História My Little Tsuru | SasuHina - Não mais tão sozinha

CAPÍTULO DEZ

Não mais tão sozinha

    Hinata estava receosa. Por mais que ouvisse da boca de Sasuke que ele queria se casar com ela, se sentia com medo. Medo desse casamento não dar certo, medo de não ser o suficiente, medo de... se apaixonar realmente por ele com o tempo e não ser correspondida – novamente. Talvez esse fosse o pior, pois sabia como a dor a dilaceraria por dentro. Naruto havia sido o suficiente durante aquela vida e a dor ainda permanecia ali, guardado em seu coração. Era verdade que seu coração não era mais dele e precisou que Sakura confessasse o pedido de casamentos para que notasse isso. Na época ainda o amava, mas percebeu que nunca seria amada de volta por ele. no livro do destino, eles ficarem juntos não estava escrito na história. Por isso que a cada dia mais se sentia mais liberta do amor infantil e platônico que os ligava. Agora, no entanto, Hinata se sentia cada vez mais seguindo por outro caminho perigo. Ela esperava pelo "noivo" todos os dias e ele fielmente ia – às vezes para tentar se conhecerem melhor ou apenas para ficaram se observando em silêncio, apreciando a companhia um do outro para se acostumarem com suas respectivas presenças –, porém naquele dia, Sasuke não apareceu. Hinata sabia que ele poderia estar em uma missão e interiormente se sentiu magoada – mesmo sabendo que ele não devesse satisfações para ela – por não ter sido avisada que ele não iria.

  Deitada no leito do quarto, a garota se sentia extremamente entediada sem Sasuke ali e ninguém se dava o trabalho de ir visitá-la para que não se sentisse tão sozinha. Não que ela se importasse com isso quando Sasuke estava ali, já que ele parecia preencher qualquer ausência e isso a deixava tanto feliz quanto temerosa. Não queria depender tanto dele como vinha fazendo. Mesmo que não fosse algo que estivesse em seu alcance agora.

  Em questão de minutos, a ex-Hyuuga foi dispersa de seus pensamentos tumultuosos com uma batida na porta.

 "Sasuke-kun!", pensou ela com um sorriso no rosto. Era tão óbvia que até ela mesma odiou o fato de não conseguir tirar aquele sorriso bobo do rosto.

  — Pode entrar! — exclamou, feliz demais para uma paciente debilitada.

  Uma figura morena passou pela porta e por mais que não fosse Sasuke, Hinata não deixou seu sorriso abalar, ficando igualmente feliz pela visita inesperada. Junto da pessoa, entrou seu fiel companheiro numa velocidade alucinante e ameaçou pular nela.

  — Akamaru não! — gritou ela, rindo enquanto o cachorro pulava eufórico no chão e a lambia. O cachorro se aquietou um pouco e ela pôde ver o dono dele sorrir largo. — Olá Kiba-kun!

  — Olá Hina-chan! — saudou o garoto de volta, sorridente, mas logo pareceu abatido. — Me perdoe, Hina, por não ter vindo antes, estávamos em missão e eu não fiquei sabendo do acidente...

  — Tudo bem Kiba-kun! Já foi e estou me recuperando! — respondeu, tentando disfarçar o incômodo de ser lembrada de sua atual condição. — O importante é que você está aqui agora!

   — Sim! — disse Kiba, voltando a ficar feliz e um latido de Akamaru fez com que eles olhassem interrogativos para o cachorro. — Cachorro ciumento... — resmungou ele, fazendo Hinata rir.

  — É bom ter você aqui também, Akamaru... — atalhou a garota, acariciando o cachorro que grunhiu satisfeito. Olhou para a janela e viu um pequeno raio de sol. O inverno passava lentamente, mas o sol já dava resquícios de que estava voltando. — Parece um dia quente, poderia me levar ao terraço Kiba-kun?!

 — Se você estiver se sentindo melhor... — comentou ele e ela assentiu, rapidamente dizendo que estava bem.

   Hinata se levantou da cama com algumas reclamações de dores no corpo, sendo elas por ter ficado tempo demais naquela cama e outras por causa dos machucados da missão. Por causa da perda do chakra, seus ferimentos estavam demorando para se curarem, mas sentia que logo poderia ser a mesma de novo, só que sem o chakra e o poder do Byakugan. Kiba se aproximou, ajudando-a, tanto a se levantar como a percorrer o caminho, permanecendo ao seu lado e servindo de apoio durante o percurso. 

  Conversaram coisas triviais, entretanto, logo ela sentiu o corpo dele se enrijecer e seu rosto ficar tenso. Nessa hora, ambos estavam sentados lado-a-lado no banco no terraço. Akamaru permanecia por perto, andando e farejando o local.

  — Tudo bem, Kiba-kun?! — questionou ela, preocupada.

  — Sim... — respondeu ele, forçando um sorriso e virando-se para olhar a paisagem. Permanceram em silêncio por mais alguns minutos até ele quebrá-lo, soltando um suspiro. — Na verdade, não...

  — O que houve? — perguntou Hinata, suavemente, tentando soar prestativa.

