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História My Enemy, My Ally - Twenty-three;


Escrita por: Torix

Notas do Autor


Olá~!
Primeiramente, obrigada pelos 180+ favoritos!!! Mal dá pra acreditar!
Boa leitura~

Capítulo 23 - Twenty-three;


O barulho de xingamentos baixos e marteladas preenchia o andar do prédio. Angelique riu, podendo ouvir da cozinha as reclamações do casal sobre as habilidades domésticas de Chanyeol. Encheu as duas canecas com café e caminhou de volta ao escritório. Chanyeol estava de braços cruzados, segurando o martelo na mão direita, a alguns centímetros de distância Haera estava apontando para o quadro torto na parede.

– Não tá torto! – Chanyeol exclamou, encarando a pintura de flores de pintor francês que morreu há séculos. Haera suspirou, soprando sua franja e fechando os olhos.

– Olha essa merda e me diz se não tá torto, Chanyeol. – Murmurou com raiva. Chanyeol rolou os olhos. – Angelique… – Ambos se viraram, encarando a senhora que estava apenas apreciando seu chá.

– Você acha que o quadro está torto? – Ele perguntou e ambos esperaram ansiosamente pela resposta que iria confirmar ou negar sua afirmação. Angelique suspirou, rindo baixo e colocando de lado a caneca estampada com a foto de seu corgi. Caminhou até onde os dois estavam e ponderou por alguns segundos.

– Está… – Os dois a encararam, antecipando seu veredito. – Torto. – Angelique jogou um olhar sentido para Chanyeol e voltou ao seu chá. Haera gritou um ‘Aha!’ entusiástico e ele teve que aceitar. Depois de se gabar sobre ter ganhado a discussão, ela caminhou até a mesa de centro, jogando as revistas no sofá e a puxando até a parede. Chanyeol a encarou com olhos arregalados.

Prendeu o cabelo com o elástico que estava preso em seu pulso e subiu na estrutura de madeira e vidro. Chanyeol se aproximou dela, assustado e alerta caso ela caísse. Ela puxou o quadro e olhou o furo malfeito na parede, jogando um olhar nervoso para Chanyeol depois. Não era à toa que o quadro estava torto. Antes que ele pudesse protestar, ela pegou o martelo da sua mão e o entregou a pintura. Removeu o prego e o jogou no chão.

– Pega outro prego pra mim. – Pediu. O rapaz acenou com a cabeça, caminhando até a escrivaninha e pegando outro prego do saquinho. A entregou e assistiu enquanto ela fazia um trabalho muito melhor em perfurar a parede. Não queria realmente ver suas habilidades serem massacradas pela esposa, mas ao mesmo tempo, não ousaria sair de perto dela caso ela caísse.

Angelique os assistiu com um sorriso no rosto. Desde que recebeu oficialmente o título de CEO, Haera estava extasiada. Correndo para lá e para cá para ter certeza que tudo estaria no lugar certo. A primeira edição de ‘Chérie’ seria lançada em Janeiro, o que os dava dois meses para preparar as páginas de lançamento e todos os artigos a serem publicados. Apesar de toda a correria, Haera não podia estar mais feliz. Tudo estava se encaixando perfeitamente e, se as coisas continuassem assim, Chérie seria um sucesso. Angelique havia marcado algumas entrevistas em dezembro para espalhar a palavra.

Depois de terminar a decoração, ou pelo menos metade dela, se jogaram no sofá. Cansados, mas orgulhosos do trabalho. Haera fechou os olhos, se deitando com a cabeça em uma das almofadas e as pernas jogadas sobre o colo do rapaz. Aproveitou que Angelique tinha negócios para resolver na cidade até mais tarde e tentou recuperar o sono perdido.

Chanyeol a encarou, notando que ela havia caído no sono em menos de cinco minutos – Um recorde até para Haera. Se esticou, pegando o notebook da mesa de centro. Esticou suas pernas, sentindo os músculos estalarem. Não trabalhava tão pesado assim desde seus dias de atleta. Jogou uma almofada extra em cima da jovem para impedir que ela chutasse seu computador acidentalmente como da última vez.

