Josh deu uma risadinha. Ele estava animado, tão animado com o fato de Maya ter finalmente aceitado ir num encontro com ele que nem ao menos se deu ao trabalho de marcar um dia. A loira ter ligado para perguntar só aumentava o seu ego.
– Maya, você sabe que horas são? – Josh jogou com ela.
– Josh, pelo amo de Deus responde a minha pergunta ou sua sobrinha vai ter um treco aqui do meu lado. – Maya bufou de irritação.
– Você contou pra Riley? – disse surpreso.
– Ela me conta tudo! – Riley respondeu com o ouvido colado no telefone da amiga. – Isso mesmo tio, eu estou por dentro da vida amorosa da Maya. – falou se gabando fazendo com que a amiga ao seu lado caísse na gargalhada.
– Você ouviu a garota, Tio boing! – Hart brinco com o apelido e sorriu junto com os outros. Ela não pode evitar o pensamento que talvez a sua vida devesse ter sido assim desde o início e que agora o universo estava dando a chance das coisas serem concertadas.
– Então se eu saio com uma, automaticamente saio com a outra? – a dúvida trouxe ao rosto de Josh uma expressão confusa e fofa que se as meninas pudessem ver, provavelmente cairiam na risada seguida por amores.
– Eca! – elas falaram em uníssono.
– Ok, a colocação foi errada. – tentou se retratar.
– E nojenta. – Riley completou. – Agora pare de nos enrolar, todos temos que trabalhar daqui a poucas horas. Ou vocês marcam o encontro, – ela olhou para Maya. – ou eu marco.
– É melhor fazer o que a mamãe disse. – Maya brincou e ouviu o doce som da risada de Josh do outro lado da linha. A verdade era que os dois estavam fazendo piadas por estarem nervosos demais para lidarem com a situação.
– Posso te pegar depois que eu sair do trabalho, se não estiver ruim para você? – Josh perguntou sem jeito.
Maya concordou com a cabeça mas foi Riley a primeira a dizer algo:
– Tipo amanhã? Quer dizer, hoje? – ela exclamou assustada. – Isso não dá tempo para se preparar, oh Deus! São tantas coisas.
– Riley respira, respira. – Maya pediu rindo da situação. – Vai ficar tudo bem, nós vamos ficar bem. – ela passou as mãos nas costas da amiga tentando lhe acalmar. – Amanhã está ótimo Josh, até.
– Até daqui algumas horas Maya. – ele abriu um sorriso bobo. – Riley! – disse se despedindo e desligou o telefone.
– Vocês são loucos! – Riley reprovou a atitude.
– Não Riley, nós vivemos o momento, apenas isso. – Maya explicou se jogando para trás na cama da amiga. – Você deveria tentar de vez em quando. Sabe, relaxar um pouco mais e não ter tudo sobre controle.
– Sim, claro! Um dia! – ela se levantou da cama e começou a alongar o corpo. – Mas esse dia não é hoje, então levanta dessa cama e vai se arrumar. Temos empregos a manter.
– Não Riley! – Maya resmungou e apertou um travesseiro no rosto. – Eu não dormir nada essa noite, não posso aparecer pro maravilhoso do Andrew com essa cara de zumbir, digo, pro meu chefe.
– Maya! – Riley clamou horrorizada. – Não pode marcar um encontro com um cara e no minuto seguinte estar pensando em outro.
– Claro que posso meu amor. – Maya sorriu em baixo do travesseiro. – Não estou morta.
– Não, mas vai estar daqui a pouco. – Riley puxou o travesseiro e o arremessou contra Maya. – Anda, levanta! Vai se arrumar. E vê se joga uma água gelada nesse seu rosto porque estou achando que nem todo o corretivo do mundo vai cobrir essas suas olheiras.
– Outh! – Maya acertou o coração com as mãos. – Cruel, Matthews.
– A verdade, Hart! – ela sorriu e andou até o banheiro.
Maya se levantou e foi até o quarto e fez o que a amiga disse, entrou no banho mais gelado que seu corpo aguentava e após 15 minutos estava nova em folha para seu primeiro dia de trabalho sério.
