História My Professor - Imagine Suho - EXO - 136

– Yujin, não acredito que você mandou os meninos para casa deles. Acho que você esqueceu que eu estou a dias longe do Baek. – reclamei quando entramos em casa.

– Eles virão pra cá mais tarde. Combinei isso com o Channie.

– Posso saber o motivo? – perguntei enquanto caminhávamos em direção a nossos quartos. 

– Precisamos conversar. – respirei fundo – Relaxa, só quero saber detalhes de como foram os seus dias.

– Aish!

– Não reclama. Quando você terminar seu banho vai pro meu quarto que vou estar te esperando. 

– Ok omma. – ela riu. 

– Também senti sua falta. – ela falou rindo e eu a abracei. 

– Chata!

– Te amo! – ela soltou o abraço.

Entrei no meu quarto e coloquei a mochila na cama, tirei as coisas de dentro dela e levei as peças de roupa do Suho e do Baek para o cesto de roupa suja. Tirei minha roupa e joguei ela junto das outras e fui tomar meu banho. Quando terminei, me vesti e fui para o quarto da Yujin.

– Estava morrendo de saudade do sossego da nossa casa. – ela estava deitada na cama de olhos fechados – A gente reclama dos meninos serem barulhentos, mas isso porque você não viu a casa dos meus pais, ou pior, o Channie na casa dos pais dele. 

– Muita bagunça? 

– Você ainda pergunta?

– Eu só precisava de um pouco disso.

– Disso o que? – a olhei confusa.

– Silêncio. – falou me fazendo rir, ela suspirou – Você ri porque não estava lá. Nem o Channie estava aguentando mais, e você sabe como ele é.

– Tem razão, imagino que tenha sido ruim.

– Pode ter certeza. – voltei a rir – Mas falando sério agora, quero saber como foram seus dias na casa do Suho?

– Normais. – dei de ombros.

– Normais? Sem essa, eu duvido que tenha sido "normais". – ela fez aspas com as mãos, fiquei a encarando – Fala sério amiga, você passou dias na casa do seu ex. Admita isso não é nem de longe normal, ainda mais com toda a situação que a levou a ficar lá.

– Eu digo isso porque não teve nada especial. 

– Nada mesmo? Nem uma fagulhazinha?

– Quer saber se meu sentimento por ele mudou? Ou melhor voltou?

– Exatamente. – ela sorriu.

– Acha que se algo tivesse mudado eu iria atrás do Baek?

– Foi o que eu pensei quando te vi subir no ringue. Mas aí você ficou daquele jeito.

– Que jeito? – ela riu.

– Todo aquele ciúme por ele ter passado a noite com a Sooyun. – virei o rosto.

– Não foi ciúmes. 

– Até parece. Você estava toda carinhosa com ele, mas do que eu imaginei que pudesse ser, aí do nada você virou um iceberg, tratando ele super mal. Eu fiquei até com pena dele.

– Fui tão ruim assim? – ela assentiu.

– Ele te levou pra ver o Baek, acho que o mínimo  que ele merecia era um obrigada no aeroporto, não uma esnobada. 

– Agora estou me sentindo culpada.

– Deveria mesmo. – respirei fundo – Por isso estou curiosa pra saber o que rolou pra esse sentimento brotar dentro de você. Na verdade voltar a florescer né? Porque pelo que me lembro você não deixou de sentir ciúmes dele nunca.

– Qual é o meu problema? Sim tiveram momentos na casa dele que me fizeram fraquejar, não que eu tenha chegado perto de trair o Baek, não faria isso. Mas sentir o corpo dele tão colado ao meu, – fechei meus olhos lembrando de como meu corpo reagiu a ele.

– Como assim corpo colado? – Yujin me cortou. 

– A gente tava lutando. – ela me olhou confusa – Ele insistiu, queria saber se eu conseguiria me defender caso fosse preciso, eu quase caí da escada e ele me puxou pra ele. E uma parte de mim clamou para ser dele de novo, mas outra se manteve firme.

– Isso é normal, é apenas desejo, vocês tinham um relacionamento bem intenso então qualquer contato físico pode despertar isso. 

– Se fosse só físico tava tranquilo. 

– Teve mais coisa?

– Sabe a que era pra ser a festa de despedida? – ela assentiu – Naquela noite eu consegui esquecer de tudo, toda a as brigas, as mágoas, todas as coisas ruins que aconteceram entre nós. Enquanto a gente dançava e conversava eu vi ele tão diferente.

