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História My Escape - Jantar de negócios


Escrita por: ArumGirl

Notas do Autor


Booa leituura, nenês. Nos falamos mais nas notas finais!!!👇💜

Capítulo 20 - Jantar de negócios


Fanfic / Fanfiction My Escape - Jantar de negócios

Em plenas cinco da tarde do sábado daquela semana, minha mãe tinha chamado uma cabeleireira, uma manicure, uma pedicure e uma maquiadora para nos arrumar para o tal esperado jantar. Meu pai estava numa reunião e assim que terminasse iria se encontrar com a gente no restaurante do centro da cidade. Como minha opinião não valia de nada contra as vontades da madame, nem sequer protestei quando ela disse que já tinha chamado o pronto socorro", como nomeara as profissionais da beleza.

Eu não estava muito animada em ir, era perceptível, mas resolvi dar uma chance a mim mesma e agradar meus pais uma vezinha.

 A Dona Luísa, minha querida mãe, não parava de tagarelar com a cabeleireira sobre o corte de uma atriz da novela das nove, e eu não aguentava segurar o riso ao observá-la. Se tinha uma pessoa que nunca tinha crescido mentalmente, era a minha mãe. Ela conseguia ser pior do que uma adolescente em suas decisões e mais birrenta que uma criança quando queria alguma coisa.

- Vai querer cortar ou pintar, querida? - pergunta a cabeleireira que lavava o meu cabelo. Ela era mais velha que eu pouca coisa, mais alta alguns centímetros e mais curvilínea. Seu cabelo dourado era liso, pendendo pouco acima da cintura. Se não fosse a sombra verde com laranja somada ao batom rosa pálido, aquela seria uma mulher bonita.

Olho para o espelho que ela tinha trazido e observo o meu cabelo. Seu comprimento estava bem maior do que eu esperava, chegando abaixo do ombro.

- Faz só um Channel de bico longo, por favor. - peço com um sorriso.

Ela me retribui o sorriso e assente, pegando a tesoura em seu bolso do avental.

- Qual cor você quer, Mônica? - me perguntou a manicure, mostrando um catálogo com todas as cores disponíveis. Eu tinha que admitir que um dia para cuidar da beleza era essencial, e há muito tempo eu não fazia-o, por isso me senti tão bem enquanto entregava meus cabelos, rosto e unhas para as meninas.

 Escolho uma cor chamada “Viúva Negra", que era um tom de vinho super bonito. Minhas unhas estavam medianas e a manicure concordou que ficaria realmente legal aquela escolha.

- Filha, preto ou loiro médio?- questiona minha mãe, erguendo duas caixinhas de tinta de cabelo para mim.

- Preto. - respondo sem pestanejar. Loiro não caía bem nela.

Mamãe solta uma risada engraçada, balançando a cabeça e entregando a caixa de tinta preta para sua cabeleireira.

- Acho que traumatizei a Mônica. Quando ela tinha uns 7 anos, cheguei em casa num dia qualquer com o cabelo tingido de loiro, e ela ficou estatelada no canto da sala. Lhe perguntei o que era e ela respondeu, cheia de lágrimas nos olhos, que eu era uma mãe de um mundo paralelo como ocorre em Coraline, e se chegasse perto dela, iria me  bater com uma frigideira. No dia seguinte, corri ao salão e voltei para o preto.

Todas riram com aquela lembrança, inclusive eu. Sempre tive a mente muito fértil para comparar ficção com realidade. A coragem e a teimosia também sempre andaram lado a lado comigo, se eu quisesse uma coisa, podem crer como eu iria conseguir. Mais uma coisa que puxara da minha mãe.

- Mas desde sempre essa garotinha foi bonita! Lembro que ela sempre pedia que eu tirasse fotos dela com a minha Nikon. Na época eu estava terminando o curso de fotografia e ficava maluca de fofura com as poses da Mônica. - admira a manicure dela, Rita, olhando pra mim com um sorriso. Ela e minha mãe tinham estudado juntas no Rio, e ela se mudou para Sampa bem antes dos meus pais, quando eu tinha uns 4 anos de idade. Por coincidência do destino, as duas tinham se reencontrado numa padaria, trocaram telefones e desde então voltaram a se comunicar.

Sorrio.

- Obrigada, Rita.

- E a pergunta que não quer calar: como está o namorado? - indaga a minha pedicure, com uma sobrancelha erguida de curiosidade.

Rio sem graça.

- Eu não tenho namorado.

Todas param seus serviços para me fitar.

- Não? - perguntam juntas.

