“Você é meu alvo!”.
[Dia seguinte, 16:00]
Após chegar de mais uma clássica prova irritante da faculdade, pego-me a pensar na bendita festa que Jungkook estava pretendendo dar hoje à noite. Nunca fui do estilo de garota que tinha como diversão uma boa festa, dado que sempre fui mais na minha, mais retrancada, para ser mais exata.
Talvez, seja essa a causa de eu ter me aberto a um relacionamento, apenas uma vez. A decepção que tive, naquela época, foi tão frustrante que optei por nunca mais investir no amor, visto que, muitas vezes, ele é uma verdadeira cilada.
Meus pais, por outro lado, acham que meu pensamento é uma completa burrice. Eles são os tipo de pais, que, normalmente, decidem o futuro pelos filhos, o que é algo muito preocupante e invasivo.
E por eu saber que são assim, já passei a entender o plano de ambos. Meus pais acham que eu devo ter algo com Jungkook e isso é algo explicitamente claro. Para eles, Jungkook é o cara perfeito, o cara que é filho de uma família boa e, como toque final, ele é o filho dos vizinhos mais queridos.
Minha mãe, até hoje mais cedo, veio especular como que estava minha relação com o moreno, sem algo muito produtivo para dizer, apenas disse a ela que estava “indo”. Na verdade, está indo ladeira abaixo, pois aquele cara é um verdadeiro indecente.
Nesse momento, posso vê-lo pela janela de meu quarto carregando uma caixa de som gigantesca, o que me fazia pensar na possibilidade dele explodir sua própria casa.
— Esse cara é louco. — Sorri soprado.
— E você gosta dele, não é? — Surgiu no ambiente a mãe da menor.
— Não, né? — digo, de imediato. — Ninguém suporta esse garoto.
— Você suporta — rebateu, sentando-se na beirada da cama.
— Suporto por conta da gra… — Paro, ao perceber que diria sobre a grana que estava por conseguir. — Por conta da gratidão que tenho pelos pais dele.
— Gratidão? — Riu. — Isso me parece conversa pra boi dormir.
— Mas não é, acredite! — Arqueei uma sobrancelha, fazendo meu melhor teatro.
[...] 21:30 PM
Há trinta minutos atrás, estava dormindo como uma pedra, literalmente, todavia, fui acordada por minha mãe, que por saber que teria de sair, surgiu mais invasiva do que o normal, como um despertador.
Sem muitas opções de roupa, no calor do momento, apenas ponho meu moletom mais confortável, visto que, estava pouco me importando com a opinião dos demais.
Pego meu livro, como havia dito a Jungkook que levaria, logo assim lacrando a porta antes mesmo que minha mãe questionasse o porquê de minha pessoa não usar algo mais “por dentro da moda”.
Coro pela extensão da calçada, que agora havia percebido que estava em uma tonalidade nova. A cor era um vermelho fraco, entretanto, pouco resolvo apreciar a modificação, visto que, estava, de fato, muito 'lascada. Eu deveria bater na casa de Jungkook às nove e meia em ponto, mas não deu muito certo.
Bato na porta duas vezes seguidas, lá ouvindo o atordoante barulho que saía das janelas, que sua pessoa, talvez, estivesse deixado abertas propositalmente. Jungkook é o estilo de cara que gosta de chamar atenção, ou seja, é muito seu estilo mostrar para o bairro todo que está fazendo uma grande festa dessa forma.
— Mas que merda! — digo, surpreendida, após ver uma grande mesa pela vidraça, lá assim sobre si, Jeon Jungkook. — Sério que ele está fazendo um striptease? — questionei a mim mesma. — Mas é óbvio que ele está. — Rolei meus olhos para o lado, já pensando no que me esperava do lado de dentro.
Sem muitas escolhas, ao ser dada como um nada na porta, apenas adentro o local, agora recebendo uns sessenta olhares diferentes sobre mim. Cacete, quando é para verem minha existência ninguém vê, agora o que não falta é me notarem. Inferno!
Após eu dizer: “Podem continuar”, apenas vejo Jungkook jogar a camisa para longe, como um “é isso aí”.
Sabia que não teria nada de útil que eu poderia fazer, a não ser ler um bom livro, ao som de uma música bosta, infelizmente. No mesmo instante que abro o livro, pude sentir aquela tão ruins sensação de um “olhar cair sobre você”, o que era uma desgraça, pois não sou boa quando se trata de disfarçar um incômodo.
Minha tática foi apenas tentar disfarçar e ver se, pelo menos, era bonito, o que, de fato, era. Seu cabelo era cinza, no entanto, o que mais me chamou atenção foi seu sorriso, no qual vi quando arrisquei olhá-lo disfarçadamente, o que, pelo visto, não rolou.