– Diferente como?

– Você sabe do temperamento dele, noventa por cento do tempo que ficamos juntos ele tinha uma tensão, e as vezes ele não conseguia segurar a insegurança dele em seu olhar, o ciúme e o medo de me perder. Mas ali não, ali ele tava tão leve, sem preocupações, sem medo. Naquela noite era só ele, sabe? Me fez lembrar os dias que passamos na casa dos pais dele. – falei com um sorriso me lembrando dele.

– E foi aí que você voltou a se apaixonar por ele? – Yujin falou me tirando dos meus pensamentos.

– O que? Não! Nada disso. – ri sem graça, e suspirei – Eu não diria que me apaixonei, eu só queria que ele fosse assim o tempo todo. 

– E o que aconteceu depois? 

– Entre nós? Nada, nem se ele quisesse. Eu bebi demais e apaguei no carro, acordei no dia seguinte vestindo a mesma roupa então definitivamente nada aconteceu. 

– Que bom para o Baek. Mas acho que você está me escondendo algo, pode falando.

– Não é nada, foi só um sonho que tive. 

– Sonho? Como aquele do Suho e o Yixing que você teve? 

– Não! Nada a ver. – falei rindo – Ele me levou para o quarto, disse ter se apaixonado mais por mim naquela noite, que me amava e eu disse que o amava também. E dormimos juntos, mas só dormir mesmo. 

– Você sente falta disso, não é? – fiz um bico.

– Às vezes, mas aí eu lembro de tudo e a saudade passa.

– Então foi por isso que você sentiu ciúmes dele? 

– Não foi ciúmes, foi raiva.

– Raiva de que?

– Porque na noite anterior enquanto conversávamos, ele me disse que não conseguia ficar com nenhuma garota porque ainda me amava, no dia seguinte ele foi pra cama com a Sooyun. Pra que ele mentiu pra mim? O que ele ganharia com isso? 

– E se ele não mentiu? 

– Yujin, você escutou o que eu disse? 

– Estávamos todos bebendo, às vezes fazemos coisas sem pensar. Você sabe disso, lembra quando você tentou transar com o Baek depois da festa de Halloween?

– Mas não fizemos.

– Porque ele não estava bêbado o suficiente pra não pensar. Pelo que vi a Sooyun também bebeu então vai saber o que aconteceu. 

– Que seja, mas isso justifica? E se eu tivesse acreditado nele e ficasse o esperando, quem garante que ele estava sendo sincero?

– Pra começo de conversa vocês nem estariam lá, estariam juntos e não teria nenhuma outra no seu caminho. E me desculpa, mas eu entendo ele. – a olhei séria – Não me olha assim, ele tava vendo a mulher que ele ama nos braços de outro, e foi ele que a levou lá. E pra piorar você chamou ele pra uma festa onde ficou o tempo todo agarrada em outro cara pra ele ver. Eu realmente não entendi porque você fez isso com ele. 

– Eu não achei que fosse uma ideia ruim.

– Na teoria você só queria ser gentil, eu sei. Mas na prática aquilo foi uma tortura pra ele. Então se ele transou ou não com a Sooyun, eu não o julgo. 

– Talvez você tenha razão. 

– Mas eu entendo sua raiva. 

– Agora estou me sentindo culpada. 

– Não fica assim. – ela fez carinho em meu braço e eu a abracei, ela ficou mexendo no meu cabelo – Você vai falar com ele?

– Não. – ela parou o carinho – Eu falo, mas só quando minha raiva passar. – ela suspirou.

– Eu vou ver se tem alguma coisa pra gente comer, pode me esperar aqui. – assenti me sentei na cama dela. Olhei meu celular e fiquei pensando se deveria ligar para o Suho e me desculpar de uma vez. Yujin estava certa ele não merecia aquele tratamento. Disquei o número e fiquei esperando. 

– Alô? – uma voz feminina atendeu, olhei o visor confusa conferindo o número que disquei – Alô?

– Desculpa, acho que liguei errado. – falei sem graça.

– Talvez não, com quem você deseja falar?

– Com o Junmyeon. – respondi, mas sabia que não seria o número dele, faz tanto tempo que não ligo pra ele que devo ter me confundido  

– Então você ligou para o número certo, mas ele não tá aqui nesse momento. – ela respondeu e fechei meus olhos tentando controlar minhas emoções quando reconheci aquela voz.