- Não. - me recolho na cadeira, um pouco desconfortável com a reação que sempre causava quando dizia que não namorava. Será possível que ninguém pode ser solteira nesse mundo?

- Mas é impossível! Você é uma mulher tão bonita! - exclama minha maquiadora, parando o pincel a milímetros do meu rosto.

- Não é falta de beleza e nem de opção, acreditem. - mamãe fala, séria - A Mônica teve uma experiência traumatizante e não se recuperou totalmente.

Agradeço mentalmente a ela por evitar explicar o que tinha acontecido. Após aquele comentário, mudou total o assunto da conversa, e como era muito boa nisso, as mulheres logo tinham esquecido da minha vida. Fecho os olhos e deixo o pincel fazer seu trabalho no meu rosto. Com certeza, beleza interna e externa não eram o que me faltava.

 

 

                      ***

 

O restaurante Milan, como já dizia o nome, era de origem italiana e muito requisitado na região. A comida servida lá era uma das melhores e o ambiente um dos mais bonitos.

Era minha primeira vez naquele lugar e meus olhos focalizavam em cada pedacinho do lugar. As paredes eram de cor creme, com pinturas famosas estampadas em molduras que pareciam caras. Acima de cada mesa, havia um lustre de cristais que mudavam a cor a cada 10 minutos, e todo mundo ali parecia respirar um ar de superioridade. Eu não gostava de locais assim, muito menos conseguia ficar muito tempo perto de uma pessoa prepotente. Prezava, acima de tudo, o respeito, a gentileza e a humildade.

Numa mesa reservada do canto, um casal de coroas nos esperava e se levantaram quando nos viram. O homem tinha uma barba grisalha bem cortada, queixo reto e um nariz longo e fino, podendo ser confundido muito bem com um diplomata. A mulher era morena e mais cheinha, mas conseguia manter uma postura que dava mais elegância ao seu longo vestido azul safira, com um brilhante cravado no meio da cintura.  Com eles, estava também um cara que eu nunca tinha visto na vida. Ele tinha um topete loiro e olhos claros. Não era feio, mas também não parecia estar muito animado para aquele encontro, já que estava largado na cadeira e rolava a tela do celular de maneira tediosa. Bom, isso até seus olhos fazerem uma vistoria por mim enquanto nossas mães se abraçavam.

- Ah, Luísa! Sousa! Sempre bom ver vocês dois! - diz a mulher, segurando as mãos da minha mãe.

- Grande homem! - meu pai cumprimenta o senhor de terno.

- Quanta honra tê-los aqui conosco! - fala a mulher e olha para mim com admiração. - Mas como é bonita! Como é o seu nome, querida?

- Mônica. - tento sorrir gentilmente e me inclino para beijarmos as bochechas uma da outra. Algo naquele casal me intrigava. - Prazer em conhecê-la.

- O prazer é meu, querida! A propósito, eu sou Mávila. Este é o meu marido, Erick. - apresenta, e então aperto a mão do senhor Erick. - E meu filho, Lukaz!

- Oi! - cumprimenta em uma mudança de humor brusca, me dando um beijo na bochecha - acho que vamos nos dar muito bem, Mônica! - abriu um sorriso de gavião, como tantos que eu já vira no rosto do Toni.

Me seguro com todas as minhas forças para não revirar os olhos.

- Claro. - foi o que consegui responder.

-Ah, por favor, sentem-se. - diz o s. Erick, indicando a mesa com um gesto de mão formal.

Lukaz puxa uma cadeira de veludo vermelho, sem disfarçar o quanto me comia com os olhos. Aquilo já estava ridículo.

- Obrigada. - agradeço, sentando no assento macio.

Pelo menos alguma coisa estava confortável naquela noite.

- Então, Sousa, como estão as coisas na sua empresa? - pergunta a senhora Mávila, logo após que nossos pedidos chegaram e estarem sendo servidos.

- Muito bem, Mávila. E seus negócios com a televisão? - questiona meu pai, educadamente dobrando um guardanapo em seu colo.

- Uma maravilha, só! - sorri a mulher rechonchuda de olhar ambicioso. - Por que você não conta à Mônica sobre sua fama, Lukaz? - cutuca o filho com o cotovelo.

- Mãe, eu não quero que a Mônica pense que eu sou convencido. - brinca e todos riram sistematicamente. Eu odiava aquelas risadas falsas que as pessoas davam em jantares de negócios. - Mas é verdade, estou super encaminhado na música. Todos me adoram e minhas faixas estão no topo da semana. Sou o melhor na área do pop brasileiro, com toda modéstia e garantia dos patrocinadores. - acrescenta, tomando um gole de sua taça de vinho, mas modéstia era tudo que lhe faltava.