Com um sorriso travesso no rosto, abriu o Word pela primeira vez em meses e deixou as palavras fluírem da ponta dos seus dedos.



 

Era pouco mais de sete da noite quando Mirae e Baekhyun chegaram no prédio, impressionados com a decoração de bom gosto. Os créditos iam solenemente para Angelique que passou dias pesquisando a melhor mobília e os melhores quadros que podia achar. Se fosse por Chanyeol, aquela sala teria uma cadeira dobrável e uma caixa de papelão. A maioria dos andares estavam vazios, já que metade da mobília que Angelique havia comprado vinha da Europa. Haera sorriu ao vê-los no batente da porta. Se levantou, espreguiçando os braços cansados e caminhando até eles. Cumprimentou Mirae com um abraço.

– Um presente. Pra decorar seu escritório. – A entregou o pequeno vaso contendo um cacto. Haera sorriu e agradeceu, encarando a pequena bolinha verde no vasinho. Eles a acompanharam até o outro lado da sala, olhando ao redor. Não puderam deixar de admirar a visão.

– Quando vocês vão lançar? – Baekhyun perguntou, se jogando no sofá e suspirando com o conforto.

– Se tudo der certo, Janeiro. – Respondeu enquanto colocava o cacto ao lado do computador na escrivaninha. Ele concordou com a cabeça. Chanyeol apareceu na porta, bocejando enquanto coçava a nuca, caminhou até Baekhyun e o cumprimentou. – Pronto? – Haera perguntou. Ele acenou com a cabeça. – Seu cabelo tá uma bagunça. – Reclamou enquanto tentava colocar os fios rebeldes no lugar. – Cadê a Angelique?

– Aqui. – A senhora anunciou, aparecendo na porta, já segurava sua bolsa de marca entre as mãos levemente enrugadas.

– Okay. Eu vou pegar meu casaco e já vou. – Haera anunciou e todos concordaram. Pegou a jaqueta de cima da mesa de centro e a vestiu. Eles caminharam em direção ao elevador até que Haera se lembrou de algo essencial. – Ah, Baek, essa é a Angelique. Angelique, esse é o Baekhyun.

– Ah, olá. – Baekhyun disse em inglês, meio desconcertado, conseguia entender inglês, mas seu sotaque com certeza não era algo que se orgulhava.. Angelique sorriu, estendendo a mão para cumprimentá-lo.

– Olá, prazer em te conhecer. – Ela respondeu, em um coreano perfeito até demais. Todos se viraram, a encarando, inclusive Haera, que estava boquiaberta.

– Você fala coreano? – Ela perguntou. A senhora arqueou a sobrancelha esquerda, rindo como se fosse uma pergunta sem motivo.

– Querida, eu espero que seja coreano, porque se for outra língua eu vou ficar muito confusa. – Ela riu alto. A confusão de todos só aumentou depois de sua afirmação. Ela soava como uma pessoa que falou coreano sua vida toda.

– Por quê? Você dizia que não tinha planos de viajar para a Coréia e nem de aprender coreano. – Haera estava genuinamente confusa. Não conseguia exatamente processar o fato de que a mesma mulher que ela conhecia há quase dez anos falava sua língua materna com uma fluência assustadora e ela não sabia.

– Chérie, se eu não aprendesse coreano como é que eu ia te adotar? – Ela riu, dando um tapinha no ombro da garota. – Não estressa. – Dispensou o assunto como se fosse algo normal e caminhou até o elevador. O grupo não teve escolha a não ser segui-la, trocando olhares abismados.

 

 ✖ ✖ ✖

 

– O que você quer dizer com ‘revista’? Não vá me dizer que você está trabalhando para Angelique agora. – Sunhee riu de escárnio, colocando a xícara de volta na mesa. Haera suspirou, tomando um gole de seu suco antes de falar.

