Desde nosso primeiro encontro nada convencional, Dr. Soo – como me permiti chamá-lo secretamente – não sai da minha cabeça, muito menos dos meus sonhos a noite. Se ele tivesse ciência de quantas cenas pornograficas o mesmo protagonizou em meus mais profundos sonhos, tenho certeza que ligaria para a polícia e mandaria me prender.
Bastou meia dúzia de palavras trocadas numa sala de coleta para Kyungsoo se tornar o meu mais novo fetiche. Aquilo tinha ficado tão sério que até hoje me pego observando a unica foto que tenho dele no meu celular… ou melhor dizendo, da sua amostra de sangue.
Eu não sei o que raios me deu naquele dia para querer ter uma foto de um tubo de sangue guardado na minha galeria do celular, mas sim, eu o fiz. Parecia completamente viável fazer uma coisa daquelas, e não é que hoje eu me julgue como a maior das loucas por ter uma foto da amostra de sangue do cara que eu fiquei afim no celular. Eu me julgo como a maior das loucas por ter uma foto da amostra de sangue do cara que eu fiquei afim no celular e ainda por cima acha-la a coisa mais sexy do mundo!
Não, eu não tenho controle da minha vida.
Depois daquele catastrófico dia de entrosamento, eu só vi Soo pouquíssimas vezes. Como havia dito, nós enfermeiras da ala de internação só tínhamos contato com os médicos quando os mesmos faziam vistoria pelos quartos dos pacientes. Essas eram feitas duas vezes ao dia, uma às oito da manhã com os médicos daquele turno, e outra às oito da noite com o segundo turno – o que Kyung-soo fazia parte. A vistoria se dava um pouco antes de irem embora e um pouco depois que meu turno começava.
Sim, por terem chegado a pouco, os horários noturnos eram dados às enfermeiras novatas. E infelizmente eu ainda era uma delas. Podem pensar que a noite tudo era mais tranquilo e silencioso, mas não poderiam estar mais errados. O período da noite era um completo caos, eram pacientes tendo crises, pessoas bravas porque não conseguem dormir e descontando nas enfermeiras, médicos de plantão mais preguiçosos que muito morto vivo etc. Era horrível.
O que me fazia aturar tudo quando chegava no hospital, era saber que o doutor de cara fechada me doaria alguns poucos segundos da sua atenção quando fosse pegar a ficha do estado atual dos pacientes. Todo dia era a mesma coisa; chegava no hospital, cumprimentava todos que via e logo ia me trocar no vestiário. Assim que estava devidamente apresentável, iria verificar a ficha dos novos pacientes internados e assim começaria meu turno. Poucos minutos de trabalho depois os médicos responsáveis por cada paciente apareciam no andar, isso inclui Do Kyung-soo.
Não era só eu que ansiava pelo momento de ver os doutores aparecerem por lá. Todas as enfermeiras e enfermeiros ficavam em alerta quando o elevador começava a trabalhar, algumas arrumando o cabelo e outros retocando a maquiagem. A maioria das minhas colegas ficavam a espera do bonito e alto doutor Kim Jongin, sabiam muito bem que o moreno adorava perder alguns minutos na enfermaria para bater papo e jogar algumas cantadas para qualquer uma que estivesse trabalhando no momento. Ele era um cafajeste divertido, que aliás, se tornou muito íntimo de mim, sabe se lá por qual motivo.
Mas ele sabia que eu não estava muito interessada em suas ladainhas românticas, acho que foi por isso que nos tornamos amigos.
Mas voltando ao meu crush da sala 23…
Soo sempre aparecia juntamente com seu colega de segmento, caminhava a passos nem tão rápidos até a nossa recepção e, enquanto Jongin enrolava com as enfermeiras ao invés de fazer logo seu trabalho, Kyung-soo esperava ser atendido para enfim ver seus pacientes. E é claro que, na maioria das vezes, quem o atendia era eu já que nenhuma das outras tinha vontade ou coragem pra fazê-lo.
O doutor pedia pelas fichas logo após receber um “boa noite” da minha parte. Enquanto eu arrumava a prancheta com todos os nomes dos pacientes, Soo me fitava como quem não queria nada. Aliás, eu nunca soube decifrar seu olhar, mas sentia calor sempre que ele os colocava em mim. Assim que entregava tudo em suas mãos, o doutor fazia questão de folhear todas as páginas e deslizar os dedos lentamente por todos os nomes e anotações das fichas. Fazia aquilo em silêncio enquanto eu apenas admirava suas belas e grandes mãos. As mesmas me faziam imaginar se ele usava aqueles dedos habilidosos pra outras coisas além das cirurgias milimetricamente perfeitas que ele efetuava.