Meus planos para a noite, não passavam de ler o livro, dado que levantar não levantaria, até porque se arriscar, talvez, eu passe vergonha.
Me sentia como na rua do mercado, na qual era repleta de garotos à espreita. Eu odiava passar por aquela maldita rua, quando os garotos lá estavam. Eu, realmente, parecia que tinha um caroço dentro do sapato,do tamanho de uma jabuticaba.
Respirava fundo a cada parágrafo do livro, visto que, a música era tão alta, alta ao ponto de sentir meu peito tremer, era como se eu estivesse em um show rock. E para piorar exatamente tudo, pude ver Jungkook vir em minha direção com sua mão destra no abdômen, como se estivesse com vergonha, o que era óbvio vindo de um homem como ele, que era algo impossível.
— Traga mais bebidas — ordenou simples, com seu clássico sorriso nos lábios.
— Ok, eu busco — concordei, todavia, queria mesmo era lhe mandar a merda.
— Nossa, fácil assim? — perguntou, surpreendido.
— É, fácil assim! — Deixo o livro sobre a escrivaninha, agora pegando posição para sair em meio a dezenas de pessoas bêbadas.
Estava com minha paciência no zero, mas o que uma hora era falta de paciência, agora havia se tornado desespero, visto que, o cara, que há poucos minutos atrás estava a me encarar, agora, nesse exato momento, havia se alto convidado para me ajudar.
Estava com o 'cu na mão, como muitos dizem.
— E aí?— diz breve, ao ficar cara a cara com a menor, que pegava um pequeno fardo de cerveja em mãos. — Essa festa não é muito sua vibe, não é?
— Hm, não. — Sorri fraco, tentando disfarçar o quão sem jeito estava. — Minha vibe é ficar em casa, vendo um filme, 'sacou?
— Entendi. Sou assim também. — Pegou algumas garrafas de vodca. — Talvez, algum dia, possamos ver um filme juntos. — Riu, sacana.
— Então... Devemos conversar mais, não? — Engulo em seco, ao raciocinar bem a pergunta.
— É, verdade… — Riu. — Desculpa. — Deu de ombro. — Aliás, me chamo Park Jimin, no entanto, para você, apenas Jimin.
— Oh, sim! — concordei. — Me chamo S/n, prazer.
— Prazer é só na cama — ressaltou. — ‘Tá, parei! — sobressaltou, ao ver a expressão da mesma um tanto fria.
— ‘Tá, e aí? — Surgiu Jungkook. — Vão ficar de papinho, ou vão trazer as bebidas? — os questionou, sem muita paciência.
— Calma, brother! — diz simples Jimin, que apenas passa por sua pessoa. — Obrigado por estragar meu flerte — ciciou baixinho no ouvido do moreno, que apenas o respondeu com uma troca de olhar, talvez mortal.
— Não diga nada... Chefe! — dito sarcástica, passando por sua pessoa sem ânimo algum.
— Deixe tudo aí. — Apontou para a mesa.
— ‘Tá, agora posso ir? — pergunto simplista.
— Hm… — Olhou para o sofá, agora lá vendo um olhar sorrateiro de Park Jimin ser direcionado a mesma. — Sabe... Não! — diz, entre pausas. — Eu quero que você fique aqui ao meu lado.
— Mas que merda, Jungkook! — grunhi, frustrada. — Qual é a diferença de lá para cá? — rebati.
— É que lá tem Park Jimin. — Se aproximou. — E aqui tem Jeon Jungkook.
— ‘Tá, não entendi bosta nenhuma, mas ok! — Lubrifiquei os lábios. — Agora se afasta, porque já ‘tá estranho — digo ao vê-lo próximo, até mais que o devido.
— Você acha coisas tão básicas, estranhas? Isso realmente não é algo que se encaixe em meus pensamentos. — Riu. — Se eu lhe beijasse seria estranho, ou até mesmo, se eu levasse você lá para cima e lhe desse uma noite dos deuses, isso sim seria algo estranho, apesar que não o bastante… Eu acho. — Se afastou. — Visto que não é surpresa para ninguém aqui que você é meu alvo nessa noite.
— Quê!? — Franzi o cenho. —Você ‘tá chapado, não é?
— Não, eu não estou. — Levou o copo de bebida aos lábios.
— Sinto muito em lhe informar então, mas você não é meu tipo.
— Depois de três copos de bebida, todo o tipo é o tipo ideal — diz, convicto. — E você não é a exceção à essa lógica.
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