– Não. Tecnicamente, ‘Chérie’ é uma filial, mas não é da Angelique. – Sorriu, torcendo para que ela aceitasse. Quem estava tentando enganar. Era sua mãe. A conhecia como conhecia a si mesma. Sunhee nunca aceitaria tal ataque à sua autoridade.

– Kim Haera! – Exclamou, dando um tapa na mesa de vidro. – O que eu disse sobre essa baboseira de revista?! Huh?! Você desobedeceu uma ordem direta minha! – Haera desviou o olhar.

– Bom… Você não disse nada sobre eu ter a minha própria revista… – Forçou um sorriso. Pôde ver a indignação borbulhando no rosto de sua mãe.

– Isso… Isso… – Gaguejou, franzindo o cenho. Jogou o guardanapo de lado e se levantou, a cadeira caiu com o impacto, mas ela não se incomodou de colocá-la de volta no lugar. – Ligue para meu irmão. E mande alguém para empacotar os pertencentes na casa em Gangnam. Haera irá para Austrália o mais rápido possível. – A empregada concordou com a cabeça. Não acreditava que Sunhee podia fazer isso com a própria filha sobre algo tão banal, mas nunca ousaria ir contra sua palavra.

– Mãe, eu não tenho 12 anos. – Haera suspirou, massageando a têmpora. Não acreditava que ela podia reagir tão mal. Era só uma merda de uma empresa, não é como se ela estivesse por aí manchando o nome da família com escândalos com drogas e amantes. Só queria fazer o que gostava. – Você está sendo exagerada.

– O quê?! Kim Haera! Olha essa sua boca. Eu sou sua mãe e não um subordinado qualquer. Eu estou agindo exageradamente? Eu te dei ordens explícitas pra esquecer essa maluquice toda! Mas o que você faz? Você vai contra a minha palavra. – Ela gesticulou as palavras enquanto falava, seu tom estava extremamente mais forte que o normal. – Eu sei que você quer ir contra a minha autoridade. Sua mãe sabe melhor. Eu estou nesse mundo há muito mais tempo que você! Tudo o que eu faço é pelo seu bem. – Exclamou. Haera riu soprado, fechou os olhos. Sentia sua cabeça rodar com as informações. Não conseguiu se segurar.

 

– Meu bem? Se você realmente se importasse comigo, eu não teria nascido. – Ela suspirou. – Sua ganância me enoja… O que me faz diferente dos que vieram antes de mim, hein? Só porque a mídia perguntava se vocês não queria uma filha para seguir seus passos, vocês decidem fazer o possível para ter uma filha, não importa o preço… – Sunhee arregalou os olhos. – Se você realmente se importasse comigo, eu estaria em Londres agora, estudando como eu sempre quis. Não em um casamento arranjado servindo de moeda de troca. – Se levantou, jogando o guardanapo na mesa. Piscou para tentar esconder as lágrimas que ameaçavam escapar. – Se você realmente se importasse comigo… Você seria minha mãe… E não só a mulher que me pariu. – Exasperou, não tinha mais forças para discutir.

Estava tão cansada. Vinte e três anos dessa ditadura era mais do que suficiente para cansar qualquer um. Tentou pensar em seus irmãos e sobrinhos que sofreriam mais do que ela caso tentasse se rebelar. Mas mesmo assim, estava exausta. Não aguentava mais toda essa pressão. Não era feita de ferro. Não era perfeita.

A dor aguda em sua bochecha não a tirou do transe, pelo contrário, apenas a colocou em outro ainda pior. Ficou ali por um segundo. Encarando sua própria mãe que ainda mantinha a mão no ar, respirando pesado com tanta raiva. Assistiu Sunhee abaixar o braço, se recompondo.

Um zumbido fino e alto preencheu sua audição. As palavras que deixavam a boca da mulher à sua frente se tornaram um borrão, sendo ofuscadas pela bagunça em sua mente.

