História My New Hope - Mais Errado Na Minha Vida

O trailer balançava a cada segundo fazendo minha cabeça bater contra o vidro. Maggie estava apoiada em meu irmão, que mantinha as mãos em meus pés. Todos estávamos em silêncio e tudo que queria era apagar. Sinto uma mão me cutucar. 

Glenn me entrega uma foto. Demorei um pouco para perceber o que era. Era o ultrassom, e aquilo era o bebê. O filho de Glenn, meu sobrinho, uma vida. Sinto um bolo em minha garganta e respiro fundo para não chorar. Meu irmão não era mais aquele garoto que me levava para ver os Giants. 

    ⁃    Eu espero que ele tenha seus olhos. - digo. 

    ⁃    Eu também. - concorda Maggie, sorrindo. 

Ele sorri. 

    ⁃    Já eu espero que ele não seja inconstante que nem você. 

Dou uma risada. 

    ⁃    Ele tem que puxar a mim, eu sou maravilhosa! - brinco. 

Maggie dá uma risada enquanto Glenn revira os olhos. 

    ⁃    Coitado da criança. - pragueja Daryl. 

    ⁃    Cala a boca Dixon! A conversa não chegou no chiqueiro. 

    ⁃    Então o que você está fazendo aí? 

Sinto o sangue ferver e bufo. 

    ⁃    Ele vai te um pedaço de cada um de nós. - interrompe Maggie. - Todos nós somos uma família. 

[...]

As energias aqui estavam estranhas, todos cochichavam e olhavam uns para os outros com um costumeiro olhar de preocupação. Pelo que eu vi, muitas pessoas resolveram não ir a reunião, na qual a propósito estava atrasada. Encaro a porta da igreja por alguns segundos antes de entrar. O olhar de todos se cai sobre mim. 

    ⁃    Me desculpe pelo atraso. - digo. 

Rick assente e me sento do último banco, vamos ouvir o que ele tem a dizer. 

    ⁃    Podemos trabalhar com Hilltop, Maggie conseguiu um acordo. - começa Rick. - Vamos receber comida, mas não é de graça. Esses Salvadores quase mataram Sasha, Daryl e Abraham na estrada. Cedo ou tarde eles teriam nos encontrado, como os Wolves fizeram, como Jesus fez. Eles teriam matado alguém ou algum de nós e tentariam nos subjugar, e nós tentaríamos impedi-los. Mas então, nesse tipo de luta, com pouca comida iríamos perder, isso é a única maneira de ter certeza de que vamos vencer, e temos que vencer. Fazendo isso por Hilltop, manteremos esse lugar. Mas precisa ser uma decisão do grupo então se alguém tem algo contra pode falar. 

Agora eu entedia. Eu fui tão tonta! 

    ⁃    Tem certeza de que vamos conseguir? Que podemos vence-los? - pergunta Morgan, se levantando. 

    ⁃    O que esse grupo fez, o que aprendemos, o que nos tornamos, todos nós. Sim, tenho certeza. 

    ⁃    Então basta dizer isso a eles! 

    ⁃    Não. - digo. 

O olhar de todos cai sobre mim novamente. Me levanto. 

    ⁃    Não vamos conversar. Já corri riscos demais, e já perdi pessoas de mais. Meus amigos, minha família estará nisso, e eu não vou arrisca-los numa tentativa de conversar que obviamente não vai dar certo. Vamos para mata-los. Sei que não concordava com isso antes mas agora eu posso ver que fui equivocada. Não vou arriscar as pessoas que amo de novo, e sei que vocês também não. 

    ⁃    Temos que dar um escolha a eles! - diz Morgan. 

    ⁃    Eles não tem escolha! - revido. - Eles mataram um garoto da minha idade, por nada, você acha que ele teve uma escolha? 

Ele encara o chão, claramente sem argumentos. 

    ⁃    Se tentarmos falar com os Salvadores perdemos nossa vantagem, nossa segurança. Temos que ir até eles antes que venham até nós. Não podemos deixá-los viver. - diz Rick. 

    ⁃    Eles sempre voltam, não podemos mais correr riscos. - falo. 

    ⁃    Morgan que falar com ele primeiro. - começa Rick. - Tanto Nina quanto eu achamos um erro, mas não decidimos nada. Vou falar com quem ficou em casa e com quem está de guarda. Mas quem mais prefere conversar antes com os Salvadores?Volto a me sentar no banco, e ninguém mais se mexe por um tempo, até Aaron se levantar. 

    ⁃    O que aconteceu aqui, não deixaremos acontecer de novo. Eu não deixarei. - diz ele. 

    ⁃    Parece que está decidido, vamos matar todos eles. Quem quiser não precisa ir, mas os que ficarem aqui terão que aceitar. 

Rick sai da igreja, e todos cochicham entre si. Parece que a luta começou. 

[...]

Encaro o teto de meu quarto, tentando entender como cheguei a esse ponto. Eu estava desanimada, e eu não era assim, me julgavam até de hiperativa. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu sabia o motivo. Eu estava sem ele, e indo para uma luta que me faria perder pessoas, perder mais pessoas. Me levanto bruscamente a abro a porta do quarto, dando de cara com Carl. Maldito seja quem me colocou no quarto em frente ao dele. Fecho a minha cara e me preparo para fechar a porta. Ele coloca o pé na frente. 

    ⁃    Podemos conversar? 

    ⁃    Não. - respondo, seca. 

    ⁃    Precisamos disso. 

    ⁃    Eu não quero ouvir você. 

    ⁃    Por que? 

    ⁃    Porque me dói ouvir sua voz. 

Ele suspira encarando o chão. 

    ⁃    O que você quer? - pergunto. 

    ⁃    Explicar o porque de ter feito isso.

    ⁃    Eu não quero saber Carl, você já fez. 

Sua expressão se desfaz, ele realmente parecia triste, minha mão vai até ele mas antes que pudesse chegar a paro. 

    ⁃    Merda! - falo. - Você é o que há de mais errado na minha vida. 

Bato a porta em sua cara e me sento no chão, apoiada nela. Eu não ia durar muito tempo assim.