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História My Boss - Porque você é assim?


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Olá amores, como estão? Eu peço desculpas pela demora, mas minha vida tem se tornado ainda mais corrida do que antes. Eu estou tendo pouco tempo para digitar, para ler, para tudo. Vocês já devem estar cansadas das minhas explicações, mas eu queria que vocês entedessem que não sou eu. Eu tenho minhas obrigações e agora mais do que nunca. Eu sei que a maioria quer me matar por toda essa demora, mas agora eu estou trabalhando e só estou em casa no período da noite, isso até eu começar a minha faculdade. Depois eu só terei tempo no fim de semana e olhem lá. Eu pensei muito durante essa semana e estava pensando em excluir a fanfic para não ficar em divída com vocês, porém eu sei que se eu fizer isso, ficarei com um peso nas costas depois. Então, eu acho melhor eu postar quando der, do que excluir e ver meu trabalho e todas as nossas conquistas, indo por água abaixo. A partir dessa postagem, eu não mais ideia de quando posto. Pode ser amanhã, hoje ainda, próximo mês ou no próximo ano. Eu não sei mesmo. Agora fanfics estão fora do meu planejamento e eu não vou quebrar a cabeça sendo que eu tenho mais coisas importantes a fazer. Eu não vou abandonar vocês, espero que não me abandonem também.

Adianto que, esse capítulo não ficou legal, ficou chato, entediante, mas não podemos só ter coisas felizes na fanfic, certo? Sempre tem que ter algo pra deixar as coisas mais complicadas kkkk Mas ficou chato, prometo melhorar no próximo <3

Quero dedicar esse capítulo mais uma vez para as MINHAS Ninfovirgens. Obrigada por me ajudarem a ter inspiração sempre, meninas KKKKKKK Também quero dedicar pra minha mais nova amiga, Renata <3 A gente que tá sofrendo muito ultimamente, mas estamos aí. Espero que gostem do capítulo.

Quero agradecer a todos os comentários do capítulo anterior, aos novos favoritos, vocês são demais. Sem palavras pra descrever <3 Eu espero que gostem desse capítulo, apesar de não ter ficado grande, ficou chato e sem graça. Eu particularmente achei.

Enfim, boa leitura a todos. Amo vocês demais <3

Capítulo 22 - Porque você é assim?


Fanfic / Fanfiction My Boss - Porque você é assim?

Capítulo 22 — Porque você é assim?

 

Mais tarde naquela noite, eu mal consegui me concentrar no que a professora explicava lá na frente. Mesmo que os meus olhos estivessem atentos a ela, meus pensamentos permaneciam em outro alguém. Mais precisamente ao que acontecera horas atrás. Eu ainda podia sentir o calor do corpo de Louis junto ao meu. Porém, o pior não era isso. O pior era assimilar o fato de que tudo que eu menos queria acabou acontecendo novamente. Eu me deixei levar pelo desejo, deixei que ele me tocasse de novo. E de novo, eu fui uma fraca porque não conseguia negar a ele. Onde foi parar a Lisy feminista e que prometeu a si mesma que jamais se renderia a um cara? Onde foram parar as minhas forças para resistir a Louis? Eu não era assim. Não era pra ser assim. Tudo estava errado.

Não que eu estivesse arrependida — porque se fosse assim eu não teria me entregue novamente — mas eu podia sentir certo pesar nas costas. Não era só pelo detalhe de Louis ser meu chefe e sim por ele ser comprometido. Eu imagino como Eleanor se sentiria se soubesse do ‘’caso’’ que eu tive com Louis. Mesmo que eu não vá com a cara dela, ninguém tem direito de ser traído. Isso é uma das piores coisas que existem no mundo. E em meio a essa história, eu sou a vilã. Sou a personagem mais horrível e desprezível.

Não, não, não. Aquilo tinha que parar, eu tinha que dar um basta. Sei que não deveria ter deixado as coisas irem tão longes, mas ainda havia tempo de parar. Mesmo que doa, mesmo que eu me machuque e mantenha essa ponta de amor por Louis, seja lá o que tivéssemos, precisava de um ponto final. Eu iria seguir a minha e Louis seguiria a dele com Eleanor, como sempre foi. Pode ser que não seja tão fácil como é falar, mas eu conseguiria. Nada é impossível quando se tem força de vontade. E acreditem, eu tinha muita.

Fui tirada dos pensamentos quando o sinal tocou e provocou um susto repentino devido a minha distração. Arrumei rapidamente os livros dentro da mochila e assim que terminei, eu saí da sala sem nem me despedir da professora.

Eu precisava chegar em casa logo e dormir. Ou pelo menos tentar.

 

 

Dormir naquela noite foi complicado. Tudo o que Matt e mamãe tinham me falado, se transformou em um bolo enorme de neve e fincou em minha cabeça de uma maneira que eu não conseguia arrancá-lo. E aquele bolo se tornava em imensas duvidas. Em um segundo eu queria me afastar de tudo aquilo e no instante seguinte, eu me via presa ao chão como se houvesse toneladas de cimento em meus pés me impossibilitando de andar. Perdi as contas de quantas vezes eu me revirei na cama a procura do sono que parecia querer não ser encontrado. Minhas pálpebras pesavam, mas meus olhos não se fechavam permanentemente. Esforcei-me para conseguir dormir, até cobri a cabeça com o cobertor, mas de nada serviu. A insônia provavelmente iria me fazer companhia aquela noite.

 

Depois de muito me revirar na cama, acordar a cada dez minutos, eu finalmente consegui pegar no sono. Era uma pena isso ter acontecido quando eu já precisava acordar. No momento em que o despertador tocou, eu afundei minha cabeça no travesseiro e desejei profundamente que o barulho parasse e os dias corressem logo para o sábado, só assim eu não teria que acordar tão cedo e nem sair daquela cama quentinha. Já não aguentando mais, eu ergui o braço até alcançar aquele objeto escandaloso e por fim tudo ficou em silêncio. Me virei ficando de barriga pra cima e passei as mãos pelo rosto. Bocejei longamente buscando forças para jogar o cobertor para o lado e pular da cama.

Suspirei profundamente e me sentei ainda com o cobertor envolto aos meus braços. Olhei para o lado observando o dormitório escuro. Será que eu não podia passar o resto do dia ali? Sem ver ou falar com ninguém. Recuperar o sono perdido na noite anterior ou ficar apenas deitada comendo muita besteira e vendo filmes na tevê. Ainda era terça-feira e provavelmente eu iria ficar a semana toda m sentindo daquele jeito.

