1. Spirit Fanfics >
  2. My Little Star >
  3. O Homem do Espelho.

História My Little Star - O Homem do Espelho.


Escrita por: PrettyJackson

Notas do Autor


Tenho fortes emoções para esse capítulo, Espero que AMEM. HAHAHA

Boa leitura e até as notas finais.

Capítulo 16 - O Homem do Espelho.


Fanfic / Fanfiction My Little Star - O Homem do Espelho.

Capítulo - 16
 

... Esse é o último beijo. O beijo de despedida.

Segurando ainda sua mão entre a minha, afasto-me mirando seu rosto, com as pontas dos meus dedos, acario seu rosto, descendo por seu queixo quadrado e subindo até os seus lábios que a pouco beijei, carinhosamente deslizo meus dedos pelo contorno de sua boca bem desenhada e suspiro fechando os meus olhos mais uma vez. Por um breve segundo, penso ter sentido sua mão apertar a minha, abro os olhos mas ele ainda dorme, levando-me a crer numa contração involuntária.
Lentamente pouso sua mão sobre a cama e me afasto olhando todo o quarto, Peter Pan está a seu lado, sobre uma mesa de canto há um vaso com girassóis decorando o ambiente, o som dos aparelhos ligados ainda é o único que ecoa dentro das quatro paredes. E as batidas que outra vez insistem, é o médico.

- Por favor, dê-me mais um tempo. Eu estou saindo. - Falo para ele assim que abre a porta. Ele consente e sai fechando-a outra vez. Eu suspiro vagarosamente e solto o ar pela boca olhando uma última vez para o Michael sobre a cama. É doloroso deixá-lo, mas eu preciso partir, dessa vez, para o meu próprio lugar no mundo. Eu suspiro novamente, é o que faço para evitar as lágrimas que já ardem nos cantos dos meus olhos.

- Adeus, Michael... - Sussurro olhando-o. Dou-lhe as costas e alguns passos em direção a porta, o som dos meus passos são leves, porém...

- Fique.
A voz faz o meu coração estremecer. Seus olhos semiabertos miram em minha direção. Ele sabe quem sou eu?

- Hellem... - Ele exclama outra vez. Eu tive tanto medo de que ele tivesse se esquecido de mim.

- Michael... - Exclamo caminhando em sua direção . - Como se sente?

Ele está em silêncio e os seus olhos estão parados em mim. - Estava se despedindo? - Ele diz finalmente, embora pausadamente e em baixo tom enquanto se senta e encosta na cabeceira de seu leito. - Para onde está indo? 

- Voc-você ouviu tudo? 

- É a garota mais implícita que já conheci. - Ele exclama ignorando minha pergunta. Me surpreendo com tal declaração, perco o rumo das minhas palavras, e o silêncio faz-se presente.

- Eu preciso ir...
Michael ignora tomando o boneco do Peter em suas mãos. Ele parece simplesmente não ouvir qualquer palavra que sai da minha boca.

- Isso é magico. - Ele diz em admiração. - Consegue sentir isso?

Eu sorrio. - Sim, eu sinto.

Ele olha para mim. - Obrigado.

Eu finalmente compreendo. - Eu me despedia, mas não estava a deixá-lo  sozinho. Peter cuidará bem de você, por mim.

Seus olhos estão parados em mim, seus lábios tremem como se quisesse dizer alguma coisa, mas não diz, e um único minuto em silencio parece se extender por horas, até finalmente...

- Por que mentiu, Hellem? - Ele questiona quebrando o silêncio. Eu sei exatamente a que se refere. Danny.

- Eu não menti, Michael. - Respondo no mesmo tom calmo que ele fala.

- Mas não disse a verdade. 

- Porque não... Eu... - Busco as palavras certas para responder, mas fraquejo. - E isso era relevante para alguém? 

Que diabos de pergunta foi essa? Eu me arrependo, mas já é tarde demais.

Michael desvia seus olhos para o boneco, manipula-o sem parar em suas mãos, em silêncio. E eu já esperava por isso. As vezes o silêncio poder ser estarrecedor.

- Hellem... - Ele exclama finalmente dedicando sua total atenção a mim. - Eu nunca quis que as coisas chegassem ao ponto que chegaram...

