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História My Boss - Tem como ficar pior?


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


Eu nem sei o que falar aqui hoje, na verdade, eu nem sei como estou aqui hoje. Eu ainda não acredito que nós passamos dos 6.200 favoritos. Gente, parece um sonho pra mim. Jamais imaginei que minha fanfic fosse chegar tão longe e tudo isso graças a vocês. Eu estou sem palavras, não sei como agradecer corretamente. Só quero que saibam que eu fico muito grata por cada um desses favoritos, cada um dos comentários, cada uma das visualizações. Eu não seria nada sem vocês, obrigada mesmo, de todo o coração. Vocês não tem ideia de como eu estou feliz, honrada e orgulhosa. Obrigada, obrigada, obrigada <3 <3

Eu espero que gostem desse capítulo, não sei se ficou tão bom, mas eu até gostei >< Me desculpem qualquer erro.

Pra quem não sabe MSB só vai até o capítulo 30, então só temos mais 6 capítulos. Farei o possível para postar todos até o fim de outubro. E eu já estou aqui com o coração na mão :(

Ah, recomendo a todos que leiam esse capítulo ouvindo Incomplete do BackStreet Boys, tenho certeza que vai ficar mais emocionante :) Enfim, anjos, espero que gostem e uma ótima leitura a todos <3

Capítulo 24 - Tem como ficar pior?


Fanfic / Fanfiction My Boss - Tem como ficar pior?

Capítulo 24 — Tem como ficar pior?

 

Meus olhos piscaram várias vezes seguidas observando a pessoa parada a minha frente. Olhei-a de cima a baixo só para ter certeza se o que eu estava vendo era mesmo real ou uma miragem. Senti um calor de nervosismo subir por minha nuca e se espalhar por toda região do pescoço. Abri a boca para pronunciar algo, porém, nada saiu. Nenhum som, nenhuma palavra. Minhas pernas tremeram um pouco e eu me segurei na porta para conseguir me manter em pé.

— O que ‘tá fazendo aqui?  — perguntei depois de algum tempo. Esperei uma resposta, mas o olhar de Louis passava por cima do meu ombro e se direcionava diretamente para Zayn.  — Louis? Eu te fiz uma pergunta.

— Obrigado pela ótima recepção.  — ele comentou revirando os olhos e logo em seguida voltou com a expressão séria.  — E o que ele está fazendo aqui?  — apontou para Zayn.

— Isso por acaso é uma brincadeira?  — questionei novamente.  — Vocês dois combinaram de vir aqui? Qual é?

— O que vocês estavam fazendo?  — Louis passou por mim esbarrando em meu ombro e ficando de frente para Zayn.  — Porque está vestida dessa forma e na frente dele?

— Porque eu estou na minha casa. E o que você quer aqui?  — bati a porta e me aproximei deles cruzando os braços.  — Ok. Eu não estou entendendo nada.

— Louis, o que fazíamos não é da sua conta.  — Zayn respondeu calmo e relaxando os ombros. Juro que senti um medo anormal crescer dentro de mim. Se eu já não achava recomendável estar no mesmo lugar que Louis sozinha, eu entrava em pânico por estar com ele e Zayn, sozinha.  — E você? O que quer com a Lisy?

— Já chega de perguntas.  — dei um basta.  — Sou eu que estou confusa aqui. Louis é você que precisa me dar uma explicação. O que veio fazer aqui?  

— Não importa mais. Já percebi que atrapalhei vocês dois.

— Na verdade, atrapalhou mesmo. Eu e Lisy íamos começar a fazer algo legal até você aparecer.  — Zayn provocou e eu encarei pasma. Vi Louis ficar de frente para ele, e apesar de Zayn ser mais alto eu não conseguia enxergar nenhum recuo em Louis.

— O que você...  — Louis se calou e agarrou a camisa de Zayn com as duas mãos. — Eu sabia que você não era de se confiar.

— Louis, Louis...  — Zayn riu debochado.  — Você é um babaca. Não percebe o que está fazendo?

— Eu sei o que vou fazer. Vou quebrar toda sua cara, Malik.  — Louis o sacudiu.

— Ei, ei, ei. Vocês dois. Podem parar agora.  —coloquei-me no meio deles e afastei Louis.  — E nós não estávamos fazendo nada, Louis. Apenas conversando. Algum problema nisso?

— É Louis, algum problema nisso?  — Zayn repetiu encostando a cabeça em meu ombro e o encarando.

— Zayn, por favor.  — murmurei dando um passo para o lado.  — Louis, já que você não me responde, vai embora. E isso não é um pedido.

— E porque não manda ele embora?  — Louis enfatizou o ‘ele’.  

— Porque eu ainda tenho algumas coisas pra resolver com Zayn.  — olhei para Zayn e em seguida para Louis.  — E tudo isso é muito estranho.

— O que vão resolver?

— Ah você sabe, Louis.  — Zayn tornou a provocar e dessa vez Louis me tirou do meio.  — Já viu como ela fica linda de rosa?  — ele sussurrou e eu arregalei os olhos imediatamente desejando evaporar. Zayn era louco. Será que eu era a única que estava com medo ali?

— Eu já pedi para os dois pararem.  — aumentei a voz.  — Zayn pare de dizer essas coisas. E Louis, vai embora. Agora.

— Não. Enquanto ele estiver aqui, eu não vou embora.  — pela primeira vez ele me encarou.  — Eu não confio nele. Não confio no que vocês dois podem fazer quando estiverem a sós.

— Porque isso importa tanto? Não existe nada que nos impeça de fazer algo.  — foi a minha vez de provocar. Mas Louis merecia. O que levava uma pessoa a aparecer na minha casa e ainda querer satisfações da minha vida?

— Mesmo, Lisy?  — ele pronunciou mais calmo, como se estivesse surpreso e não de um modo bom.  — Nada? É bom saber disso.  — ele se virou pronto a ir embora, porém, uma última coisa dita por Zayn o fez parar no meio do caminho.

— Vai embora mesmo, Louis. Pode deixar que eu cuidarei da sua garotinha.  — arfei enquanto desviava o olhar rapidamente para os dois.

Na mesma velocidade que Louis se virou para ir embora, ele se virou para voltar. Ainda me correu a possibilidade que ele iria atacar Zayn com xingamentos, mas, infelizmente eu estava errada. Tremendamente errada.