Durante o pouco tempo que estive no hospital, eu descobri que, todo aquele medo do doutor era um pré-julgamento ridículo que as próprias enfermeiras inventam e acreditavam cegamente, sem contestar se era aquilo mesmo. Afinal, doutor Soo não era nenhum carrasco ou ogro como diziam, aliás, ele ao menos abria a boca direito, não conseguia entender como afirmavam que ele era alguém ruim. Toda vez que ouvia piadinhas das garotas quando ele passava pelo corredor meus olhos reviravam de raiva.
Pra mim, era um absurdo enorme aquela ignorância para com Kyung-soo. Ficava me perguntando se só eu consegui enxergar a sensualidade naquela voz rouca, naquele jeito contido e quieto de ser, e principalmente nos detalhes de seu corpo. Ok, assumo que eu acabo reparando em detalhes completamente anormais quando se diz respeito a Soo, como por exemplo a maneira como seu pomo de adão mexia quando ele falava, ou como as veias do seu pescoço contraiam quando o mesmo estava estressado, e até mesmo sua respiração. Sim, eu tinha fetiche no modo como o doutor Do respirava. Para mim, a maneira como seu lábio abria minimamente durante suas expirações era tentadora, além do jeito como seu peito subia e descia conforme ele inspirava. Era tão sexy que eu me peguei diversas vezes imaginando como seria aquele homem com a respiração desregulada.
Eu já o tinha visto hoje quando cheguei no hospital, por sorte esbarrei com o mesmo quando fui pegar o elevador e para ser sincera, foram os melhores segundos do dia. Doutor Do não costumava ser social, mas naquele momento trocamos um singelo “boa noite”, o que já me deixou muito feliz. Mas é claro que não perdi a oportunidade de imaginar mais uma de minhas aventuras sexuais que nunca irão acontecer.
Naquela hora, sozinhos e dentro daquele cubículo, imaginei uma cena onde a energia acabava e ficávamos presos no meio de um andar qualquer. Ficaríamos apenas com a luz fraca de emergência e um pouco desesperados pelo momento, mas doutor Soo, como o homem viril que era, iria me acalmar e me proteger. Isso claro, até o calor se apossar de nossos corpos e começarmos a nos livrar das roupas e… bem, como todo sonho meu, acabávamos nus, transando violentamente enquanto eu ouvia finalmente a respiração descompassada daquele doutor tão gostoso. Mas como todo sonho meu, nunca acontecia.
Os segundos no elevador duraram realmente apenas segundos, e a partir daí seguimos para nossos respectivos trabalhos, não nos vendo mais. Era um saco não ter coragem de tentar algo, mas confesso que tinha virado uma rotina gostosa esperar pelos momentos do meu dia em que eu passaria alguns segundos do seu lado, era um vício – sim, bem patética.
No momento eu estou aqui, correndo hora ou outra entre os quartos dos pacientes mais ranzinzas e dramáticos possíveis. Eu odeio ter que me referir assim às pessoas, mas era exatamente isso, não tenho como nomeá-los de outro modo, já que só me chamavam para saber o que comeriam no jantar e quando os doutores iriam chegar. E isso era a cada 5 minutos, eu não estou exagerando.
Aquela rotina era dura, mas naquele dia em especial eu estava exausta. Tive problemas durante o dia, além de não ter conseguido dormir direito nas últimas semanas por causa do horário de trabalho. Eu estava um caco e todos podiam ver claramente, o único que parecia não se importar era o paciente do quarto 72 que não parava de apertar o botão de alarme nem por um minuto. Não importava quantas vezes eu dissesse que eu não tinha o poder de fazer os médicos terminarem seus trabalhos mais cedo para virem atendê-lo exclusivamente, ele sempre arrumava uma maneira pra me chamar.
Eu tinha acabado de sair do quarto após ter sido repreendida mais uma vez quando, ainda no corredor, ouvi o barulho do elevador. De lá saíram alguns médicos e eu dei graças a Deus que Jongin era um deles, porque isso significava que finalmente tinham terminado seu trabalho lá em baixo. Continuei andando até a recepção já me preparando para atender o doutor Soo como sempre fazia. Mas para a minha surpresa, ele não apareceu.
Kim Jongin, como sempre, chegou na recepção e foi muito bem atendido pelas enfermeiras. Tão bem que ficou até jogando papo furado com uma delas ao invés de ir visitar seus pacientes. Eu não dei muita bola pra isso no momento porque estava a procura do doutor baixinho que constatei que realmente não tinha subido junto com seu colega de cardiologia. Estranho.
