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História My Boss - Era bom demais para ser verdade.


Escrita por: natymoreira

Notas do Autor


LEIAM, É IMPORTANTE! EU ACHO!
◘ Eu acho que maioria ainda não sei que eu resolvi prolongar um pouco a fanfic, então, estão sabendo agora. Sim, eu resolvei que vamos passar do capítulo 30. Eu andei pensando e vi que ainda tem muita coisa que pode ser abordada na fanfic e é desperdício não utilizar. Eu não certeza sobre até qual capítulos iremos, talvez até o 40 ou mais, não sei mesmo.
◙ Já que eu resolvi aumentar o número de capítulos, eu irei diminuir um pouco o tamanho deles. Sempre variando de 6.000 até 9.000. Mas não garanto que não chegue alguma vez a mais do que isso. Assim, eu vou poder atualizar mais rápido a fanfic e postar uns 3/4 capítulos no mês, tentando terminar a fanfic ainda esse ano.
◘ Quero agradecer a todos pelos comentários do capítulo anterior, nem tenho palavras pra descrever o quanto vocês significam pra mim. Agradecer também pelos novos favoritos, estou cada vez mais contente com MSB, e tudo devido a voces.
◙ Eu resolvi a mudar a figura do Dylan, ok? Antes era o Nathaniel Buzzolic, agora pensem nele como o Alex Pettyfer. Achei melhor trocar porque o Alex tem mais cara de dono de boates D: KKKKK
◘ Eu estou pensando em escrever uma fanfic com os meninos do 5SOS, mas estou em duvida quanto a isso. Será que alguém iria ler? Temos alguma 5SOSFam por aqui? KKKK Quero muito saber a opinião de vocês ♥
◙ Já adianto que o capítulo tá chatinho, super tedioso de verdade, porque o legal mesmo vem no próximo >< Bom, é isso, amores. Vou deixar vocês lerem agora. Espero que gostem e tenham uma ótima leitura.

Capítulo 26 - Era bom demais para ser verdade.


Fanfic / Fanfiction My Boss - Era bom demais para ser verdade.

Capítulo 26 — Era bom demais para ser verdade.

 

Ás sete horas daquele sábado, eu já me preparava para ir à boate de Dylan. Calcei as minhas botas pretas combinando com o vestido justo de alças de mesma cor e que ia até o meio das minhas coxas. Fiz um rabo de cavalo alto em meu cabelo, caprichei um pouco mais na maquiagem e destaquei os lábios com o vermelho do batom. Passei uma boa quantidade de perfume e me olhei no espelho. Peguei uma jaqueta de couro escarlate, meu celular e alguns trocados e coloquei no bolso na mesma. Saí do meu quarto desligando a luz e encostando a porta.

Eu já havia dito à mamãe que iria sair, ela não pestanejou, apenas achou estranho por eu ter que ir sozinha, já que Micaela tinha um jantar na casa dos pais de Caleb. Era a primeira vez eu iria sair sem ser acompanhada e não era tão legal assim. Dispensei o ‘’tchau’’ para mamãe e saí de casa.

Eu iria demorar alguns minutos para chegar lá, pois, ainda teria de andar duas quadras após a minha casa e esperar um taxi. Enquanto eu caminhava, eu refletia sobre todos os acontecimentos das últimas 24 horas. Mais precisamente na noite passada com Louis e em nossa conversa no orfanato.

Depois de saber que eu iria ter um compromisso com outro, Louis praticamente surtou e ficou o resto das horas me enchendo o saco para saber aonde eu iria, com quem e a que horas eu estaria de volta. E para provocá-lo, eu resolvi dizer. Era engraçado ver sua expressão de alto-controle porque Louis não tinha nenhum. Por mais que ele tentasse demonstrar que estava calmo, a veia saltada em seu pescoço e o olhar desconfiado, lhe entregavam. Não foi fácil convencê-lo de que Dylan era apenas um amigo e a única coisa que eu queria era dançar e me divertir um pouco. Eu não sei como, mas ele acabou aceitando.

Pelo menos eu acho.

 

 

Quando o taxi parou em frente ao lugar marcado, eu ouvir ainda que de modo abafado, a batida da música ecoar. Tirei o dinheiro de bolso para pagar o motorista, saí do veiculo e fui direto comprar a minha entrada. Esperei alguns minutos na fila e finalmente eu estava dentro. Suspirei profundamente ao ver o tanto de pessoas amontoadas ali. A maioria eram grupos de adolescentes bebendo e dando risadas, o resto divida-se entre casais e os sem par — o que era o meu caso — infelizmente.

Timidamente, eu fui passando entre elas, pedindo licença e se desculpando quando batia em alguém. Cheguei ao bar, ainda indecisa com o que iria beber. Talvez uma coca com limão fosse melhor porque, afinal, eu não era a melhor amiga do álcool. Girei os olhos pelo local a procura de Dylan, mas infelizmente não o achei.

— O que vai pedir, baby?  — a voz de uma moça atrás do balcão me tirou de devaneios.

Virei o rosto para encará-la e encontrei uma garota que aparentava ser mais nova do que eu. Seus cabelos eram escuros e curtos, ela tinha tatuagens nos dois braços e a regata preta as deixavam completamente amostra.

— Só um refrigerante, por favor.  — me curvei um pouco sob o balcão e a vi franzir o cenho.

— Já disse que não pode pedir refrigerante em um lugar como esses, Lisy.  — me animei estranhamente ao escutar a voz de Dylan.

— Você me pegou outra vez. Isso não é justo.  — brinquei escorando um dos cotovelos no balcão.

— Tália, traga uma bebida de verdade para a minha amiga aqui.  — ele lançou uma piscadela para a garota.

— Deixa comigo.  — ela sorriu e nos deu as costas.

— Eu não quero ficar bêbada, só para você saber.  — brinquei e Dylan gargalhou.

— Você, definitivamente, está no lugar errado.  — ele fingiu estar decepcionado.  — Mas fico feliz que tenha vindo.