A melhor parte de ser artista, sem dúvidas era poder trabalhar com a roupa que bem entendesse. Nada de terninhos e coisas formais, apenas se a pessoa quisesse é claro, mas esse não era o caso de Maya. A moça vestiu uma calça jeans escura e apertada, daquelas que acentuava bem as curvas, uma blusa social branca e suas botinhas de salto pretas. Para o rosto, Riley tinha toda razão, nem todo o corretivo do mundo seria capaz de esconder suas olheiras, mas a moça fez o melhor pôde. Esfumou um pouco de marrom nos olhos e finalizou com bastante rímel. Pros lábios optou por um batom nude com um fundo rosado. O cabelo por sorte estava em bom estado, ela só refez umas ondas com o babyliss e terminou de se arrumar. Antes de sair do quarto deu uma última conferida no espelho e catou a bolsa.
– Peaches! – Riley chamou ao ver a loira cruzar a cozinha. – Você demorou!
Maya simplesmente não sabia como Riley fazia isso. A moça estava totalmente arrumada, com um vestido que ia até abaixo do joelho. Uma jaqueta jeans por cima e um All Star vermelho nos pés. No rosto, como de costume não havia muita maquiagem e os fios lisos caiam, pelo seu ombro, bem alinhados. O café da manhã já estava posto na mesa com dois pratos bem recheados de panquecas e frutas pequenas. Uma jarra de suco bem no centro e uma caneca de café no lado que pertencia a Maya.
– Você realmente herdou o melhor que Topanga poderia oferecer. – Maya disse se sentando. – A pergunta é, como aquela menina avoada se tornou uma adulta maravilhosa?
– Eu achava que meu pai me ensinava coisas úteis na vida, mas nada se compara com Topanga e o seu dom de fazer tudo perfeitamente bem, num espaço curto de tempo. – Riley se sentou na mesa e começou a comer também.
Quando as duas terminaram suas refeições cada uma lavou seu prato e se apressou para fazer a higiene bocal.
– Sem caronas? – Riley gritou do hall que levava a sala.
– Sem caronas! – Maya respondeu saindo do quarto. As duas desceram de elevador juntas até a portaria, quando Maya se retirou e Riley seguiu até a garagem.
Maya foi até a estação e esperou pacientemente até o metrô. Ela carregava na bolsa as suas melhores telas, Andrew havia pedido na sexta e como viu Lucas e Isadora após o almoço com Farkle, ela esqueceu de levá-las. Nada demais, apenas um atraso de artista, ela esperava que o chefe não se importasse.
Por sorte, levou cerca de 30 minutos para Maya chegar a galeria. O relógio agora marcava as 7:30 da manhã e a loira seguiu até o espaço que trabalhava olhando o céu quase bonito que Nova York entregava naquele dia. Abriu a porta do local e viu que Luce – a provável atendente – não estava lá. Ela não se importou pois o ambiente estava aberto.
Hart caminhava para uma área destinada aos artistas poderem pintar, como morou em outro país, a loira ainda não tinha um local próprio para isso em casa, na realidade, ela ainda nem tinha uma casa para chamar de sua.
Andrew que estava em seu escritório estranhou os passos na galeria logo tão cedo pela manhã. Ele saiu em busca de onde o barulho estava e encontrou Maya arrumando uma tela a sua altura.
– Senhorita Hart! – chamou e sorriu com o susto que ela tomou.
– Andrew! – falou com a mão no coração. – Você me assustou.
– Você me assustou! – disse a olhando. – Nunca vi artistas tão cedo por aqui. Não me leve a mal, mas vocês costumam acordar tarde.
Maya sorriu com o comentário não tão inocente.
– Isso se dormimos a noite, do contrário, não temos que acordar. – respondeu indo olhar a variedade de tintas do local.
– Então não dormiu noite passada? – ele perguntou e não obteve resposta para a óbvia pergunta. – Por que não dormiu, se me permite a pergunta? – ele encostou o corpo numa mesa de materiais.
– Eu sou de Nova York e morei muito tempo aqui, digamos que reencontrei mais do que meus amigos quando voltei. – a resposta veio mais misteriosa do que a moça queria. – Mas sabe como é, nada demais.
– Nada demais... – ele repetiu. – bom, espero que as coisas estejam tranquilas para você. – Andrew ergueu a postura. – Agora eu vou indo, não quero te atrapalhar.