– Enfermeira, o paciente do 72! – Recebi uma chamada da enfermeira chefe que me fez chorar internamente.
– Mas eu acabei de sair de lá… que droga. – Olhei para o painel de chamada dos quartos para constatar se era verdade, e infelizmente era. Aquele cara estava brincando comigo, não é possível. – Doutor Kim.
Chamei o moreno de bom porte, mas o mesmo nem pareceu me ouvir. Estava entretido demais com a lábia da enfermeira que conversava consigo. Eu estava a ponto de explodir, mas mantive a calma.
– Doutor Kim!
– Ah… Como está minha enfermeira favorita? – Sorriu em minha direção e o jurei de morte por me chamar assim na frente de tantas admiradoras dele. – Diga-me, finalmente decidiu aceitar minha proposta?
– Proposta?
– Sim, de conhecer meu dormitório. – Jongin brincou em tom alto para fazer ciúme na enfermeira ao lado, ele sempre usava essa tática para conseguir o coração daquelas pobres almas. E como eu já tinha deixado claro que não fazia parte da grande maioria que aceitaria ir para a cama com ele, Kim me usava de cobaia para seus planos sujos. – Está tão solitário por lá… queria uma companhia e...
– O doutor Do não subiu ainda… – O cortei antes de ter a minha própria cabeça cortada pelas enfermeiras que estavam atrás de mim observando tudo. – Aconteceu alguma coisa?
– O Soo? – Seu ar de confuso e um pouco decepcionado ponderou em sua face até que pareceu se recordar. – Ah, tivemos uma emergência lá em baixo. Kyung-soo foi escalado pra fazer uma cirurgia de urgência num paciente que sofreu um infarto. As artérias coronárias estavam totalmente obstruídas, aquele cara devia ter vindo muito antes…
– Sem termos médicos, Kim. – Pedi piedosa pro moreno que adorava falar difícil de vez em quando. – Sabe se ele vai demorar pra subir?
– Essas cirurgias levam tempo. E bem, não faz nem uma hora que ele está na sala de cirurgia. – Jongin respirou fundo e mordeu o lábio. – Isso me faz lembrar que tenho que ficar aqui até ele terminar, que saco.
– Por que?
– É uma regra ética. Kyung-soo está fazendo uma cirurgia de risco, se caso ele não consiga terminar por algum motivo, eu tenho que estar presente pra tomar seu lugar. Além de claro, cobri-lo lá embaixo enquanto ele está fora.
– Entendo… então ele vai demorar.
– Ei, por que essa carinha? Está com saudades do ranzinza? – Virei meu rosto para fitá-lo surpresa, abri a boca para responder, mas o alarme do quarto 72 apitou pela milionésima vez.
– É, eu e mais um velhinho estamos morrendo de saudades…
– Acho incrível como o Soo consegue atrair pessoas tão complicadas quanto ele. – Jongin ria e despertava suspiros atrás de mim. Peguei minha prancheta e fui em direção ao quarto. – Forças princesa, o trabalho está apenas começando.
– E o seu ainda não terminou, que tal pedir logo a lista dos pacientes ao invés de ficar jogando papo fora com as meninas?
– Como você é ciumenta. – Revirei os olhos e entrei no quarto pronta para receber mais uma bronca.
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– Eu não aguento mais. – Chorava internamente enquanto estava apoiada no balcão. Já tinham se passado quase três horas do horário normal de visita dos médicos, e até agora nada de Kyung-soo.
O paciente do 72 havia dado uma trégua rápida após me chamar centenas de vezes, acho que pegou num sono – para a minha alegria. E eu estava por um triz de dormir ali mesmo, meus pés estavam me matando, além de suspeitar que minha temperatura estava alta. Melhor combo para uma noite de trabalho.
Pelo menos, meu horário de parada estava quase chegando, e estava realmente ponderando dormir em alguma maca qualquer ao invés de comer com as outras enfermeiras. Eu só queria me medicar com alguma coisa e dormir sem pensar no amanhã, mas não será possível.
– Olá, meninas. Está na hora da pausa, quem vai me acompanhar até o refeitório hoje? – A voz alegre de Kim Jongin me despertou por alguns segundos, mas logo me escorei no balcão de novo pra fingir que não era comigo. – Ei, enfermeira!
– Doutor Kim, me esquece por um minuto.