— Também estou. Mas já estava pensando em ir embora porque ‘to sozinha e vou começar a ficar deslocada.

— Vamos resolver esse problema.  — Dylan pegou nossas bebidas e me entregou uma delas, em seguida me puxou pela mão.

Ele caminhou comigo até a área do DJ e enquanto ele falava com o homem responsável pela música, eu aproveitei para cheirar o liquido alaranjado em meu copo. Senti minha cabeça girar apenas com aquilo. Tomei coragem para beber um gole e tenho certeza que a minha careta foi ridícula. Passado alguns segundos, Dylan se virou com um sorriso estampado nos lábios. Olhei-o sem entender.

— Sugiro que beba disso de uma vez, você quase não vai sentir o gosto, confie em mim.

— Se acontecer alguma coisa comigo, você será o culpado.  — alertei-o.

— Eu assumo as consequências.  — Dylan afirmou.

Comprimi os lábios pensando se queria mesmo beber. Mas não havia um porque não. Eu estava em uma boate, sábado à noite e não existia nada que pudesse me atrapalhar. Por fim, eu segui seu conselho e virei de uma vez a bebida na boca. No mesmo segundo, minha garganta queimou e eu quis jogar tudo para fora. Fiquei um tempo na mesma posição, absorvendo o gosto e esperando a queimação aliviar amenamente.

— Então...  — Dylan me encarou esperando a minha resposta.

— Eu quero outro.  — falei logo e ele arregalou os olhos. Eu não deveria ter gostado da sensação de calor e ao mesmo tempo de frio que se instalou dentro de mim, mas era agradável e eu queria a sentir novamente.  — Agora.

Voltamos para o bar, dessa vez eu que o puxava pela mão. Pedi a mesma bebida para Tália e novamente eu a tomei em um gole. Depois do quarto copo, eu já sentia os efeitos colaterais. Meu corpo inteiro estava quente e eu fui obrigada a tirar a minha jaqueta. Ao colocar a peça sob o balcão eu vi o claro da tela do celular dentro do bolso, pedi um minuto para Dylan e rapidamente eu atendi sem nem checar o nome no identificador.

— Alô.  — falei um pouco impaciente.

Onde você está? E que barulho é esse? 

— Ah, Louis... porque isso não me surpreende?  — revirei os olhos.  — Eu estou onde eu disse que estaria, é uma boate, música faz parte, idiota.

Então você foi mesmo se encontrar com o tal amigo?  — ouvi sua risada irônica do outro lado.  — Bom saber disso, Monroe.

— Olha, Louis sinceramente eu não estou afim de escutar baboseiras. Eu tenho mais o que fazer do que ficar te aturando.  — acenei levemente para Dylan e o vi acenar de volta junto com uma garrafa de Smirnoff.

Você está perdendo a noção do perigo, Lisy. Não deveria ter saído de casa hoje.

— Isso é uma ameaça? Faz tempo que elas não me intimidam mais, Louis. Tente outra coisa porque isso já ‘tá ficando velho.  — eu não sei qual era o problema dele, queria estragar a minha noite? Será que Louis achava mesmo que mandava em mim e eu iria obedecê-lo como um cachorrinho? Qual é...

Você bebeu?  — ele deu risada.

— Talvez. Um pouco. É, eu bebi sim.  — gritei.  — Agora se você não tem nada pra fazer, eu tenho. Até mais, Louis.

Espera, Lisy...  — ouvi-o dizer desesperado e eu desliguei o aparelho.

Voltei para perto de Dylan de novo e joguei o celular em cima da jaqueta. Peguei uma garrafa com a mesma bebida dele e me virei para a pista de dança. Outra música se iniciava e eu não queria ficar parada, mesmo se eu quisesse.

— Vem, vamos dançar.  — murmurei para ele e o sorriso em seu rosto aumentou.

Rumamos para a pista, nos misturando as outras pessoas e sendo contagiados pelo ritmo da música.

Walking after dark...  — cantarolamos juntos.  — In the New York City park…

Balancei todo o meu corpo, subindo a minha mão livre, passando por baixo do meu rabo de cavalo e o levando um pouco para cima. Dylan não me movia tanto, ele apenas me observava e cantava comigo. Em certo momento, ele me puxou pela cintura e me trouxe para mais perto e subiu a mão para o meio das minhas costas, enquanto ele fazia isso eu bebia alguns goles da minha bebida. Apoiei-me em seus ombros para não correr o risco de cair quando eu pulasse movi a cabeça de um lado para o outro.

Eu não conseguia raciocinar direito as coisas, eu só sabia que tinha que continuar ali dançando, sentindo a música e beber. Tombei a cabeça um pouco para o lado e percebi quando Dylan aproximou a boca da minha orelha.

— Eu gosto de você, Lisy. Gosto muito.  — Deus! Porque ele tinha que me sussurrar logo aquela frase? Fechei os olhos com força e umedeci os lábios.

— Também gosto de você, Dylan.  — murmurei no mesmo tom.

— Você entendeu o que eu quis dizer. Eu queria uma chance de poder te conhecer melhor.  — ele disse ainda em meu ouvido e eu procurei as palavras certas.

— Não devia me dizer isso agora. Eu estou seriamente alterada.  — levantei a cabeça e ele fez o mesmo.  — E você já deve ter percebido que eu sou a confusão em pessoa.

— Foi por isso que gostei de você.  — ele bateu a sua garrafa na minha. 

— Esse é o lugar errado para se falar sobre essas coisas.  — brinquei.  — Mas eu posso pensar um pouco no seu caso.

— Isso já é um bom começo.  — sorrimos um para o outro e terminamos nossa bebida.

O álcool com certeza me fazia fazer coisas que eu não faria se estivesse sã. Porém, no fundo eu gostaria de conhecer alguém novo e eu realmente precisava. Precisava de um alguém que me valorizasse, que quisesse estar comigo e apenas comigo, alguém que não tivesse outra o esperando em casa, alguém que não se comportasse como se fosse o centro da terra, alguém que não tivesse tatuagens e olhos azuis, alguém que não fosse o meu chefe, alguém que não fosse Louis Tomlinson.

