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História My Little Star - Alguém no escuro.


Escrita por: PrettyJackson

Notas do Autor


Gente, eu tenho que dizer... Estou apaixonada por esse capítulo.

Capítulo 9 - Alguém no escuro.


Fanfic / Fanfiction My Little Star - Alguém no escuro.

Capítulo - 09

 

Em Neverland eu sempre acordava cedo, amava o amanhecer visto daquele lugar, era como renascer todas as manhãs. Mas aquele dia eu acordei tarde, e o sono, um só. Bem como um desmaio. Assustada com o horário, me levantei depressa. No espelho, meu reflexo denunciava uma noite de sono mal dormida, meu aspecto realmente não era dos melhores naquela manhã. Tomei uma ducha, rapidamente me vesti e então desci.

- Hellem querida. Você está bem? - Rose perguntou ao me ver entrar na cozinha.

Esfreguei os olhos bocejando. – Sim. Só um pouco cansada. Acho que não dormi o suficiente. – Falei sorrindo.

- Talvez esteja trabalhando demais.

- Talvez eu só esteja precisando do seu café maravilhoso. - 

Ela deu uma boa risada. – Já está aqui, menina.

- Obrigada, Rose. Você me salva. – Dei um gole no meu café, procurando pela casa algum sinal do Michael. Era tarde e eu não sabia se ele ainda estava em seu quarto ou se tinha saído. – Rose, a senhora viu o Michael hoje?

- Outra vez saiu muito cedo. Nem ao menos tomou café.

- Humm... – Arfei baixinho.

- Está precisando falar com ele?

- Não é nada importante.

- Vou deixar o número dele aqui na caderneta caso precise. Hoje é um dia que a maioria de nós funcionários do Rancho tomamos um dia de folga, então caso precise, está aqui. - Falou apontando um pedaço de papel sobre a mesa com um número escrito. - Deixei seu almoço pronto também. Você precisa de mais alguma coisa antes que eu vá? 

- Não. A senhora já fez tudo. Muito obrigada.

- Cuide-se, minha querida. – Ela se despediu com um abraço e um beijo carinhoso sobre a testa e partiu junto de alguns outros funcionários do Michael. E eu, eu estava sozinha pela primeira vez naquele enorme lugar.

Peguei minha xícara com café e fui para o escritório, mas não consegui me concentrar em nada. Minha cabeça não estava boa. Meus pensamentos se atropelavam num emaranhado de ideias que iam e vinham a todo instante, sempre imaginando a situação que tinha visto na noite anterior, e a razão por trás de tudo aquilo. Não restavam dúvidas, a partida do Michael tinha sim relação comigo.
Estaria me evitando? Envergonhado? Chateado? Será que fiz o certo? Eu pensei em mil possibilidades. Mil possibilidades ruins.

Aquele dia almocei sozinha e tentei trabalhar pelo resto da tarde. Tentei. 
Por volta das 17:30 resolvi dar um tempo de todos aqueles papeis, minha cabeça estava querendo doer e eu me sentia sobrecarregada. 
Michael não tinha aparecido durante todo o dia. E eu estava preocupada com o seu sumiço.
Será que ele está bem? Onde está? E o que estará fazendo? E por que eu me importo tanto? Droga! Eu não consigo parar de pensar!
 

Subi até o quarto onde tomei um banho em busca de um pouco de descanso.
Quando desci outra vez, senti um aperto no peito, estava entardecendo no rancho, não haviam luzes brilhando nem dentro e nem ao redor da casa, e as sombras se faziam maiores a cada minuto que o sol se punha, deixando tudo mais escuro e sombrio. Aquilo fez eu me sentir terrivelmente solitária. 

Dentro da casa eu andava espaçadamente, observando o teto, o piano mudo em um canto da sala, tateando os moveis e os quadros na parede enquanto caminhava. Estava tudo tão silencioso que era possível ouvir os sussurros do vento do lado de fora da casa. Em frente a janela que dava vista para o jardim, eu parei observando o lado de fora, as copas das árvores se debatendo, as folhas e as flores dançando ao ritmo daquela leve ventania.

- Como um lugar tão lindo como esse pode ser tão triste sem você? – Exclamei pensando alto.