– Uau, você está acabada mesmo. – Andou até mim e colocou a mão na minha testa para medir a temperatura. – Está quente, porque não pede pra ir pra casa?
– Eu estou bem, só preciso dormir. – Tirei sua mão do meu rosto e respirei fundo.
– Não quer comer algo? Vamos comer juntos, que tal?
– Jongin, eu realmente preciso descansar. Acho que vou roubar uma cadeira da sala de espera e…
– Vai dormir numa cadeira dura? – Se alarmou chamando a atenção de alguns pacientes que passavam. – Não faz isso, vai piorar seu estado.
– Meu estado vai piorar se eu não descansar pelo menos por 20 minutos, doutor. Estou ficando quase sem paciência pra lidar com os pacientes, e isso é ruim. – Esfreguei os olhos e bocejei. – Aliás, tem notícias de quando o doutor Do vai subir?
– Ainda não, o estado do paciente é delicado… é uma cirurgia difícil. – Fiz cara de choro de novo e Jongin me olhou carinhoso, lá vinha mais uma de suas propostas. – Ei, vem aqui.
Kim me puxou para perto de si me fazendo estranhar e ficar em alerta, aquele cara era tão doido quanto bonito, e isso era perigoso.
– O que quer?
– Olha, eu não tenho permissão pra fazer isso, então tem que ficar entre nós dois. – Se meus sentidos de alerta estava ligados, agora estavam todos apitando. Principalmente quando Jongin levou minha mão até seu jaleco branco. – Pega aqui.
– Pegar? Pegar o que Kim Jong…
Assim que abri as mãos Jongin me deu um pequeno molho de chaves, fiquei observando aquilo por um bom tempo tentando entender.
– São as chaves do meu dormitório e… – Arregalei os olhos e o encarei séria na mesma hora. Ele está louco?
– Kim Jongin, pela milésima vez; eu não me interesso por isso! – Joguei as chaves em si e me afastei. – Sinceramente, como você é sem noção. Eu não vou dormir com vo…
– Shii! Não é nada disso sua louca! – Tapou minha boca num ato súbito para que nenhuma das suas admiradoras ouvissem. – Olha, eu sei que você não quer nada comigo, estou bem com isso, somos amigos e eu gosto de te encher, mas…
– Mas?
– Mas eu nunca me perdoaria se você desmaiasse de exaustão aqui. Que tipo de homem eu seria? – Pegou as chaves novamente e colocou em minhas mãos. – Por isso estou te dando essas chaves, pode ir lá nos dormitórios descansar numa cama decente.
– Deixa eu entender, você está cedendo seu dormitório pra mim? – Indaguei e Kim concordou com a cabeça. – E como vou ter certeza de que você não vai aparecer do nada por lá?
Jongin bufou claramente ofendido, mas voltou a me olhar nos olhos.
– Pode trancar a porta se quiser. Cada médico só tem uma chave por dormitório, não vai ter como eu aprontar nada se é isso que está se perguntando.
– Não sei não Jongin… Por que acho que você vai me pedir algo em troca depois?
– Olha, não tinha pensado nisso mas agora que você falou… – Botou a mão no queixo e eu me amaldiçoei internamente. – Ok, em troca desse grande quebra galho você poderia aceitar comer comigo algum dia né?
– Jongin…
– Ah qual é? Você tá super cansada, e eu estou te presenteando com uma hora inteira no conforto do dormitório médico. E isso vai custar só uma refeição juntos, não tô te pedindo em namoro.
Fitei seus olhos castanhos e seu sorriso cafajeste que me fazia querer bater nele a todo momento. Pensei em sua proposta e ela estava completamente fora de cogitação, sinceramente eu não queria ter que dever nada para aquele homem, mas a tentação de dormir em algo macio me fascinava.
Mas esse desejo não era maior que minha dignidade, então concluí que deveria recusar a proposta. Assim que abri a boca para falar o sinal dos quartos começou a apontar loucamente. Eu estava rezando para que não fosse aquele senhor de novo, estava implorando pela minha alma.
– Enfermeira, quarto 72! – A enfermeira chefe gritou se dentro da sala de medicamentos e eu só queria morrer
– Ah não…
– Acho que alguém acordou. – Kim sorriu abertamente, parecia se divertir com meu sofrimento. – Vou quebrar outro galho pra você. Se aceitar minha proposta, eu não apenas te empresto meu quarto como também cubro o doutor Do e atendo esse paciente do 72.
– Você faria isso?
– Se você aceitar comer comigo, sim. – Balançou as chaves do dormitório na minha frente e ergueu a sobrancelha.