– Você não está! – Maya disse se virando para olhá-lo. – Antes que eu me esqueça, eu trouxe minhas telas para você. – Ela pegou a bolsa que estava numa cadeira e retirou três telas pintadas e as entregou.
– Ok! Obrigado. – Andrew falou ao recebê-las. – Eu vou levar isso para dá uma olhada. – o rapaz caminhou até a porta e parou. – Hart! – chamou e viu a moça virar para vê-lo. – Tem planos para o almoço?
– Não sei, acho que não. – ela respondeu. – Talvez vá comer com um amigo.
– Bom... se você não for, quem sabe podemos fazer essa refeição juntos? – ele pediu.
– Ok! – Maya aceitou com um sorriso gentil no rosto.
O restante da manhã se seguiu com Hart trabalhando em sua tela. Ela se sentia inspirada para pintar naquela manhã e para uma artista, isso é algo que não pode ser desperdiçado.
Por volta das 11:50, Maya já tinha enviado três mensagens perguntando se Farkle queria almoçar, ela até tentou ligar, mas a ligação foi direto para a secretária, então optou por aceitar o convite do chefe. Foi até o escritório e bateu no batente da porta aberta.
– Você nunca fecha a porta? – perguntou entrando no local. Ele sorriu ao vê-la.
– São para os artistas se sentirem mais próximos de mim. Gosto de pensar que todos somos amigos. – explicou.
– Então... aquele convite do almoço ainda está de pé? – perguntou se aproximando de Andrew.
– Claro! – ele respondeu surpreso.
– Ótimo! Porque estou faminta.
– Então vamos logo? – Andrew se pôs de pé e começou a caminhar. – Mas você não ia almoçar com um amigo?
– É complicado. – disse acompanhando o rapaz.
Os dois seguiram até um restaurante italiano que ficava a dois quarteirões da galeria. Após se sentarem e os pedidos serem anotados, Andrew voltou sua atenção para a moça.
– Então você disse que é daqui? – perguntou tentando puxar assunto.
– Sim, nasci e cresci aqui.
– E por que foi embora?
– Precisava ver o mundo, sabe?
– Sei. – ele entendeu. – Nova York ficou pequena demais para você?
– Isso! E os problemas grandes demais! – ela desabafou sem querer.
– Então você é do tipo que escapa quando os problemas ficam grandes demais? – ele não esperou resposta para a pergunta retórica. – Temos isso em comum.
– Não é que eu fuja, é só...
– Complicado. – ele completou. – Você é misteriosa Hart, acho que isso deve ser coisa de artistas.
O almoço passou e Maya decidiu voltar para casa, se fosse para galeria, não renderia um risco digno, por isso optou por passar o resto do dia dormindo. Ela tinha que descansar tanto para poder trabalhar quanto para o seu encontro com Josh.
– Maya! Maya! Maya! – Riley atravessou o apartamento gritando. – Meu Deus! – disse ao entrar no quarto da amiga e a encontrar dormindo. – ACORDA!
Maya se mexeu na cama irritada.
– Maya Penelope Hart! Levanta dessa cama agora! – ela ordenou e levou uma travesseirada como resposta. – Eu não estou brincando! – Riley jogou as mãos no corpo de Maya a obrigando se sentar. – Você precisa se arrumar para o seu encontro com Josh, tipo pra ontem!
– Relaxa Riles! – Maya deixou a cabeça cair para o lado. – É só o Josh, ele pode me ver assim de pijama, nós nos conhecemos a muito tempo.
– Não vou deixar você acabar com seu primeiro encontro, pode ir se arrumar!
Maya a contra gosto foi obrigada pela amiga a se levantar quando foi ameaçada com um balde de água. Riley estava mais empolgada que a própria Hart. Tanto que a morena que arrumou o cabelo da moça enquanto ela corria em fazer uma maquiagem.
Depois de muita indecisão, um vestido vinho que ia até a linha do joelho e possuía uma fenda na perna foi escolhido. O decote da roupa era um pouco ousado, mas Maya não se importava. O cabelo loiro estava liso e ia até a cintura da moça. Nos pés uma sandália de duas tiras e na boca, um batom vermelho num tom mais fechado.
Às 20 horas a campainha do apartamento soou e Maya que acabara de passar o perfume atendeu a porta.
– Tio boing! – disse com um sorriso no rosto fazendo Riley suspirar desgostosa.
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