– Haera! – O grito pareceu acordá-la. Puxou ar com desespero, não notando que todo o tempo, havia prendido a respiração. O transe havia acabado e fez com que a dor voltasse. Estranhou o fato de estar latejando. Levou à mão a sua bochecha e sentiu algo quente melar seus dedos. Se assustou. Sua respiração ficando mais pesada. Torceu inconscientemente para que fosse suco ou qualquer outra coisa. Mas ao abaixar sua mão, foi surpreendida pelo líquido carmesim que escorria da ponta dos seus dedos até a palma de sua mão.

Sunhee não demonstrava nenhum pingo de arrependimento.

– Cubra esse corte e vá fazer um curativo. Você não pode se dar ao luxo de ter cicatrizes.

Os próximos dez minutos foram um borrão. Ao deixar a casa em passos arrastados, seu nome fora chamado inúmeras vezes pelos empregados. Não se lembrava de como chegou lá, mas estava parada na porta da casa de seu irmão. Apertou a campainha e pôde ouvir passos apressados. HeeJin abriu a porta com um sorriso, que caiu assim que viu o estado que a cunhada se encontrava.

– Unnie… – Murmurou. A mulher a puxou para dentro e fechou a porta sem dizer uma palavra sequer. Colocou a jovem sentada no sofá da sala e correu para pegar o kit de primeiros socorros.

– Minseok! – Chamou, abrindo as gavetas e procurando a caixinha branca.

– Oi? – Ele respondeu, descendo as escadas. HeeJin só precisou olhar na direção da sala de estar para que ele reconhecesse a irmã. – Hae…? – Murmurou, caminhando até ela. Se assustou ao ver o sangue escorrendo do corte em sua bochecha esquerda. – Haera. O que aconteceu? – Se ajoelhou ao seu lado, encarando o machucado. HeeJin o entregou o kit, achando que seria melhor lhes dar um pouco de privacidade.

Ela não disse nada. Não podia formar as palavras, como poderia dizer a seu irmão que quem havia feito aquilo era sua própria mãe? O rapaz abriu a caixa, tirando uma gaze e cuidadosamente limpando o sangue ao redor do corte. Notou como seu lábio inferior tremia.

– Quem fez isso, Hae? – Sua voz era mais suave que o normal. Ela fechou os olhos. Não podia chorar. Não podia deixar que isso tomasse conta dela. Se permitisse à si mesma a luxúria de lamentar sua vida, não seria capaz de voltar ao normal.

Forçou um sorriso, desviando o olhar. – Eu só… Caí… – Apertou a barra de seu vestido entre as mãos, tentando não transparecer a mentira lavada. – Não é nada…

– Haera… – Minseok suspirou. Dispensou o que estava pensando em falar, sua prioridade agora era tratar do hematoma. Colocou um antisséptico que a fez fechar os olhos com a ardência e o cobriu com um curativo. Ela agradeceu, não conseguiu olhá-lo nos olhos ainda. – Hae… Se você não me disser quem fez isso… Eu só posso assumir… – Pausou. Era tão difícil para ele dizer essas palavras quanto seria para ela ouví-las. Suspirou, tentando tomar coragem. – Eu só posso assumir que foi… Chanyeol. – Ela finalmente o encarou. Olhos arregalados. Estava confusa e assustada.

– Como- Não! Ele- Por qu- Ele nunca– Ela gaguejou, não sabendo exatamente como reagir. Nunca em um milhão de anos que Chanyeol ousaria encostar um dedo nela que não fosse uma mera brincadeira. Deus, o pensamento de tal ato à repudiava.

Minseok suspirou pesadamente, massageando os olhos. Precisava se manter calmo, senão iria apenas tornar as coisas mais difíceis para ambos. – Você não tá me ajudando muito… Eu preciso saber quem fez isso com você… – Haera mordeu o lábio inferior. Encarou seu colo, brincando com a aliança em seu anelar esquerdo.

– Eu– Engasgou com a saliva. Não conseguia.