 

 

O relógio já deveria marcar mais de uma da manhã, mas meu corpo não mostrava nenhum sinal de sono ou cansaço. Eu perdi as contas de quantas bebidas eu havia ingerido, na verdade, eu nem havia parado para contar. A pista ainda continuava cheia e eu permanecia lá, abandonando-a só às vezes para pegar outra coisa para beber. Dylan me deixou sozinha lá, já que eu não quis acompanhá-lo no atendimento dos clientes. A música não parou por um segundo e estava da mesma forma. Meu corpo estava elétrico, quente e formigando. Eu já estava tão solta que me agarrava a qualquer estranho para dançar e eles pareciam não se importar com isso.

O som de Dj got us Fallin’ in Love se fez presente eu ouvi o urro das pessoas a minha volta. Dei um longo gole em meu energético e me deixei ser guiada pelas pessoas a minha volta. Fechei os olhos, caindo totalmente na sensação de estar bêbada e dançando. Minha mente viajou para onde eu menos queria e eu quis me amaldiçoar por isso. Tudo parecia girar e eu estava começando a ficar tonta. Mas eu não quis parar.

Em dado momento da música, eu senti alguém parar bem a minha frente. Eu não liguei tanto, já que eu estava cercada de pessoas e uma a mais não fazia diferença. Entretanto, quando duas mãos me capturaram pela cintura, eu abri os meus olhos, sobressaltada.

A garrafa quase escorregando por entre os meus dedos, meu corpo elevando ainda mais a temperatura, o calor percorrendo desde a minha nuca até o fim da espinha, as mãos suando, coração acelerado, pernas bambas... só existia alguém no mundo que era capaz de me deixar com tantas sensações ao mesmo tempo.

— Isso não combina com você.  — ele me tomou a garrafa.

— Como foi que conseguiu entrar aqui a essas horas?  — perguntei tentando me soltar.  — Espera, isso é só o efeito do álcool, não é? Você não está aqui.

— Eu sou Louis Tomlinson, querida. Eu esvazio e coloco fogo nesse lugar se eu quiser.  — ele aumentou a força em minha cintura.  — E quantas dessa você tomou?

— Eu sei lá.  — balancei os ombros.  — Me solta, eu quero dançar.

— Com esse vestidinho? Nem pensar, esse lugar está cheio de tarados.  — Louis negou com a cabeça.

— Eu só posso ter bebido demais mesmo.  — bufei nervosa e o empurrei pelos ombros, mas ele permanecia perigosamente perto.  — O que você quer comigo, Louis? Que tipo de doença você tem?

— Lisy Monroe.  — ele silabou e eu levei alguns segundos para arfar e respondê-lo sem gaguejar.

— Me poupe, Louis.  — debochei.  — Já cansei de você e dessas suas conversas.

— Você é engraçada quando está bêbada.  — ele gargalhou e colou seu corpo no meu. Louis arrumou a alça do meu vestido que caía em meu ombro e sua feição foi se séria para uma serena.  — Vem pra casa comigo, Lisy. Deixa eu cuidar de você.

— Não é tão fácil assim, Louis.  — balancei a cabeça negativamente.  — Você pensa que pode fazer o que quer comigo, mas está enganado.

— Eu não penso dessa forma, Lisy. Eu nunca me envolveria contigo se eu não gostasse de você.  — ele tentou segurar minha mão, mas eu não permiti.

Aquele não era o lugar para ter uma ‘’dr’’ com Louis, ele nem deveria estar ali. Mas por eu estar alterada, eu iria colocar pra fora tudo o que estava me corroendo e não estava me importando se ele iria gostar ou não.

— Louis, já chega, ‘tá bom?  — eu tive que aumentar o tom.  — Eu não quero mais isso. Eu não quero continuar com toda essa história. Não quero passar toda a minha vida sendo a outra. Você diz que gosta de mim, mas continua com a cadela Eleanor, eu jamais pediria pra você terminar com ela e ficar comigo, mas eu também não sou uma trouxa, Louis. Eu não quero estar com você, sabendo que você pertence à outra, eu posso não me arrepender do que fizemos, porém, você ser comprometido é o erro de toda essa coisa louca.

Tomei fôlego para continuar e ele silenciou-se.

— Se você gostasse mesmo de mim como diz, você não me deixaria ser a sobra dessa conta. Eu não posso aceitar algo tão errado. Isso precisa acabar. Se você não consegue tomar uma decisão, eu estou tomando por você...  — estalei a língua no céu da boca.  — Eu vou seguir a minha vida e você vai fazer o mesmo com a sua. Não vai ser fácil para eu te esquecer e eu sei que vou sofrer, mas eu posso superar. Eu conheci uma pessoa legal e estou disposta a lhe dar uma chance.

Percebi quando ele engoliu o seco apertando com tamanha força a garrafa que as pontas de seus dedos estavam brancas.  

— Não faz isso, Lisy.  — ele pediu.

— Você sabe que eu posso ser feliz com ou sem você, e eu sei que você pode ser feliz sem mim. Não precisamos complicar as coisas.  — senti meus olhos se enxerem de lágrimas.  — Por favor, não me procure mais, não me ligue, me esquece, Louis. E eu prometo tentar fazer o mesmo.  — me aproximei dele.  — Até breve, Louis.  — depositei um beijo em sua bochecha e peguei minha garrafa de volta.

Eu não gostava de dizer ‘’adeus’’, achava forte demais e parecia que um de nós iria morrer. Ele não me segurou quando eu me afastei e não falou nada. Eu agradeci mentalmente porque assim seria mais fácil.