   — Eu fiquei sabendo que você vai se casar com ele... digo, Sasuke Uchiha... — revelou Kiba, fazendo-a enrijecer. — Você quer isso ou estão te forcando?

  — Uh?! — exclamou, surpresa.

  — Se estiverem te forçando, pode me contar, eu vou dar um jeito nisso, prometo! — continuou ele, pegando em suas mãos e levando ao peito. Sua preocupação genuína fez com que Hinata sorrisse docemente e que lágrimas se acumulassem no canto de seus olhos. — Eu sei que você nunca se interessou por ele e se estiverem a obrigando a isso, eu a levo para o meu clã...

   Na entrada do terraço, Sasuke assistia tudo com os olhos negros perigosos e analíticos, porém por causa da distância não conseguia ouvir do que se tratava, entretanto a cena não o agradava. O garoto cachorro estava segurando as mãos da sua então noiva parecendo apaixonado ou até mesmo como se estivesse declarando e ela sorria. Aquele sorriso dela que ele tanto gostava. A cena fez com que o Uchiha se irritasse e se sentisse enjoado. Eles pareciam, em sua visão, um casal bastante apaixonados, mesmo desconfiando de que ela não amasse ninguém que não fosse loiro e irritante.

  Ele suspirou e pensou em acabar com toda aquela palhaçada de casamento, porém não era tão fácil, ele era o único que podia protegê-la.

  "Maldição!", rosnou ele em pensamentos.

  Conversaria com ela outro dia já que ela parecia bem ocupada naquele. Diria que não tocaria nela depois do casamento e deixaria isso claro, porém também não aceitaria uma traição. Era tão complicado se casar com uma pessoa que não o amava, constou ele, mas logo se arrependeu e agradeceu por não ser Sakura Haruno ou Ino Yamanaka.

  Com uma mistura de sentimentos ruins, Sasuke ponderou atrapalhar o casal e deixar claro que o relacionamento deles não poderia acontecer e que ele não aceitaria que alguém se envolvesse com sua futura esposa, mas cansado, apenas virou-se e andou o caminho de volta para casa.

  "Talvez outro em outro momento...", disse a si mesmo, tentando de alguma maneira adiar o assunto que fez seu coração falhar por um momento.

      Enquanto ele ia embora, Hinata olhou para Kiba e disse com a maior tranquilidade e felicidade.

  — Não é nada disso, Kiba-kun... — começou ela, sorrindo fracamente. — Sasuke-kun está me ajudando...

   — Sasuke-kun? — repetiu ele com olhos arregalados, ficando curioso e chocado. — Desde quando vocês têm essa intimidade?

  — É... ahm... ele é meu noivo... eu... nós temos que ser no mínimo amigos. — respondeu Hinata corada. — Eu acho.

   — Hmpft! — resmungou o maior, visivelmente incomodado. — Você ao menos gosta dele?

  — Sim, ele me trata muito bem...

  — Você sabe que eu não quis dizer dessa maneira... — interrompeu-a mais uma vez, agora um pouco seco.

   — Kiba-kun! — o repreendeu, com as bochechas ainda mais vermelhas. — Não... q-quero dizer... não é que não goste, apenas... não... — Hinata começou a se enrolar no final e Kiba respirou fundo.

   — É, você gosta... — comentou ele. Não que ele fosse apaixonado por ela, apenas queria o bem dela. Afinal, além de amigos, eram do mesmo time é isso fez com que um carinho entre eles crescesse.

   — Não! Ele... nós... ele está apenas me ajudando... — corrigiu, um pouco chateada. Se casar por amor não estava mais disponível para ela.

   — Como assim? — questionou o Inuzuka, tombando a cabeça, agora muito curioso.

   — Meu pai... — disse ela e travou, era difícil dizer em voz alta. — Quero dizer, Hiashi Hyuuga me expulsou do clã e ameaçou... ahm... apagar qualquer registro da minha existência...

   — Acho que não entendi a última parte. — resmungou o garoto, fazendo uma careta.

   — É isso mesmo o que as palavras significam, Kiba-kun... — respondeu Hinata, desviando o olhar, magoada. Ele a olhou em choque.

    — Seu pai... — começou Kiba franzindo o cenho. — Ele ameaçou te matar? —  a garota mordeu os lábios segurando qualquer tipo de emoção e assentiu. — QUEM ELE PENSA QUE É?

  — Kiba-kun não... — disse, nervosa, quando ele a interrompe novamente.

   — Eu vou convocar o Shino e depois, eu, Akamaru e ele, fora os dois mil insetos que vive nele, vamos fazer uma visitinha a esse clã... — rosnou Kiba, visivelmente irritado. Hinata sentiu seu coração contrair e pôs a mão em cima dele, começando a chorar logo em seguida. O garoto interrompeu seu discurso de ódio contra o antigo clã da amiga e foi acudir ela. — O que foi, Hina? Aconteceu algo? Está doendo em algum lugar? Onde?

