ergo a mão no intuito de empurrá-lo e mordo meu lábio inferior com força quando ele agarra meu braço.
- Se me bater irá te deixar melhor, faça isso.
Espantada percebo a seriedade em sua voz e mesmo desesperada para fugir, a dor em meu peito e a falta de ar faz minhas pernas ficarem trêmulas, caio de joelhos sem forças para continuar a discussão.
Eu deveria fugir quando pude.
~{★}~
Aos poucos recobro a consciência ainda sentindo o desconforto em meu peito, minha respiração rasa e entrecortada faz que a sensação de ardência permaneça em minha garganta.
Abro os olhos deparando com apenas um pequeno feixe de luz clareando o quarto escuro, com dificuldade me sento na cama e inclino o corpo para frente tossindo algumas vezes no intuito de passar o desconforto.
Eu conhecia essa sensação, era miasma.
Forço a tosse mais algumas vezes e coloco a mão no peito quando tenho a impressão de que irei desmaiar novamente. A falta de ar se torna mais forte e eu respiro em golfadas, entrar em pânico, definitivamente não iria me ajudar.
Olho por cima do ombro apavorada ao sentir um toque sutil entre minhas asas, os círculos lentos feitos naquela área me acalma o suficiente para que eu inspire sem muitas dificuldades, porém mesmo assim a ardência no peito continua. Fecho os olhos e me concentro o suficiente para sentir as pontas dos dedos formigar, era estranho usar meu poder em mim mesma.
Solto o ar vagarosamente e inspiro o máximo que consigo apenas para ter certeza que o miasma não estava mais circulando dentro de mim.
Meliodas continua afagando minhas costas e mesmo contra minha vontade afasto de seu toque, com medo de que a qualquer momento ele perca o controle como havia feito. Encolho-me contra a parede do quarto e ele franze o cenho encarando suas mãos, minutos se passam em um silêncio ininterrupto até que ele se vira de frente para mim.
- Me desculpe - Sua voz mesmo baixa soa alta no silêncio do cômodo, continuo lhe encarando sem pronunciar uma palavra sequer - Eu não queria ter feito o que fiz.
- Você prometeu que nunca me machucaria - Digo baixinho - Não faça promessas que não pode cumprir, Meliodas.
As sobrancelhas unidas e os lábios unidos em uma minha reta, deixam claro que ele realmente não se orgulha do que fez. Minha atenção recaí sobre meus pulsos e eu procuro por qualquer indício de que aquela área iria se tornar arroxeada, entretanto a pele estava tão pálida quanto antes.
É claro, eu estava me curando mesmo inconsciente.
- Eu realmente não quis fazer aquilo - Ele murmura e olha para onde o feixe de luz entra - Perdi o controle, me desculpe. Não vai acontecer novamente.
- Não acredito em você - Sussurro puxando as pernas em direção ao meu peito.
Meliodas parece espantado por alguns segundos antes de exibir uma expressão que beira a... Tristeza?
Ele suspira audivelmente e se inclina para trás, apoiando-se aos pés da cama, as orbes negras me avaliam por longos minutos e ele encolhe os ombros.
- Não precisa ficar na defensiva, Elizabeth, não irei atacá-la.
- Como posso saber se não? - Questiono e ele sorri de lado, mesmo que o momento não seja propício para sorrisos ou qualquer coisa do tipo.
- Não há nada por aqui que irá me descontrolar.
- Por que você fez aquilo?
Ele dá de ombros e tranquilamente empurra os fios rebeldes para trás, deixando sua testa e a marca exposta, seus olhos se fixam no meu e ele passa a lingua sobre os lábios antes de responder.
- Não gosto de saber que Estarossa está por perto de você, ele é o total oposto da aparência calma e inocente que carrega. Ele é imprevisível e mau humorado na maioria das vezes.
Aquele menininho que encontrei chorando na floresta é realmente assim?
- Ele gosta de você - Murmuro - e não parece que ele irá me atacar a qualquer momento.
Meliodas nega com um riso cheio de escárnio.
- Você não pode confiar nele. Estarossa não gosta de mim, ele gosta do que eu sou capaz de fazer. Você não sabe do que ele é capaz.
- E do que ele é capaz.
- Estarossa pode fazer qualquer coisa para atrair minha atenção. Ele está desconfiado de que estou me encontrando com alguém, não irá demorar muito até que ele descubra algo.
- E do que você é capaz?
O loiro respira fundo e olha para cima por algum tempo, sua expressão séria não se altera e ele arruma a postura.
- Você realmente quer saber? -
Meu coração acelera significativamente e eu engulo em seco, ponderando se eu quero mesmo saber o que Meliodas esconde de mim.
- Quero - Falo firme e ele sorri sem mostrar os dentes, apenas ergue os cantos dos lábios.
- Tudo bem.
Observo o loiro se ajeitar na cama e percebo um tanto quanto surpresa que mal sinto seu poder em minha volta, era como se ele estivesse segurando todo seu poder.
- Só me escute antes de qualquer coisa.
Concordo mexendo a cabeça e não desvio meu olhar dele, pronta para ouvir o que ele esconde de mim.
- Já ouviu falar dos dez mandamentos? - Meliodas questiona e eu nego apenas para vê-lo concordar - É um grupo de demônios de alto escalão, meus irmãos fazem parte desse grupo.
- Irmãos, são mais de um?
- Sim, Estarossa e o caçula, Zeldris.
- E você é o líder do grupo, certo?
Meliodas move a cabeça concordando e me encara nos olhos.
- Eu sou conhecido por ser o mais forte e por não hesitar em fazer o quê é preciso.
- O quanto de poder você esconde de mim? - Questiono franzindo o cenho.
- Quase todo - Ele murmura - Eu não sou conhecido como o próximo rei dos demônios de bobeira, Elizabeth.
- O quê? - Minha voz saí em um sopro fraco, deixando claro o quão assustada eu estou.
Afinal, o quanto posso confiar nele?
- Não precisa ter medo, eu sei me controlar - Ele revira os olhos.
- Assim como fez há algumas horas?
Ele resmunga e cruza os braços sobre o peito.
- Não gosto de vê-lo perto de você. Me deixa irritado, fico enciumado. - Ele sussurra a última parte e eu tombo a cabeça para o lado, ligeiramente confusa.
Certo, eu não entendo de emoções, o que é ciúmes?
- Isso não importa - Ele exclama - não vamos voltar para aquele assunto.
- Certo, me conte mais sobre os mandamentos.
Meliodas sorri e concorda em seguida.
- O que quer saber?
- Tudo. - Falo séria e ele se inclina para perto de mim.
- Não está com medo de mim, Elizabeth?
- Não sei - Encolho os ombros - No momento, um pouco.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.