Saí pela porta caminhando pelo jardim verde e florido. O céu azul começava a ficar colorido pelos raios do sol que se preparava para sumir atrás das montanhas de Neverland. À beira do lago eu parei observando minha imagem refletida sobre sua superfície, o vento soprava e fazia as águas se balançarem desfazendo assim o reflexo sobre ele. 

Por alguns instantes eu fechei os meus olhos sentindo o vento tocar docemente a minha pele. E a brisa do crepúsculo banhar o meu corpo.

Escondidos entre os galhos das árvores, haviam pássaros cantando, anunciando a chegada da noite, enquanto as águas escorriam sobre as pedras, criando assim uma sucessão de sons agradáveis. Aos poucos a paz que eu tentava alcançar fazia-se presente, e todos aqueles sons harmoniosos adentraram os meus ouvidos de modo a carregarem consigo todos os pensamentos em minha mente. Contudo, eu ainda sentia fortemente um frio interior me remetendo a solidão que eu estava sentindo, sozinha ali naquele lugar. 
Mas então, eu ouvi. 

- Hellem...

Aquela voz já tão familiar sussurrando o meu nome fez o meu coração bater descompassado. E o frio que eu sentia por dentro dar lugar a um calor intensivo que me fazia suar gelado. Ao me virar, ele estava lá, de pé, as mãos enfiadas nos bolsos, seus óculos escuros escondendo seus olhos, seu velho chapéu sobre a cabeça, e os cabelos que o vento insistia em jogar sobre o seu rosto.

- Michael. – Exclamei em baixo tom.
Ele caminhou vagarosamente em minha direção, tirando os óculos, firmou os seus olhos nos meus.

- Não me ouviu chegar?

- Na verdade, não.

- Estava distraída?

- Sim.

Ele sorriu. – Eu percebi. Já faz algum tempo que estou aqui.
Sorri nervosa e surpresa. Michael estava me observando. 

- Acho que me distraí um pouco.

- Gostaria de lhe mostrar algo, me acompanhe, por favor.

- Claro... - Concordei. Silenciosa, caminhei em sua companhia por uma estrada que nos afastou de tudo ali. Eu estava nervosa e curiosa, então chegamos em um lugar onde havia um velho carvalho, e sob ele um pequeno banquinho de madeira já corroído pelo tempo. Era alto onde estávamos, a nossa frente colinas verdejantes sumiam de vista. E de lá era possível ver uma boa parte do Rancho e o outro lado do vale.

- Sente-se. - Ele disse apontando o banquinho.
Eu me sentei já deslumbrada pela visão que tinha a minha frente.

- É tão lindo. – Sussurrei.

- Aguarde mais um pouquinho. – Ele sorriu. - O que quero mostrar é ainda mais belo.
Eu apenas sorri consentindo. Ele se sentou ao meu lado e em silêncio contemplou o horizonte.

- O que exatamente estamos esperando?

- Eu percebi que você tem paixão pela natureza. Eu também tenho. E quis compartilhar com você o meu lugar favorito em todo o mundo.

Naquele instante eu me senti extremamente privilegiada.
Desviei os meus olhos para o horizonte e percebi que tudo ali estava vagarosamente ganhando outras cores. Os raios de sol deixavam marcas no céu e lentamente sumiam atrás das montanhas que serviam de pano de fundo para aquele mágico entardecer.

- Michael... Eu não sei o que dizer.

- Você gostou? - Perguntou brandamente.

- Eu estou encantada. É lindo. É muito lindo. – Olhei-o de soslaio e percebi que ele me olhava. Nervosa, sorri ajeitando alguns fios de cabelos atrás da orelha. Ele então percebendo, desviou os olhos para frente sem dizer qualquer palavra. 

Michael conseguia ser extremamente enigmático. Eu nunca sabia o que ele estava pensando.

Poucos minutos haviam se passado, percebi-o fechar os olhos e o ouvi suspirar profundamente deixando o sopro suave do vento bater contra o seu corpo. Estávamos em silêncio, não se faziam necessárias as palavras. Então, num relance Michael o quebrou quando começou a sussurrar Someone in the dark.

