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História My Prisoner 1 - Meu tempo está se esgotando


Escrita por: chihuahuahua

Capítulo 39 - Meu tempo está se esgotando



No segundo dia em casa, Antoine se encontrava deitado na cama mesmo após o despertador do irmão tocar.

— Bom dia, Tony — Marlon coçou os olhos e começou a arrumar o seu lado da cama.

— Bom dia.

— O café da manhã já deve estar chegando — o gêmeo parecia animado, vestiu um roupão e foi ao banheiro da suíte. 

Eles passaram a noite juntos, até mesmo na mesma cama, conforme Marlon quis. O gêmeo bem sucedido se esforçava incansavelmente para conquistar a confiança do outro.

Antoine continuou deitado apenas vendo a bolsa de soro e medicamentos continuar gotejando num catéter que ia até suas veias. Com certeza havia algum remédio que o impedia de sentir os efeitos da abstinência de calmantes e por isso não estava com febre, enjôo e calafrios.

Um funcionário da família entrou com o carrinho de refeições. Ele foi acompanhado de um dos policiais e saiu logo após arrumar a mesa do café da manhã.

Marlon voltou do banheiro, removeu o soro do braço do irmão e o chamou para comer. Antoine não trocou muitas palavras durante o café e apenas fez um comentário nostálgico sobre os cupcakes que tanto gostava quando era criança.

Depois disso, Marlon revelou que havia preparado a banheira com sais de banho que Antoine gostava na infância. Se tratava de uma linha infantil importada do Japão, exatamente a que os gêmeos passavam o banho todo fazendo bolinhas de sabão. Assim, resolveu apostar nessa memória para acolhê-lo.

Antoine se sentiu desconfortável com a presença de Marlon no banheiro com ele, principalmente na hora de se despir e entrar na banheira. Marlon alegou que não podia deixá-lo sozinho, mas lhe deu certa privacidade enquanto mexia em uns cremes cosméticos.

O detento entrou na banheira cheia de espuma, pétalas de rosas amarelas e uns patinhos de borracha. Ele fechou os olhos e resgatou uma memória da infância, naquela mesma banheira, quando tudo ainda era perfeito.

Marlon acabou o assustando quando começou a aplicar os cremes em seu rosto.

— Relaxa, isso vai hidratar sua pele — o gêmeo falou tão empolgado que Tony não teve coragem de recusar o tratamento.

Meia hora depois, após também receber uma bela massagem nas costas e nos pés. Tony sentia um misto de emoções. Aquela vida de tranquilidade, luxo e fortuna poderia ter sido sua. Seu destino tranquilo parecia ter sido furtado impiedosamente, deixando no lugar uma vida de traumas e arrependimentos.

Por que Marlon tinha tudo e ele não tinha nada? Por que seus pais abriram mão tão facilmente de ajudar o segundo filho? Sua mente lhe torturava remoendo o inconformismo com o passado.

— Sua pele ficou ótima, irmão! — Marlon sorriu assim que removeu a máscara espessa de cremes.

Antoine passou a mão no rosto e nem reconheceu aquela textura. Era tão lisa e macia que parecia até a pele de um anjo.

— Quer dar uma olhadinha no espelho? — Marlon continuou empolgado e entregou uma toalha e o roupão do irmão.

Antoine saiu da banheira, se secou e deixou Marlon vesti-lo com o sobretudo. Por um momento os dois se olharam e Tony sentiu que o gêmeo queria deixá-lo cada vez mais parecido com um engomadinho francês.

O detento foi então até o outro lado do banheiro e debruçou na bancada enquanto se encarava no espelho. Marlon estava distraído olhando o próprio celular, combinando um jantar com a mãe, quando um barulho o assustou.

Antoine deu uma cabeçada tão forte no espelho que estilhaçou todo o vidro. Marlon deu um grito chamando pelo seu nome quando viu o gêmeo pegar um pedaço pontudo do vidro e apontar para o próprio pescoço. 

Naquele instante Marlon largou o celular no chão e, sem se importar com os cacos de vidro e seus pés descalços, correu até o irmão o impedindo de se ferir.

O gêmeo sentiu uma dor horrível, viu sangue escorrendo por sua mão e por um segundo temeu que Antoine também tivesse se cortado. Mas assim que agarrou o vidro e o tirou da posse do irmão, percebeu que aquele era o seu próprio sangue, proveniente do golpe que por pouco não tirou a vida de Tony.

O som de alguns passos apressados indo para a porta do banheiro chamaram a sua atenção e Marlon teve de inventar uma mentira instantânea. Ele empurrou Tony para o chão e se abaixou perto dele.

— Ouvimos um grito, está tudo bem? — o policial abriu a porta e, assim que viu sangue, sacou a arma apontando para o detento caído.

— O mon Dieu! Guarde isso, por favor! Está tudo bem, ele só escorregou e acabou batendo a testa no espelho!