A cena que se passou em frente aos meus olhos, foi o punho cerrado de Louis acertando de cheio o nariz de Zayn. O ouvi gritar algum palavrão e cobrir a região com a mão. Louis o segurou pela camisa e o jogou contra a parede. Foi só nesse momento que eu caí na real e percebi o que de fato estava ocorrendo ali.

— Desgraçado.  — Louis falou nervoso.

— Por favor, parem com isso.  — tentei me colocar entre eles, mas foi inútil. Tentei empurrar Louis para se afastar, entretanto eu mal conseguia matar uma mosca, menos ainda impedir um cara com raiva de bater no outro.  — Vocês estão me ouvindo?

— Anda, Tomlinson. Já se cansou? O que foi? Não gosta de ouvir a verdade.  — onde Zayn estava tentando chegar com aquelas provocações? Nas costelas quebradas?

— Filho da puta.  — segurei Louis pelos ombros e Zayn aproveitou a brecha para deferir o soco dessa vez.

— Você tem algum problema ou o quê, cara? Quando vai parar de ser tão idiota?  — Zayn usava as costas das mãos para limpar o sangue que escorria de seu nariz.  — Você é tão estúpido, Louis. Porque não para de agir como um otário e age como um homem?  — Louis aparentava estar zonzo por conta do soco levado na mandíbula e por mais que eu quisesse parar com toda aquela briga desnecessária, eu não iria conseguir.  — Você nunca vai aprender, não é?  — outro soco e Louis cambaleou para trás.

— Zayn!  — exclamei assustada.  — O que foi que deu em vocês? Porque estão agindo assim? Caramba, vocês são amigos.

Os dois nem sequer me deram ouvidos e eu me assustei ainda mais. Quando Louis conseguiu se recompor, ele partiu novamente para cima de Zayn e eu me apressei para apartar o inicio de novas pancadarias.

— Vou acabar com você, Malik.  — rosnou.

Gritei o nome dos dois e continuei sendo ignorada. Eu não passava de um ser invisível naquela sala.

— Vocês estão me ouvindo ou estão surdos?  — questionei em gritos.

— Poderemos conversar depois que eu quebrar a cara dele.  — Louis suspirou e fechou a mão pronto a socá-lo.

— Louis, não faz...  — e tudo se passou rápido demais.

Quando Louis iria bater em Zayn, outra vez, eu felizmente consegui pará-lo, mas não do jeito que eu havia planejado. O soco que deveria atingir Zayn, atingiu a mim e por sorte não foi tão forte para me fazer desmaiar. Senti uma forte ardência se formar em meu rosto e em seguida a dor. Tombei para trás sendo amparada por Zayn.

— Lisy! — ouvi Louis dizer preocupado enquanto Zayn me guiava até o sofá.  — Porra, o que foi que eu fiz?

— Você deu um soco nela.  — Zayn passou o polegar por minha bochecha.

— Não foi por querer, ela entrou na minha frente quando eu ia socar você. Me desculpa, Lisy. Você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas. Me desculpa, por favor.  — ele se desculpou tentando se aproximar, porém, Zayn não permitiu.

— Vai pegar gelo na cozinha, isso vai ajudar a não inchar tanto.  —Zayn disse sério.

— Porque eu tenho que ir? Porque você não vai?

— Porque não fui eu quem deixou ela assim. Agora vai, Louis.  — ele mandou e Louis obedeceu mesmo sem querer.

Minha cabeça parecia girar e isso não deixava minha voz sair, apenas poucos gemidos de dor. Eu não tinha ideia de que levar um soco surtiria tantos efeitos. Passei a mão pela região atingida, sentindo-a mais rígida do que o normal.

— Você ‘tá bem? — Zayn perguntou massageando suavemente o local.

— Estou, só... dói muito.  — choraminguei e Zayn riu.  — Não estava preparada para apanhar.

— Acredite, nem eu.  — sorrimos um para o outro.

— Você precisa limpar seu rosto.  — alertei-o lembrando que o meu deveria estar bem pior.

— Não se preocupe comigo. Vamos cuidar de você primeiro.

— Aqui, voltei. Desculpe a demora. Foi um pouco difícil fazer essa obra de arte.  — ele me entregou um pano de prato todo enrolado e com gelo.  — Foi mal, não encontrei nenhuma bolsa para colocar o gelo.  — explicou sem graça.

— Pelo menos você fez algo que preste.  — Zayn me ajudou a passar o gelo no rosto causando certo alivio instantâneo.

— Por favor, me deixa ajudar também.  — ele tentou se aproximar mais uma vez e dessa, foi eu quem recuou.

— Não, Louis. Fica longe de mim ou o próximo a ficar com o rosto machucado aqui vai ser você.  — tomei o pano das mãos de Zayn e me levantei.

— Eu já disse que foi sem querer, Lisy. Acha mesmo que eu iria te machucar dessa forma?  — ele berrou inconformado.

— Ah, eu não sei, Louis. Me diz você.  — rebati.  — Escuta, minha mãe está em um encontro, minha irmã deve estar se divertindo com o namorado dela nesse exato momento. E eu? Eu estou com o rosto inchado por culpa de dois idiotas. Eu juro que só não mato vocês agora porque não tenho dinheiro suficiente para fugir depois.

— Eu não queria te fazer passar por isso, Lisy. Eu sinto muito.  — Zayn falou vindo até mim.

— Eu sei disso, Zayn. Não precisa se desculpar.  — confortei-o.

— Eu vou indo. A gente pode terminar aquele papo outra hora.  — ele piscou e beijou minha testa.

— ‘Tá bom.  — concordei.

— Até mais.  — ele deu uma ultima olhada para Louis e saiu.

Observei até que ele batesse a porta e em seguida desviei para Louis.

— Você deveria fazer o mesmo.  — falei e apontei para a porta.

— Porque nele você acredita e em mim não?  — Louis perguntou aflito.

— Porque não foi ele quem veio até aqui causar confusão. Ao contrário de você, Zayn pensa antes de fazer as coisas.

— E o que você esperava? Que eu chegasse aqui e o abraçasse? Qual é, Lisy? Ele estava na casa da minha garota.

— Quer parar de dizer isso? Eu não sou sua. Quando é que vai entender isso?

— Porque você ainda teima com esse fato? Nós dois sabemos que é verdade.

— Não, Louis. Não é.  — neguei balançando a cabeça.  — É você quem está confundindo as coisas. Eu não pertenço a você e você não deveria estar aqui.

— Mas o Malik tem passe VIP com você, não é mesmo?

— Não coloque Zayn no meio disso. Ele é meu amigo assim como você. Os dois podem vir até aqui, podem dividir a amizade comigo. Mas é só isso.