Ainda sem querer, eu me levantei bocejando mais uma vez e já me livrando do pijama. Minha disposição estava em uma escala abaixo de zero e a caminhada até o banheiro tornou-se algo quase impossível de se fazer. Tratei de fazer uma higiene rápida, jogando apenas uma água no rosto, uma escovada nos dentes e um hidratante facial pra amenizar a expressão de sonolência.

Voltei para o quarto e rapidamente eu troquei de roupa. Peguei as primeiras peças que eu vi no guarda-roupa. Camiseta preta sem nenhuma estampa, um jeans médio, sapatilhas e um casaco por cima de tudo. Dizem que a cor de roupa que você usa geralmente está relacionada ao seu humor diário, eu estava começando a acreditar nesse dito. Passei um pouco de perfume na região do pescoço até próximo a garganta e peguei minha bolsa antes de sair do quarto. Desci as escadas e ao chegar na cozinha, eu recebi os olhares estranhos de mamãe e Micaela.

— O que foi?  —perguntei abrindo os braços.

— Você parece que saiu de um furacão.  —Micaela respondeu interrompendo o percurso da xícara de café até a boca.  — Ou um furacão saiu de você.  —franziu o cenho.

— Ah cala a boca! Eu só não tive uma boa noite de sono.  —procurei uma xícara pra mim no armário.  — E quando eu consegui dormir, já era hora de acordar.

— Podia ter me avisado, querida. Eu teria feito um chá pra você.  —mamãe disse calmamente.

— Não se preocupe, isso acontece. Todos tem insônia de vez em quando.  —passei a mão por seu ombro em forma de agradecimento e coloquei um pouco de café com leite na xícara.  — E você? Porque acordou tão cedo?  —perguntei à Micaela.

— Minha formatura está chegando e eu estou empolgada.  —respondeu bebericando mais um gole de café.

— Oh mesmo, eu me esqueci disso.  —sorri.  — Mal posso esperar pra que chegue logo a minha. Quero abrir meu próprio escritório e ser a que manda.

— Falta pouco, Lisy.  —mamãe me confortou.

— Queria que isso fosse mesmo verdade.  —suspirei.  — Mas porque está fazendo planos agora? Que eu saiba ainda tem um mês até lá.

— Por isso mesmo. Não podemos deixar as coisas pra cima da hora. Temos que fazer tudo com antecedência para não ocorrer imprevistos depois.

— É só comprar um vestido e arrumar o cabelo. Não existe anormalidade pra isso.

— Você vê dessa forma. Eu não. Formatura requer uma grande preparação. Eu tenho que marcar horário no salão, escolher com calma o vestido e decidir quem será meu padrinho.

— Pensei que seria Caleb.   —mamãe disse estranhando.

— Depois do papai eu sempre quis que fosse o tio Samuel. Ele é meu tio favorito e o irmão mais chegado do pai.  —ela explicou.

— Pela primeira vez você disse algo bonito.  —brinquei.  — Agora eu tenho que ir. Vejo vocês mais tarde.

— Até logo.  —elas disseram juntas.

Sorri minimamente e dei meia volta até a porta. Coloquei os fones, dei play na primeira música e fui para a estação de trem.

 

 

Depois de vinte minutos eu desci do trem e caminhei em passos lentos até a empresa. Passei pela portaria e fui direto para o elevador. Guardei meu celular e os fones na bolsa antes de sair e chegar ao meu andar. Em poucos segundos eu já estava em frente a porta do escritório de Zayn. Entrei sem pedir permissão e no mesmo instante ele me encarou com um sorriso no rosto.

— Bom dia, cat.  —ele disse animado.

— Talvez nem tão bom, mas bom dia pra você também.  —joguei a bolsa em cima da minha mesa e fui me sentar de frente para ele.

— O que aconteceu para te deixar mal assim?  —perguntou quando eu ainda me jogava na cadeira.

— Não consegui dormir muito bem na noite passada.  —relaxei os ombros.  — Deixei para refletir sobre a minha vida na pior hora do dia.

— E pra onde essa reflexão toda te levou?  —Zayn se levantou dando a volta na mesa e se sentando ao meu lado.

— A maior parte dela foi sobre coisas inúteis, sabe? Faculdade, trabalho, essas coisinhas.  —ri no final.

— E qual foi a outra parte?

— Fiquei imaginando como vai estar a minha vida daqui alguns anos e eu confesso que isso me assustou mais do que deveria.

— Por quê?  —ele se reencostou na cadeira e ficou em silêncio pra que eu continuasse.

— Acho que o futuro sempre vai ser algo que me causa certo temor. Eu tenho medo de não conseguir as coisas que eu quero, não ter mais as pessoas que eu amo ao meu lado ou até mesmo acabar sozinha com quarenta gatos morando comigo.  —arregalei os olhos ao pensar na possibilidade.

— Você é dramática, sabia disso?  —Zayn tirou sarro ajeitando as mangas da blusa xadrez até os cotovelos.  — Primeiro, você é uma pessoa esforçada e eu tenho certeza que vai conseguir o que quer. Segundo, as pessoas que te amam de verdade jamais sairão do seu lado. Terceiro, a ultima coisa no mundo que você vai ficar, é sozinha.

— Sabia que se eu conversasse com você, me animaria.  —sorri.  — Acho que vou te sequestrar e te levar pra casa.  —me curvei pra me aproximar um pouco do seu rosto e sussurrei.

— Viu só? Não precisa de quarenta gatos. Apenas um pode te servir.  —ele piscou e eu ri sem graça.

— Você é mesmo impossível.  —balancei a cabeça negando.

— Só disse a verdade.  —falou como se não se importasse.  — E além do mais, eu sei que você gosta.

— Como pode acreditar nisso?  —escorei meu cotovelo no joelho e apoiei o rosto na mão.

— Porque você dá uma risadinha e tenta disfarçar mexendo no cabelo.

— Meu deus, isso é sério?  —questionei.  — Não creio que esse gesto me entregou.

— Sei mais coisas sobre você do que você mesma.  —gabou-se.

— É bem provável que isso seja verdade. Acho que nem eu me conheço tão bem assim.