Sozinho, saudando as estrelas
Esperando você me encontrar
Uma noite sabia que eu encontraria
Alguém para ser meu amigo
Quando alguém no escuro, estende a mão para você
E toca uma centelha espalhando luz por tudo
E lhe diz para não se amedrontar
Então, em algum lugar no seu coração, você pode sentir o brilho
Uma luz para mantê-lo quente quando a noite os ventos sopram
Como se estivesse escrito nas estrelas eu sabia
Meu amigo, alguém na escuridão era você
Prometa-me que estaremos eternamente
Andando pelo mundo juntos
Mãos dadas onde sonhos nunca terminam
Meu amigo secreto e eu nas estrelas
Quando alguém no escuro, estende a mão para você 
E toca uma faísca que vem brilhar 
Ele diz que nunca tenha medo
Então, em algum lugar no seu coração, você pode sentir o brilho
Uma luz para mantê-lo quente quando a noite os ventos sopram 
Olhe para o arco-íris no céu
Eu acredito que você e eu
Poderíamos nunca dizer adeus
Onde quer que você pode esteja
Vou olhar e ver
Alguém no escuro para mim
Onde quer que você pode esteja
Vou olhar e ver
Alguém na escuridão por mim
Embora você esteja longe em uma estrela distante
Cada vez que vejo um arco-íris
Eu lembro de estar com você
Sorrisos vêm através das minhas lágrimas.

Eu paralisei emocionada enquanto Michael cantava. Suas palavras soavam tão serenas que fizeram os meus olhos transbordarem, claro, sem deixá-lo perceber quão frágil eu estava naquele momento. Não era tristeza. Era um estado de graça no qual eu me encontrava. Enquanto ele cantava, me lembro de desejar de toda a minha alma que fosse para mim aquela canção. Porém, mesmo que não fosse, a profunda tristeza que antes me consumia dolorosamente, havia dado espaço a um nobre sentimento que nascia, sem que eu ao menos pudesse perceber. 

Michael cantava sorrindo, com amor em seu coração. E eu pude sentir. Ele me fez sentir a magia, a sua magia. 
Ele se levantou abrindo os braços enquanto ainda cantava, parecia em êxtase. Virou-se para mim, me estendendo suas mãos em convite para me juntar a ele. Eu me levantei e fechei os olhos ao seu lado. Deixei o vento me tocar, deixei os meus pensamentos livres, e senti o milagre da paz de espírito me tomarem. Eu senti a vida pulsando dentro de mim. E a gratidão por estar ali, naquele momento, ao lado dele.
Quando Michael terminou de cantar, eu abri os meus olhos e o vi parado ao meu lado olhando a paisagem a nossa frente.

- Isso nos alivia, não é? – Exclamou.

- Sim. É como me sinto agora.

- É incrível o poder que tem a natureza.

- É isso que nos faz realmente felizes.

- Bela observação. – Ele disse voltando seus olhos curiosos para mim. – Quero te mostrar algo mais. – Sorriu. – Respire bem fundo e depois grite soltando todo o ar. 

Eu o olhei meio confusa, e ele gargalhou baixo ajeitando seu chapéu sobre a cabeça.

- Observe e depois faça igual, tudo bem?

- Certo. - Respondi sorrindo.
Michael respirou bem fundo puxando todo o ar para dentro de seus pulmões e em seguida o soltou num grito tão alto que fez eco em meio as montanhas.

- Viu? - Perguntou divertido.

- Sim. – Eu sorri alegre, mas um pouco envergonhada em fazer aquilo.

- Agora faça igual.

- Oh Deus... - Suspirei mordendo o lábio inferior. 

- Confie em mim. – Ele disse.

- Certo.

Abandonei os receios e puxei o ar para os meus pulmões, soltando-o num grito ainda mais alto.
Ele sorriu ao meu lado batendo palmas.

- Então, como se sente?

- Incrível. Eu me sinto incrível. 

- E você é. – Ele disse. E antes que eu pudesse tirar um tempo para respirar, ele segurou minha mão me puxando um pouco para perto do desfiladeiro. – Vamos... Continue, grite! Vamos gritar. Isso é liberdade. – Ele exclamou abrindo os braços para o vento.

- Michael você é louco! – Eu não conseguia parar de sorrir.

- Eu sei. – Disse sorrindo. - Vamos grite comigo.