– Sooyun? 

– Como você sabe? É a (s/n) unnie? – respirei fundo –Então unnie, ele não pode atender agora porque. – desliguei a chamada, eu realmente não estava afim de ouvir mais nada. Joguei o celular na cama com raiva. 

– Não tem nada nos armários, mas pedi o Channie para trazer algo pra comermos, eles já estão vindo. O que foi? – ela me olhava confusa.

– Fui ligar para o Suho para me desculpar e quem atendeu o celular dele foi a Sooyun.

– Nossa… Achei que fosse apenas algo da bebedeira, mas acha que tá rolando algo entre eles?

– Se tiver também não me interessa. – falei com raiva.

– O lance da mentira né? – apenas a olhei – Esquece ele. Lembra que daqui a pouco seu namorado vai chegar. – respirei fundo. 

– Você tá certa. Eu não tenho que me meter na vida dele.

– Não mesmo… – ela ficou me olhando. 

(...)

– Aonde você vai tão cedo? – perguntei ao Baek que me deu um beijo de despedida.

– O treinador nos convocou.

– Aish! Até quando ele vai ficar te roubando de mim? – ele sorriu.

– Depois disso vou ter uns dias de descanso. 

– Só quero ver.

– Mais tarde serei todo seu. – mandei um beijo no ar e ele saiu. 

– Onde ele foi? – Channie chegou na sala e se sentou a meu lado. 

– Para academia. 

– No sábado? 

– O treinador chamou. – dei de ombros e ele ficou me olhando. 

– Coloca uma série aí pra gente assistir. – ele pediu, joguei uma almofada no colo dele e me deitei. Ficamos assistindo a série  até que a Yujin chegou.

– Aqui a lista do que quero. – Yujin entregou um papel pro namorado depois de passar um bom tempo escrevendo em sua agenda.

– Só isso, não falta incluir as prateleiras e os funcionários? – ele falou analisando a quantidade de itens, me fazendo rir. 

– Não tem nada nessa casa, bebê. 

– Eu sei, mas terei que trazer tudo sozinho? 

– Se preferir eu vou, mas você vai limpar a casa pra mim? – ela o encarou. 

– Eu já estou indo. – ele falou se levantando – Tira a série para  continuarmos assistindo quando eu voltar. – sai da Netflix.

– Eu posso ir contigo? 

– Quer fugir da faxina né? – ele me olhou sorrindo.

– Também, mas na verdade queria carona pra devolver as coisas do Suho. 

– Pode ser, eu só vou ao banheiro antes. – assenti. 

– Vai aproveitar e conversar com ele?

– Não. Eu ainda estou um pouco irritada, posso falar coisa que não devo e acabar sendo mal interpretada.

– Você quem sabe. – ela suspirou – Vou começar a limpeza. 

– Boa sorte. – fui no quarto e peguei as coisas dele e fui pra sala. Channie já estava me esperando. 

– Tchau amor! – ele mandou beijo no ar, acenei pra ela. – Qual o endereço dele? – perguntou quando entramos no carro falei e ele nos levou até lá – Nossa essa é a casa dele? – ele assobiou olhando ela pela janela. 

– O pai dele comprou pra ele.

– Nossa… – sorri.

– Eu não vou demorar você quer vir junto?

– Eu vou sim. 

– Está curioso pra ver como é dentro? 

– Não. 

– Sei…

– Só quero garantir que você não vai demorar mais que o necessário. – falou saindo do carro e vindo para meu lado. – O pai dele faz o que da vida? 

– Ele tem dois escritórios de advocacia. O Minseok, o Yixing, e agora o Luhan, trabalham pra ele aqui na capital e tem um na cidade deles. 

– Tá explicado. Você abriu mão de um bom partido. – ele falou rindo.

– Tenho três coisas pra te dizer. Primeiro: Eu não abri mão de ninguém, foi ele quem terminou comigo. Segundo: Estava com ele sem interesse, não imaginei que ele vinha de família rica e terceiro e mais importante: Deixa seu amigo saber isso que você acabou de dizer e teremos que providenciar um novo cinturão para o Baek.

– Eu só estava brincando.

– É bom que seja. – neguei com a cabeça e toquei a campainha. 

– Irmãzinha? – me olhou confuso.

– Oi! – falei sorrindo.

– Não imaginei que viria aqui hoje. 

– Só vim trazer as coisas do seu irmão e pegar as minhas. 

