Por Sakura;
Estou deitada na cama, tem alguns minutos que acordei e como está um pouco frio, cá estou enrolada nas cobertas. Olho ao meu lado direito, onde o meu marido dorme e que por sinal não está.
Gaara sai do banheiro, ainda está de robe de seda de cor vinho e carrega um jornal em suas mãos. – Bom dia.
— Bom dia! — respondo e ele volta ao jornal.
— É a primeira capa de todos os jornais, manchete principal. Que esquecido sou eu, como está?
— Estou bem. Consegui descansar depois da aflição de ontem.
— Fico contente por estar bem, o seu bem estar é o meu. Chamarei suas companheiras para lhe auxiliarem na troca de roupa, a espero no café da manhã.
— Certo. — parece que eu, como rainha, não posso me vestir sozinha ou caminhar sozinha, tem sempre alguém por perto me dizendo o que eu devo ou não fazer e como devo agir.
Me levanto da cama e procuro minhas pantufas pretas e exageradamente fofas no chão, coloco o robe sobre a minha camisola e sigo em direção a janela que está fechada, puxo uma pequena brecha por ela e olho o mundo lá fora. Claro, eu não posso aparecer na varanda vestida assim, seria um escândalo para os mais moralistas.
— Milady, posso entrar? — a minha dama companheira Shizune aparece. — O dia está agradável lá fora, mesmo com esse frio. A Milady é o assunto do dia.
— Imagino.
— O que tanto observa lá fora? — ela pergunta enquanto abre o meu closet. — Algo especial quer vestir para hoje? Milady...?
— Me desculpe, estava centrada observando o movimento ao redor do palácio.
— Algo especial para vestir?
— Não. Qualquer coisa que lhe agradar. — me volto à janela e realmente há um grande movimento lá fora, paparazzi tomam conta da frente do palácio e há algumas estações de TV que estão fazendo reportagens ao vivo para algum jornal matinal.
— O que acha desse blazer preto com essa camisa branca e a saia preta?
— Não, quero algo um pouco menos formal. — nem preciso dizer que o meu gosto para roupas não são meus e sim de uma estilista real que me diz o que devo ou não usar e sempre, nada ousado.
— O que acha desse vestido azul marinho com um curto decote em V? — ela segura o vestido que está no cabide.
— Parece bonito. — não era tão formal.
— Um scarpin de cor nude cairia muito bem com esse vestido. Dará alguma entrevista a imprensa?
— Não. Não estou muito afim agora. — termino a minha higiene matinal e me sento na penteadeira e uma outra dama de companhia aparece, a Guren e logo pega a escova para pentear o meu cabelo.
— Algum penteado em especial?
— Apenas faça uma trança raiz. — me olho no espelho enquanto Guren penteia o meu cabelo e flashes do dia de ontem tentam tomar conta de minha mente. Tento espairecer um pouco e esquecer aquele incidente.
— Está bom, Milady?
— Sim, está perfeito, obrigada. — coloco um pouco de blush nas minhas bochechas tão pálidas e um batom rosa, tão claro que contrasta com a minha cor. Sigo em direção a saída do quarto, atravesso o corredor e desço a escada até a sala de jantar, onde tem uma enorme mesa com mais de trinta cadeiras, há uma linda toalha Oxford branca e um jarro de flores no meio. Gaara levanta-se como se fosse reverência, ele está sentado na extremidade sul e eu fico na norte. Apenas umas vinte e nove cadeiras nos separam.
— Eu estive pensando em ir visitar o comandante Hatake no hospital.
— Isso é uma loucura, sair de casa enquanto a polícia e nem o serviço secreto conseguiram encontrar quem atentou contra a sua vida. Pelo o seu bem, fique no palácio.
— E se eles nunca encontrarem, terei que ficar aqui? — me sirvo de uma geléia real, que por sinal está maravilhosa. Abelhas reais são fantásticas e eficientes em seu trabalho com o favo de mel. Coloco apenas uma colher sobre uma torrada, eu não tenho um grande apetite e alias tenho um distúrbio alimentar. Assunto que é mantido a sete chaves, mas a mídia sempre especula.
— É para sua segurança.
— Eu tenho compromissos hoje pela tarde.
— Desmarque-os.
— Eu não posso, são importantes. — alguns jornais são colocados ao meu lado.
— Eu posso ir por você nesse compromisso e explicarei, não sou muito entusiasmado com esse tipo de eventos, mas me esforçarei por você.
