História My Domme - All its forms

Levar Lauren para seu quarto foi bem mais fácil do que eu imaginei, não precisei de muito para levá-la para cama. Minha noiva se deitou sobre a cama e rapidamente pegou num sono profundo, fazendo assim eu prestar atenção em seu sono. Em como ela era angelical daquela forma e como vê-la tão calma e serena foi aliviador. Ela estava bêbada e isso era fato, então querendo ou não suas palavras de minutos atrás poderiam ser apenas efeito da bebida, por isso era saudável que naquele momento eu não desse ouvidos. Eu não sabia porque Lauren havia reagido daquela forma, nem porque ela destruiu sua sala de estar, eu só sabia que o natal havia sido traumático para ela de algum jeito. 

Tirei primeiramente seus sapatos, deixando ela apenas de meias, desabotoei sua camisa tirando ela e deixando seu corpo livre daquela peça. Lauren ficou apenas de top e calças. Foi então que mais uma vez vi as cicatrizes nas suas costas, agora mais de perto, seja o que for que tenha acontecido, foi feio.

Me afastei da minha noiva, e caminhei até meu celular, encontrando ligações perdidas dos meus pais e uma de Dinah. Mandei uma mensagem para cada um, explicando que eu estava bem e que estava com Lauren. Guardei meu celular e sai do quarto, desci as escadas tendo a visão terrível de como a sala de estar estava. 

Os móveis revirados e alguns quebrados, então apenas sai da casa a procura dos seguranças, encontrando dois vigiando o jardim, agora que parei para notar, tinha bem mais que o normal.

-Oi, poderiam vir aqui?

Eles logo seguiram em minha direção e dei espaço para que entrassem na casa. Eles permaneciam neutros prontos para ouvir qualquer ordem que viesse de mim.

-Sera que poderiam me ajudar a limpar a sala, é que a Lauren ela... Bom... Só me ajudem.

Eles prontamente afirmaram e começaram a carregar os móveis, mas me impediram de tentar ajudar ou algo do tipo, então caminhei até a cozinha, pensando se deveria fazer alguma coisa para Lauren, para que ela acordasse.

Biscoitos

Sim, com certeza isso iria servir. Nem se quer os empregados estavam na casa, Lauren provavelmente os havia dispensado. Procurei entre os armários da cozinha e achei vários ingredientes na dispensa, dos mais variados, até os comuns, então eu poderia fazer biscoitos e muito mais. Não estava com sono, então já comecei preparando a massa.

(...)

Será que eu havia feito comida demais? 

Me perguntei enquanto olhava para a terceira fornada de biscoitos que estava fazendo, junto a ela tacos e pastéis cubanos e apimentados. Sorri ao perceber que já havia feito comida demais, e provavelmente estava bem perto de amanhecer, então tratei de tirar o avental e tentar me limpar de alguma forma.

Já de banho tomado, olhei para minha cama vazia e soltei um longo suspiro, afinal não sabia se seria bom que eu dormisse com Lauren, não com ela naquele estado. Mas eu não queria deixar que ela acabasse sozinha, não naquela noite, não na forma que aquilo estava afetando ela. Me vesti com um pijama amarelo e bem quentinho. Caminhei para o quarto de Lauren e assim que entrei presenciei a mesma dormindo, ela estava forma que eu havia deixado, enrolada e com os cabelos no rosto. 

Caminhei até a cama e me deitei ao seu lado, acabando por me encolher embaixo do mesmo lençol. Eu queria abraça-la, só um pouco, mas queria. Não tardei aí fazer isso, abracei a mesma puxando seu corpo para mim, fazendo com que a cabeça dela fosse de encontro ao meu peitoral e enfim peguei no sono, não estando mais disposta a me segurar acordada.

...

Abri meus olhos ao sentir falta do calor que cobria meu corpo. Rapidinho me cobri por conta do frio, e captei com o olhar algum vestígio de Lauren pelo quarto, me assustando o fato dela não estar mais por perto. Me levantei começando a andar pelo quarto preocupada, caminhei até o banheiro me dando conta que de que ela provavelmente o havia usando, pois sua escova de dentes estava úmida. Apenas sai dali e enfim do quarto, não me importando de andar de pijama pela casa. Desci as escadas com cuidado, pois os patinhos que estava nos pés ainda podiam me permitir escorregar.

Passei pela sala me procurando ela, mas não estava em nenhum canto daquele cômodo, então segui meu caminho até a cozinha, procurando por algum vestígio. Foi então que a encontrei, Lauren estava com uma caneca em mãos e olhava fixamente para um ponto específico, mas só foi eu tentar me aproximar, que ela levantou seu olhar diretamente para mim. Ele estava muito mais leve que ontem, e o mistério frequente que eu costumava ver, agora estava mais leve, como se não houvesse mais o que ela pudesse me esconder. Eu ainda não sabia a verdadeira verdade sobre o que aconteceu nessa data específica, mas sabia que Lauren provavelmente planejava me contar, e mesmo que não quisesse, eu faria questão de saber.

-bom dia.