- Nunca foi minha intenção ferir você, Michael, de qualquer maneira que fosse. - Falo quase subitamente, interrompendo-o.

- Eu acredito em você. - Ele diz olhando no fundo dos meus olhos. - A questão porém não são as intenções que tivemos, mas o que fizemos...

- Eu realmente sinto muito por tudo. - Respondo, mas tenho mil coisas para dizer, toda a situação me deixa nervosa, minhas pernas estão trêmulas, há algo acontecendo no interior do meu peito e as palavras não se encontram de maneira que possa definir todo o meu tumulto interior. E eu jamais as descarregaria em Michael, mesmo se as encontrassem.

- Hellem, eu ouvi você. E senti...

- O que mais você quer de mim?

- Quando me beijou, o que sentiu? - Michael é tão direto que quase não consigo pensar. Ele sabe?

- O quê? - Seus olhos fitam os meus, estou atônita e hesito várias vezes antes de lhe dar uma resposta. - Eu, eu não... Foi... Um sentimento momentâneo. 

Michael suspira profundamente ao me ouvir, movimenta os lábios e os morde devagar. Nesse instante batem a porta novamente. Michael olha para mim, o médico entra no quarto, eu me afasto, caminho para um lado observando enquanto o doutor sorrindo conversa com ele, seus olhos porém ainda prendem-se aos meus e as palavras do homem ao nosso lado ecoam em segundo plano.

- Michael?

- Sim?

- E então?

- Desculpe, o que perguntou?

- Sente-se melhor?

Essa é a minha deixa. 

- Sim, eu me sinto... 

Ouço-o responder ao médico embora os seus olhos acompanhem os meus passos até a porta do quarto. Covarde, eu nem ao menos olho para trás. Atravesso a entrada fechando-a atrás de mim e a passos largos e interruptos, afasto-me de tudo e todos. Quando paro após ter andado vários metros para longe do hospital, percebo que minhas mãos estão tremendo e os meus olhos molhados. Eu respiro pois não quero chorar, não ali.

De repente o meu telefone toca, enxugo os meus olhos e limpo a garganta antes de atender.

- Sim.

- Querida, é a Rose. Bill e eu estamos prontos. Onde você está?

- Oh, me desculpe. Eu acabei me distraindo. Posso pegar um táxi até Neverland. Não se preocupem comigo.

- Tem certeza?

- Sim, eu tenho sim.

- Tudo bem. Me liga se precisar.

- Obrigada. - Sorrio em agradecimento. - Até logo.

- Até logo.

Desligo o telefone e o guardo no bolso da jaqueta que estou usando. Fecho os olhos por alguns segundos e sinto o vento soprar contra o meu corpo. Meus pensamentos são erradios, porém eu preciso de algum equilíbrio, eu não sou mais uma adolescente, cobro-me, e vagueio pelas ruas. Enquanto as horas passam eu volto a minha primeira decisão; ir embora e esquecer de vez aquela aventura irresponsável na qual me meti, sozinha.

No hospital, a mãe de Michael agora tem a companhia da filha, Janet.

Rose e Bill voltaram para Neverland, eu iria também.
Tomo um táxi e parto de volta para o Rancho de Jackson, onde tomo um banho demorado e durmo por algum tempo antes de colocar em prática os meus planos.

É noite quando acordo, pela janela entreaberta entra um vento tão gelado que meu corpo inteiro se arrepia quando me levanto. Tudo está silencioso, não há música ou luzes no jardim, no parque ou dentro da casa, não há vida sem o Michael ali. Tudo se torna um amontoado de sombras e coisas sem sentido, pelo menos para mim.
Na cozinha não há ninguém também, Rose provavemente está dormindo, afinal, a noite anterior fora extremamente longa. De volta ao quarto, eu me sento na sacada, não há estrelas no céu e há um sentimento crescendo gradativamente dentro de mim: medo e solidão, então outra vez eu choro. E adormeço finalmente para um novo dia.

(...)