 

 

Quase três horas, o local estava praticamente vazio, a música soava mais baixa e eu fui me despedir de Dylan após procurar minha jaqueta. Louis não tinha aparecido depois da nossa conversa, provavelmente estava tão atônito quanto eu. Ele não parecia esperar aquele tipo de reação minha e nem eu achei que fosse ter coragem para falar tanto. Eu queria que ele sentisse o mesmo que eu estava sentindo, ficasse indeciso em alguma coisa, só para ter o gosto de como é estar na minha pele. O álcool realmente muda as pessoas.

Encontrei Dylan conversando com Tália e mais dois homens, acenei para ele e o vi dizer algo para os três e vir até onde eu estava.

— Eu já estou indo, só queria me despedir.  — falei ajeitando a jaqueta em meu braço.

— Se quiser, eu posso te dar uma carona.  — disse gentil.

— Que isso, não precisa se incomodar. Eu vou pegar um taxi, não deve demorar passar um nessa área.  — encolhi os ombros.  — Mas obrigada mesmo assim.

— Tem certeza?  — ele insistiu.

— Tenho sim. Vou deixar para a próxima.  — afirmei.

— Então haverá uma próxima.  — aquilo não soou como uma pergunta.

— Digamos que sim.  — respondi, mas sem demonstrar muita empolgação.  — Agora eu preciso ir. Te vejo depois.  — abracei-o e deixei um beijo em seu rosto, Dylan fez o mesmo.

— Boa noite, Lisy.  — ele acariciou a minha bochecha com a ponta do dedão.

— Pra você também, Dylan. Valeu por hoje, eu me diverti bastante.  — me afastei.

— Se precisar estarei sempre aqui.  — foram as ultimas palavras que eu ouvi dele antes de sair da boate.

Ao me ver fora do local, eu inspirei e vesti a jaqueta. Olhei de um lado para o outro tendo a visão da rua completamente deserta.

Cruzei os braços, começando a dar os primeiros passos para longe dali. O frio da madrugada me fazia se arrepender por não ter posto uma calça. Meus dentes trincavam um no outro e o vento soprava contra o meu rosto.

Esperei cerca de dez minutos até passa o primeiro taxi.

Fiquei aliviada quando eu me abriguei no conforto do veículo, acomodei-me no banco e me encolhi no canto direito. Escorei minha cabeça no vidro deixando a minha respiração bater ali e se espalhar. Bocejei sentindo os primeiros sintomas do sono.

A conversa com Louis martelava em minha cabeça, eu sentia como se tivesse tirado mais um peso das costas. Eu não sei se ele seguiria as minhas ordens porque Louis não era do tipo que obedecia, no entanto, ele precisava aprender que as pessoas não eram objetos que você pode usar e depois descartar. Eu não era sua propriedade e não tinha que andar na linha que ele desenhava.

Talvez Dylan pudesse me fazer feliz, talvez eu também pudesse gostar de alguém que gostava de mim, que me dissesse coisas bonitas e depois não voltasse para os braços de outra. Talvez fosse uma boa ideia dar uma chance a ele.

Mas talvez eu não estivesse totalmente pronta para um compromisso sério com alguém.

Sinceramente, eu preciso parar de ser tão confusa.

 

 

No momento em que cheguei em casa, eu me esforcei para não me jogar no sofá da sala e dormir por ali mesmo. Com muito esforço, eu subi as escadas tropeçando nos degraus e em meus pés. Como eu estava carente, um pouco triste e bêbada, eu tomei a atitude mais infantil que alguém na minha idade poderia tomar.

Fui dormir com mamãe.

A porta de seu quarto sempre ficava aberta, então foi fácil adentrar o cômodo. Tirei minha jaqueta e as botas e caminhei em direção a cama. Mesmo que eu não tenha feito nenhum barulho, mamãe conseguiu sentir a minha presença. Ela levantou um pouco a cabeça para me observar.

— Será que posso dormir aqui com você?  — perguntei baixinho.

— É claro que pode, meu amor. Vem aqui.  — ela puxou o cobertor e deixou um espaço no colchão.

Eu me deitei ao lado dela, encostei minha cabeça em seu peito e ela me cobriu.

— Está tudo bem querida?  — ela questionou passando a mão em meu cabelo e eu neguei com a cabeça.  — Mas vai ficar. Tudo vai ficar bem.

Sim. Tudo iria ficar bem. Eu iria ficar bem. Eu só não sei quanto tempo iria passar até eu chegar lá.

 

 

No dia seguinte, como já era de se esperar, eu acordei com uma bela dor de cabeça. Quando eu despertei, mamãe já não estava mais ao meu lado. Eu não tinha noção de que horas eram e isso me deixava, de certa forma, perdida. Levantei-me da cama com dificuldade e fui para o meu quarto. Tranquei a porta e observei o relógio em cima do criado mudo e levei um susto ao ver a hora marcada.

12h34.

Dei uns tapinhas em meu rosto só para ter certeza que estava mesmo acordada. Murmurei um palavrão e resolvi tomar um banho para ver se a ressaca se amenizava um pouco. Me despi rapidamente e girei o registro do chuveiro, nem esperei que a água atingisse a água atingisse a temperatura certa.

Passei uns vinte minutos ali debaixo e depois eu saí. Me enrolei em uma toalha e me escorei na pia. Corri com a mão pelo espelho do armarinho para tirar o bafo de ar que ficou devido a fumaça da água. Atentei para as olheiras profundas embaixo dos meus olhos, meu rosto estava um pouco inchado, meu corpo parecia ter adquirido uma canseira de um ano todo e eu ainda podia sentir o gosto de álcool em minha boca — mesmo após eu ter escovado os dentes duas vezes —.

Deixei o banheiro para ir colocar uma roupa e depois ir comer alguma. Peguei o primeiro jeans que vi na frente e uma blusa de mangas compridas.

Bocejei erguendo os braços para me alongar enquanto descia as escadas. O cheiro de café invadiu as minhas narinas e eu suspirei profundamente, absorvendo ainda mais o aroma. Encontrei mamãe de costas, mas assim que ela ouviu o barulho dos meus sapatos no chão, ela se virou.