— Vou chamar um enfermeiro então, senhor — o policial guardou a arma e pegou um rádio de comunicação interna.

— Não, não precisa! Eu cuido dele, foi só superficial! — Marlon se esforçou para passar tranquilidade e convenceu o homem.

Novamente a sós com o irmão, Marlon mordeu o próprio lábio para não gritar de dor e olhou para a sua mão. Havia um corte bem profundo que precisava de pontos.

— Tony… — o gêmeo chamou.

Antoine permaneceu caído no chão com um olhar vazio, parecia até estar inconsciente. Marlon olhou para a barriga dele e verificou que sua respiração estava normal, assim sentiu ter mais controle da situação para cuidar de si primeiro. Ele lavou a mão e fez um curativo com bastante pressão para conter o sangramento antes de checar o irmão. 

Marlon calçou uma pantufa para não cortar seus pés e se aproximou sentindo bastante medo. Ele temia que Antoine fosse atacá-lo, ou pior, tentasse se ferir novamente. Assim, primeiro ele tocou o rosto e lhe fez carinho até perceber que o outro estava imóvel e não respondia aos estímulos. Marlon teve de molhar o rosto do irmão e lhe dar uns tapinhas até ele voltar a si e começar a chorar.

Marlon também não conseguiu segurar o choro, mas mesmo assim cuidou aos poucos do gêmeo. Ele lhe fez um curativo na testa, o limpou de todo o sangue e ainda removeu um caco de vidro que espetou o pé do detento.

Antoine não conseguia fazer nada além de chorar e Marlon teve de ser forte para pegá-lo no colo e levá-lo até a cama. Tony abraçou um travesseiro e enfiou seu rosto para abafar o choro enquanto Marlon o abraçava também chorando.


Cerca de 20 minutos se passaram, quando Marlon acordou assustado depois de ter adormecido de exaustão daquele susto. Ao checar se Antoine ainda estava ali, ele se deparou com o olhar apático do irmão e respirou fundo ao ver que ele estava bem, dentro do possível.

— Eu te feri. Me perdoe, Marlon — Tony murmurou cabisbaixo.

— NUNCA MAIS FAÇA ISSO, ENTENDEU?! — o gêmeo deu um grito enfurecido — Você… como pôde?! Tentou se matar na minha frente!!! Se você tivesse morrido, eu jamais me perdoaria! Como você acha que a minha consciência ia ficar?!

Antoine desviou do olhar do irmão e cruzou os braços. Se sentia no direito de fazer qualquer coisa usando sua vida desastrosa como desculpa.

— Acorda pra vida, Tony! Eu te amo e quero te ajudar! Você é o meu irmão! Não posso te perder…

— Marlon, o seu nariz está sangrando! — Antoine o interrompeu.

O gêmeo não pareceu ligar para o sangramento, pegou um lenço de papel do bolso do roupão e se limpou.

— Quer saber por que eu quero tanto te ajudar, irmão? É porque eu estou doente e muito provavelmente vou morrer em alguns meses. Mas eu não quero deixar esse mundo arrependido por não te ajudar, e é por isso que estou disposto a tudo para te salvar de ti mesmo!

E pela primeira vez naqueles dois dias, Antoine demonstrou algo além de apatia pelo irmão. Seus olhos agora se voltaram para o rosto do gêmeo lamentando seu quadro de saúde. Tony franziu a testa buscando palavras e acabou se deparando com uma dor muito forte no peito.

— É algum órgão? Se for eu posso te doar! Eu não tenho nenhuma doença e nós somos totalmente compatíveis.

As palavras de Antoine deixaram Marlon surpreso e lisonjeado, mas a cura não seria tão simples assim.

— Obrigado. Muito obrigado mesmo, mas é um tumor no cérebro. Está bem no início ainda. O problema é que ele cresce muito rápido e a cirurgia tem um risco muito alto. E eu não posso me estressar, senão minha pressão dispara e acontecem esses sangramentos.

Antoine abaixou a cabeça pensativo. Parecia que tudo, cada detalhe de sua vida era injusto e, logo agora que estava novamente reunido com o irmão, ele adoece.

— Eu sinto muito, Marlon! Me desculpe… lá no banheiro… eu não sei o que deu em mim! Não queria ter te deixado nervoso. Me perdoe, Marlon!

— Eu te perdoo, Tony — o gêmeo abriu os braços.

O detento abriu um pequeno sorriso e deixou uma lágrima escapar antes de se sentar na cama e abraçá-lo. E foi naquele gesto singelo que os dois encontraram conforto. Antoine sentiu seu coração mais calmo, sua mente ficou menos obscura e Marlon ganhou forças para seguir em frente e ajudar o gêmeo.




Notas Finais


Nem chorei nesse final, só caiu um cisco no meu olho...😥😥😥


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