– Hyung! Haera! – Jongdae abriu a porta da frente. Veio o mais rápido que podia depois de receber uma ligação de HeeJin. Olhou para Haera e sentiu seu peito doer. Suspirou. – Hyung, eu posso falar com você? Em particular.

Minseok acenou com a cabeça e eles caminharam até o escritório no andar de baixo, ninguém estava ali e era significativamente longe da sala impedindo que ela ouvisse, poderiam conversar em paz.  Fechou a porta e Jongdae disparou as perguntas que nem ele tinha uma resposta.

– O que aconteceu? Quem fez isso com ela? – O mais velho massageou a têmpora com um suspiro pesado.

– Eu… Eu não sei. Ela não disse nada desde que chegou e está… Daquele jeito. – Bagunçou o cabelo nervoso. Jongdae não reagiu diferentemente.

– Não me diga que foi...–

– Não. Ela disse que não. – Suspirou. – Eu tenho certeza que ele não faria algo assim… Além do mais, eu sei que ele está visitando Yoora.

– Eu sei, eu sei. Mas… Não tem como ignorar… Sabe? – Pausou, tentando juntar as melhores palavras para descrever seu pensamento. – De todas as pessoas ao redor dela… Merda. – Xingou. – Só pode ser alguém próximo… Você sabe como ela é, tá sempre com a guarda alta perto de estranhos… – Minseok concordou.

– Quando ela chegou… Tinha uma marca vermelha com o formato de uma mão no rosto dela… – Jongdae fechou os olhos, socou a mesa de madeira maciça. Não podia acreditar no que havia acontecido. Como alguém poderia fazer aquilo com sua irmã? Ainda mais alguém tão próximo para que ela deixasse a guarda baixa.

Cortaram a conversa pela metade. Era melhor resolver tudo depois que acalmasse a caçula. Voltaram à sala, Jongdae se sentou na mesa de centro à sua frente e Minseok ao seu lado. Haera estava tentando segurar as lágrimas teimosas.

– Haera… Você pode confiar na gente… Quem fez isso com você? – Jongdae sussurrou, segurando sua mão. Ela o encarou.

– Foi– Suspirou. – Foi a mãe. – Dizer em voz alta só concretizava. Parecia que finalmente admitir aquilo só o tornava mais real. Não conseguiu mais segurar as lágrimas e desabou. – Eu… Eu não consigo mais… Eu não aguento fazer isso. Eu–

Minseok sentiu seu estômago dar um nó. Olhou para Jongdae que provavelmente estava mais abalado do que ele. Tinha tantas perguntas. Por quê ela faria isso? O que aconteceu? Como ela pôde? Mas não podia forçar a garota a prolongar aquilo. A puxou para um abraço, deixando que ela chorasse. Os dois trocaram olhares enfurecidos, preocupados e confusos.

Haera chorou por pelo menos vinte minutos seguidos. Conseguiu terminar uma caixa de lenços inteira. Depois de ter seus olhos extremamente inchados, conseguiu se acalmar. Sabia que Jongdae e Minseok estavam confusos e precisavam de uma explicação, ou pelo menos, que ela os assegurasse que não foi nada. Ela precisava impedi-los de sair e tentar vingá-la de alguma maneira.

– Eu contei à mãe sobre a revista… – Os dois se entreolharam, sabendo como a senhora iria reagir. Ela umedeceu os lábios, revivendo as memórias. – Ela… Ela vai me mandar para Austrália. – Arregalaram os olhos. Os acontecimentos só ficavam piores quanto mais eles ouviam. Tinham milhares de perguntas para fazer, mas tinham medo que caso a interrompesse, Haera não teria mais coragem de falar. – Eu… Eu fui idiota. Eu quis responder E– Ela pausou, tocando o curativo.

– Haera-yah, isso não pode passar… – Jongdae sussurrou. Haera dispensou a ideia, forçando um sorriso.

– Claro que não, Dae. Foi só… Só aconteceu. Nós duas ficamos agitadas com a discussão. Só isso. – Forçou um sorriso. Como ela podia agir daquela maneira?