— Que bom que concorda. E já que estamos aqui conversando eu quero lhe fazer um convite. Não é nenhuma festa ou algo tipo, é mais uma noite de bebedeira entre amigos.  —ele coçou a nuca sem jeito.  — Styles e eu vamos fazer um encontro de colegas amanha a noite lá em casa. ‘Tá afim de ir?

— No meio da semana? Não deveria mudar para o sábado?

— Você parece a minha mãe falando assim. E seria um bom argumento se não fossemos adultos.

— Você diz isso porque não faz faculdade e tem seu próprio apartamento.

— Só tem um jeito de resolvermos isso.  —ele se levantou e escorou ambas as mãos nos braços da minha cadeira.  — Vem morar comigo.

— É algo em que eu possa pensar com carinho.  —coloquei a mão em meu queixo como se estivesse refletindo.  — Mas tudo bem, eu vou.

— Morar comigo?  —maliciou ele.

— Não, ainda não.  —bati em seu peito.  — Eu quis dizer que vou amanhã.

— Não sei se isso me alegra tanto.  —fez bico.

— É bom se contentar.  —apertei sua bochecha.  — E não me faça mais essas propostas tentadoras.

— Você também gosta delas.  —ele se afastou.

— Vai ficar dizendo o que eu gosto agora, é isso?  —ri mais uma vez.  — Preciso descobrir coisas sobre você também.

— Não tem muita coisa pra saber sobre mim, acredite.  —ele falou certo.  — Você já sabe o suficiente.

— Por enquanto, mas não vou deixar quieto.  —ameacei.  — E então, o que vamos fazer hoje? Só conversar?

— Quase isso. Hoje eu não tenho tarefa pra você, porém Louis sim. Ele disse que te chamaria na sala dele, só que Eleanor está aqui hoje e pedi pra ele que só falasse com você, quando ela estivesse longe. Já deu pra perceber que vocês duas não podem ficar mais um segundo no mesmo lugar e eu fiz esse favor.

— Obrigada, Zayn.  —agradeci sentindo um aperto chato no peito.  — Bem, agora só me resta esperar.

— Quer almoçar comigo hoje?  —ele perguntou calmamente.  — Pelo jeito vou ficar sozinho mesmo.

— É claro que sim.  —respondi logo.

 

 

As horas demoraram a se passar como nunca. O tempo que correu até o almoço, foi o suficiente para que eu cochilasse duas vezes em cima da mesa de Zayn. Eu tentei ao máximo para não cair no sono, mas foi impossível. Meus olhos estavam ardendo e a qualquer momento eu iria dormir novamente. Eu precisava urgentemente da minha cama. Da segunda vez que eu vacilei, foi Zayn quem me despertou. Ele me balançou gentilmente e tirou meus cabelos caídos no rosto.

— É hora do almoço, a não ser que você queira ficar aqui.  —ele me estendeu a mão.

— Eu sou, é só que estou quase morrendo de tanto sono.  —bocejei rapidamente e segurei sua mão.

— Então vamos.

Me levantei ajeitando minhas roupas e tentando abaixar os fios rebeldes do meu cabelo. Peguei a minha bolsa antes de sairmos e Zayn enlaçar a minha cintura com o braço.

— Fala sério, eu ‘to horrível.  —escondi as mãos nos bolsos do casaco.

— Não, você está ótima. Até fica fofa com esse cabelo bagunçado.

— Zayn!  —repreendi-o sem acreditar.  — Isso deveria ser um elogio, mas só consigo enxergar um insulto.

— É brincadeira, cat. Você está linda.  —ele deu um beijo em minha bochecha enquanto saíamos do elevador.

— Sei, sei.  —falei com sarcasmo.

Nós dois rimos e foi a minha vez de passar a mão por suas costas. Em caminho à saída, eu me deparei com a cena que eu menos queria ver. Eleanor e Louis estavam escorados no balcão da recepção. Ele segurava na cintura dela e Eleanor estava de costas. Os dois pareciam estar resolvendo algo importante, pois sequer desviavam o olhar para outro canto. Senti Zayn me apertar um pouco mais forte em seus braços e eu suspirei profundamente tentando não me abater. Quando finalmente o olhar de Louis encontrou com o meu, eu pude perceber o exato momento em que ele endireitou os ombros e não desgrudou por nenhum segundo a atenção de mim e Zayn. Eu consegui não demonstrar nenhum sentimento e um aceno rápido com a cabeça foi o único cumprimento que ele recebeu da minha parte. Talvez o fato de que Zayn estava ao meu lado me fez ficar menos chateada. Juro que fiquei aliviada quando passamos pela saída e demos as costas para aqueles dois.

 

 

Zayn preferiu que fossemos de carro até o restaurante mais próximo, já que eu estava quase dormindo em pé. O que não adiantou muito porque eu acabei cochilando outra vez no banco. Isso resultou em uma cara ainda mais inchada e uma gargalhada de Zayn. Sinceramente eu estava sem animo pra tudo. Sem fome e até mesmo sem vontade de falar.

No restaurante, a única coisa que eu pedi foi uma macarronada ao molho e para beber um suco de laranja.

— Porque ‘tá me olhando assim?  —Zayn perguntou sem graça quando eu mantive meu olhar sobre ele durante algum tempo.

— Vendo se consigo descobrir algo sobre você.  —respondi bebendo um gole do meu suco.

— Acha que vai conseguir isso só de olhar o modo como eu como?  —ele riu passando o polegar pelos lábios. Arqueei uma das sobrancelhas e gargalhei em seguida.  — Oh meu deus, não acredito que levou isso no duplo sentido.

— Eu não falei nada.  —me defendi.  — Só estava pensando.

— Pensando em que, senhorita Lisy?  —Zayn riu de canto e eu senti meu rosto esquentar.

— Não é isso, bobo. Eu estava pensando no que responder e não em você comendo.  —demorei alguns segundos pra refletir o que eu tinha falado.  — Droga, agora eu estou pensando. Culpa sua.  —cobri meu rosto com as mãos.

— Você é quem está pensando, não eu.  —ouvi sua risada.

— Tudo bem, chega. Deve ter outro modo de fazer isso.

— Se você diz.

— Para, Zayn.  —pedi envergonhada.  — Você me deixa sem graça.

— Eu? Mas o que foi que eu fiz? Eu estava falando numa boa, agora você é a pervertida aqui.  —ele apontou o dedo em minha direção.

— Não é isso. Eu não estava pensando em nada, mas quando você falou, eu pensei mesmo não querendo. Foi automático.  —fiz cara de séria, mas ri logo em seguida.  — Deixa eu terminar de comer.