— É muito bom saber que eu não significo nada para você.  — ironizou.

— Você entendeu errado, Louis.  — revirei os olhos.

— Porque disse a Zayn que não existia nada que os impedia de ficarem juntos?

— E existe?  — perguntei e ele se calou.  — Não existe, Louis. E mesmo assim eu não vejo Zayn sem ser como um amigo.

— É difícil acreditar nisso, vocês são muito próximos. Nem parecem amigos.

— Você não tem que acreditar. Aliás, você não tem que saber de nada. Minha vida, meus problemas e não seus.

— É isso que eu ganho por me importar com você?  — ele se aproximou ficando apenas alguns centímetros de distancia.  — Engraçado porque eu até cheguei a pensar que você se sentia igual.

— Eu me importo com você, Louis. É verdade.

— Se você se importasse, não me trocaria pelo meu melhor amigo, você não iria a casa dele e nem aceitaria aquele maldito beijo que ele te deu na boate.

— Eu não estou trocando ninguém, Louis. Eu não trato as pessoas como se elas fossem objetos.  — meu rosto latejou de dor quando eu sem perceber forcei o gelo no local.  — Porque você é assim, Louis? Porque é tão obcecado por mim? Chega a ser possessivo e isso me assusta, ás vezes.

— Porque nós temos algo, Lisy. Isso você não pode negar. E eu fico louco, pirado quando vejo que outro está ao seu lado e não sou eu.

Demorei alguns segundos para absorver todas aquelas palavras. No fundo eu me sentia mal por ter sido tão grossa porque Louis aparentava dizer a verdade. E talvez em um lugar ainda mais fundo, eu gostava de toda aquela sua obsessão.

— Louis, eu me importo sim com você. Caramba, você é meu amigo e...  — abaixei os braços sem saber o que dizer.

— Amigo, Lisy? Depois de tudo que passamos você ainda insiste em sermos só amigos? Caralho, você se entregou pra mim e eu a você, ainda acha que só o que nos une é a amizade?

— Aquilo não deveria ter acontecido.

— Você se arrepende?  — engoli o seco após escutar o tom amargurado de sua voz.

— Eu não me arrependo de nada. Mas as coisas seriam diferentes se eu pudesse voltar no tempo.

— Por exemplo? Ter me conhecido? Me beijado? Transado comigo? Ou até mesmo não passar os momentos que tivemos juntos?  — sugeriu.

— Pelo amor de Deus, Louis. Você acha mesmo que tudo isso foi certo? E quanto a Eleanor? Esqueceu-se dela? Você ao menos pensa nela quando está comigo?

— Não, Lisy.  — ele segurou meu rosto entre suas mãos, arfei.  — Sabe por quê? Porque eu não consigo pensar em nada quando estou com você.

Sua testa colou-se a minha e por um segundo a minha fala cessou-se. Atentei para seus olhos intensamente azuis. Eles ficavam ainda mais bonitos vistos de perto. Porque era tão complicado resistir a Louis? Porque eu simplesmente não podia ignorá-lo e fingir que ele não existia? Pensando bem, eu poderia fazer aquilo. Mas sempre teria um ‘’q’’ nele que me violava. E ali, naquele momento, eram muitos. Ficava ainda mais duro para eu ter que rejeitá-lo, quando sua respiração mesclava-se com a minha, quando seus olhos brilhavam tão próximo aos meus, quando seus lábios se umedeciam em um convite mudo para que eu mais uma vez me perdesse, quando seu corpo emanava um calor tão veemente, quando ele estava tão perto e eu tão vulnerável. Louis me afetava de forma alucinógena, seja pelo jeito rude falar, pelo cabelo estar bagunçado ou por sua camisa sem mangas deixar a mostra praticamente todas as suas tatuagens e... Jesus Cristo! Eu o queria tanto. Tanto, tanto que eu me sentia queimando por dentro e por fora.

Tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido
Estou acordado, mas metade do meu mundo está adormecido

— Louis, você tem que ir embora.  — falei sem mover um músculo.

— Você quer que eu vá?  — seu corpo terminou de se colar ao meu.

— Quero.  — respondi antes que minhas forças fossem embora e eu me rendesse àqueles terríveis encantos.  — Vai embora, Louis. Por favor.

Subitamente ele se afastou com uma expressão de desgosto no rosto. Senti meus dedos gelarem por conta do derretimento do gelo e os mesmos começarem a ficar dormentes.

— Essa é a sua decisão? Quer que eu vá embora depois de me humilhar aos seus pés. Será que isso não tem valor pra você?  — ele gritou.

— Você acha que é simples assim, Louis? Acha que a gente fica aqui se pegando na boa enquanto há outra te esperando em casa?

— Eu não me importo com Eleanor.  — confessou sem ao menos recear.

— Mas eu sim. Eu não me dou bem com sua namoradinha, porém, ela não merece isso. É traição, Louis. Você tem noção disso?

Eu não posso ser de uma pessoa que já pertence à outra.  — ele repetiu a frase que eu o havia dito dias atrás e riu de maneira sarcástica.  — E eu vou te contar uma novidade, Lisy.  — ele esticou a mão e segurou o meu queixo.  — Você não pode pertencer ao Malik e nem a outro cara, porque você é minha.

— Porque você veio aqui, Louis?  — virei o rosto para que ele me soltasse.  — O que queria comigo antes de tudo isso?

— Sinceramente? Eu só queria conversar, passar um tempo com você, saber como você estava.  — ele não quebrou o contato visual durante a falação.  — Infelizmente, Zayn já estava fazendo isso por mim.

— Nós só estávamos resolvendo um assunto, uma coisa interminada.  — passei o resto de gelo em minha bochecha.  — Nada demais.  — ele abriu a boca para pronunciar algo, mas eu o interrompi.  — Não, Louis. Você não precisa saber o que é. Chega de confusão por hoje. Eu só quero uma boa noite de sono pra poder descansar minha mente.

— ‘Tá certo. Como quiser.  — ele ergueu as mãos em forma de rendição.  — Eu não quero te atrapalhar em nada. E mais uma vez me desculpe por isso.  — apontou para o meu rosto e eu assenti.

— Pode ir agora.  — abaixei a cabeça para não ter que encará-lo depois de falar aquilo.

— Boa noite, Lisy.  — ele disse baixinho.