Acordo bem cedo, já tenho todos os meus planos traçados; entregar o serviço finalizado e ir partir no dia seguinte. Parece-me a coisa certa a fazer no momento, ir embora antes que Michael retorne, deixando-lhe uma carta a explicar algumas coisas. Sei que possuo o tempo que preciso pois antes de voltar a Neverland, falei com a senhora Jackson, Michael ainda ficaria algum tempo no hospital devido o trauma que sofreu na coluna.

Ligo para o Harry, aviso o ocorrido, mas garanto que está tudo bem. Ele promete chegar a Neverland em 2 dias pois está fora do país. Aviso também que naquele mesmo dia finalizaria todo o trabalho e que estaria pronta para ir embora. Ele agradece e sugere que eu o espere para voltarmos juntos, mas deixa a meu critério. Ligo também para Alice, converso pouco, o necessário, e por fim, para o Danny, falamos pouco também, eu não tenho ânimo, mas aviso que estou indo embora.

No escritório, passo o dia revisando o trabalho, ele está pronto, é lindo, mas eu não consigo me alegrar. Eu mal tenho me alimentado. Está tudo errado no mundo. Está tudo mudado dentro de mim. 

(...)

Já é noite, eu quero me despedir de Neverland e sua magia contagiante, de sua beleza e encanto, de suas luzes e cantos. Eu nunca mais voltaria ali.

Pego um casaco, está tão frio, visto-o e caminho lentamente pelas passarelas no jardim que me guiam até o parque, alguns postes estão apagados, o que torna a passagem mais escura, mas eu não tenho pressa nenhuma. O céu está negro, não há uma única estrela brilhando sobre minha cabeça, o vento que sopra é gelado e úmido, e tem cheiro de chuva.

- Boa noite, filha. - Diz Bill ao me ver parada ao lado da roda gigante.

- Boa noite, Bill.

- A noite está fria, não é? - Diz esfregando as mãos uma na outra.

- Está sim. Muito fria. - Respondo com as minhas enfiadas nos bolsos do casaco.

- Passeando?

- Sim. Como eu poderia perder tudo isso? - Falo admirando o brilho das luzes que iluminam o parque. E pauso por um segundo observando-as. - Gosta de morar aqui, Bill?

- Eu não queria estar em nenhum outro lugar.

- Isso resume tudo. - Falo sorrindo. - Sentirei falta daqui.

- Espero que volte. - Ele diz. 

- Eu também. - Respondo embora eu saiba que nunca mais estarei ali.

- A senhorita gostaria de dar uma volta na roda gigante hoje?

Eu a olho por completo, namoro suas luzes, elas falam comigo. E após meio segundo pensando, respondo sorrindo. 

- Quer saber? Eu quero... 

Ele me ajuda a subir no brinquedo. Lá de cima a visão de Neverland é esplendorosa embora não haja estrelas iluminando o céu.
Do medo de altura eu me esqueço. Permito- me sentir a brisa gelada tocar minha pele e os meus olhos vislumbram cada pedacinho de terra. Meu coração palpita a todo segundo. É impressionante como Michael está em todo lugar ali, é possível senti-lo em cada canto, eu digo à  mim mesmo. 

- Deus, cuide do Michael. E se puder fazer algo por mim, peço que tire-o do meu coração, por favor. - Faço uma prece baixinho, desejando esquecer todo aquele sentimento que não diminui. - Droga, eu não quero chorar de novo. - Sussurro limpando as lágrimas que teimam. De repente, um pingo de água vindo diretamente das nuvens acima da minha cabeça gela-me os lábios ao cair exatamente sobre a minha boca. Seria chuva?

Decido voltar para a mansão, já é tarde e eu não quero mais incomodar o Bill. Desço da roda gigante e o agradeço pelo passeio.

Pego o caminho de volta para casa e durante o trajeto me permito um atraso para apreciar um pouco mais a noite, sentir o vento desalinhar meus cabelos, a brisa tocar minha pele, ouvir os cantos noturnos e o farfalhar das folhas das árvores. Por um instante meu olhar cega-se de escuro, sinto um leve arrepio em minha pele, suspiro fundo mas o ar frio abre uma brecha em meu peito e o silêncio fala alto dentro de mim.