— É melhor.  —ele concordou.

Terminamos de comer em silêncio, apenas algumas risadinhas de vez em quando. Ainda existia uma parte em mim que queria perguntar a Zayn sobre o nosso beijo de algumas semanas atrás. Eu sei que foi apenas uma vez e sem motivos nenhum. Quer dizer, aquilo não teve significado, não é? Nós dois estávamos um pouco alterados por conta da bebida. Apesar de eu ter gostado — eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não gostei — eu não sei se houve algum sentimento para Zayn. Pra mim foi algo momentâneo. Porém, eu queria saber a opinião de Zayn. Queria perguntar a ele sobre aquilo e descobrir o que ele sentiu. Eu não sei dizer o porquê nós nunca tocamos no assunto, talvez ambos de nós tivesse medo de algo mudar em nossa amizade e não termos mais essa proximidade toda. Assim que eu soltei o garfo dentro do prato, eu abri a boca pronta para indagar a minha curiosidade à Zayn, eu fui impedida pelo garçom. Bufei irritada, mas aceitei que tinha sido melhor daquela forma. Provavelmente aquela não era a hora certa.

— Vão querer mais alguma coisa?  —o rapaz perguntou simpático.

— Estou satisfeita.  —falei e Zayn consentiu.

— Com licença.  —ele disse deixando a conta em cima da mesa e saindo de perto de nós.

— Vou pagar isso aqui e depois podemos ir embora.  —Zayn observou o relógio em seu pulso.  — Temos dez minutos para voltar ao trabalho.

— Quanta empolgação.  —dei risada.  — Então vamos logo antes que eu durma aqui também.

— Seria engraçado.  —comentou.

— Claro, porque não seria você.  —mostrei a língua.

— Para de ser chata, cat. E como você disse, vamos logo.  —Zayn bagunçou meus cabelos.

— Sai daqui, idiota.  —me levantei batendo em seu braço.

Não demorou mais do que dois minutos e nós já estávamos voltando para as Indústrias Tomlinson.

 

 

Quando já se aproximavam das três da tarde, eu estava organizando alguns documentos em pastas no computador para Zayn. Foi a única coisa que eu encontrei pra me distrair um pouco e não entrar no completo tédio. Zayn havia saído para resolver alguns assuntos com Harry e eu fiquei sozinha. Eu detestei ficar no silêncio e já que não tinha ninguém olhando, eu coloquei os fones e deixei o volume no máximo, fiquei acompanhando o ritmo da musica batucando a caneta na mesa. Me livrei do casaco e fiquei apenas com a camiseta. Joguei meus cabelos todos para um lado só e continuei a trabalhar no computador. Em um segundo, eu bati a caneta com mais força na mesa e ela acabou caindo no chão. Me curvei um pouco para pegá-la e quando levantei, eu tomei um susto que quase caí da cadeira.

— Você quer me matar?  —perguntei abaixando o volume da música.

— Fones são proibidos no trabalho, querida Lisy.  —Louis puxou-os dos meus ouvidos.

— O que você quer?  —mudei totalmente de assunto enquanto jogava o celular em cima da mesa.

— Não devia falar comigo dessa maneira.  —ele tomou uma postura ereta.  — E não se trata do que eu quero e sim o que você vai fazer.

— Pode ser rápido? Não estou muito afim de ouvir as pessoas hoje.  —cruzei os braços.

— O que deu em você?  —ele perguntou mexendo em alguns papeis em cima da minha mesa.

— Eu estou com uma dor de cabeça terrível e morrendo de sono.  —respondi em meio a um suspiro.  — Por favor, seja compreensivo só dessa vez.

— O que estava escutando aí?  —apontou para o meu celular. 

— Louis!  —falei zangada.  — É sério.

— Tudo bem.  —ele escorou as mãos na beirada da mesa e me encarou.  — Preciso que vá comigo á Clifton nesse fim de semana. Eu consegui um novo sócio lá, vou me encontrar com ele e não quero ir sozinho.

— Eu lamento, mas não vou.  —me mantive séria.

— O que? Porque não?  —ele parecia incrédulo.

— Porque eu não quero. Eu sou sua funcionária e não uma acompanhante de negócios.

— Não pode me responder assim, eu sou seu chefe.

— Exato. Você é o meu chefe e não o meu dono.  —respondi.  — E não vou com você.

— Você sempre aceitou ir comigo nessas merdas, porque mudou de ideia agora?

— Eu já disse que não quero. Você não precisa saber os meus motivos.

— Então é isso?  —ele aumentou o tom de voz.  — Você não quer ir e eu tenho que aceitar?

— Isso aí.  —mexi no celular para não encará-lo.

— Olhe pra mim quando eu estiver falando com você.  —ele segurou em meu pulso.

— Você já sabe a minha resposta, Louis.  —puxei meu braço.  — Agora se me der licença, ainda tenho alguns documentos pra organizar.

— Fique a vontade.  —sua expressão de raiva no rosto chegava a ser engraçada, mas eu preferi não rir naquele momento.

Louis saiu da sala batendo a porta com força e assim que eu me vi sozinha, suspirei aliviada e joguei meu corpo contra a cadeira.

— Um ponto pra mim.  —murmurei.

 

 

Finalmente havia chegado a hora de ir embora. Como Zayn ainda não tinha aparecido, eu resolvi salvar todos os arquivos em um pen-drive e pedir a Valery para que o entregasse depois. Eu detestava ter que trocar qualquer tipo de palavra com Valery, mas não iria demorar. Vesti o casaco, peguei a bolsa junto com o pen-drive e saí da sala. Olhei mais uma vez no relógio do celular para ter certeza que meu horário ou expediente havia mesmo acabado. Corri para o elevador e esperei até chegar ao andar da sala. Quando isso aconteceu, eu tive o desprazer de encontrar Eleanor sentada na cadeira de frente para Valery. Ela mexia no celular e enrolava uma mecha de cabelo no dedo indicador. Já Valery estava digitando algo em seu notebook. As duas pararam o que estavam fazendo quando eu bati na porta aberta.

— Em que posso ajudar, Monroe?  —Valery foi a primeira a se pronunciar.

— Será que pode entregar isso para o Zayn?  —dei o pen-drive a ela.  — São alguns arquivos que ele me pediu para organizar e como ele e Harry ainda não apareceram, achei melhor deixar com você do que levar para casa.