Eu estava em apuros, não aguentava mais ficar em pé acordada e muito menos aguentaria ouvir mais um sermão daquele paciente. Minha cabeça estava trabalhando sobre a pressão do sono e dos pequenos alarmes que soavam sem parar na sala de enfermagem. Sem pensar duas vezes eu agarrei aquelas chaves.
– Você me paga, Kim Jongin. – Falei baixo e me retirei do seu caminho.
– A comida? Pago sim, anjo. – Sorriu e foi direto pro quarto 72.
Bufei de alívio e ansiedade ao mesmo tempo, eu estava uma pilha de nervos.
– Não acredito que eu aceitei isso… Eu nem sei onde são esses dormitórios.
– Eles ficam no mesmo andar das alas cirúrgicas. – Uma voz baixa se fez presente ao meu lado e quando me dei conta que era uma de minha colegas fiquei surpresa.
– Como você sabe?
– Eu já fui lá… quer dizer o doutor Kim… na verdade nós. – A pobre enfermeira começou a ficar totalmente vermelha e foi assim que me caiu a ficha do que ela queria dizer.
– Ah, não precisa terminar. – Sorri forçado para a mesma e me retirei assim que deu meu horário de pausa, indo direto para o elevador. – Como eu suspeitava… esse cafajeste não perde tempo.
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Assim que cheguei na ala cirúrgica, parei em frente a grande porta que dava direto para as salas de cirurgias. O painel mostrava que três salas estavam em uso no momento, e em uma delas provavelmente estava Kyung-soo. Deve ser desgastante ficar tantas horas sob pressão tão grande… me pergunto se ele está bem.
Mordi os lábios e comecei a imaginar Soo com a roupa azul de cirurgião, com metade do rosto tampado pela touca e máscara de proteção, apenas com aqueles olhos penetrantes a mostra. Ele deve ser completamente sexy numa hora dessas…
– Meu Deus o que eu estou pensando… – Sacudi a cabeça e voltei a andar a procura dos dormitórios que não demorei a encontrar já que ficavam do lado oposto ao de cirurgia.
Ia caminhando um pouco tímida já que ali era área exclusiva dos doutores, eu não deveria estar ali de jeito nenhum mas… por que tenho a impressão que ver uma enfermeira aqui não é tão anormal?
– Aish eu devia ter suspeitado que Kim Jongin trazia com frequência garotas para cá… eu devia desistir – Falei para mim mesma, mas assim que notei que a porta do dormitório não estava tão longe acabei indo em frente. O sino estava comandando meu corpo. – Acho que é esse. Por favor que não tenha nada estranho…
Olhei para os corredores afim de verificar se não havia ninguém olhando e abri a porta com a chave que Kim havia me dado. Entrei às pressas e tranquei a porta. O local estava completamente escuro o que me fez ter mais sono ainda, meu corpo veio basicamente rastejando até aqui, não estava aguentando mais.
Abri alguns botões do meu uniforme por conta do calor da febre e tirei meus sapatos. Respirei fundo e fui a procura da cama de Jongin, tentando não pensar nas garotas com quem ele deitou e… fez coisas em cima dela.
Bati a mão em algo macio e deduzi ser a cama, sentei na mesma e constatei que realmente era bem mais macia do que as maçãs lá de cima. Me joguei sem pensar duas vezes e relaxei, eu tinha exatas uma hora para descansar e usaria cada minuto com muito proveito.
Peguei meu celular e o coloquei para me despertar no horário certo, e antes de desliga-lo tratei de admirar mais um pouco aquela foto da amostra de sangue do doutor Soo. Eu definitivamente me odeio por ser a única pessoa na fase da terra que é tão estranha que tem fetiche em uma amostra de sangue, mas infelizmente não podia impedir. Eu não sabia exatamente o que me fascinava tanto naquela foto, não sabia se era a cor completamente escura e bonita de seu sangue, não sabia se eram as pequenas bolhas de ar que davam um toque até meio artístico ao objeto ou simplesmente as lembranças que aquilo me trazia. Seja lá o que fosse, era estranho.
Meus olhos começaram a fechar rapidamente, o sono estava batendo a porta. Decidi deixar de lado o celular e me ajeitar para dormir, e foi isso que fiz. Assim que me deitei de lado na cama e fui fechando meus olhos aos poucos, tive a leve impressão de que havia uma outra cama naquele quarto. Aquilo me deixou intrigada, mas o sono acabou me vencendo antes da curiosidade. E foi aí que peguei no sono.
Não por muito tempo.
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