– Claro, pode entrar. Oi Chanyeol. 

– Oi! – Channie o cumprimentou, e entramos.

– Ele tá em casa? – o olhei.

– Não, ele precisou sair, queria falar com ele?

– Não, é melhor assim. Eu vou lá em cima fazer minha mala. 

– Pode me dar um pouco de água, por favor? – Channie pediu.

– Claro. 

– Eu não vou demorar, Channie. – ele assentiu e foi para cozinha com o Luhan. Subi as escadas e fui para o quarto, minhas coisas já estavam arrumadas em cima da cama. Deixei a mochila dele em cima da cama e quando iria descer o Luhan entrou no quarto.

– Não precisava fazer minhas malas.

– Eu achei que seria mais prático, sabia que você não viria sozinha e não queria que ficasse algum clima estranho caso o Baekhyun viesse junto. 

– Entendi…

– Será que você pode me explicar o que aconteceu entre você e meu irmão? Ele disse que você mudou com ele do nada.

– Não foi do nada. Ele mentiu pra mim.

– Mentiu? Sobre o que?

– Pergunta a ele.

– Mas quero que você me conte sua versão primeiro.

– Ai Lu, acho melhor deixar isso pra lá. 

– Não vai mesmo me contar? Vocês brigaram? 

– Não teve briga, mas é complicado. – ele suspirou. 

– Algum dia as coisas entre vocês vão deixar de serem complicadas?

– Eu não sei. – sorri e o abracei – Obrigada por ter me ajudado e cuidado de mim esses dias. 

– Não tem que agradecer. Sabe que estou aqui sempre que precisar. 

– Eu sei. – beijei seu rosto – Agora preciso ir, porque ainda temos que ir ao mercado. 

– Tudo bem, depois a gente se fala melhor. – assenti e descemos juntos. Channie estava sentado na escada. 

– Você foi mesmo rápida. – ele me olhou, sorri. 

– Mais uma vez obrigada por tudo, Lu. – quando abri a porta dei de cara com o Suho, abaixei o olhar e sai sem falar com ele. Channie me seguiu depois de se despedir deles.

– Eu devo ignorar isso? – perguntou me encarando.

– Com certeza. – ele balançou a cabeça e deu de ombros, antes de sair com o carro.

– Posso te perguntar algo? – fiquei o olhando esperando – Rolou algo entre vocês durante esses dias? 

– Não. Por que você e a Yujin acham isso? 

– Não sei, eu fiz a mesma pergunta ao Baek, foi apenas curiosidade.

– Por que você perguntaria isso ao Baek? – ele arregalou os olhos.

– Nada.

– Agora você vai falar. – me virei no banco para olha-lo melhor.

– Por nada, mas você via que ele e a Sooyun estavam bem próximos, só queria garantir que ele não fez nada de errado. 

– Baek seria incapaz de fazer isso comigo, não deveria desconfiar do seu amigo. 

– Eu sei, só queria confirmar… – ele ficou em silêncio um tempo e depois me olhou – Mas e você?

– Eu o que? – voltei a olhar ele.

– Teria coragem de trair ele? 

– Eu vou fingir que nem ouvi isso. 

– Desculpa. Mas ele é meu amigo.

– E eu sua amiga é você me conhece, sabe muito bem que nunca faria isso com ele. 

– Eu sei que não faria isso por mal, mas também sei que você gosta do Junmyeon. 

– Channie, por favor, só esquece isso. Eu não fiquei com o Suho e nem vou ficar. 

– Eu acredito em você. É que vocês dois ficaram muito estranhos ontem depois de ver que os dois dividiram o quarto.

– Baek também ficou? 

– Sim.

– Ele disse o motivo? 

– Não quer que o Junmyeon faça mal a ela. – ele me olhou – E o seu motivo? 

– Depois a Yujin te explica. Só vamos mudar o rumo da conversa por favor. – ele assentiu e começou a falar sobre coisas aleatórias. 

(...)

Estava deitada com o Baek, enquanto eu conversava com meus pais ele jogava no celular. Me despedi deles e me virei para ele e fiquei o observando jogar. Tão viciado! nem percebeu que fazia uns cinco minutos que eu o observava.

– Ganhei trouxa! – comemorou, me fazendo rir. 

– Achei que ainda estivesse falando com seus pais.

– eles estavam indo para casa da minha vó. 

– É muito ruim esse lance de fuso horário, né? – falou colocando seu celular na mesa de cabeceira. 