— Que cheiro bom.  — falei e sorri.

— Ouvi o barulho do chuveiro e resolvi preparar algo para você.  — ela colocou uma xícara e a garrafa de café em cima da mesa.

— Obrigada.  — puxei uma cadeira para sentar.  — Era exatamente de um café forte que eu precisava.

— Que bom, então aproveite.  — mamãe me passou alguns bolinhos e voltou para pia.  — E quanto à ontem? Quer conversar sobre aquilo?

— Eu acabei bebendo e fiquei um pouco sensível. Foi só isso.  — beberiquei alguns goles do meu café.  — Sou fraca para bebidas, não sei por que ainda teimo.

— Não sabia que você bebia tanto.  — ela virou a cabeça e apoiou as mãos espumadas na beirada da pia.

— E eu não bebo.  — pronunciei com convicção.  — Mas eu tenho as minhas recaídas.

— Ah, sim.  — ela ironizou.

Depois disso, nós ficamos em silencio. O único som que se instalava era de mamãe levando a louça. Permanecemos daquela forma até ouvirmos o barulho da porta. Escutei os passos apressados de Micaela se aproximarem e quando apontou na cozinha, ela sorriu largamente e abriu os braços vindo em minha direção.

— Oh, meu Deus, eu não acredito. Parabéns, maninha.  — sem que eu esperasse, Micaela me abraçou. Olhei para mamãe completamente confusa.

— Me solta, maluca.  — empurrei-a.  — Do que você ‘tá falando? Por acaso, eu ganhei na loteria e não estou sabendo? Ou você andou fumando umas por aí?

— Não faça de boba.  — ela tapeou meu braço.  — Estou falando do seu namoro, oras.

— O que?  — mamãe gritou enquanto eu tossia engasgada com o café.

— Como assim ‘’meu namoro’’? Que namoro? Eu não estou namorado.  — reclamei sem entender.  — De onde tirou essa ideia?

— Dylan ligou hoje mais cedo para contar a novidade à Caleb, que você deu uma chance para ele. Não é o máximo?  — ela explicou batendo palminhas.

— Ei, ei, espera aí! Vamos com calma.  — cortei-a.  — Eu disse a Dylan que daria uma chance a ele para me conhecer melhor e não de ingressarmos em um relacionamento.

— Você é uma estraga prazer, Lisy.  — Micaela revirou os olhos e pousou as mãos na cintura.

— Não tenho culpa se você entende as coisas erradas.  — me ajeitei na cadeira.

— Quem é Dylan?  — mamãe perguntou, Micaela e eu suspiramos.

E lá vamos nós, de novo.

 

 

Duas horas da tarde, eu estava deitada em minha cama, de barriga para cima e observando o teto, em silêncio. Minhas mãos repousavam ao lado da minha cabeça e uma brisa fresca entrava pela janela.

Fiquei pensando se Dylan achava mesmo que nós iríamos passar do nível de amizade e chegar a ter algo sério. Eu iria lhe dar uma oportunidade, só devia ter deixado bem claro que eu não estava certa das coisas e que ele não se iludisse, porque eu não queria machucar ninguém. E eu ainda tinha Louis na cabeça e não era correto usar Dylan para esquecê-lo.

Cocei os olhos e massageei a minha testa, eu estava precisando conversar e Matt era a pessoa mais certa para isso.

Procurei meu celular pelo criado mudo e assim que o tive em mãos, eu liguei para Matt. O safado demorou um bom tempo para atender, já estava quase desistindo quando ouvi sua voz ecoar em meu ouvido através de um grito estridente.

Lisy, pensei que tinha se esquecido dos amigos, sabe?  — seu grito aumentou.

— Vá à merda, Matt.  — falei e ele cessou a gritaria.  — Sem drama, por favor.

Suponho que você está brava. O que aconteceu?  — não tinha como fazer surpresa quando se tratava de Matt.

— É sobre isso que eu quero conversar.  — sentei na cama.

Pode falar, eu sou todo ouvidos.  — jurei que ele também se sentou.

— Eu não quero falar pelo telefone, preciso te ver.  — choraminguei.

A sua sorte é que eu não ‘to ocupado, além de ver a minha avó fazer um casaco de crochê ridículo para o meu pai.

— Me encontra no Starbucks em vinte minutos.  — falei combinando o lugar certo e Matt concordou.  — Então, até daqui a pouco.

Até.  — nos despedimos.

Saltei para a ponta da cama e busquei o meu tênis em baixo dela. Calcei-os e me levantei. Peguei uma blusa de frio antes de sair do meu quarto e ir falar com mamãe que eu iria dar uma volta. Não disse para onde, dei apenas a desculpa de que queria esfriar um pouco a cabeça.

Coloquei os fones de ouvido, dando play em alguma música do Creed. Eu tinha certeza de que conversar com Matt iria me deixar bem.

 

 

Meia hora depois, eu me encontrava sentada com Matt do lado de fora do Starbucks. A mesa redonda estava repleta de doces e milk-shakes, que ele havia pedido para nós dois. Contei a Matt tudo o que tinha acontecido comigo desde o dia em que Louis apareceu na floricultura.

— Vejamos...  — ele fez uma pausa como se estivesse a refletir.  — Você brigou com o Louis, transou com ele, fez as pazes com ele, brigou com ele e ainda deu uma ‘’chance’’ para outro? É muita diversão para uma pessoa só.  — Matt encheu a boca com um brownie.

— Eu, sinceramente, não sei mais o que fazer. Eu já pedi demissão, já pedi a Louis para se afastar, mas é como se isso não valesse nada.

— E o que você esperava? Querida, seria mais fácil você fugir do Freddy Krueger do que de Louis.  — disse ainda de boca cheia.  — Ele não vai te obedecer facilmente, se é que ele vai te obedecer um dia.

— Obrigada pelo apoio.  — agradeci ironizando.