— Pode deixar que eu entrego sim.  —porque toda aquela gentileza dela não me enganava?

— Obrigada. —agradeci.

— Não vai dizer oi pra mim, Lisy?  —Eleanor se manifestou ironicamente.

— Oi.  —arrumei minha bolsa no ombro e dei meia volta para ir embora.

— Espera!  —ela exclamou.  — Eu quero te dar uma coisa.

— Vai recusar, obrigada.  —falei ainda de costas.

— Você nem sabe o que é, garota.  —sua voz debochada me fez parar e me virar para fitá-la.  — Vejo que se interessou.

— Não gosto que me chamem de garota.

— Do que quer ser chamada? De mulher?  —ela riu jogando a cabeça pra trás.

— Só Lisy. Assim é melhor.  —coloquei as mãos na cintura.

— Pra mim é irrelevante.  —ela se levantou da cadeira e veio em minha direção.  — O que eu quero te dar é isso...  —ela mexeu na bolsa e tirou de dentro um envelope rosa pink e me entregou. 

— O que é isso?  —perguntei.

— É um convite para uma festa que eu realizar daqui duas semanas. Por algum motivo Louis pediu que eu convidasse todos os funcionários dele. —aquilo explicava o porque dela estar ali.  — Eu só aceitei porque ele me deixou vir até aqui quando quiser.  —um sorriso apareceu em seus lábios.  — Você não precisa ir, mas caso vá, ao menos use uma roupa descente. Minha festa não é uma dessas fanfarras que você deve estar acostumada a frequentar.

— Nem sei por que ainda parei pra te ouvir.  —revirei os olhos.

— Não fique nervosinha, Lisy.  —ela e Valery deram risada juntas.

— Tchau.  —acenei com a mão e saí dali antes que eu arrancasse fio por fio dos cabelos daquelas duas.

Coloquei os fones novamente nos ouvidos e consegui felizmente ir embora. Naquele momento a única coisa que iria me fazer bem, seria a minha cama.

 

 

Ao passar pela porta da minha casa, eu deixei a bolsa escorregar pelo ombro e fiquei carregando ela pela mão até chegar ao meu quarto. Nem tive tempo de me jogar na cama direito e Micaela entrou gritando feito uma louca. Puxei o travesseiro o agarrando como se o estivesse abraçando.

— Lisy, tenho boas noticias.  —ela se ajoelhou no meu colchão.  — Eu marquei o dia para irmos ao salão fazer os cabelos.

— Não quero fazer penteado, Micaela. Desmarca o meu.  —enterrei a cabeça na espuma.  — E sai já daqui, eu quero dormir.

— Tem mais novidades, irmãzinha.  —ela começou a pular me fazendo sair da posição.  — Achei uma loja ótima de vestidos no centro, precisamos ir lá semana que vem.

— Micaela, eu escolho minhas coisas. E eu não quero papo agora, por favor.  —pedi mais uma vez.

— O que aconteceu?  —ela se jogou ao meu lado.  — Você ‘tá bem?

— Eu estou com sono, minha cabeça parece que vai explodir e também um pouquinho de aperto no coração.  —indiquei o pouco com os dedos.

— Você está sofrendo de amores, Lisy. É a coisa mais normal do mundo. 

— Isso vai passar?  —perguntei fechando os olhos.

— Vai depender de você.

— Com tantas pessoas no mundo porque tinha que ser justo ele?  —me aninhei em seu peito e ela começou a acariciar meus cabelos.  — É como se ele fosse proibido pra mim.

— Eu acho que vocês combinam, sabia? Ele é tipo aqueles bad boys e você a mocinha. E também acho que ele sente o mesmo por você.

— Eu duvido muito. Mas agora eu só quero esquecer isso e dormir.

— Vou ficar aqui até você pegar no sono.  —Micaela depositou um beijo em minha testa.

— Obrigada.

Apesar de eu e Micaela termos nossas desavenças, nós sempre estávamos ao lado uma da outra. Nós duas éramos como Tom e Jerry, por mais que brigássemos não vivíamos longe. E aquele abraço e aquelas palavras me confortaram muito.

 

 

No dia seguinte, eu acordei bem mais disposta e mais animada. Primeiro, porque o fim de semana estava mais próximo e depois porque eu estava um pouco ansiosa para a reunião de amigos de Zayn. O despertador não me foi tão incomodo e levantar da cama aparentou ser mais fácil naquela manhã ensolarada de quarta-feira. Tive que tomar um banho para tirar o resto da preguiça que ainda existia, me arrumei (1) e passei um blush rosinha no rosto pra criar um pouco mais de cor.

O engraçado é que até o caminho para o meu trabalho foi mais divertido. O que uma boa noite faz com uma pessoa?

Não demorei mais de dez minutos para chega a estação de trem e menos de vinte até as Indústrias. Eu queria ver Matt e conversar um pouco com ele, mas eu não o vi no dia anterior, teria de arrumar um tempo para ao menos desejar um bom trabalho, dar sinal de vida ou seria cobrada depois. Do jeito que Matt é dramático, seria capaz de fazer um show de caras e bocas por causa disso. Queria contar a Matt sobre o convite de Eleanor e também sobre a ida a casa de Zayn junto com Harry — tudo bem que isso não era uma coisa fantástica — só que eu precisava compartilhar. E Matt sempre tinha os melhores conselhos.

Quando cheguei ao escritório, Zayn me recebeu animado e com um abraço apertado.

— Bom dia, cat.  —disse depois que me soltou.  — Espero que esteja melhor do que ontem.

— Bom dia e eu estou ótima. Consegui dormir bem e acordar melhor ainda.  —respondi.  — E você? Porque está tão empolgado?

— Só quero que a noite chegue logo. Vai ser bom passar um tempo com você e o Styles.

— Você falando assim parece que só vamos os dois.  —estreitei os olhos para ele.

— Mas só vão vocês dois mesmo.  —Zayn riu.  — O que achou que seria? Um encontro de cem amigos?

— Não. Uns vinte, talvez.  —balancei os ombros.  — Mas porque só a gente?

— Harry e eu nos juntamos às vezes pra conversar um pouco, falar sobre coisas toscas, beber e zoar. Achei que você estava precisando disso também.

— Você acertou. Estou mesmo precisando disso. Mas não posso ir embora tão tarde, não se esqueça que amanha eu ainda trabalho.