– Nem me fala. 

– Eles não pensam em vir visitar você aqui um dia? 

– Eles sentem vontade, mas por enquanto não vai dar. – me deitei em seu peito.

– Quem sabe nas próximas férias. Você ainda pretende ficar aqui quando se formar certo?

– Claro que sim. – levantei o rosto para olhar para ele – Ou pretende se livrar de mim? – ele sorriu. 

– Não estou falando sobre mim, mas por você mesma. 

– Eu quero muito continuar aqui, mas vamos ver no que vai dar.

– Você vai ficar sim. – ele sorriu e eu fiz um bico, mas ganhei um beijo na testa.

– Vamos dormir? Estou cansado. 

– Eu também. – desligamos os abajures e ele se virou de costas, beijei a pele descoberta de suas costas antes de abraçar ele – Boa noite.

– Boa noite. – ele beijou minha mão e voltou a segurá-la na altura de seu peito 

(...)

As aulas recomeçaram enfim e agora era voltar a rotina de estudos. Depois de comprimentar os amigos do Channie, Yujin, Baek, Jaeho e eu fomos em direção a nossa sala. Caminhávamos conversando, quando chegamos vi Taewoo conversando com um amigo. 

– Oi estranho! – falei com ele e recebi um abraço.

– Que saudade da melhor professora de todas. – ele falou me fazendo rir, me afastei um pouco para olhar pra ele e fiquei segurando seus braços. 

– Como você tá bronzeado, onde foi passar as férias? – perguntei o reparando.

– Eu fui para Austrália com um amigo.

– Que sorte, e nós congelando nas montanhas de Pyeongchang, mas foi incrível.

– Apesar do frio lá é muito bonito. 

– É verdade, mas nada comparado a uma praia.

– Mesmo com risco de um tubarão branco surgir no meio do seu passeio? 

– Aí eu prefiro a neve. – falei rindo – Mas você disse que foi com um amigo, e o namorado não foi junto? – ele coçou a nuca – Desculpa não quis ser indiscreta.

– Tudo bem, você não foi. Nós terminamos antes da viagem. 

– Eu sinto muito, sei como términos são ruins. – voltei a abraçá-lo.

– Mas está tudo bem. – ele sorriu – Acho até que já estou amando outra pessoa.

– Sério? isso é ótimo, eu fico muito feliz por você. – sorri fazendo carinho em seu braço.

– Muito linda essa interação, todos estão morrendo de saudades dos colegas, mas agora é hora de estudar. Para quem não me conhece sou o professor Yun Yongseok, e agradeceria se fossem todos para seus lugares. 

– Chegou animado né? – Baek comentou depois que nos sentamos, apenas ri.

As aulas foram seguindo tranquilas, alguns professores eram novos e outros já conhecíamos. Durante toda a manhã não havia visto o Suho, não que eu esteja reclamando. É até melhor assim, mas estava acostumada a ele ser o professor do primeiro horário das segundas, será que esse ano ele não dará aula para nós?

– Sabe o que eu estranhei? – Yujin falou do nada.

– O que? – Baek perguntou, apenas a olhei, estava de boca cheia para perguntar algo.

 – Não ter aula do Suho no primeiro período. – Chanyeol colocou a mão na testa – O que foi? Ainda estou no pique do ano passado.

– Eu estou dando graças, assim não preciso olhar pra cara dele. Quando acho que ele tá ficando aceitável a história se repete.

– Que história, Baek? – o olhei e ele começou a beber seu refrigerante.

– Na minha turma só teve um professor novo até agora. Eu achei que fossem dois, mas era a Sra Moon, ela apenas pintou o cabelo. Vocês viram? Ela tá platinada agora.

– Por mim ela poderia ficar careca, não quero esbarrar com ela por aí. – Yujin deu uma cotovelada no namorado e ele a olhou confuso.

– Mas vocês gostaram do professor novo? 

– Chato como qualquer professor. – Baek deu de ombros. 

– Eu achei ele legal, mas tem que lutar muito para pegar o lugar de professor preferido. – os três me encararam – Gente, eu tô falando da Sra Choi.

– Que susto, por um segundo eu achei que você estivesse falando  do… Ai Yujin! Para de me bater. – Channie reclamou após levar mais uma cotovelada. 

– Então cala a boca, bebê. – olhou séria pra ele e ele se deu conta do que fez ficando sem graça.