— Só estou falando a verdade.  — Matt sacudiu os ombros.  — Mas eu não entendo porque continuam com essa complicação toda. Vocês gostam um do outro, qual a dificuldade em aceitar e admitir os sentimentos?

— Eu já até aceitei o fato de que ele era o meu chefe, porém, ele ainda tem uma namorada e nem em outra vida eu vou ser amante de um cara. E se ele está com ela até hoje, é porque algo existe aí.

— Talvez ele não queira magoá-la. Talvez eles dois estejam juntos só por aparência e Louis aprecie a amizade de Eleanor. Lisy, aprenda... um cara não vai procurar abrigo nos braços de outra se estiver satisfeito em casa.  — foi a minha vez que colocar um brownie na boca.

— Como eu vou saber se ele não vai ‘’procurar abrigo’’ com todas as mulheres daquela empresa?  — limpei os dedos parcialmente melados com a minha língua. 

— Isso vai da confiança que você tem em Louis. E você deve ter alguma já que dormiu com ele.  — Matt piscou e eu o encarei com um olhar repreensor.  — Mas você sabe que para Louis você é diferente, o jeito como ele te olha deixa isso bem explicito.

— Acho isso difícil de acontecer. E eu nunca tive coragem para perguntar a ele o que sente por mim e eu não consigo perceber porque Louis tem sérios problemas em demonstrar os sentimentos, ele nunca fala sobre o que está sentindo ou pensando. O jeito de ele mostrar que gosta de você é, aparecendo na sua casa no meio da noite e te levando para o banco de trás do seu carro.  — não que isso seja totalmente ruim, completei mentalmente.

— Então, ele deve gostar muito de você.  — Matt disse malicioso e eu balancei a cabeça negando. Nós rimos e ele pegou outro doce.  — Só que vocês dois se amam e já passou da hora de pararem de ser orgulhosos. Estão perdendo tempo feito dois idiotas e às vezes dá vontade de colar vocês um no outro pra ver se a coisa finalmente acontece.

— Você me faz rir.  — joguei meus cabelos para trás.

— Mas me fala... como é esse tão Dylan? Ele é bonitão?  — ele mexeu o canudo dentro do copo.

— Sim, ele é. É uma pessoa legal e divertida também.  — respondi sincera.  — Mas eu acho que ele merece alguém melhor do que eu.

— Porque acha isso?

— Porque eu estou uma garota muito confusa, insegura e tímida. Eu sou uma bagunça por dentro e por fora.  — suspirei.  — Não é fácil aturar uma pessoa que a cada minuto está com um sentimento diferente. Para a pessoa gostar de mim ela precisa ser louca ou muito louca mesmo.

— Eu deveria te odiar por ser assim.  — ele me mostrou a língua.  — E quanto a Zayn?

— O que tem ele?  — perguntei desentendida.

— Ele também gosta de você e parece te entender muito bem.  — Matt me observou sugestivamente e eu abaixei um pouco a cabeça.

— Não, não dessa forma. Zayn gosta de mim e eu gosto dele, mas como amigos. É só que ele sabe compreender uma maluca feito eu.  — comentei recebendo uma gargalhada dele.  — O que foi, idiota?

— Nada, não é nada. Só que é engraçada essa situação.  — esperei a continuação.  — Sabe, você tem dois gatos em suas mãos e não tira proveito das oportunidades.

— O que quer dizer com isso?  — fiquei com medo de suas próximas palavras.

— Ah, você sabe... Zayn, Louis e você... aquela mesa do escritório...  — ele fazia uma pausa entre as frases.

— Meu Deus, Matt, você é perverso.  — proferi com os olhos arregalados.

— Vai dizer que você nunca pensou nisso? 

— É claro que não.  — falei e ele me encarou como se eu estivesse mentindo.  — Minha mente pode ser insana, mas não chega nem aos pés da sua.  — senti meu rosto esquentar.

— Ok, vou fingir que acredito.  — ele piscou outra vez.

— Olha, termina de comer isso aí. Você fica melhor quando não ‘tá falando nada.  — me levantei.  — Eu vou ao banheiro.

— Agora me magoou.  — ele fez bico e eu lhe apontei meu dedo do meio.

 

 

Matt e eu ficamos conversando até o fim da tarde, diversificando os assuntos sempre. Não caímos muito no quesito Louis, mas era impossível falar de algumas coisas e a imagem dele não vir na cabeça. Mas eu consegui me distrair bastante e dar risada de papos altamente ridículos.

Porém, por mais que eu tentasse, eu não conseguia tirar de mim que Louis não iria me dar descanso tão cedo. E eu queria ver sua reação quando soubesse que eu estaria namorando — não que isso fosse acontecer, mas não vou desconsiderar a possibilidade —, o fato é que eu gostava de ver Louis com ciúmes de mim, de vê-lo agir por impulso e querer descontar a raiva no primeiro a sua frente. E Deus, ele ficava tão lindo nervoso que ele poderia ficar assim para sempre. Verdadeiramente, eu o queria por perto, queria abraça-lo sempre que tivesse vontade, fingir que eu estava dormindo só para ouvi-lo cantando para mim, queria poder perguntar como foi o seu dia e se ele estava bem, queria sua atenção, queria provocá-lo para depois resolvermos tudo do nosso jeito...

Céus! Parando para pensar eu estou começando a virar uma psicótica também.

 

 

Quase vinte e quatro horas depois, eu terminava de colocar alguns livros dentro da minha mochila. Embora fosse segunda-feira e eu tivesse que ir para a faculdade, eu estava contente. Pelo menos eu teria algo para fazer e não morreria de vez no tédio. Passei todo o dia deitada em minha cama assistindo filmes e procurando um novo emprego pela internet. Mas tudo o que achei foram vagas para garçonetes em uma lanchonete mais afastada do centro. Não me candidatei porque eu tenho de certeza que não me daria bem fora de qualquer área que não fosse a contabilidade.