– Me escuta, Haera! – Ele exclamou. Seu sangue estava fervendo dentro de suas artérias. Mesmo atônito com as ações de sua mãe, sabia que eles tinham que tomar providências rapidamente. Minseok o repreendeu com o olhar, agir daquela maneira só a faria voltar para sua concha. – A gente precisa ir na polícia e denunciar essa agressão. Antes que os hematomas sumam, antes que ela possa cobrir a história toda como ela faz com tudo. – Ela arregalou os olhos como se ele tivesse dito algo absurdo.

– Dae! Não! – Exclamou. – Não precisa de tudo isso… – Riu fraco. – Meu Deus, que exagero. – Tentou dispensar o assunto com um tom mais leve, mas falhou. Minseok olhou para Jongdae, sabendo exatamente o que ela estava fazendo.

– Haera, nós vamos à polícia com ou sem você. – Era um blefe. Ele conhecia a irmã como ninguém e podia lê-la como um livro aberto. Mas precisava que ela dissesse aquilo com suas próprias palavras, porque nem mesmo ele acreditava naquilo.

– Não! Não, vocês não podem. Isso… Isso só vai piorar as coisas. – O pânico que tomou conta dela foi mais do que uma confirmação para sua teoria. Os mais velhos se entreolharam.

– Haera-yah… – Minseok suspirou, podia sentir um nó se formando em sua garganta com o mero pensamento de estar certo. – Não é a primeira vez, não é?

Ela abaixou a cabeça, acenando. Ele fechou os olhos, exasperando e tentando manter-se calmo. Uma cachoeira de perguntas e explicações foi despejada nele de uma vez só. Ao mesmo tempo que isso explicava seu comportamento em várias memórias que ele tinha, isso também trazia a maior pergunta de todas; Com qual frequência isso aconteceu? Não conseguiu ter coragem para perguntá-la.

Jongdae transparecia mais seus sentimentos do que o irmão. Socou a mesa, um sentimento horrível tomando conta. Como ele nunca havia notado? Por que ele nunca conseguiu protegê-la?

– Quantas vezes? – Perguntou. Havia mil maneiras melhores de formular uma questão como aquela, mas naquele momento, ele não conseguia pensar em nenhuma. Haera deu de ombros. Deus, a última vez que ela contou, ainda era uma criança. Ele tentou pensar em uma pergunta que pudesse lhes dar mais informações ou pelo menos uma margem do problema. – Quando foi a primeira vez?

Haera escarneceu. As memórias que invadiram sua mente eram dignas de um filme de tragédia. – Antes do casamento do Minseok… Quando ela quis que eu fosse daminha com o Chanyeol… Eu não queria usar um vestido, muito menos maquiagem… Então ela... – Gesticulou com as mãos no ar, um tapa. Minseok fechou os olhos. Ela era praticamente um bebê quando ele se casou. O pensamento de sua mãe agredindo aquela garotinha tão frágil de suas memórias o deixava nauseado. Jongdae abaixou a cabeça, fechando os olhos e cobrindo o rosto. Ele queria chorar. Queria gritar e dar um jeito naquela situação fodida.

Jongdae e Minseok se olharam por alguns minutos, uma bagunça de sentimentos deixados no ar. Eles tinham que tomar uma decisão. Mesmo que já tivesse a tomado há muito tempo.

– Você não precisa fazer isso...

– Não importa o que aconteça, a gente vai te apoiar, qualquer decisão que você tome.

– O que você quer dizer?

– Quero dizer que, você não precisa mais fazer parte dessa família se não quiser.


Notas Finais


Acabei tão apressada pra postar o último capítulo que esqueci completamente de mencionar que no dia 1° de setembro, My Enemy, My Ally completou um ano! Dá pra acreditar que já passou tanto tempo assim?
Muito obrigada por me aturar por tanto tempo! <3
Consigo vazar quietinha sem mencionar o final? Acho que sim...( e u e )
Obrigada por ler~!
Beijinhos >3<


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