Franzo o cenho por um instante e parece que o meu marido tem razão. – Depois não reclame a mim que foi entediante. — não estou a fim de ler o noticiário, do meu próprio drama eu entendo muito bem.
— Ah, quase me esqueci, o comandante Hatake enviou um outro segurança para você. – eu não gostaria de ter outra pessoa ao meu lado para me proteger, em vias me sinto culpada pelo o que aconteceu com o comandante, e se aquele homem tivesse morrido por mim, eu não saberia lidar com essa situação.
Deixo metade da torrada de lado e recebo um péssimo olhar de Shizune, que faz um gesto para eu poder comer mais.
— Com licença, o novo guarda-costas real está no escritório.
— Eu acho desnecessário.
— Ele é homem de confiança do comandante. Por favor, não se oponha. — Gaara saiu da cadeira e veio em minha direção. — Só irá comer isto? – ele me fita com um certo desprezo. — Já conversamos sobre isso.
— Eu estou sem fome. – ele franzi o cenho e parece protestar contra.
— Eu vou me organizar para a reunião com os duques. Até mais. — ele beija rapidamente a minha testa e sai da sala.
O Gaara é um homem até bonito, é um belo ruivo com o cabelo lambido, sim, exageradamente lambido, mas os seus olhos azuis é o que chamam atenção.
— Vamos Milady. — sigo Shizune pelos corredores do palácio.
— Esse quadro da minha tataravó sempre me assusta. — comento enquanto passo pelo hall. — Quem é o segurança?
— É alguém de suma confiança do Hatake. — ela abre a porta.
Encontro um homem de cabelos negros caídos e olhos tão escuros quanto, é alto e tem um grande porte e o seu terno preto que está impecavelmente alinhado. Ele se inclina em comprimento.
— Vossa majestade. — seu olhar é imponente, ele impõe respeito.
— Esse é o primeiro major da Força Aérea Real, senhor Uchiha Sasuke do terceiro pelotão. Tem várias medalhas de honra ao mérito e é o indicado do comandante Kakashi. — ele me fita sem alguma expressão, sério e indiferente.
— Tem um ótimo currículo. — me viro para Shizune. — É de certeza um grande profissional, mas eu não acho que seja necessário e pelo visto, ele é um homem de guerra e não guarda-costas.
— É indicação do senhor Hatake, me desculpe. — reviro os olhos em sinal de protesto.
— Terá que fazer a jura real e assim receberá o assentimento da rainha. — minha dama de companhia diz. — Chamarei o arcebispo Senju, ele testemunhará o seu juramento.
— Desnecessário. — falo, as vezes as tradições são chatas demais.
— Milady, custa seguir as tradições? Com licença. — fico sozinha no mesmo ambiente do meu novo guarda-costas, que mal me encara.
O silêncio entre nós é completamente desconfortável. Estralei meus dedos e começo a ver detalhes naquela sala que nunca prestei atenção antes.
Entre mim e o senhor Kakashi havia uma certa quebra de protocolos reais, sempre costumávamos conversar sobre assuntos normais do cotidiano e claro o tempo, ele era fascinado em falar sobre meteorologia, eu achava isso engraçado e até confortável, ele me fazia sentir uma pessoa normal. Evidente, era uma relação de anos, conhecia o senhor Hatake desde os meus seis anos, sempre o via como um irmão mais velho.
O senhor Uchiha continua firme encarando a parede que tem um quadro de flores. Ótimo, terei quase um robô fazendo a minha proteção.
O nosso silêncio é longo e me pego encarando a mobília vitoriana da sala. Céus, onde está Shizune?
Ele é realmente alto, serei uma nanica ao lado dele.
Olho a ficha dele e logo vejo o quanto de missões já esteve.
— Pronto Milady, aqui está o arcebispo. — o senhor Senju surge a minha frente e me cumprimenta.
— Vossa majestade, fiquei preocupadíssimo pelo ocorrido de ontem não tem ideia do quanto rezei.
— Obrigada. — sorrio gentilmente.
— Vamos iniciar os procedimentos. Senhor Uchiha. — ele olha ao nome dele. — Fique inclinado à vossa majestade, você é grande poderia se ajoelhar. – ele o olha de lado, parece respirar fundo. — Vossa majestade, fique em frente a ele e iniciaremos. Senhor Uchiha, repita o que eu disser, certo?
— Sim. — é dito tão rápido e quase inaudível.
— Eu Uchiha Sasuke, prometo como servo fiel de vossa majestade, a proteger com a minha vida. — ele continua o juramento a minha frente.