Falei, mas ela ainda continuava calada. Seus olhos estavam visivelmente no meu rosto, em seguida desceu pelo meu corpo, foi então que vi um sorriso lateral bem discreto nascer em seus lábios.

-Eu realmente não cometo erros quando o assunto é você -Ela disse agora se referindo ao pijama e deixou a xícara sobre a bancada, caminhando em direção a sala ela pronunciou -Venha, vou esclarecer as coisas.

Caminhei atrás dela, seguindo seus passos. Me sentei próxima a ela no sofá, a fazendo notar que eu não iria me afastar dela, não naquele momento, não agora.

-Comece me dizendo -Vi ela desviar o olhar de mim e segurei seu queixo, a surpreendendo -O que iria ganhar me enganando? Porque disse que não estaria aqui no natal?

Vi o esforço que ela estava tendo para poder falar comigo, eu estava com medo de a estar forçando a fazer algo, mas eu sabia que não teria paz se não soubesse... Eu queria entender de onde vinha toda aquela dor e de que situação ela era consequência.

-Eu não queria que me visse nesse estado. Compreenda Camila, eu sou Lauren jauregui, não gosto de parecer vulnerável e ontem eu estava. 

Ela disse sincera, finalmente batendo seu olhar em mim, mas segundos dps abriu a gaveta próxima ao sofá e tirou de lá um maço de cigarros e um isqueiro. Minha noiva levou até os lábios e ascendeu mesmo, se afastando em seguida.

-E porque estava daquela forma? 

Lauren então olhou para mim e encostou na parede, parecendo encontrar palavras para começar. Eu não imaginava o que poderia ser trágico o suficiente para fazer com que ela se descontrolasse daquela forma, mas provavelmente seria algo terrível.

-Tudo começou quando....

Lauren começou com um tom de voz baixo, mas algo o suficiente para que eu pudesse ouvir. A cada medida que ela contava sua voz se tornava ainda mais carregada de emoção, mas suas expressões se resumiam a apenas uma, ela não estava fora de controle e muito menos ameaçava chorar como ontem. Nem mesmo quando revelou o que tinha ocorrido com seus pais e com seus irmãos, ao contrário de mim que já estava derramando algumas lágrimas, ela permanecia neutra e imparcial a qualquer reação. Nem se quer ficava tomava pelas suas palavras ou balanceada com suas frases. 

A cada medida que ela ia me contando, eu ligava os pontos... As cicatrizes... Os comentários de Normani e a repulsa de Lauren em relação ao Natal. Lauren se recusou a entrar na minha casa aquela manhã, justamente porque estava frio ela não iria me expor aquele tipo de clima, não a mim, não com seu cuidado em excesso comigo. Finalmente entendi porque com 19 anos Lauren se encontrava traumatizada o suficiente para tentar riscos novos em sua vida.

O que realmente traz a frieza a vida de alguém? O que realmente impede as pessoas de superarem seus traumas? 6 anos após o ocorrido... 6 anos e Lauren ainda passava todos os natais da mesma forma eu presumo. 6 anos sozinha e tentando enfrentar esse trauma sozinha...mas porque ela não ficou com Victória? Porque a mandar para longe? Ela era tão pequena, e mesmo que Lauren estivesse machucada, naquele momento seria ideal que as duas estivesse juntas. 

Eu não conseguiria me separar de Sophia, mesmo que eu verdadeiramente não possa me colocar no lugar de Lauren, ainda sim... Eu não deixaria Sophia. Mas quem sou eu para opinar sobre isso? Lauren tinha a minha idade, e sinceramente sua forma de ver o mundo provavelmente era diferente da minha, de alguma forma eu penso ela tentou ficar com a irmã.

-Não demorou para a polícia chegar depois que eu toquei o alarme -Ela continuei, por fim acabando seu cigarro e me olhando -Claro que eu finalmente me dei por vencida quando os oficiais chegaram. Acordei uns dias depois na casa do meu tio -Ela disse enquanto voltava a se sentar ao meu lado, parecia bem mais tranquilo ao falar naquele momento -Eu sei o que deve estar pensando, com um tiro na nuca e outro nas costas provavelmente era impossível que eu pudesse ficar fora de um hospital, mas naquele momento estar no hospital era perigoso demais, então meu tio montou todo um tratamento de trauma na casa dele.

Ela disse me deixando ciente de tudo, Lauren não estava me omitindo nada. Ela confiava em mim, e aquilo era tudo, naquele momento. Saber que cheguei fundo o suficiente para que sua confiança fosse diretamente para mim.

-Como foi quando você acordou?

Perguntei, vendo ela responder com um risinho amargo e acaricio meus cabelos, colocando uma mecha atrás da minha orelha.

-Eu estava destruída pequena, me lembrava claramente de tudo. Cada detalhe -Ela disse e tocou meu pescoço carinhosamente -Cada palavra, cada rosto. Meu tio gostava de dizer que eu tinha acordado outra pessoa -Lauren disse enquanto me fazia carinhos, ora meu rosto, ora meu pescoço.. sempre intercalando entre esses dois espaços -Mas gosto de pensar que quando eu abri meus olhos aquele dia, eu finalmente havia acordado pra vida. E só tinha um objetivo aquele dia.