– Em todo caso ele nunca foi meu professor preferido. – olhei para o Baek que continuava comendo normalmente – Baek, hoje você quer ir ao shopping comigo? Eu vi no Instagram que a loja de churros vai finalmente abrir, quero muito comer alguns. 

– Alguns? – Channie perguntou.

– Sim. – ele riu – O que me diz? 

– Hoje eu não posso. Eu marquei de ir na casa do Gikwang, vamos começar a organizar o novo campeonato. 

– É verdade. Aliás eu também vou é esse ano o troféu será meu.

– Pode ser depois das aulas então. – passei a mão por seu cabelo – Estou esperando essa inauguração a muito tempo.

– A tarde eu preciso ir a academia, não vou poder. – suspirei desanimada. 

– Tudo bem então, deixa pra outro dia. – mexi minha comida com os hashis. 

– Nós podemos ir na quarta. Aproveitamos e vamos no cinema depois. – ele falou.

– Pode ser. – sorri fraco e ganhei um beijo no rosto. 

– Hey, olha pra mim. – ele segurou meu rosto me fazendo olhar pra ele – Não fica triste, eu já tinha combinado as outras coisas.

– Eu já disse que está tudo bem. – falei o olhando.

– Se está tudo bem então quero um beijo. 

– Não. – ele olhou em volta e sorriu.

– Na falta de um pepero vem cá. – falou pegando um fio de macarrão do meu prato.

– A não, sem chances Baek. – falei rindo enquanto ele aproximava o hashi da minha boca.

– Por favor. – ele fez um bico e eu eu acabei aceitando ele pegou a outra ponta e fomos comendo até tocarmos nossos lábios. Escondi meu rosto com as mãos envergonhada, enquanto o casal ria da gente – Estamos bem, não é? – assenti e ganhei mais um selinho. 

Voltamos para sala e como nada é perfeito a aula seguinte era a do Suho. Ele nos comprimento, mas eu o ignorei.

– Vai insistir nisso até quando? – Yujin me perguntou. 

– Como eu disse até minha raiva passar. – ela rolou os olhos.

O resto da semana as coisas se repetiram, por mais que eu soubesse que estava errada eu não conseguia falar com ele, sempre que pensava em tentar eu me lembrava da Sooyun atendendo a porta e depois o celular dele, e isso me deixava com raiva. Mas ao mesmo tempo me sentia culpada por estar sendo tão egoísta, eu não estava com feliz com o Baek? Então porque não poderia aceitar que ele estivesse seguindo em frente como eu mesma falei para ele fazer? Essa confusão de pensamentos e sentimentos não saiam da minha cabeça, então eu resolvi fazer algo. 

Era quinta à noite, Baek e eu havíamos saído para jantar e quando voltamos ele dormiu cedo, estava cansado do treino. Mas eu não conseguiria pegar no sono. Eu precisava falar com o Suho, e faria isso agora. 

Me levantei com cuidado da cama para não acordar o Baek, e peguei um vestido no armário. Me troquei, peguei minha bolsa e celular e sai. Chamei um uber e fiquei esperando ele na recepção e pedi que o Sr Bang me acompanhasse até ele. 

O caminho até a casa do Suho era curto então cheguei bem rápido. Estava um pouco nervosa, eu sabia que precisava conversar com ele, mas não tinha noção do que iria dizer. Paguei ao motorista e caminhei em passo largos até sua porta. Para meu alívio, ou não, ele atendeu a porta bem rápido. 

– (S/n)? – Me olhou surpreso antes de olhar em volta – O que você tá fazendo aqui? Você está sozinha? – olhou mais uma vez em volta.

– Sim, eu precisava falar com você. Posso entrar?

– Claro, mas você sabe que não pode andar sozinha, como convenceu eles a deixarem você andar sem companhia? – perguntou assim que entrei e ele fechou a porta e começou a andar até a sala, o segui.

– Eu meio que fugi. O Baekhyun pegou no sono e eu precisava muito falar com você, então eu vim escondida. – ele parou e se virou pra mim, me fazendo parar de andar também.

– O que eu perdi?

– Como assim? – perguntei confusa.

– Desde o dia seguinte a luta você nem olha na minha cara, eu tentei falar com você na faculdade e você simplesmente me ignorou. O que tem de tão importante pra falar comigo que fez você se arriscar desse jeito?

– É sobre isso. Eu preciso me desculpar com você. 