Pude sentir quando ele passou ao meu lado para chegar à porta. Eu tive que me segurar enquanto, por dentro, minhas estruturas desmoronavam. Aguentei firme para não voltar atrás com tudo e pedir para que ele ficasse ali comigo, para não dizer a ele o quanto eu o amava e o quanto eu o queria, para não gritar bem alto que eu pertencia a ele, somente a ele.

E foi em meio aqueles pensamentos que eu o deixei ir. Mesmo meu coração e alma querendo o contrário.

Me vi sozinha e desabei no sofá suspirando pesadamente e com lágrimas nos olhos. Quando foi que a minha vida havia se tornado tão complicada?

Eu rezo para que meu coração seja inquebrável
Mas sem você tudo que eu serei é... incompleto

 

 

O relógio preso à parede marcava quase duas horas da manhã, e ao invés de estar desfrutando minha cama quentinha, eu observava sentada na mesa da cozinha uma xícara de chá ainda pela metade. Eu até tentei dormir, mas os meus pensamentos borbulhavam tanto que eu mal conseguia fechar os olhos. O choro me dominou duas vezes e eu me sentia uma boba pelas lágrimas derramadas por algo que não aconteceu. Meus olhos ardiam, minha cabeça doía e meu corpo todo implorava por um descanso, só que infelizmente, aquilo não existia no momento.

Ao ouvir o barulho da tranca da porta, eu rapidamente enxuguei as poucas lágrimas que escorriam pelo meu rosto e me endireitei na cadeira. Eu sabia que era mamãe porque os sapatos não faziam barulho, se fosse Micaela acordariam o sono mais profundo existente. Assim que ela ligou a luz, o susto foi inevitável ao me ver. Mas também, que tipo de pessoa fica de madrugada na cozinha e ainda por cima no escuro?

— Oi mãe.  — falei sem graça.

— Lisy!  — ela suspirou com a mão pousada sob o peito.  — Você me assustou, querida.

— Desculpe. Eu só não estava conseguindo dormir, então vim tomar um chá.  — balancei a xícara e ela riu.  — Como foi o encontro?

— Foi melhor do que eu imaginava. Nós jantamos, conversamos, acredita que até dançamos?  — ela caminhou até a mesa e puxou uma cadeira.

— Fico feliz por você, mãe. A senhora merece.  — bebi o último gole de chá.

— Mas isso não importa agora. Me fala, porque não dormiu ainda? Algo te preocupa?  — ela se sentou de frente pra mim.

— Não é grande coisa.  — encolhi os ombros.

— Se não fosse você não teria perdido o sono, Lisy. Anda, querida. Pode falar qualquer coisa pra mim, eu sou sua mãe e estou aqui para te ajudar.  — ela me encorajou e eu inspirei algumas vezes antes de começar a falar.

— Mãe, você estava certa.  — ela me encarou esperando pelo restante.  — Eu me envolvi com Louis mais do que deveria.  — falei de uma vez.  — E agora eu não consigo afastá-lo, por mais que eu tente. Eu devia ter te escutado, deveria ter parado com tudo quando ainda tinha tempo. 

— Você não pode se culpar por se apaixonar, Lisy. Seria bom se pudéssemos mandar em nosso coração, mas infelizmente não nascemos com essa proeza.

— O pior de tudo é que ele não precisa de mim, ele tem outra que está sempre presente e eu sou apenas uma idiota.  — lutei contra as lágrimas que já se formavam outra vez em meus olhos.  — Eu não quero isso pra mim, não quero sofrer por alguém que não sente o mesmo.

— Você sabe se ele não sente o mesmo?  — ela franziu o cenho e eu assenti negativamente.  — Então não sabe os sentimentos dele, Lisy. Louis me parece um garoto bem fechado, que tem dificuldades para dizer o que sente. E você chega a ser pior do que ele.  — tive que rir.

— Eu não posso ser assim, mãe. Não com Louis. E eu sei que estaria sendo uma trouxa dizendo a ele o que eu sinto. E além do mais, ele tem a Eleanor e eu aposto como ele jamais a deixaria ela para ficar com uma garota feito eu e eu também não pediria isso á ele.

— Eu sabia que isso aconteceria, mas eu ainda tinha esperanças de que eu estaria errada. Sabe Lisy, sinceramente eu acho que vocês dois se gostam. Tanto você quanto Louis. Só precisam perder esse medo de admitir os fatos.

— Você não conhece Louis. Ele realmente é um cara difícil e às vezes eu chego a pensar que não tem sentimentos.

— Não o conheço tão bem quanto você, porém, eu conheço quando duas pessoas estão apaixonadas e vocês estão incluídos entre elas.  — ela escorou os braços na ponta da mesa.  — Eu consigo enxergar isso e sei que você também.

— Eu não quero sentir essas coisas por Louis. Gostaria de poder vê-lo apenas como meu chefe e só.  — movi meus dedos um contra o outro.  — É só que... ele meche comigo de uma maneira que nem eu entendo. É como se cada pedaço dele, cada coisa que ele falasse ou fizesse, me atingisse sem que eu pudesse me defender.

— O amor faz isso com as pessoas.  — mamãe falava calmamente.  — Escute bem, Lisy; eu entendo tudo isso que está passando e se for para vocês dois ficarem juntos, ninguém vai poder impedir. Mas, infelizmente, ele ainda é um rapaz comprometido e querendo ou não, isso é errado.

— Sim, eu sei.  — afirmei.  — E é exatamente por isso que eu me recrimino tanto por gostar dele. O que eu faço pra isso terminar de uma vez?  — minha voz saiu embargada.

— Vai ter que dar tempo ao tempo. É a única solução.  — lamentou.  — E você pode se afastar, isso vai ajudar um pouco.

— Eu já tentei isso, mãe. E o resultado você está vendo agora.  — suspirei.

— Você entendeu o que eu quis dizer, Lisy.  — ela lançou um olhar sugestivo e eu me calei.  — E você sabe que eu tenho razão.

— Mas mãe, não posso fazer isso agora. 

— Você pode sim, basta querer.  — cruzou os braços.  — Se você quer mesmo se afastar de Louis e deixar esse sentimento morrer, você precisa tomar uma decisão. Eu espero que dessa vez você faça a coisa certa.

— Eu também.  — abaixei a cabeça.

— Lisy? O que foi isso em seu rosto?  — ela se curvou para olhar mais de perto.  — Onde foi que conseguiu todo esse roxo?

— Ah, isso? Eu acabei cochilando um pouco no sofá e caí de cara no chão quando fui me virar.  — aquela mentira foi tão boa que soou convincente até para mim.  — Sou uma desastrada.