— Vossa majestade...
— Eu Haruno Sakura, rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e de Seus Outros Reinos e Territórios, Chefe da Commonwealth o consinto Uchiha Sasuke como o membro da minha guarda-real. — me viro ao arcebispo — Esqueci algum reino? — brinco.
— Vossa majestade está com um bom ânimo. — o bom de ser rainha é que minhas ironias são vistas como um humor alegre.
— Bem-vindo a equipe senhor Uchiha. — ele tudo que consegue fazer é dar um sorriso fechado.
— Posso retornar a minha agenda? — pergunto.
— Não mesmo. Ficará de molho por aqui, vossa majestade.
— Me arrumam um segurança de elite para eu ficar presa em casa. Estamos indo muito bem.
— Vossa majestade está espirituosa hoje. — diz Shizune me repreendendo. — Temos alguns compromissos, mas serão no palácio com o primeiro-ministro e alguns representantes da câmara dos lordes. Senhor Uchiha, irei lhe passar as informações necessárias sobre a proteção de vossa majestade. Me siga, por favor.
[...]
Depois de algumas horas tratando de assuntos do estado com o primeiro-ministro, eis que estou livre de meus compromissos de hoje.
Quando criança, fui educada para saber de tudo o que se passava em meu país, desde economia a esportes, uma soberana tem que estar por dentro das atualidades. A reunião com o Premier foi sobre a retirada do Reino Unido da zona do Euro, e como sempre, tinham contras e a favores, eu particularmente acho favorável a saída do nosso país da zona do Euro, já que ela está instável e ter países como Grécia, Espanha e Portugal não me mostram tantas certezas sobre o futuro.
Eu falei que eu fui contra? Claro que não. Apenas fui uma mediadora.
Nunca demonstre a sua opinião.
— Boa tarde, Milady. — Guren entra na sala. — A reunião foi tranquila?
— Sim. Conseguiu me dar uma bela dor de cabeça.
— Aqui está o seu chá de maçã com biscoitos. Estão quentes e deliciosos, pelo menos uns três hoje.
— Obrigada. Guren, o príncipe Gaara já chegou?
— Não. Assim que ele chegar lhe informarei.
— Obrigada novamente. — as portas são fechadas e estou sozinha em uma enorme sala com um prato de biscoitos a minha frente. Eu tenho bulimia desde os meus quatorze anos, quando eu era uma adolescente com uma silhueta um pouco saliente, nada anormal. Recordo que a minha avó, na época rainha, falou que princesas não podiam ser “cheinhas” e que as pessoas iriam rir de mim, dai comecei a ter comportamentos bulímicos, mesmo nutricionistas falando que meu calibre era magro, eu não conseguia lidar. Com a morte da minha mãe tudo piorou e tornou-se uma bulimia com fatores psicológicos.
A porta é aberta e Shizune entra. — Veio fiscalizar se estou comendo?
— Sim. — ela senta-se em minha frente. — O que achou do novo guarda-costas?
— Calado. — é minha resposta inicial.
— Sim, ele é e por uma parte é bom ele ter esse modelo tácito. — mordo um biscoito.
— Esse é de nozes, é saboroso. Alguma informação do MI6 sobre o atentado?
— Ainda não. Eles não se pronunciaram ainda.
Sorri. — Deveriam ter contratado o James Bond, sabe, a serviço de vossa majestade. Eu me sentiria segura.
— Seu humor hoje está afiadíssimo, Milady. — me volto ao biscoito. Guren entra na sala.
— Me desculpe Milady, mas Vossa Alteza chegou.
— Ótimo. Com licença, Shizune. — vou em direção a sala e encontro com Gaara.
— Por que não me disse que teve uma reunião com o Primeiro Ministro?
— Eu acabei esquecendo, mil desculpas.
— Tudo bem. A noite pode me contar. — Guren aparece na sala com o senhor Uchiha. — E esse? — ele refere-se ao segurança.
— É o meu novo guarda-costas, Uchiha Sasuke, ele é major das Forças Aéreas, de elite. — Gaara o cumprimenta rapidamente. — Irei ao quarto e em breve descerei para o jantar, até.
— Milady, deseja alguma coisa?
— Não, obrigada. — ela sai da sala. — Senhor Uchiha, creio que eu não sairei para nenhum lugar hoje e acredito que nenhum assassino tentará invadir o palácio, então está livre de suas obrigações por hoje, passar bem.
— Obrigado, Vossa Majestade. — Ele se retira.
Silencioso até demais.
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