E gritamos feito dois loucos, mas foi maravilhoso.
Quando o sol finalmente sumia atrás das colinas, nos sentamos, quietos e silenciosos, apreciando cada raio de sol adormecer atrás das montanhas.

- Hellem... 

- Sim. – Respondi voltando meus olhos em sua direção.

- Quero agradecê-la pelo o que fez por mim... Ontem. Eu jamais imaginei que se importasse.

- Michael, eu... – Balbuciei e ele sorriu.

- Não precisa dizer nada... Só quero que saiba que seu gesto me deixou muito feliz. Você não sabe o que significou para mim. Não sei se algum dia terei como agradecê-la.

Suas palavras me deixaram extremamente contente, mas naquele momento, eu não consegui compreender a sua profundidade, eu estava confusa por sua surpresa. O fato é que eu teria feito aquilo por qualquer outra pessoa que precisasse da minha ajuda. E aquilo apenas me intrigou ainda mais em torno do que teria acontecido com ele.

- Obrigada, Michael.
Ele sorriu e calou-se abaixando a cabeça. Então ergueu suas vistas para os raios de sol a nossa frente e permaneceu ali, quietinho, sem nada dizer.

Eu fiquei pensando nas palavras que ele disse, pensando na importância que ele tinha dado a um gesto tão simples como aquele.

Ficava tarde,  a brisa fria da noite começava a cair sobre nós. O ar mais gelado soprou e eu senti minha pele toda eriçar, me fazendo encolher imediatamente sobre banquinho. Ao notar minha pele arrepiada, Michael sorriu.

- Acho que é hora de voltarmos.
Olhei-o ternamente e sussurrei sorrindo.

- Ainda não. Eu não quero perder nada desse momento, Michael.
Ele sorriu em satisfação ao ver estampado em meu rosto a felicidade real que eu estava sentindo. E ali ficamos até os últimos feixes de luz sumirem deixando para trás apenas o lindo crepúsculo multicolorido no horizonte.

- Agora podemos ir. - Exclamei.
Ele se levantou me estendendo sua mão, segurei-a e assim voltamos para a mansão onde não havia ninguém além de nós dois. 
Dentro de mim, naqueles instantes, uma vastidão de sentimentos se afloravam, eu sentia euforia e temor, paz e angustia. Uma grande confusão interior. Quase insuportável. Por não possuir qualquer controle sobre o que estava sentindo, parti diretamente para o quarto onde fiquei deitada sobre a cama por um longo tempo.

- O que está acontecendo comigo? E que poder é esse que ele possui sobre mim? Quando se aproxima e mesmo quando está longe? Deus, por favor me diz...

Que incapacidade. Incapacidade? Foi exatamente o que senti ao não conseguir identificar o que estava acontecendo comigo, jamais em toda a minha vida tinha sentido algo tão confuso, mas tão certo.

Era medo do desconhecido? Medo...

Aquela noite decidi que não desceria mais, por mais que eu quisesse estar perto dele, eu não poderia. Mas, eu também não poderia não descer... Que confusão. 

Eu desci. 

Ao pé da escada ouvi o som do seu piano, não era nenhuma de suas músicas que ele tocava, mas era uma melodia lenta e extremamente comovente. Lá estava ele. Só ele e a música, como sempre fora, na verdade.
Meu coração acelerou, minhas mãos gelaram e quando percebi, haviam lágrimas escorrendo sobre as maçãs do meu rosto. 

Agora eu sabia... 

- Eu... Eu estou apaixonada. Eu estou perdidamente apaixonada por ele.

Como... Quando aconteceu? 

De repente um trovão ecoou pela sala. 

Chuva?
A música então parou e eu me desesperei com a idéia de que ele pudesse me ver. Dei um passo para trás subindo as escadas para sair dali, mas...

- Espere...


Notas Finais


Essa canção linda maravilhosa: Someone in the dark: https://www.youtube.com/watch?v=OGrZdxmrP0s

Música que Michael tocava no piano: https://www.youtube.com/watch?v=KMCaac1E1ZQ

Curiosidade: a foto do capítulo é uma imagem real do pôr do sol em Neverland. Fazia parte das terras do Michael. Lugar lindo, não é meninas?

E então, meninas... O que acharam desse capítulo? Me contem nos comentários. Beijos. <3


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