   A garota, sem saber como dizer a maneira que se sentia, se jogou em seus braços e o abraçou forte, deixando-o inicialmente confuso, mas logo começou a retribuir. Ela chorou e soluçou, sendo amparada e cuidada pelo amigo e irmão de time. Ninguém havia a consolado daquela maneira desde que tudo havia se transformado num caos e ela nem mesmo havia caído no choro na frente de ninguém antes. Há coisas que as pessoas não precisam ver e essa era uma delas. 

   — Obrigada Kiba-kun... — sussurrou ela, contra seu peito. — Obrigada por não me rejeitar também.

    — Por que eu te rejeitaria?! — alarmou-se, exasperado. — Por você estar sem clã? Por se casar com Sasuke Uchiha? Por você perder seu chakra e seu posto ninja? Nunca Hina! Já fomos irmãos de mesmo time e acima de tudo somos amigos...

   — Eu... obrigada! — disse entre soluços, ainda abraçada a ele. E ficou assim, até se acalmar e ambos voltarem para o quarto.

|•••|

  Sasuke estava sentado perto do Monte Hokage enquanto assistia o pôr do sol. Seu humor ainda não estava bom e tudo porque viu Hinata conversando bem confortável com o garoto cachorro. Talvez tudo não passasse de ciúmes e inveja por causa da relação próxima que tinham, já que ele almejava conversar e ser tão próximo dela quanto qualquer amigo, mas sabia que não merecia. Não merecia alguém tão bondosa e compreensiva depois de tudo que fez. Ele mesmo ainda não havia se perdoado por todos os erros que cometeu e pela morte de tantas pessoas que estava em suas mãos. Era certo que havia de arrependido e tentado compensar os danos, sendo que doou metade da sua herança do clã para reconstruir a aldeia, mas ainda sim, sua consciência pesava quando ele entrava em sua casa e sentia o peso da solidão. As memórias boas não eram mais suficientes. Nada era. É mesmo reformando a casa para a chegada de Hinata, ainda sim via espectros da sua infância pairando por ali.

  — Sasuke-kun? — chamou uma voz feminina tão conhecida. Sasuke não preciso nem mesmo se virar para saber quem era.

  — Oi Sakura. — resmungou, tentando se lembrar da promessa que fez a si mesmo e a Naruto de que trataria as pessoas melhores.

  — Você está bem? Parece deprimido... — comentou a garota de cabelos rosa, se aproximando e se sentando ao seu lado.

  — Estou. — deu de ombros, sucinto como sempre.

  — Que bom... — murmurou ela, se perdendo na visão do pôr do sol. Por ela ter amadurecido desde quando se conheceram, a presença dela não o irritava mais tanto. — Podemos conversar? Há algo que eu quero falar para você.

  — Hm... — resmungou, como se concordasse. Depois de anos sendo tão sisudo, era difícil mudar alguns hábitos.

  — Eu sei que você e Hinata vão se casar, e sei também que está fazendo isso para ajudá-la porque se sente culpado por não ter chegado a tempo... — começou Sakura, ainda olhando para o horizonte. — Mas... eu preciso saber...

  — O quê? — questionou ele, querendo acabar com aquele assunto o mais rápido possível.

  Sakura havia dito a verdade, ele se culpava por não ter chegado a tempo e por ter conseguido ajudá-la, mas não queria que as pessoas soubessem. Elas não precisavam saber de fato que ele se sentia falho algumas vezes.

  — Você sente algo, qualquer coisa, além de amizade por mim? — perguntou, olhando para ele com os olhos verdes esperançosos. — Nem que seja um milímetro de amor...

  — Não. — confirmou o que ela já sabia, fazendo-a suspirar. — Eu não acho que posso amá-la dessa maneira e nem a ninguém, mas eu amo você como amo Naruto. Eu nunca consegui ver nada além disso.

  — E-Eu compreendo... — gaguejou a Haruno, limpando sua lágrimas. — Eu o amo, Sasuke-kun, e sempre vou amá-lo como sendo meu primeiro amor, mas vou deixá-lo em paz. — sorriu, contendo a tristeza em seu coração. 

  — Me sinto melhor sabendo disso, afinal, vou me casar com Hinata e não gostaria que as coisas ficassem estranha entre vocês. — comentou com sinceridade, abrindo um pequeno sorriso ao pensar que sua noiva gostaria disso.

  — Não irá, ela sabe que eu vou seguir em frente. — suspirou, abrindo um sorriso triste. — Naruto me pediu em casamento há algum tempo.

  — Pediu? — perguntou Sasuke, franzindo o cenho.

  — Sim. Ele disse que seus sonhos só irão se realizar por completo quando eu me tornar a esposa dele e ele se tornar Hokage. — comentou, risonha, tendo as bochechas coradas. — Mas como meu coração estava dividido entre vocês dois, eu não respondi. Agora acho que finalmente estou pronta para esse passo.

  — Você acha? — debochou ele, freando-se antes de dizer algo que pudesse magoá-la. — Bom, espero que faça ele feliz, como tenho certeza de que ele fará. — aconselhou antes de se levantar. — Boa noite, Sakura.

  — Boa noite, Sasuke-kun.