Rapidamente seu olhar ficou sombrio, fazendo com que aquele famoso calafrio subisse minha espinha, eu não acreditava que Lauren pudesse me machucar, mas o mesmo não se se aplicava a outras pessoas.

-Qual?

Ela então tirou sua mão de mim e levou até sues cabelos, colocando as mechas negras para trás, me dando a visão completa do seu rosto, sem fios ou mechas em seus olhos. Ela estava linda aquela amanhã. 

-Caçar os homens -Ela soltou como se não fosse nada -um por um. E foi assim que acabei herdando o legado do meu pai. 

Ela parecia orgulhosa ao dizer tudo aquilo. Talvez estivesse, de algum jeito. Mas fico me perguntando, quem seria Lauren hoje em dia se naquele natal, ela não tivesse passado por tudo que passou?

-wow... Isso foi... -Nem terminei a frase, Lauren colou nossos lábios fazendo eu perder a fala completamente e só abraçar seu pescoço, aproveitando por completo a sensação de estar em seus braços. Ela mordicou meu lábio e desceu seus beijos pro meu pescoço -Lauren... -Ela não deu ouvidos e enfim um chupão enorme, fazendo meu corpo inteiro pulsar -Ai deus...

Ela então se separou de mim e se levantou, como se nada tivesse acontecido. Lauren caminhou até a cozinha e tirou da geladeira os biscoitos e as caçarolas com tacos e pastéis. Ela me olhou confusa e sorriu de forma leve.

-Foi você quem fez? 

Afirmei fazendo ela rapidamente levar um biscoito até os lábios e sorrir em seguida, aproveitando o gosto do biscoito, que ficava muito melhor quando estava gelado. Vendo que a mesma estava aproveitando os biscoitos, fui diretamente para o andar de cima, buscar meu celular. Meus pais provavelmente estavam preocupados, justamente porque insisti dizendo que Lauren não estaria na cidade e estranhamente venho dormir com ela, provavelmente estão confusos, assim como Dinah.

Peguei o aparelho e comecei me deparando com várias chamadas perdidas da minha mãe e algumas do meu pai. Da Dinah tinha umas 15 e algumas carinhas safadas, ou seja, minha amiga com toda certeza estava pensando besteira.

Ligação on

KARLA CAMILA CABELLO ESTRABAO, AONDE VOCÊ ESTA?

Minha mãe estava furiosa 

Estou com a Lauren, acabei passando a noite aqui, eu te disse ontem 

Você mesma não deixou claro que sua noiva estava fora da cidade? Que história é essa Camila? 

Ela estava, ou deveria. Acontece que aconteceu um imprevisto, Lauren teve que voltar e passamos a noite juntas... Entende? 

Nao demorou para ela começar 

Filha eu sei que vocês duas estão se entendendo bem, mas poderia pelo menos ter avisado direitinho, podia ter me explicado tudo ontem. Eu passei a noite em claro achando que você tinha se metido em alguma merda. Você nunca passou um natal fora filha 

Datinha chata que era comemorada de forma frenética na minha família.

Me perdoa mãe, aconteceu tudo tão rápido que eu nem se que pensei nas consequências, mas prometo ir pra casa ainda hoje a noite.

E lá vamos nós

Nada disso, agora mesmo que Lauren está na cidade que você não vai. Pois bem, eu quero que você venha para casa, e traga sua noiva para o almoço de natal.

Puta que pariu 

Mas mãe...

Sem mas! Vou estar esperando vocês. Feliz natal meu amor 

Ligação off

Aquilo só poderia ser algum tipo de brincadeira. Lauren havia acabado de me contar uma história traumática sobre um jantar de natal que havia dado errado, e agora eu teria que convidá-la para um almoço de natal... Puta que me pariu. Voltei para cozinha o mais rápido possível, me sentindo lisonjeada pela visão a seguir. Lauren estava tirando os pastéis do microondas e acabou de queimando ao tentar comer um, o que me causou uma risada, fazendo ela me olhar séria, e então me calei.

-O que foi fazer lá em cima?

E voltamos a mandona de sempre. Ontem eu havia me dado conta de que eu a amava, amava seu jeito mandão, amava seu jeito doce que ela escondia praticamente o tempo inteiro e estava amando seu jeito atrapalhado que aparecia aos poucos .. afinal... Quem era Lauren jauregui? Eu ainda queria conhece-la... Todas suas faces e formas, gestos e comportamentos... Até aqueles que eu sei que irão me assustar... Eu quero conhecer todos os seus níveis e saber a causa de todas as suas dores.

-Falar com a minha mãe -Disse e ela pareceu entender -E falando nisso... Ela quer que nós duas... Sabe...

Lauren esperou que eu terminasse, e quando eu não fiz isso, pois estava ocupada demais pensando em uma forma de terminar a frase.

-Camila! -Lauren chamou minha atenção, acabando por me assustar -Seja clara por favor.

Então soltei 

-Minha mãe quer que eu te leve para o almoço de natal hoje... Então...você quer ir?