- Eu preciso ir embora daqui! Meu Deus, tudo o que estou vivendo nem parece real. - Falo em baixo tom enquanto caminho devagar fechando os punhos dentro dos bolsos do meu casaco. Distante, ouço som de trovões, sim é chuva. O sopro do vento está mais forte, os galhos das árvores chacoalham sem parar, as luzes parecem dançar suspensas pelo ar. De repente, um vulto distante me faz parar, estreito os meus olhos pois não sei se é uma ilusão do escuro ou se tem realmente algo no meio da penumbra. Porém, lentamente o vulto toma forma, é a silhueta de alguém que se aproxima a passos curtos e lentos. O brilho de um raio ilumina a atmosfera revelando um homem de sobretudo e chapéu, e em seguida o som estrondoso de um trovão atravessa o céu. O meu coração bate rápido, há alguém no escuro e agora, pingos de chuva caindo sobre mim. Quem se atreveria sair no meio da noite com uma tempestade chegando? Michael ainda está no hospital. Bill no parque. Seria algum fanático? Minhas pernas tremulam e sinto algo como uma corrente elétrica atravessar minha espinha. Elevo os meus passos caminhando de volta para o parque, e quem vinha devagar agora tem passos largos vindo em minha direção. Penso em correr, mas

- Hellem... 
A voz que ecoa adormece a minha mente, meus batimentos cardíacos aceleram e o  maldito frio está ali mais uma vez, borboletas no estômago. 
 

Michael?

Agora mais perto, reconheço-o... Sim, é o homem do espelho. 

- Michael...? - Exclamo assim que paro observando sua imagem.

- Sim. - Ele responde estreitando a distância entre nós.

- Mas o que faz aqui? 

- Como poderia ir embora sem falar comigo? - Ele pergunta ignorando as minhas palavras.

- Qu- Quem contou a você?

- Importa?

- Não...

- Estou aqui porque ainda preciso falar com você.

- Eu ia deixar uma carta.

- Uma carta? - Ele repete visivelmente inconformado. 

- Não deveria estar aqui, Michael.

- Você não me deixou escolha. - Ele diz firmando o seu olhar no meu.

Eu me calo, não há o que dizer pois Michael tem razão. Não dei-lhe escolha.
Percebo-o baixar a cabeça em silêncio. A mansidão dos sons outra vez é absoluto, o que torna o barulho dos pingos de chuva que caem sobre o chão e nós, ainda mais audíveis.
Outro relampejo seguido de um trovão nos desperta atenção, olhamos juntos para o céu - a chuva, é lindo vê-la cair - Miro o homem a minha frente e percebo um pequeno sorriso no canto de seus lábios, um tipo raro e singelo que toma proporções imensuráveis dentro do meu peito, é tão lindo quanto ver a chuva caindo. 
Pacientemente ele desvia os seus olhos para mim, eu já o tenho sob os meus. Vejo-o morder os lábios inferiores enquanto se aproxima observando os meus cabelos levemente molhados grudarem ao meu rosto. Seu olhar é tão profundo que eu sem ação, não consigo mover um único músculo em todo o meu corpo.
A chuva acima de nossas cabeças também o cobre, molha o seu chapéu e faz seus cabelos descerem sobre o seu rosto, vejo seu queixo travar assim que ele para a minha frente, não há uma única palavra saindo de seus lábios, e sob o peso dos seus olhos, eu estou em pânico, nem mesmo o som dos trovões ou a claridade dos raios o faz se mover, Michael é quase uma estátua que respira.

- Há algo que eu preciso saber, antes de deixá-la ir. - Ele diz pausamente.

- Estou ouvindo.

- O que sentiu quando me beijou?

- Você já fez essa pergunta.

- Eu preciso ouvir outra vez. 

- Por que?

- Porque eu não acreditei na sua resposta.

- Como pode dizer isso? - Questiono estarrecida. - Não sabe nada sobre mim.

- Eu sei que não há lágrimas num beijo sem sentimento, Hellem.
Suas palavras entram como um punhal no meu coração. Porém eu me calo. Não tenho palavras e nem condição emocional para continuar ali. 

- Adeus, Michael. - Dou-lhe as costas, mas ele insiste.