— Acho que pela manhã já vai estar melhor.  — ela sorriu e segurou em minha mão. — Agora você vai pro seu quarto e tente dormir, ok? Você precisa descansar, chega de quebrar a cabeça por hoje.

— É verdade.  — sorri de volta.  — Obrigada, mãe. Me sinto bem melhor agora.

— Não tem de quê, querida. Vou estar aqui sempre que precisar.  — ela falou.

Levantei-me da cadeira e antes ir para o meu quarto, eu a abracei e desejei uma boa noite. Subi as escadas em questão de segundos e fui ainda mais rápida para deitar e me cobrir. Foi relaxante encostar a cabeça no travesseiro depois de todo o estresse daquela noite. Pouco a pouco minhas pálpebras começaram a pesar e os meus olhos se fechavam sem esforço nenhum.

Talvez eu só precisasse dormir quando as coisas ficassem feias.

Sem você em mim não posso encontrar descanso

 

 

Quase nove horas da manhã de domingo, eu acordei com o claro vindo da janela e cortinas abertas batendo em meu rosto. Até cogitei a possibilidade de ignorar aquele incomodo e voltar a dormir, entretanto, eu não pude, ou melhor, não deixaram. As batidas na porta levaram o rosto de sono que havia em mim. Me virei encontrando o rosto de Micaela entre a brecha da porta.

— O que foi?  — perguntei sem interesse e sem vontade de ouvi-la.

— Que bom que acordou.  — ela entrou no quarto e ergueu os braços em forma de animação.

— Foi você quem fez isso?  — apontei para a janela e ela assentiu.  — Qual é o seu problema? Hoje é domingo. Porque não está com seu namorado? Me deixa dormir em paz.

— Me desculpe, irmãzinha. É que eu queria que você acordasse logo. Eu vim com Caleb te buscar.

— Me buscar? Me buscar para quê?  — sentei-me na cama.  — Micaela, eu só quero dormir pode respeitar isso?  — bocejei longamente.

— Caleb e eu vamos jogar tênis em um clube aqui perto, ai eu pensei; porque não levar minha irmã querida comigo?

— Sério mesmo? Juro que estou emocionada.  — falei sarcástica.  — Mas eu não ‘to afim. Obrigada pelo convite.

— Ah, Lisy para de ser chata. Vai ser legal. E eu sei que você não vai fazer nada hoje sem ser se entupir de porcarias.  — ela veio até a cama e puxou meu cobertor.

— Para, sua louca.  — reclamei pelo frio instantâneo que me percorreu.  — Tenham um bom dia vocês dois.

— Vamos lá, maninha. Sai dessa cama, vamos esticar os músculos com exercícios e com diversão. Vai ser bom pra você.

— Divertido é dormir até tarde no domingo.  — trouxe o cobertor de volta para cima de mim.

— Tudo bem, não vou mais insistir.  — ouvi quando seus passos foram se afastando.

— Eu fico agradecido.

— Eu direi a Dylan que você não pode ir.  — já era de se esperar que Micaela teria uma segunda jogada. Tirei o cobertor da cabeça para encará-la.

— Dylan vai estar lá?  — nem eu entendi o porquê da empolgação repentina.

— Vai sim, mas pode ficar tranquila, eu inventarei uma boa desculpa pela sua falta lá.  — ela balançou os ombros.

— Tudo bem, tudo bem.  — cedi.  — Me dá vinte minutos pelo menos?

— Claro, vou ficar te esperando com Caleb.  — ela me mandou uma piscadela antes de sair e bater a porta.

Joguei a coberta para o lado e demorei alguns segundos para me levantar. Caminhei até o banheiro, joguei água no rosto para tirar a aparência sonolenta, escovei os dentes, fiz uma higiene básica, arrumei meus cabelos em um rabo de cavalo alto. Voltei para o quarto e comecei a procurar uma roupa para vestir.

Por fim, eu escolhi um short de lycra preto, um top branco por baixo da regata azul escura e um par de tênis esporte nos pés. Passei um blush de leve nas maças do rosto e me surpreendi ao ver que ainda estava roxo e inchado. Passei a mão por cima, sentindo uma leve dor e contorci os lábios.

Terminei de me arrumar, dei uma olhada no espelho e desci para me encontrar com Micaela. Ela estava sentada no sofá com Caleb e mamãe, eles conversavam sobre o suposto jogo de tênis.

— Que bom que você animou, Lisy.  — Micaela comentou quando me viu.  — Será que Dylan teve tudo haver com isso?

— Calada, por favor. Eu só não ‘to a fim de ficar em casa.  — cruzei os braços.

— Claro, claro.  — seu tom malicioso chegou a ser engraçado.

— Dylan também está ansioso para te ver. Sabia que ele gostou de muito de você?  — Caleb se levantou e bateu de leve em meu braço.

— Sério?  — perguntei como se não quisesse saber de nada.

— Sério.  — afirmou.  — Que tal se formos logo? Assim vocês podem matar as saudades.  — ele passou as mãos por meu ombro e me balançou.

— Ah, cala boca você também.  — me soltei e dei risada.  — Dá pra gente ir rápido antes que eu mude de ideia?

— Concordo com você, já estou ficando entediada.  — Micaela entrelaçou sua mão na de Caleb depois que se levantou.

Diferente de mim, ela estava vestida como uma verdadeira patricinha. Saia branca assim como a camiseta polo, um boné na cabeça amparando o rabo de cavalo e tênis, já Caleb estava trajado como um típico jogador de tênis. Nos despedimos de mamãe e saímos os três.

 

 

No carro, uma música calma tocava no rádio enquanto eu era obrigada a ouvir Micaela comentar o quanto sua amiga estava acima do peso. Caleb dirigia em silêncio e apenas assentia ou soltava alguma onomatopeia hora ou outra.

Sinceramente aquilo estava pior do que assistir a uma aula de historia do fundamental. Me arrependi por não ter levado meu celular e os fones de ouvidos. Apoiei minha cabeça na janela deixando a brisa fresca bater em meu rosto. Inspirei algumas vezes o ar puro e aguardei até chegarmos ao clube que Micaela falou.

 

 

Passaram-se alguns minutos até que parássemos em frente ao New York Tennis Club. Saí do carro juntamente com Micaela, ela correu até a traseira do veiculo e abriu o porta-malas. Tirou de lá três pares de raquetes e me entregou uma.

— Essa é sua.  — ela sorriu fechando o compartimento.