— Fica tranquila, antes das onze, você já vai estar em casa.  —ele piscou.

— Vou confiar.  —sorri.

Após isso eu me organizei em minha mesa e esperei até Zayn me dar alguma tarefa ou eu mesma achar uma para fazer.

 

 

O horário de almoço chegou mais rápido do que eu imaginava. Zayn pediu que eu fosse novamente almoçar com ele, mas dessa vez eu tive que chamar Matt para ir conosco ou ficaria mal depois. Matt quase me esgana por eu ter deixado de falar no ele na terça-feira. Mas por sorte, eu sobrevivi. Zayn apenas deu risada e ficou do lado de Matt. Nós três resolvemos ir ano mesmo restaurante que ficava próximo dali. Zayn nos levou sem reclamar e junto com Matt, os dois me faziam rir. Acho que eles foram feitos pra me animar quando as coisas estivessem feias.

Zayn e Matt eram duas pessoas que eu nunca poderia deixar de ter conhecido na vida. Parece que eles precisavam estar ao meu lado para que eu não ficasse mal e soubesse enfrentar algumas coisas e pessoas. Eles eram uns dos poucos que eu confiava e podia contar sempre.

— Eu não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome.  —Matt comentou depois que saímos do carro.

— Você não está sozinho, cara.  —Zayn deu um tapinha em seu ombro.  — Então vamos logo entrar e matar essa fome.

Entramos no restaurante, eu entre Zayn e Matt e os três conversando. Não foi preciso muito esforço para enxergar uma cabeleira encaracolada sentada em uma das primeiras mesas do lugar. Assim que Harry nos avistou, ele acenou com a mão e sorriu largamente. Ao seu lado estavam o loiro do dia do jogo e do penteado charmoso, Niall e Liam. O que encurralou não foi aquilo, mas sim o fato de que na mesma mesa que eles, estavam Louis e Eleanor. Louis mantinha a cabeça baixa e ela parecia observar a conversa de Harry e os garotos.

— Quer sentar com eles?  —Zayn perguntou depois que Harry nos convidou com outro aceno de mão.

— Eu não sei.  —respondi mordendo o lábio inferior.  — Já até perdi o apetite agora.

— Não dê esse gostinho a ela. Mostre que você é superior.  —ele sussurrou para mim.  — E eu vou estar aqui com você.  —seus dedos desceram lentamente pelo meu braço até encontrarem os meus e se entrelaçarem.

Eu não via segundas intenções naquele gesto, existia apenas um companheirismo e amizade, então eu apenas sorri e assenti balançando a cabeça. Segurei com mais força a sua mão e ouvi um risinho vindo de Matt. Cutuquei seu braço discretamente com o cotovelo.

Caminhamos até a mesa e eu ainda estava receosa, entretanto, não havia nada a temer. Timidamente, eu puxei uma cadeira ficando de frente para o casal maravilha, Niall e Harry. Liam acabou ficando na ponta da mesa, Zayn ao seu lado e em seguida, eu e Matt. Cumprimentei rapidamente os meninos e tomei coragem para encarar Louis. Ele agora batia freneticamente os dedos na mesa. Niall começou um assunto qualquer e em poucos segundos até Matt estava papeando.

— O que vai pedir?  —Zayn perguntou se aproximando um pouco.

— Eu não sei.  —rodei mais uma vez os olhos pelo cardápio.  — Estou dividida entre dois pratos daqui.

— Peça os dois, oras.

— Ficou louco? Você quer me engordar, Zayn?

— Talvez eu até queira, mas não desse jeito.  —ele cochichou em meu ouvido e no mesmo instante eu senti meu sangue ferver.

— Meu deus, você é louco.  —cobri meu rosto com o cardápio para tentar amenizar a vergonha e o safado continuou a rir de mim.

— Porque não dividem a piada conosco? Eu também quero rir um pouco.  —Louis chamou a atenção de todos na mesa.

— Não começa, Louis.  —Zayn pediu suspirando.

— O que foi, Zayn? Eu só quero saber o motivo do riso de vocês. Será que não posso?

— Não é nada que deva se preocupar, Tomlinson.  —Zayn silabou o sobrenome e eu traguei uma boa quantidade de ar, transferi no olhar para o dois impacientemente.

— Deixa eles, amor.  —Eleanor empurrou-o levemente pelo braço.  — Com certeza devem estar falando sobre eles. A propósito, vocês formam um belo casal.

Eu e Zayn provavelmente nos engasgamos com nossa própria saliva. Já que começamos a tossir no mesmo instante.

— Nós não somos um casal.  —Zayn afirmou passando o braço pelo meu ombro.  — Lisy e eu somos apenas ótimos amigos.

— Tem certeza? Não parecem ser só amigos.  —Eleanor continuou.

— Mas nós somos.  —tratei de cortar o assunto falando rispidamente.

— Qual é, pessoal?  —Harry quebrou o clima tenso.  — Não vamos discutir agora. É hora de comer, por favor, deixemos as adversidades para outro século.

— Tem razão, Styles. Não é hora para discussões.  —Liam concordou.

Nos minutos seguintes, todos fizerem os seus pedidos e eu optei apenas por um refrigerante com muito gelo. Até o presente momento, os goles que eu havia tomado não se passavam dos dois. O que mais me incomodava de estar sentada ali era os olhares de Louis. Eu fazia o possível para não encará-lo, porém mesmo não o olhando, eu sentia suas pupilas azuis pesando sobre mim. Matt brincava com o garfo em seu prato sem exibir nenhum interesse. Eu já me encontrava na torcida para a hora passar logo e eu pode rir embora.

— Você tem certeza que não quer comer nada, Lisy? Pode se sentir mal depois.  —Zayn disse preocupado.

— Não, obrigada. Eu estou bem.  —falei e sorri.

— Que lindo vocês dois.

— Vai começar com isso de novo, Eleanor?  —Louis se manifestou.

— O que foi? Eu só fiz um comentário, querido.  —ela suspirou.  — Pensa só... isso não seria tão ruim. Assim ela namoraria alguém e para de dar em cima de você.

— Porque continua insistindo nisso?  —perguntei.  — Você se faz de idiota ou o que?

— Desculpe se te magoei, Lisysinha. Mas essa sua cara de santa, não me engana.

— Por acaso, já se olhou no espelho? Não me confunda com você, por favor.  —revirei os olhos.  — Se tem alguém aqui que tem duas caras, é você. E é uma pena você só usar a feia.