– Só isso? Você arriscou sua segurança por um pedido de desculpas? – ele me olhou incrédulo – (S/n) eu sinceramente, não sei se fico mais irritado por você me tratar daquele jeito sem um motivo aparente ou por você fazer uma loucura dessas por uma besteira. – ele segurou a testa e respirou fundo.

– Não é uma besteira. 

– É claro que é. Você poderia ter esperado pra falar comigo amanhã durante as aula ou o intervalo. – ele voltou a andar e eu o segui, ele se sentou no sofá.

– Eu não poderia.

– Pra quem vem me ignorando a uma semana, um dia faria tanta diferença assim? – olhei para minhas mãos, e ele respirou fundo – Me desculpa se estou sendo grosso, mas você me deixa confuso. Porque passou a me desprezar de uma hora pra outra? Eu achei que estávamos nos tornando amigos. 

– Esse é o problema. Toda nossa aproximação me deixou confusa e eu fiquei com raiva por você ter ficado com a Sooyun, mesmo sem ter o direito para tal coisa.

– Você acha que eu fiquei com ela? De onde você tirou isso?

– Eu vi vocês bebendo e ela dormiu no seu quarto não tem porquê mentir pra mim Suho. Não estamos mais juntos, você não me deve fidelidade e eu também não tenho direito de te cobrar, eu só fiquei irritada.

– Sim você está certa não devemos nada um para o outro, mas isso não significa que eu fiquei com ela. Eu falei pra você que não conseguia ficar com ninguém.

– Então qual foi a razão de você ter feito isso? – olhei em seus olhos.

– Eu não fiz nada. Na verdade me admira muito você cogitar que eu levaria uma criança para cama. 

– Vocês estavam bebendo juntos e na manhã seguinte ela atendeu sua porta, o que isso poderia significar?

– Que eu a ajudei? – falou abrindo os braços.

– Conta outra Suho. – cruzei os meus.

– (S/n) me escuta. Ela é apenas uma criança e me contou que… – ele fechou os olhos – O que ela me contou não é relevante a essa conversa. O que importa aqui, é que ela ficou bêbada com dois copos de shop. Logo em seguida a menina que ela estava dividindo o quarto falou pra ela dormir em outro lugar porque queria privacidade com o namorado. Eu resolvi levar ela de volta, não poderia deixar ela sozinha. Combinados que eu a deixaria em um quarto, mas ela vomitou o caminho todo, fiquei com medo de deixar ela sozinha e ela passar mal e não ter ninguém para ajudá-la.

– Isso é sério?

– Não tenho razão para mentir. Eu não fiz nada.

– Mas e o celular?

– Eu esqueci ele no carro dela. – fechei meus olhos, pensando no quão idiota eu fui – Era por isso que você estava me desprezando?

– Eu sou muito idiota, eu…

– Sim você é. – o olhei surpresa – Não adianta me olhar desse jeito. Eu fiz tudo que estava ao meu alcance para te fazer feliz e te deixar à vontade. Te entreguei a seu namorado e como sou retribuído? Por que fez isso comigo? – não consegui responder – E mesmo que eu tivesse feito, não estamos juntos você não pode vir aqui e brigar comigo desse jeito. Eu sei que te fiz muito mal e me culpo todos os dias por isso, mas você acha que está sendo fácil pra mim? Ver você feliz com outro e ainda sim me esforçar para aceitar tudo de coração aberto, já que para mim a única coisa que importa é a sua felicidade? Você acha justo toda essa merda comigo? Acha que tem o direito de se zangar por uma suposta noite de sexo que eu tenha quando você está dormindo ao lado de outro cara toda noite?

– Suho eu…

– Você disse pra mim que não tem volta pra nós dois, eu tentei aceitar, mas a única coisa que consegui nesses dias foi voltar a me apaixonar por você. Eu queria mostrar pra você que sou um homem diferente, que posso ser melhor, mas o que eu ganho em troca? Ódio? Desprezo? Eu sei que você não me perdoou, mas achei que pelo menos já havíamos superado isso. – seus olhos estavam com lágrimas como os meus – Você não vai dizer nada? – olhei para cima tentando segurar a vontade de chorar. 

– O que posso dizer se estou completamente errada? – ele se aproximou de mim.