— Você tem noção de que eu não sei jogar tênis, não é? — girei as raquetes em minhas mãos, na verdade eu era péssima em qualquer esporte.

— Relaxa, não é tão difícil quanto pensa.  — ela abanou a mão para mim.  — E além do mais, Dylan vai estar lá, você pode pedir uma ajudinha a ele.

— Nem vem, Micaela.  — bati em seu ombro com o meu.  — Mas pensando bem, eu posso mesmo pedir uma ajuda a ele.  — começamos a caminhar para dentro do clube.

— Gosto assim.  — ela passou a mão por minha cintura e gargalhou.

— Será que as duas bonitas podem andar depressa? Dylan está nos esperando e eu quero jogar.  — Caleb brincou.

O pai de Caleb era sócio do clube e era por esse motivo que ele conhecia a maioria que estavam e trabalhavam ali — isso foi o que Micaela me contou enquanto íamos para a quadra —. Senti um leve incomodo por não ter visto Dylan até aquele momento. Antes de iniciarmos, Caleb foi buscar água para o caso de sentirmos sede durante o jogo.

— E ai, Lisy... quer jogar uma sem compromisso?  — Micaela apontou sua raquete para mim.

— É só não deixar a bola que eu mandar, passar ou bater do seu lado da mesa e eu vou fazer o mesmo.  — explicou.

— Acho que posso fazer isso.  — falei convicta.

Micaela se preparou para jogar a bola e eu segurei na parte amadeirada da raquete com as duas mãos. Ela bateu a primeira vez e de um jeito que eu não sei, eu consegui mandá-la de volta. Ficamos alguns minutos apenas fazendo aquilo e no final Micaela tinha ganhado com três pontos contra dois meus. Tudo bem que não foi uma partida completa, mas ao menos eu consegui entender como funcionava.

— Podemos fazer uma revanche se quiser.  — Micaela zombou apoiando a raquete em seu ombro.

— Eu deixo essa passar.  — ofeguei e sorri.

— Qual é, Lisy? Vai mesmo recusar uma revanche?  — escutei uma voz atrás de mim e me virei para responder.

— Vou ter que praticar mais se quiser vencer.  — falei séria e ri logo em seguida.  — Como vai, Dylan?

— Feliz por te ver novamente, preciso confessar.  — ele se aproximou e deixou um beijo em meu rosto, percebi quando seus olhos se arregalaram supostamente por notar o roxo presente ali.  — O que foi isso?

— Apenas um acidente em casa, nada demais.  — pronunciei sem um pingo de graça.  — Mas estou feliz por te rever também.

— Fico ainda mais contente.  — disse desconfiado.

Dylan tocou de leve o meu braço e foi ajudar Caleb com as garrafinhas de água e suco. Observei ele se afastar e o modo como estava vestido. Camisa branca sem mangas, calça preta da Adidas e de tênis como nós. Atentei para seus braços expostos e como eles eram bem trabalhados.

— Ainda bem que olhar não tira pedaço, ‘né maninha?  — Micaela tapeou minha bunda.

— Ai, me deixa em paz.  — reclamei envergonhada.

O tempo seguinte, os garotos jogaram primeiro, depois foi minha vez de jogar com Micaela — o que me levou a outra derrota —, formamos duplas e todo o meu desengonço e habilidade de Dylan nos fez ganhar. Foram quatro partidas de duplas e depois mudamos os versus. Ficamos jogando por cerca de uma hora, o resultado terminou com Caleb campeão e eu com uma terrível dor nos braços e um punho machucado por ter rebatido uma bola de mau jeito.

Peguei uma garrafinha de água, sentei-me no banco em um canto da quadra e Dylan sentou-se ao meu lado. Quase me engasgo quando ele jogou água no rosto e ela escorreu mais da metade por sua camiseta. Eu não deveria olhar para ela toda colada em seu corpo, porém, quem não olharia se estivesse em meu lugar?

— Foi um bom jogo.  — ele sorriu.

— Eu até gostei, fui menos horrível do que imaginava. Digamos que eu sou péssima em esportes, entende?  — tampei a minha garrafinha.

— Não é tão difícil.  — ele fez o mesmo.  — E então... quer me contar o que aconteceu de verdade com esse rosto bonito?

— Eu já disse, Dylan. Foi um acidente. Eu caí do sofá enquanto dormia.

— Eu não sou idiota, Lisy. Sei distinguir um tombo de um soco.  — meu corpo todo tremeu ao ouvi-lo falar.  — Não precisa ter medo de me contar sobre isso.

— Não é esse tipo de coisa que você acha. Eu não fui agredida se é que isso que está pensando.  — suspirei derrotada.  — E foi mesmo um acidente, nada foi por querer.  — abaixei a cabeça.

— Você não me parece tão certa disso.  — ele tocou o lugar ferido.

— Mas foi sim. É que eu apenas sou uma idiota, sinto que isso aconteceu por minha culpa.

— Não fala assim. Um cara que bate em uma mulher não passa de um covarde.

— Não vamos falar sobre isso, por favor. Foi um acidente e não vai mais voltar a acontecer.  — comecei a sentir-me incomodada com o assunto.

Eu sei que Louis nunca faria aquilo por querer. Seria mais fácil eu lhe bater do que ele a mim. E parando para analisar, foi eu quem me intrometi no meio da briga de dois caras. O que eu esperava? Que nós três saíssemos de braços dados e saltitando? Menos, Lisy, menos.

— Tudo bem.  — ele concordou.  — E ai, quando vai aparecer lá na boate de novo?

— Assim que surgir uma nova oportunidade.  — arrumei alguns fios de cabelo atrás da orelha.

— Que tal sábado que vem?  — sugeriu.

— Por mim tudo bem.  — aceitei o convite sem ao menos pensar duas vezes.

— Então, ‘tá combinado.  — assentimos e sorrimos um para o outro.

 

 

Já era quase tarde quando eu cheguei em casa com Micaela. Resolvi subir direto para o meu quarto, me livrar daquela roupa suada e tomar um longo banho para descansar. Desfiz o rabo de cavalo do meu cabelo e depois me despi rumando para o banheiro enrolada em uma toalha.  

Enquanto deixava a água cair sobre o meu corpo, eu refletia sobre as palavras de mamãe e também as de Louis. Eu queria poder ver algo de bom em não me afastar de Louis, mas eu não conseguia. Tudo que eu sentia quando pensava em um ‘’nós’’ era a traição com Eleanor e eu como a outra da história.