 - Só esta semana, o Lukaz já foi chamado para 30 entrevistas, não é incrível? Uma verdadeira estrela em ascensão. - contribui o senhor Erick, assentindo para o que o filho dizia.

- Que coisa maravilhosa! - minha mãe fala, olhando pra ele com uma sobrancelha quase erguida. Quase sorrio ao perceber que ela também não estava gostando do jeito do rapaz. - Diga-me, Lukaz, como é o assédio no seu trabalho? Você tão jovem e bonito, claro que devem ter muitas mulheres ao seu redor.

Aquilo faz o pai do garoto puxar as abas do smooking num sinal de orgulho mal contido.

- Nem te falo, mulher! Acredita que as fãs dele já fizeram fila na frente da nossa mansão para vê-lo? - aclama a mãe, eufórica em criar mais um pedestal pro filho. - Umas até tem sido bem ousadas e bem…Ele é homem, né. - pigarreia, sorrindo.

 - E jovem também. Compreensível. - comenta meu pai adquirindo uma expressão parecida com a da esposa.

 Acho que esta era uma daquelas situações em que você conhece de verdade uma pessoa e ela é o total oposto do que você pensava. Por essas e outras eu não gostava desses jantares arrumados.

 - Mas com a Mônica, eu pretendo ter um compromisso sério. - Lukaz lança, após segundos tensos de olhares entre nós e os pais.

 Engasgo com o meu chá gelado e minha mãe precisa me dar vários tapas nas costas até que eu e recubra a capacidade de respirar normalmente de novo.

 - Não fiquei nervosa, querida, esse é o rumo natural das coisas. - explica a mãe do cantor, estava claro que ela me reprovava com o olhar pela cena anterior, a qual tinha atraído metade dos olhares das pessoas finas que estavam naquele restaurante.

 - Compromisso sério? - repito, ainda absorta. - Mas eu mal conheço ele!

 - Não precisa conhecer, senhorita. É tudo uma questão de negócios. - o pai dele esclarece, cruzando as mãos sobre a mesa refinada.

 Seria melhor se ele tivesse ficado calado, real.

 - Pense bem, linda. - começa o Lukaz, e franzo a testa para aquela demonstração de uma intimidade que não tínhamos. - Eu sou o cara da mídia, você é uma garota bonita e muito famosa no hospital em que trabalha. Podemos só juntar o útil ao agradável. 

 - É, vocês querem outra rodada de vinho? É por minha conta. - meu pai oferece, mostrando também estar incomodado com o rumo da conversa.

 - Que gentil! Queremos sim! - dona Mávila abre um sorriso de jacaré como o do filho para ele, antes de voltar a me fitar. - Mas você vai ter tempo pra pensar, não se preocupe.

 A esta altura do campeonato, eu nem conseguia sorrir forçadamente mais, então apenas suspiro e tomo mais um gole do meu chá. De frente a mim, Lukaz parecia estar a ponto de babar, como fez desde o princípio.

 Só desejava estar com minhas amigas agora. Ou dormindo o dia inteiro. Ou conversando com o Cebola.

 Olho para Lukaz rapidamente e tento associá-lo a imagem do Cebola que veio a minha mente. Como dois homens da mesma faixa etária poderiam ser tão diferente? Chegava a ser gritante a divergência. Em tudo.

 - Mas que coincidência tão boa! Olha só, o meu sobrinho predileto acabou de chegar! - diz dona Mávila, se erguendo da mesa para acenar a alguém que entrava no restaurante.

 Viramos para ver de quem se tratava, e por piedade do destino, não tenho outra crise de tosse. Um sorrisinho lateral me foi dado pelo homem de terno que faz menção de se juntar a nós, e faço o possível para não parecer tão atenta ao jovem, mas isso é meio impossível depois da aceleração desnorteadora que meu coração sofreu ao vê-lo chegar.

Andando em nossa direção, não estava ninguém mais, ninguém menos que meu vizinho: Cebola Menezes.


Notas Finais


E aí, o que acharam?😏
Esse tal de Lukaz é um pé no saco, né? E parece que é de família. Horríveis pessoas assim, que se acham melhores que todo mundo.😣
Acho que depois dessa aparição aí no final, as coisas vão ficar mais interessantes. Comentem o que acharam, e obrigada por tudo! Tentarei postar o próximo o mais rápido que puder!❤


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