– O que me deixa pior não é isso, a pior parte dessa merda toda é porque eu realmente achei que aí dentro. – ele apontou para o meu coração – Você estava conseguindo ver que não sou mais o mesmo. Mas pelo jeito pra você eu ainda sou o mesmo babaca que te fez sofrer. Talvez eu mereça isso. Essa deve ser a minha penitência por ter feito tudo que te fiz. Mas pode ficar tranquila, eu irei me afastar. Eu não irei tentar mais nenhuma reaproximação, nem mesmo amizade. Eu entendi que você é mais feliz quando eu não estou por perto, então se é isso que você quer, eu farei. 

– Mas não é isso que eu quero. 

– O quer então?

– Não quero que você se afaste de mim. – suas pupilas dilataram e ele tocou o meu rosto e o segurou com as duas mãos. 

– Então me explica o que você quer, o que você quiser de mim e faço. – falou aproximando nossos rostos, quase colando nossas testas, sentia sua respiração quente tocar meu rosto.

– Eu não sei o que eu quero. 

– Se você disser que me quer, eu prometo te esperar. Eu não vou apressar você ou tentar interferir. Eu espero o tempo que for para ter seu amor. – fechei meus olhos e senti as lágrimas  escorrerem por minhas bochechas e quando ele capturou uma com a ponta de seu nariz tocando minha face. 

– Acontece que eu não consigo. – falei ainda de olhos fechados.

– O que você não consegue? – segurei uma de suas mãos e afastei de meu rosto. 

– Toda vez que olho pra você eu sinto todos aqueles sentimentos voltando, e esses dias aqui tudo fervilhou dentro de mim.

– E porque isso seria ruim? É pelo Byun? Como eu disse eu não tenho pressa, por você eu espero. – ele voltou a segurar meu rosto com as duas mãos.

– Não é por ele, é por mim. – abri meus olhos e vi seu olhar confuso procurando o meu  – No mesmo instante em que lembro de todo amor eu também lembro de cada palavra que você me disse, não só naquele estacionamento, mais depois também. Eu lembro do seu desprezo, do nojo e do ódio que você me olhava e todo sentimento bom vai embora. Eu não consigo mais sentir apenas amor. Eu sinto medo. Medo de que em qualquer momento tudo que criarmos de bom mude e aquele Suho volte. Foi e ainda é muito duro para mim lidar com o que aconteceu, eu não suportaria passar por isso mais uma vez. – ele se afastou e agora seu rosto estava tão molhado quando o meu. 

– Eu nunca repetiria esse erro, Eu fui imaturo, tive tanto medo de te perder que enxerguei tudo errado e acabei te afastando de mim, mas eu mudei, eu jamais repetiria esse erro, acredita em mim.

– Desculpa, mas eu não consigo. Eu tentei, Eu juro que tentei. Eu justificava sua atitude me culpando e fiz isso muitas vezes até que me dei conta de que eu não fiz nada de errado. Eu só não quero sofrer mais e nem te ver sofrer também. Eu quero que você seja feliz. Eu sei que minha cena estúpida de ciúme diz o contrário, mas as coisas ainda são muito confusas aqui dentro. – toquei em meu peito – Mas acho que o melhor para nós dois é seguirmos separados. – ele ficou em silêncio me olhando. Me virei para ir embora, mas ele me puxou pela mão me fazendo virar para ele.

– Eu não acredito em você. Eu sei que ainda me ama, por favor me diz que um dia ainda vamos ficar juntos. – ele roçou nossos narizes, fechei meus olhos e mais lágrimas caíram, sentia meu coração doer. Toquei em seu peito, uma parte de mim queria muito aquele beijo e dizer que ele poderia esquecer tudo que acabei de dizer que eu o amo e que só sei ser feliz a seu lado. Mas até quando duraria essa felicidade? Eu deveria ser firme e seguir a voz da razão. Suho me fez muito mal e não há um caminho para nós dois. Mesmo que isso doa, uma hora nós  vamos superar.  

– Por favor, não insista. Essa é a minha decisão. – ele colou nossas testas por alguns segundos antes de se afastar. 

– Eu não vou desistir de você.

– Se você quer minha felicidade, por favor, desista. – ele negou com a cabeça. Me afastei dele e fui embora. Caminhei rápido pelo gramado indo em direção ao ponto de ônibus, eu só queria sumir dali. 

Vi que um homem caminhava no outro lado da rua na mesma velocidade que eu e me dei conta que estava na rua, de madrugada e sozinha. Eu não deveria ter feito isso. Quando parei o homem também parou de andar e se virou para atravessar a rua vindo em minha direção.