— Como é?  —disse boquiaberta.  — Querida, dá pra fritar um pastel com o óleo que tem nesse seu cabelo.

— Quer mesmo começar com os insultos?  —desafiei.  — Sabe, já estou até começando a ficar com falta de ar, já que esse seu nariz enorme ‘tá roubando todo o oxigênio do lugar.  —eu me mantive séria, mas os da mesa riram, inclusive Louis.

— Meninas, por favor...

— Cala a boca, Harry.  —eu e Eleanor dissemos juntas.

— Foi mal.  —ele se encolheu na cadeira.

— Você não passa de uma interesseira, invejosa e infantil.

— Porque eu teria inveja de você? Inveja de alguém que é sustentada por um cara e não consegue nada sem usar o sobrenome do namorado? Ah sim, eu tenho muita inveja.  —ironizei.

— Você não me conhece, garota. Nem sabe com quem está mexendo.

— Socorro! Agora eu definitivamente estou com medo.  —arregalei os olhos.

— Porque você é tão sínica e irritante?  —ela se desencostou da cadeira e pronunciou com raiva.  — Porque não se coloca no seu lugar e age como você realmente é? Uma estagiaria de merda?

Fechei os olhos contando até dez mentalmente buscando uma calma de onde eu sei que não existia mais. Apertei o copo de vidro entre os meus dedos e a contagem foi interrompida antes de chegar ao numero cinco. Ouvi a voz de Matt, mas eu só senti o momento em que minhas pernas me fizeram ficar de pé, jogar a cadeira um pouco para trás e o meu braço ordenar a minha mão o movimento seguinte. Todo o liquido escuro que existia em meu copo foram direto para o rosto, cabelo e a roupa de Eleanor. Percebi Louis tentar se afastar para não ser atingindo pelas gotículas e depois olhar atordoado para a namorada.

— O que você faz sua maluca?  —ela passou as mãos pelo cabelo e pela blusa branca.

— Eu vou deixar claro uma coisa, Eleanor. Você é quem não me conhece aqui.  —suspirei profundamente.  — Eu nunca precisei dar em cima de ninguém pra conseguir alguma coisa, eu não sou uma garota perfeita que usa roupas de marca e muito menos dessas que todo fim de semana está em um país diferente. Eu sempre me esforcei pra tudo, sempre corri atrás e eu não admito que uma qualquer como você venha me falar essas porcarias. Você tem tudo nas mãos, nunca sequer vai saber o que acordar todos os dias de manhã para trabalhar e trombar com esse tipo de situação. Eu não sei o porquê você me odeia, nem sei se existe algum motivo para isso. A única coisa que eu quero sua, é respeito. De resto, eu não quero nada que venha de você. Não quero sua vida, não quero sua gratidão e muito menos seu namorado estúpido.  —bati o copo com força em cima da mesa.  

Peguei minha bolsa pendurada na cadeira e agradeci a Zayn pelo convite do almoço.

— Você não quer uma carona?  —Zayn perguntou.

— Dessa vez não. Mas obrigada, Zayn. Eu amo você.  —depositei um beijo em sua bochecha e depois na de Matt.

Dei meia volta até a saída. Eu sei que armar um barraco em um local público não era a coisa mais ética a se fazer, porém eu estava tão presa em sentimentos que eu precisei desabafar e dizer aquelas coisas. Eu só queria ter asas e poder voar para o mais longe possível.

— Lisy, Lisy espera...  —ouvi sua voz quando eu já eu dei o primeiro passo na calçada, mas continuei a andar ignorando aquele som até sua mão agarrar meu pulso e me obrigar a encará-lo.

— O que você quer, Louis? Não acha que eu já escutei o bastante por hoje?  —tentei controlar as lágrimas que se formavam em meus olhos.

— Lisy, você sabe... eu sei que você não é nada daquelas coisas. Você é uma pessoa incrível, eu não sou tão bom com as palavras, mas eu te conheço bem e sei como é a verdade Lisy.  —ele fez questão de enxugar uma lágrima que correu pelo canto da minha bochecha.  — Você não é só uma estagiaria, Lisy. Você é...

Ele demorou alguns segundos para responder e eu juro que senti as pontas dos meus dedos tremerem tanto que eu achei que fossem cair a qualquer segundo. Quando Louis abriu a boca para continuar, uma buzina alta nos fez acordar do transe e eu puxar meu braço.

— Eu preciso ir, Louis. Até mais.  —despedi-me com um aceno e voltei para o meu percurso caminhando na direção oposta de Louis.

Embora eu tente tirar você da minha cabeça
A verdade é que me perco sem você

 

 

Já se passavam das sete da noite quando Zayn me ligou para avisar que já estava chegando na minha casa, de fato eu estranhei porque eu pensei que eu tivesse que ir até o apartamento dele. A única coisa que eu fiz, foi tomar um banho rápido, dar um jeito no cabelo e procurar uma roupa que eu me sentisse confortável. Escolhi um short jeans preto, camiseta branca, uma jaqueta jeans enorme e allstar. De maquiagem apenas um brilho labial e o perfume costumeiro.

Pela primeira vez mamãe não me questionou sobre com quem eu iria sair, pra onde ia e que horas ia voltar. Na verdade, ela nem sequer se preocupou por eu ter faltado na faculdade mais uma vez. Pensei em perguntar a ela se estava tudo bem, mas ouvi a buzina do carro de Zayn soar lá fora. Dei um rápido beijo em sua bochecha e disse a ela que não demoraria a estar em casa de novo. Sua resposta foi apenas um ‘divirta-se e cuidado’. Mas o que será que deu nela?

Saí de casa colocando meu celular no bolso da jaqueta e correndo até o carro.

— Olá meninos.  —cumprimentei Zayn e depois Harry que estava no banco de trás.  — Pensei que Harry fosse aqui na frente.

— Nem pensar que eu vou andar com um cara ao meu lado.  —Zayn balançou a cabeça e eu dei risada.

— Ele diz isso, mas me ama.  —Harry disse enquanto o carro arrancava a partida.

— Muito Harry, muito.  —Zayn aumentou o volume da rádio.

 

 

Já em seu apartamento, eu me distraía fuçando a coleção de CDs de Zayn em busca de alguma música legal para se escutar. Depois de alguns minutos, eu achei um com uma faixa que eu conhecia e resolvi colocá-lo no som. Logo a melodia de Thrift Shop se espalhava pela sala e por todo o apartamento. Harry se matava tentando abrir uma garrafa de cerveja e Zayn me entregava uma.