E mamãe era a única que tinha razão; não importa o fato de que eu estivesse apaixonada, Louis era comprometido e se quisesse algo comigo, provavelmente não estaria com Eleanor. Isso é mais como um jogo pra ele, onde estar com duas ao mesmo é o premio.

Eu precisava tomar uma decisão de uma vez por todas e mesmo que me doesse fazer isso, era necessário. Eu iria tocar a minha vida, iria esquecer Louis com o tempo e não iria morrer por isso. Ninguém nunca morreu e amor e não é comigo que iria ser diferente.

 

 

Trabalhar com uma roupa diferente e receber os olhares estranhos do pessoal, eu até podia superar. Mas ir trabalhar com um rosto inchado por causa de um soco e ainda receber aqueles mesmos olhares, seria completamente desconfortável. Primeiro porque todos iam pensar que um cara me bateu — não que não tivesse sido isso, porém, era diferente —, e segundo porque eu teria que ficar me explicando o porquê daquela mancha ridícula. Naquele dia eu não me importei tanto porque apenas uma coisa rondava minha mente e eu iria por em prática a minha decisão.

Passei pela entrada com os braços cruzados, a maior parte do cabelo jogado para o lado esquerdo do meu rosto a fim de esconder um pouco o roxo. Mantive a cabeça baixa evitando encarar alguém. Andei em passos rápidos até o elevador e para minha sorte ele chegou bem na hora em que eu precisava. Apertei o botão para o meu andar e quando chegou eu fui primeiro ao banheiro só para ver como estava meu rosto.

O local estava vazio e isso me poupou de mais constrangimento. Coloquei a bolsa em cima da pia e tirei de lá a embalagem de pó. Encarei-me no espelho e suspirei pesadamente antes de começar a retocar a maquiagem. Passei o pó suavemente no rosto com a ajuda de um pincel e me aborreci ao ver que não adiantava de nada. Desisti de fazer algo inútil e coloquei de volta na bolsa. Fechei o zíper e joguei-a sob o ombro.

Trouxe os cabelos de volta para frente e caminhei para sair. Puxei a maçaneta e no mesmo instante alguém empurrou a porta. Dei alguns passos para trás pronta a me desculpar, entretanto, me calei ao ver de quem se tratava.

— Caramba, Lisy, acho que você exagerou um pouco no blush, mas até que essa cor combinou com você.  — ela gargalhou e eu revirei os olhos impaciente.

— Quer me dar licença, por favor?  — tentei passar, mas ela bloqueou o caminho com o braço.

— Espera aí, porque a pressa? Eu preciso trocar algumas palavrinhas com você.

— Eleanor, eu não quero conversar com ninguém agora. Muito menos com você.  — eu não usei um tom rude, tentei manter a boa educação que eu tinha.

Ela me ignorou, me empurrou para dentro do banheiro novamente e encostou a porta.

— Me escuta, ok? Vai ser melhor pra você.  — ela pediu e eu dei uma chance.  — Sabe Lisy, já fazia um tempo que Louis e eu não... você sabe. E no sábado de madrugada quando finalmente nós temos um momento assim, tudo foi por água abaixo, e...

— Olha Eleanor, eu realmente não estou nem um pouco a fim de saber da sua vida sexual. Então, eu já vou indo, tenha um bom dia.  — juntei as mãos e dei alguns passos até a porta, senti os ciúmes me bater, mas não quis dar lugar a ele.

— Ele chamou por você enquanto estava comigo.  — Eleanor falou e meu corpo todo paralisou no chão. Minhas mãos escorregaram pela minha lateral e as batidas enfurecidas no meu coração fez com que ele tremesse até o dedinho do pé.

— C-como?  — me virei para ela sem mudar a expressão.

— É isso mesmo que você ouviu, queridinha.  — percebi seus lábios tremerem de raiva.  — Ele chamou por você, Lisy, em alto e bom som. E quando ele chegou ao ápice, ele praticamente gritou o seu nome.

— Você deve ter entendido errado.  — balancei a cabeça tentando me recuperar do choque.

— Cinco vezes?  — até ela parecia não acreditar no que estava dizendo.  — Foi como se ele estivesse presente de corpo ali comigo, mas os pensamentos estivessem em você. Como se fosse você quem ele quisesse e não eu.

— Tenho certeza que ele estava bêbado.  — tentei me convencer também.

— Isso não importa. O que importa é que ele chamou por você enquanto transava comigo. Você tem noção de como é isso?  — ela se aproximou berrando.  — O que você fez com ele?

— Eu não fiz nada, eu juro. E como sabe que era de mim que ele estava falando?

— A única Lisy que Louis conhece é você.  — ela cutucou meu braço.  — Eu já falei antes, mas agora eu vou ser bem clara, Lisy; fica longe do Louis. Seja lá o que você quer, ele é meu namorado e você é apenas uma funcionaria da empresa dele.

— E eu já falei que não o quero, será que não entendeu ainda? Pode ficar despreocupada porque eu vou me afastar de uma vez por todas.  — falei segura.

— Eu acho bom mesmo.  — ela se recompôs e passou as mãos pelo cabelo.

Balancei a cabeça outra vez e finalmente pude sair dali.

Eu não sei por que aquelas coisas mexeram tanto comigo, não era pra ser assim. Eu deveria me sentir mal por tal peripécia, mas no fundo eu estava explodindo feito fogos de artifícios. Tudo que eu conseguia imaginar era Louis gemendo o meu nome, indo bem fundo e...

— Meu Deus, Lisy.  — murmurei para mim mesma ao reparar os pensamentos que eu estava projetando.

 

 

Fui direto para o escritório tentando tirar certas cenas da minha cabeça e manter a minha decisão em destaque. Fiquei feliz por ver Zayn parado em frente a sua mesa com as mãos no bolso da calça.

— Lisy.  — ele se desencostou e cumprimentou-me.

— Bom dia, Zayn.  — acenei com a mão e apertei a alça da minha bolsa.  — Como vai?

— Eu estou bem e quanto a isso aí?  — ele se referiu ao meu rosto.

— Um pouco dolorido, mas eu posso aguentar.  — sentei em cima da minha mesa.  — É bom ter você aqui, é muito ruim ficar sozinha.

— Eu posso imaginar. Também detestava ver as horas passarem e me ver sozinho nessa sala, ainda bem que você chegou e mudou isso.

— Agora temos a companhia um do outro.  — fiz questão de sorrir.

— Como foi o resto do seu sábado?  — percebi que ele não queria tocar no assunto, mas estava preocupado ou curioso.