- Você me ama? 
Minha respiração falha ao ouvi-lo, eu paro engolindo em seco. Eu mal consigo absorver oxigênio do ar para meus pulmões. 
Hesitante, eu não olho para trás e retomo os meus passos quase tropeçando em minhas próprias pernas em meio o gramado molhado e escuro.
Eu poderia acabar com tudo aquilo dizendo apenas sim, mas o que viria depois? Alguma coisa como, "desculpe não poder retribuir seu sentimento". Eu não queria passar por aquilo, e não iria.

- Hey!!! - Michael esbraveja fazendo-me parar e olhá-lo instantaneamente com olhos arregalados. Eu jamais o ouvi gritar num tom de voz tão grave. Ele ainda está parado enquanto o eco de seu grito ecoa pelo vazio sombrio da noite. Sobre os meus olhos há lágrimas se misturando a chuva, mas ele não pode ver. O meu coração bate acelerado, mas ele não pode sentir. As palavras estão na ponta da minha língua, por que não deixá-lo saber? Eu não escolhi nada disso. Eu poderia dizer toda a verdade e então ir embora, ao menos estaria fazendo a coisa certa, pela primeira vez. Quando Michael dá seu primeiro passo em minha direção, eu respiro profundamente e dou o segundo para mais perto, minha respiração pesa, minhas pernas tremem, mas não hesito. Chega! A uma curta distância ele pára, mas eu continuo até poder ver de perto cada detalhe em seu rosto.

- O que você quer de mim, Michael?

- A verdade.
Um, dois, três segundos é o tempo que preciso para reunir forças para prosseguir com a verdade que ele tanto almeja.

- Sim, Michael. Eu amo você. Eu me apaixonei por você. E eu quero tanto você que... Chega a doer. - Eu mal acredito em mim mesmo quando termino a frase olhando-o nos olhos. Sem uma reação imediata, Michael está atônito. - Não era o que você queria ouvir? É essa a verdade e o motivo de todas as minha burradas. 

- Você não faz ideia, não é? - Ele diz mantendo seu olhar firme nos meus enquanto comprime ainda mais o espaço entre nós. Michael eleva sua mão até o meu rosto, e eu sinto as pontas dos seus dedos deslizarem sobre a minha pele gelada, seus olhos passeam por minha face, junto ao toque suave de seus dedos que descem pelo meu queixo e sobem até os meus lábios, contornando-o como se o desenhasse a mão. 
Os meus olhos ardem, perco o compasso da minha respiração  e o meu corpo inteiro estremece...

- Todo esse tempo... - Ele diz serenamente fitando os meus olhos. - Todo esse tempo e você não sabe que, doeu em mim tanto quanto em você.

Involuntariamente, arquejo. Eu estou tão fora de mim que já não possuo controle algum sobre o meu corpo. Eu sinto os meus olhos arderem e em segundos, uma corrente quente escorrer sobre a minha pele. Michael segura o meu rosto entre suas mãos sem desviar os seus olhos profundos dos meus, e pela primeira vez, é ele quem os fecha num ato que faz o meu coração bater em alvoroço. Vejo-o cerrar os olhos e uma lágrima desce dos meus quando percebo que Michael ao fechar os seus, tem lágrimas banhando sua face. Eu me emociono com sua sensibilidade e quase me desespero em anseio. Michael pousa seus lábios sobre os meus roçando lentamente sua boca na minha, enquanto abaixo dos meus cabelos seus dedos percorrem minha nuca e seguram, um frio intenso atravessa o meu corpo, minhas pálpebras pesam e sob o peso quente de sua respiração, eu me entrego cerrando os meus olhos.

- Michael...

- Estou aqui. - Ele sussurra contra os meus lábios.

- Beije-me.

Suas mãos se fecham em minha nuca e impetuosamente seus lábios quentes invadem minha boca, me dominando com o prazer mais suave e gostoso. Enlaço o seu corpo fechando os meus punhos em suas roupas molhadas e abraço-o forte, tão forte pois minha necessidade é maior que um abraço, eu quero absorver sua alma presa ao gosto e o toque de seus lábios quentes e macios.
Sinto uma de suas mãos percorrerem o meu corpo e se fecharem em minha cintura, abaixo do meu casaco e acima de minhas roupas molhadas, ele me puxa com força contra o seu corpo, e eu sinto que a tal necessidade não está apenas em mim, mas em nós enquanto sob a chuva, nos unimos tanto quanto podemos no abraço mais caloroso que já senti.