Valery me ligou no meio da tarde para avisar que os documentos da minha demissão estavam prontos e que eu só precisava ir até lá assinar e pronto... eu estava oficialmente fora das Industrias Tomlinson. Disse a ela que no dia seguinte pela manhã, eu iria dar uma passada por lá. No fim de tudo, eu ainda tive que escutar um ‘’a empresa ficará melhor sem você’’.

Argh, como eu tinha vontade de estrangular aquela mulher. Eu não tinha culpa se ela era uma mal comida que dava em cima de Louis e ele não queria nada com ela. Gostaria de poder jogar em sua cara o que eu tinha conseguido em tão pouco tempo o que ela não nunca conseguiu em três anos. Não era algo que eu me orgulhava, mas eu queria que ela soubesse o que Louis e eu fazíamos quando não estávamos dentro da empresa e fora dela também.

Sorri comigo mesmo ao pensar naquilo.

Joguei a mochila sob o ombro e observei a hora no celular. Eu já tinha perdido alguns minutos enquanto refletia, então resolvi sair de casa logo.

 

 

As aulas de Contabilidade de Custos era uma das minhas preferidas. Primeiro porque eu adorava aprender sobre custeio por absorção e custeio variável. Segundo, porque o professor explicava tudo de forma tão espontânea que a aula fluía aprazivelmente. Fiz algumas anotações em meu caderno enquanto ele falava lá na frente.

Mais três aulas após aquela e finalmente eu já estava saindo da faculdade. Coloquei uma touca em minha cabeça — já que era tarde e o vento lá fora não deveria estar tão agradável —, enquanto caminhava pelo corredor que dava acesso ao campus de saída. Sorri para algumas pessoas durante o trajeto e cumprimentei outras.

Escondi as mãos nos bolsos da jaqueta e me vi fora do prédio. Dirigi-me pela calçada e fui andando querendo chegar logo ao ponto de ônibus. Ia tirar o celular da bolsa para checar as horas, mas cessei o gesto quando senti a presença de um carro ao meu lado. O veiculo prateado acompanhava os meus passos lentos, porém, logo tratei de aumentar a velocidade. Minhas palmas das mãos já estavam dormentes com tamanha força que eu fincava as minhas unhas ali. Eu quase não estava conseguindo piscar regularmente e não ousei a olhar para o lado.

O veiculo de modelo desconhecido por mim, passou em minha frente e parou. Fechei os olhos com força e dei os primeiros passos para lhe ultrapassar. Segurei firme a respiração. No instante em que o vidro abaixou, eu só pude rezar e pensar em mamãe e Micaela.

Droga! Eu não acredito que tudo acabaria daquela forma. Caramba, eu só tinha dezoito anos, nem tinha terminado a faculdade, tinha sonhos para realizar, lugares para conhecer, livros para ler, eu ainda precisava descobrir os outros prazeres da vida.

O vidro desceu por completo e eu pude ouvir o barulho da tranca ser destravada. Eu sentia um mínimo de suor escorrer por minha nuca, minhas pernas bambeando e no próximo movimento do sujeito eu cairia dura no chão, engoli o seco.

— Por favor, por favor. Não me machuca. Pode levar tudo o que quiser, mas, por favor, não me mata.  — falei desesperada.  — Eu faço qualquer coisa, eu juro.

— É bom saber, Monroe.

Monroe? Monroe? Ele sabia meu sobrenome? Como era possível?

Com muita calma eu fui abrindo os olhos e flexionando as mãos. Virei a cabeça para o lado e fiquei ainda mais assustada com o que eu vi.

— Puta merda, Louis.  — gritei colocando a mão no peito.  — Quer me matar? Eu quase tenho um ataque do coração.

— Desculpe. Eu só queria te ver e conversar um pouco.  — ele andava com o carro conforme eu dava os meus passos.

— Devia ter pensando nisso antes de agir feito um bandido.  — falei mantendo meu olhar fixo a minha frente.  — E eu já disse que não queria te ver.

— E você devia saber que eu não sou tão fácil assim.  — ele riu.

— Eu já suspeitava.  — tirei alguns fios de cabelo do rosto.  — Isso parece brincadeira.

— A gente precisava conversar, Lisy. E não ‘to falando isso como o Louis chefe e possessivo que você acha que eu sou, ‘to falando como o Louis que gosta e se preocupa com você.  — sua voz saiu baixa.

— Nós já conversamos, Louis. Não existe mais nada para discutirmos.  — nunca desejei tanto ter asas e poder voar para longe dali.

— Não do meu jeito. A gente precisa mesmo conversar, por favor, me escuta.  — ele pediu sem usar o tom casual; nada de possesso, alterado ou impaciente.

— Fala.  — parei e encarei-o.

— Entra no carro.

— Não exagera, Louis.  — permaneci imóvel.

— Não dificulte as coisas, Lisy. Entra logo na porra do carro. Eu ‘to tentando ser pacifico, então não queira testar o limite da minha paciência.  — e ele tinha algum?

Olhei para todos os lados da rua onde estávamos e bufei irritada a não ver outra escolha. Ofeguei e entrei de uma vez no carro. O silêncio de apoderou por alguns segundos, até ele começar a falar.

— Você se lembra do que me disse no sábado, não é?

— Eu não tenho amnésia, Louis. Só estava bêbada.  — falei o obvio.  — E sim, eu me lembro de tudo. Por quê?

— Tudo o que você disse era verdade?  — ele batia freneticamente os dedos no volante.

— Você sabe que sim.  — senti meu rosto esquentar e não entendi porque estava com vergonha.

— Quem é o idiota que você está conhecendo?  — ele endireitou o corpo em minha direção.

— Isso não é da sua conta.  — respondi convicta.  — É a minha vida pessoal, não devo satisfações a você.

— Sabe que eu vou descobrir, não sabe?  — ele questionou em um tom desafiador.

— Não me importo. Você pode fazer o que quiser. Eu já disse que você é o diabo em pessoa, é um louco e nada me surpreende mais.  — seus olhos fixaram-se nos meus e ele riu balançando a cabeça.