— Um pouco turbulento, se quer saber.  — encolhi um pouco os ombros.  — Além de toda aquela confusão, eu tive que lhe dar com um soco no rosto. Não é o que eu esperava para o meu sábado à noite.  — falei e ele riu.

— Eu realmente sinto muito por aquilo, Lisy. Talvez eu não devesse ter ido lá aquela noite, talvez você não estivesse com essa mancha na bochecha. Foi uma péssima hora e também eu não deveria ter provocado tanto o Louis, mas você sabe que eu não resisto. Não tem preço ver ele nervoso.

— Você é muito mal.  — dei uma risada baixa.  — E você não tem que se desculpar por nada, Zayn. Você foi apenas conversar e eu adorei isso. É bom saber que alguém se preocupa comigo.

Zayn veio até mim e segurou meu rosto cautelosamente.

— E é bom saber que confia em mim.  — ele beijou o alto da minha testa e me abraçou em seguida.

Eu me perguntava se Zayn sabia o que rolava entre mim e Louis. Ele não era bobo ou se fizesse de um para não se intrometer. Eles eram amigos, será que Louis lhe contava alguma coisa ou deixava as coisas somente entre nós dois? Eu tinha vontade de questioná-lo sobre a minha duvida, mas me mantive calada perante aquele abraço.

 

 

Uma decisão, seja ela qual for, nunca é fácil. E no meu caso, tudo era elevado ao quadrado. Além de ter pouco tempo pra pensar, eu ainda me sentia confusa. Dei uma olhada na hora em meu celular e ainda faltava um pouco para o almoço. Fiquei balançando as pernas e estalando os dedos por conta do nervosismo. Queria chorar e ao mesmo tempo gritar e gargalhar sem droga de motivo algum. Eu estava desesperada e ainda não tinha feito nada.

A última vez que eu fiquei tão nervosa e aflita foi para saber o resultado do meu vestibular.

Tentei gravar em minha mente a expressão de tristeza em Eleanor quando ela falou sobre Louis pensar em outra e aquilo me ajudou a não voltar atrás com a minha escolha. Se eu queria mesmo acabar com toda aquela história, eu tinha que ser forte e até mesmo um pouco fria.

Larguei meu celular em cima da mesa e contei até dez mentalmente. Depois me levantei e disse a Zayn que voltaria logo. E essa era a minha intenção. Resolver de uma vez por todas a minha situação.

 

 

Ir até a sala de Louis em nenhum momento me fora tão árduo. Eu já tinha ido ali tantas vezes e aquela era a primeira em que tudo seria diferente. Parei em frente a sua porta e demorei um pouco para bater e receber sua resposta. Assim que a ouvi, eu girei a maçaneta e em segundos eu estava dentro de sua sala. A fechei com cuidado e me voltei para Louis.

— Lisy...  — rapidamente ele se levantou e caminhou até mim.

— Oi.  — falei acanhada e escondi as mãos nos bolsos traseiros da minha calça.

— Eu não quero acredito que fiz isso com você.  — ele tirou meu cabelo do meio e beijou o meu rosto.  — Estou me sentindo péssimo, fiquei pensando em você o tempo todo depois que fui embora no sábado.

— ‘Tá tudo bem. Eu sei que você não fez por querer.  — encarei-o e merda... seus lábios estavam tão próximos dos meus, seu cheiro emanava me envolvendo como uma droga.  — Mas não é disso que eu vim falar.

— Eleanor me disse que falou com você.  — ele tirou sua mão.

— É, falou. Mas eu não fiz nada dessa vez, eu juro.  — me defendi logo.  — Também me falou sobre o que aconteceu.

— Eu me deixei levar bem mais do que deveria.  — ele abaixou a cabeça enquanto falava. — Só achei que eu iria conseguir te esquecer ao menos uma vez. Bom... eu me enganei.

— No que você pensava?  — não pude evitar fazer aquela pergunta.

— Em você, somente em você.  — ele me puxou pela cintura e eu bati contra seu peito.  — Nua, na minha cama, se desfazendo em meus braços... você consegue imaginar?  — sussurrou em meu ouvido.

Eu precisava de armas, escudos, armadura, quando se tratava de Louis. Porque ele tinha que ser tão... céus, eu precisava de foco. Muito foco.

— Louis, não faz isso comigo.  — pedi retirando suas mãos da minha cintura.  — Você me ouviu antes? Eu não vim aqui pra falar disso.

— Eu não me arrependo de nada.  — ele falou e eu franzi o cenho.

— O que?  — perguntei desentendida.

— Eu não me arrependo de nada, Lisy. Nem dos beijos, nem dos toques, nem do sexo, nada. Eu simplesmente não me arrependo de nada. E se eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo de novo.  — meu peito subia e descia sem um ritmo certo, a saliva desceu com dificuldade e eu cerrei os olhos desejando que aquelas palavras não tivessem um efeito colateral em mim.  — Eu não sei explicar o que você causa em mim. Eu só sei que poderia ficar o tempo todo te olhando e não me cansaria.

— Você não deveria ser assim.  — esbravejei com os olhos cheios de lágrimas.  — E eu não deveria gostar de você assim.

— Não chora, por favor. Já disse que não gosto de te ver chorar.  — seu olhar encontrou-se com o meu.  — Não existem motivos para chorar.

Ele falando daquela forma fazia tudo parecer tão ingênuo e simples. E eu queria que fosse assim. As coisas simples não dão trabalho, não fazer você sofrer e não fazem você tomar decisões tão difíceis.

Engoli o choro após fungar algumas vezes e procurei ao máximo não olhar em seus belos olhos azuis. Eu podia enxergar a minha perdição no fundo deles.

— Louis...  — chamei-o mais uma vez e me afastei por completo ou as forças que existiam em mim iriam embora e eu seria fraca de novo.  — Só me escuta, ‘tá bom? Eu preciso te falar uma coisa e eu não vou conseguir se você continuar assim.

— Tudo bem. O que foi? Porque veio até aqui, então?  — ele permaneceu parado onde estava e me fitando quase em piscar.  — Lisy... você ‘tá me assustando.

Olhei para os meus pés tentando controlar a tremedeira que se apoderava de mim. Louis chamou-me novamente e eu levantei a cabeça.

— Lisy, porque veio aqui?  — refez a pergunta.

— Vim pedir minha demissão.

Continua...


Notas Finais


Qualquer coisa falem comigo pelo ask: http://ask.fm/natymooreira
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Espero que gostem, até o próximo. Amo vocês ♥


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