A entrega mais deliciosa da minha vida não dura mais que 1 minuto, Michael pára o beijo sem afastar os seus lábios dos meus, sua mão aberta sobre a minha pele, acaricia com as pontas dos dedos o meu pescoço enquanto o seu polegar percorre lentamente pela minha bochecha, desce até o meu queixo e sobe tocando os meus lábios, sim os meus lábios, e minha pele inteira se eriça em contraste com o toque quente de seus dedos sobre a minha pele molhada pela chuva. Ele se afasta menos que 10 centímetros, eu ainda sinto o sopro descontrolado de sua respiração contra a minha enquanto os nossos olhos se encaram. 

- Você... Deus, como você é linda. - Ele sussurra carinhosamente e me abraça outra vez. Em graça eu caio, agarrando-me a ele com todas as minhas forças, espremendo-me entre os seus braços como eu jamais estive.

- Não me solte, Michael. - Eu falo com a voz trêmula. - Não me solte.
Ele aperta o abraço, sua necessidade se faz tão maior quanto a minha. A emoção que me toma transborda-me pelos olhos quando os fecho colando o meu rosto ao pescoço de Michael. Eu estou sonhando? Ou eu estou realmente entre os braços daquele homem a quem tenho amado tanto tempo em segredo? Não importa, com ele, viver ou sonhar é a mesma coisa, Michael é um sonho em minha realidade.
De repente um feixe de luz atravessa o céu e o estrondo do trovão me faz tremer, Michael comprime o meu corpo entre os seus braços oferecendo conforto, porém por um descuido, ouço-o gemer. Olho-o nos olhos, ele sorri, mas eu sei, ele não está bem.

- Michael, precisamos entrar. Você não deveria estar aqui.

- Eu quero estar onde você estiver.
Céus... Cada palavra que sai de sua boca me eleva e traz aos meus lábios sorrisos bobos.

- Eu não vou deixar você. 
Ele sorri e concorda, embora tenha agora uma de suas mãos sobre as costelas. Ele não estava recuperado, havia fraturado uma costela no acidente, e estava ali, embaixo de toda aquela chuva e em pé por um longo tempo.

Abraço-o de lado oferecendo um pouco de sustento, Michael se apoia em mim e juntos caminhamos até a mansão. Subimos as escadas com um pouco de dificuldade pois para ele é extremamente difícil embora ele não demonstre. Michael é um homem forte. No corredor frente aos quartos superiores, ele se apoia na parede enquanto eu abro a porta do seu quarto, confesso que me sinto apreensiva, seria a primeira vez que eu iria entrar ali. Michael se apoia em mim novamente e entramos, ajudo-o a se sentar sobre uma poltrona e lentamente começo a tirar sua roupa molhada, retiro seu casaco pesado e seus sapatos molhados, a camisa de manga longa e por último, sua camiseta branca de tecido fino. Há um enorme hematoma acima do seu abdômen, e eu me sinto péssima por vê-lo daquela maneira e saber que a culpa é minha, de joelhos entre suas pernas, delicadamente passo as pontas dos meus dedos sobre sua pele roxeada, e ele pousa a sua mão sobre a minha em seu corpo.

- Não é sua culpa. - Ele sussurra brandamente.

- Não teria acontecido se eu não tivesse irritado você.

- E você não estaria aqui agora. - Ele diz me olhando nos olhos. Eu enrubesço ao ouvi-lo e baixo o olhar. Ele sorri. - Eu já disse quão adorável é quando fica envergonhada?

- Oh, Deus... - Solto um riso baixo e o sinto tocar o meu rosto, elevando-o com sua mão enquanto olha-me no fundo dos olhos. 

- ...E se não fosse por isso, talvez... Eu jamais saberia o que sente por mim. - Ele diz. E como um imã, me atraio para os seus lábios, iniciando um beijo lento e carinhoso. Michael se move sobre a poltrona, ele tenta me puxar para perto de si, mas a dor o faz lembrar-se de sua fratura na costela. Ele geme.