— Boa escolha.  —ele se referiu a música.

— Eu gosto dessa, me dá vontade de dançar.  —comentei dando o primeiro gole na minha bebida.  — Então, o que vocês costumam fazer quando se reúnem assim?

— Harry só fala de garotas e em como o cabelo dele está bonito.  —Zayn se jogou no sofá de frente para mim e Styles.

— Como se você não falasse disso também.  —Harry apontou o dedo para ele.  — Mas hoje vamos fazer diferente, como temos uma garota presente, ela será a nossa vitima.  —os dois me olharam.

— Certo, agora eu fiquei com medo.  —pisquei várias vezes seguidas.  — O que querem dizer com vitima?

— Vamos fazer uma brincadeira. Se chama Eu nunca.  —ele se levantou.  — Melhor fazermos isso na cozinha.

— Pensei que essa brincadeira só existisse nos filmes.  —falei o acompanhando junto com Zayn.

— Hoje não.  —ele virou a cabeça um pouco trás e piscou.

Harry colocou três copos em cima da mesa e Zayn pegou algumas bebidas. Ele encheu os copos até o limite e nós nos sentamos. Eu fiquei de frente para os dois.

— Vamos começar.  —Harry se animou.  — Você primeiro, Lisy.

— Porque eu? Sou péssima pra essas coisas.

— Primeiro as damas.  —ele bateu seu copo no meu.

— Tudo bem, deixa eu pensar.  —mordi o lábio.  — Eu nunca nadei pelada.  —falei a primeira coisa que veio na cabeça e Harry foi o único que bebeu.

— Eu nunca transei em lugar publico.  —Harry falou e Zayn deu o primeiro gole em sua bebida. Olhei-o de certa forma espantada.  — Onde foi?

— Essa não é a brincadeira, Harry.  —ele respondeu sem graça e eu senti um leve ciúme me bater. Sim! Eu estava com ciúmes do meu amigo.  — Minha vez. Eu nunca fui pra cama com duas pessoas.  —ele terminou e Harry bebeu, sinceramente eu já estava me sentindo excluída da brincadeira. Zayn o olhou de um jeito engraçado e eu dei risada.

— Sou eu. Eu nunca fiquei com alguém em uma balada.  —Harry e Zayn beberam.

— Eu nunca transei no escritório.  —Styles se pronunciou e foi a minha vez de beber. Os dois me olharam surpresos e eu achei melhor ficar sem silêncio.

— Eu nunca fui pego fazendo coisa errada.  —Zayn falou e eu bebi junto com Harry mais um gole de puro álcool.

— Eu nunca realizei alguma fantasia sexual.  —timidamente eu consegui dizer e os meninos beberam de novo.

— Eu nunca desejei alguém que eu não posso ter.  —eu e Zayn ingerimos mais um pouco da bebida.

Naquele mesmo momento eu senti meu celular vibrar no bolso e imediatamente eu atendi. O número marcado na tela não me era conhecido, então eu atendi logo.

— Alô.  —falei primeiro.

Lisy? Preciso falar com você.  —droga, era a voz de Louis.

— Só um segundo, eu não estou te ouvindo muito bem, vou trocar de lugar.  —me levantei da cadeira.  — Meninos, eu já volto.

Como assim meninos? Onde é que você está, Monroe?  —ele perguntava enquanto eu caminhava até a sacada do apartamento.

— Não importa. O que você quer me falar?  —perguntei.

— Lisy, vamos pedir pizza. Você quer?  —Zayn gritou da sala.

— Eu adoraria, Zayn.  —gritei de volta, mas acabei falando mais do que deveria.

Zayn? Você está na casa do Zayn? Isso pode ser brincadeira.  —ouvi seu suspiro pesado do outro lado da linha.  — Eu juro que acabo com a raça do Malik se ele ousar a tentar algo com você.

— Quer parar de ser idiota? Eu estou aqui porque quero. Zayn é meu amigo e eu gosto dele. E a propósito, ele ‘tá lindo hoje.

Cala essa boca. Você não pode... você nem deveria estar ai. Porra, eu vou matar esse Zayn.  —eu posso estar errada, mas juro que ouvi o barulho de algo se quebrando no fundo.

— Vai me falar o que você quer ou não? Eu estou um pouco ocupada agora.  —falei impaciente. Eu não queria falar com Louis, mas queria provocá-lo e eu sei que estava conseguindo.

Eu deveria me socar até sangrar por estar preocupado com você e você ai na casa de outro cara.  —não, eu não ia me abater por aquilo. Louis não estava preocupado comigo, ele só queria me deixar mal.

— Você deve ter algo melhor pra fazer, não perca seu tempo comigo.

Eu nunca perco meu tempo quando se trata de você, Lisy.  —sua voz amansou.  — Pensei que soubesse disso.

— Eu tenho que ir, se quiser falar comigo depois, tudo bem.  —senti um vento frio soprar em meu rosto.

Vai me trocar por ele? Não acredito nisso.

— Não estou trocando ninguém. Só vou fazer as minhas coisas e você fica fazendo as suas, como sempre foi.

Ok, tudo bem.  —senti o sarcasmo.  — Mas escute Lisy, se eu ao menos sonhar que rolou alguma coisa entre vocês, eu juro que esqueço que o Malik é meu amigo e você já pode começar a se despedir dele. Zayn não é nem louco de relar um dedo em você.

 — Você me assusta falando assim.  —eu não brinquei.

Não é você quem deveria ficar assustada.  —ele alertou.  — Nós estamos avisados. É bom que você saiba que é minha. Só minha.

— Louis...  —o chamei.  — Eu não posso ser de uma pessoa que já pertence a outra.

— Lisy...  —ele disse baixinho.

— Tenha uma boa noite.  —foi a ultima coisa que eu disse antes de desligar o aparelho e voltar para perto dos meninos.

— Quem era?  —Zayn perguntou enchendo seu copo com mais bebida.

— Ninguém importante, vamos continuar o jogo?  —respondi com um peso nas costas.  — Sua vez, Harry.

Continua...


Notas Finais


(1) http://www.polyvore.com/lisy_monroe/set?id=126559222
Qualquer coisa falem comigo pelo ask: http://ask.fm/natymooreira
Ou pelo twitter: http://twitter.com/twdirections
Até a próxima anjos <3


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