— Lisy, Lisy...  — ele apertou a ponta do nariz.  — Eu confrontei o meu melhor amigo por sua causa, não queira pensar no que eu posso fazer com um desconhecido se ousar tirar você de mim.

— Louis, para.  — respirei profundamente buscando a calma.  — O que eu tenho que fazer para você parar com essa ideia?

— Você não tem que fazer nada. É só admitir o fato.

— Admitir o fato, Louis? Pela última vez eu vou te lembrar de algo... você é comprometido. E eu não vou ser de um cara que tem outra.  — desviei o olhar.  — Você tem uma pessoa, porque eu não posso ter uma também?

— Você me faz parecer um machista desgraçado.  — agora nós dois olhamos para frente.  — A questão é que eu no consigo me afastar de você.

— Você pode tentar, assim como eu estou tentando.

— Por acaso acha que eu nunca fiz isso? Acha que eu nunca quis acabar com essa história também? É, eu já quis, tá bom?  — ele apoiou as duas mãos no volante.  — Eu queria poder me afastar, viver a minha vida em paz, deixar você, mas eu não consigo. Eu acabo falhando em todas as tentativas. Porque tudo me leva de volta pra você. Tudo que eu faço, tudo o que eu penso, Lisy Monroe está no meio.

Ele abaixou a cabeça e a balançou de um lado para o outro várias vezes, enquanto suspirava.

— Louis...  — chamei-o tocando em seu ombro.  — Você sabe que é errado trair alguém. E se fosse você? Como se sentiria? Eu não posso aceitar que continuemos a tocar o barco dessa forma.

Ele riu com o meu jeito de falar.

— Se você realmente gosta de mim, aceite as minhas decisões e não queria mudar elas. Você não pode decidir as coisas por mim, eu faço isso sozinha.

— Tudo bem.  — ele assentiu.  — Se é assim que quer, eu vou respeitar.

— E, por favor, fica longe, ok? Eu ainda não tenho muito pulso firme.  — me endireitei no banco.

— ‘Tá legal. Prometo me manter bem longe de você.  — ele levantou as mãos em forma de rendição.

— Não, não, não mesmo.  — mordi o lábio inferior.  — Isso é bom demais para ser verdade.

— O que foi?

— Você não é tão fácil assim.  — zombei usando sua frase de minutos atrás.  — Tenho medo do que possa fazer.

— Achei que não tinha mais medo de mim.  — ele me olhou de relance.

— Quer me fazer um favor?  — perguntei mudando o assunto e ele se calou como se afirmasse positivamente.  — Me dá uma carona até em casa. Eu preciso dormir.

— E isso porque não precisa mais de mim.  — disse sarcástico.

— Vai pro inferno, Louis.  — dei um soco em seu braço.

Nós dois rimos e ele deu partida.

 

 

Consegui dormir rápido na noite anterior, literalmente eu capotei no colchão e peguei no sono. Louis, enquanto ia me deixar em casa, não fez nenhuma pergunta ou tocou no assunto. A maioria do tempo nós permanecemos calados, olhando para direções opostas e quando pronunciávamos algo era sobre como o tempo havia mudado.

Acordei na terça-feira por volta das nove horas decidida a ir logo pegar a minha demissão e ficar livre de uma vez por todas. Vesti um jeans escuro, blusa de manga comprida branca e sapatilhas, acompanhada por uma bolsa pequena preta. Preparei um café e bebi-o antes de sair.

Mamãe tinha me chamado para ir novamente à floricultura com ela, mas eu recusei porque não levava jeito para a coisa. Cada um tinha seu talento e o meu, definitivamente, não era relacionado a flores.

Caminhei até a estação de trem mexendo o tempo todo no celular a procura de sites de emprego e de algum que me interessasse. O percurso todo ocorreu assim. Marcando números de telefone em minha agenda e pesquisando pela internet.

 

 

Ao chegar às Indústrias Tomlinson, eu rumei direto para a sala de Valery. Ela estava sentada atrás de sua mesa como de costume, lendo alguns papeis. Bati duas vezes na porta, mesmo ela estando totalmente aberta e Valery levantou a cabeça para me encarar.

— Oh, bom dia, Lisy.  — ela se livrou nos óculos de grau os colocando em cima das folhas.

— Como está, Valery?  — respondi por educação.  — Eu não quero ser chata, mas tem como fazermos isso logo? Quanto mais rápido eu assinar, mais rápido eu posso ir embora.

— E dessa vez é pra valer.  — ela sorriu vitoriosa.  — Devo ter guardado aqui em minha gaveta.  — ela se curvou e voltou à posição normal com uma pasta transparente na mão.  — Geralmente eu não fico tão feliz organizando as papeladas de demissão de um funcionário, mas confesso que a sua eu quase explodi de alegria.

— Alguém tem que ficar feliz pela minha saída, não é?  — falei e seu sorriso diminuiu no rosto.  — Ao contrário de você, eu faço falta para alguém.

— Quanto mais rápido você assinar mais rápido pode sair daqui, lembra?  — ela se ofendeu? Ótimo.

Caminhei até sua mesa e sentei de frente para ela. Valery me indicou os lugares para que assinar e entregou uma caneta. Parei com a ponta em cima da linha pontilhada e meus dedos vacilaram por alguns segundos.

— O que está esperando? Vamos, assine logo.  — reclamou ela impaciente.

— ‘Tá.  — concordei sem graça.

— Ela não vai assinar isso, Valery.  — a voz ecoou pela sala e nós duas observamos a porta.

— Zayn?  — pronunciei demasiadamente em choque.

Merda, não. Ter Zayn no meio de uma decisão minha era completamente incabível. Zayn era persuasivo demais, bom com as palavras e quando você menos percebe já está concordando com o que ele quer, mesmo se for totalmente do contra.

Abri a boca para pronunciar algo, mas ele me interrompeu antes;

— Valery, deixe-nos a sós.

Continua...


Notas Finais


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Espero que tenham gostado, amores. E até o próximo ♥


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