- Ooh...

- Michael! Me desculpe. - Falo me levantando do meio de suas pernas. - Sinto muito.

Ele gargalha baixo achando graça. - Está tudo bem.

Ajudo-o a se levantar e deitar-se sobre a cama. Não, suas calças eu não tirei e não tiraria de modo algum. Vou até seu closet e volto com uma toalha e uma camiseta limpa e seca. Me sento ao seu lado sobre a cama, enxugo seu peito, minhas reações são tão automáticas, todo o meu corpo se aquece em desejo, e eu disfarço atrás de um suspiro e outro enquanto enfrento meus desejos e um jogo intenso de olhares revidados, por último seco seus cabelos e o ajudo a vestir a camiseta.

- Vou até o outro quarto me trocar também, precisa de algo antes?

- Sim... - Ele diz sorrateiro. - Peço que não vá. Tenho inúmeras roupas aqui. Vista uma.
Eu engulo em seco e acabo por sorrir de nervoso.

- Michael, eu-eu não posso. Eu... - Suspiro profundamente soltando em seguida todo o ar pela boca. - Tudo bem, eu farei isso.

Entro para o seu closet, vejo suas roupas estendidas ali, todo o espaço tem o cheiro dele e eu fecho os meus olhos aspirando o ar. Céus, eu estou em chamas e nem posso tocá-lo. Abro os meus olhos outra vez buscando controle e equilíbrio, observo seus objetos, tudo o que faz parte de sua vida, em todos os dias...

- Eu amo tanto você... - Sussurro baixinho e sorrio encantada.

Caminho até uma gaveta e encontro alguns de seus pijamas, escolho para mim um com estampas de ursinhos em tom azul, acho graça, Michael é um menino. Tiro minhas roupas e as coloco junto as dele, molhadas. Visto primeiro a blusa de manga comprimida e botões azul clarinho, por último as calças largas. Escolho outra calça e essa eu levo para ele. Assim que volto ao quarto, ele me olha arqueando as sobrancelhas e morde os lábios segurando o riso.

- Uau. - Ele diz. - Sexy sem ser vulgar. - E gargalha. Me fazendo cair em gargalhadas também.

- Obrigada. - Faço reverencia e jogo nele a calça que levei. - E essa é pra você.

Ele pega a calça ainda no ar e olha para mim sorrindo. - Obrigado.

- Você consegue... Sozinho?

- Creio que sim. - Ele sorri.

- Ok... Eu-eu vou... Acho que... Você quer comer alguma coisa? - Eu estou completamente desarranjada. E ele percebe.

- Não. Eu estou bem. - Ele responde sorrindo.

- Certo. Eu-eu vou ali enquanto você se troca. - Aponto para o banheiro caminhando na direção e tranco a porta atrás de mim enquanto o ouço sorrindo. Me fecho dentro do banheiro, meu coração está acelerado e minhas pernas tremem.

- Se controla, Hellem. Qual é o seu problema, mulher? - Falo em baixo tom para mim mesmo enquanto tento respirar normalmente.

5 minutos passam, volto ao quarto e ele já se trocou. Michael olha para mim, há tanta ternura em seu olhar, e eu paraliso, observando seus cabelos semi molhados caídos sobre seus ombros.

- Ei... Moça. 

- Ei... - Sorrio, eu estou completamente apaixonada.

- Sente-se aqui, do meu lado. - Ele diz indicando o local sobre a cama com a mão.

Eu me aproximo, Michael se levanta apoiando seu corpo na cabeceira da cama, e eu me sento ao seu lado.

- Apoia sua cabeça aqui. - Ele pede mostrando seu braço estendido sobre os travesseiros. Delicadamente, inclino-me um pouco a seu lado e apoio minha cabeça sobre o seu braço. Ele o fecha sobre o meu corpo e eu coloco minha mão sobre o seu peitoral. Com a outra mão, Michael acaricia meu braço sobre seu corpo, descendo e subindo lentamente a palma de sua mão sobre a minha pele, ouço-o suspirar fundo apoiando devagar sua cabeça sobre a minha, abraçando fortemente o meu corpo. Eu fecho os meus olhos tomada por um sentimento tão maravilhoso, uma paz interior tão intensa, sinto-me protegida, amparada e segura em seus braços, e sinto-me capaz de protegê-lo, defendê-lo e cuidar. Eu quero dar a ele exatamente o que ele está me dando; amor.
Abro os meus olhos sentindo sua mão deslizar-se pelo meu braço até o meu ombro, subindo pelo meu pescoço, até o meu rosto, elevo os meus olhos, eu preciso vê-lo, mas seus dedos finos e cumpridos tocam minha face e minhas pálpebras pesam, e mais uma vez, sem minha vontade, fecham-se. Michael suspira outra vez acariciando minha pele, com sua mão aberta sobre minha face, percorre os dedos sobre a maçã do meu rosto, enquanto seu dedo polegar faz lentamente o contorno dos meus lábios.

- Deus... Você é linda.

Estremeço, abro os meus olhos, a expressão em sua face é tão profunda que gela-me por dentro. Suave, ele me puxa aproximando nossos rostos, toco-lhe os cabelos, entrelaço os meus dedos em seus fios negros, Michael arfa baixinho fechando os olhos e o meu coração acelera, minha respiração muda e os meus lábios enlouquecem desejando mais uma vez os lábios dele. 
Seus olhos se abrem, Michael me tira toda a sensatez enquanto me encara, ele toca o meu lábio inferior, passea seus dedos sobre o mesmo, fazendo-o abrir-se lentamente. Sinto sua respiração pesada soprando contra a minha pele enquanto afasta seus dedos e aproxima sua boca, pousando-a quente sobre a minha, tomando-me num selinho 1, 2 vezes para só então dominar-me de vez num beijo ardente e urgente.
Eu estou em chamas, derretendo em seus braços enquanto sinto o leve movimento de nossos lábios juntos, absorvendo com paixão o sabor e a saliva que se tornam uma só num beijo molhado e delicioso. O meu corpo esquenta, é quase como uma febre o desejo que queima em mim. Michael tem um dom enexplicável para me trazer à tona sentimentos novos, ele faz com que eu me sinta mulher de verdade em seus braços, como nenhum outro homem fez. 
Entre a entrega íntima de nossos beijos, desço minha mão sobre seu ombro, deslizando as pontas dos meus dedos por sua pele quente e máscula, desvio meus lábios dos seus beijando seu queixo até o pescoço, sinto suas mãos grandes e ardentes sobre minha cintura, ele aperta cada centímetro num vai e vem quase simultâneo, deixando escapar um leve sussurro de seus lábios carnudos, descendo cada vez mais seus dedos pela estrutura do meu corpo, tomando meus lábios outra vez nos seus, sua mão levanta lentamente a barra da blusa que me cobre, deslizando-se até o meu ventre por baixo do tecido fino, o meu corpo reage num leve arrepio, Michael sorri deliciosamente contra os meus lábios ao sentir minha reação nas pontas dos seus dedos, mordo-o no canto inferior da boca e arranco-lhe outro suspiro seguido de um gemido abafado, ele tenta se mover para colar-se ainda mais ao meu corpo, mas a fratura o impede e Michael sente uma pontada aguda em sua costela, percebo e me afasto tentando ajudá-lo. 

- Querido, voc-você...

Ele olha para mim, olhos lindos, eu o amo. - Eu estou bem. - Ele diz sorrindo.

- É melhor se deitar direito na cama. Você está ferido. - Falo me levantando. - Deus, onde estou com a cabeça? 

- Em mim. - Ele responde divertido, e sorrimos enquanto olhamos um no outro. De repente sua feição se fecha, seus olhos brilham demonstrando que a chama ainda está ali, e eu engulo em seco pois sinto-me da mesma maneira, mas é irresponsável, e sinto medo só de pensar em me aproximar dele outra vez. Seus olhos porém miram a mim a uma curta distância de sua cama, ele não conta as consequências. - Volte. 

...
 


Notas Finais


E aí, meninaaaas? O que acharam desse capítulo? E o que podemos esperar a partir de agora? Comentem.

Mil beijos e até breve. <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...