O barulho dos meus saltos ecoavam pelo corredor do local que eu havia acabado de conseguir alugar. Era um consultório totalmente meu e o veria arrumado pela primeira vez.
Entrei lentamente, sorrindo ao ver o local de paredes beges e detalhes azuis, uma mesa de escritório e um espaço mais afastado com duas poltronas de cor salmão, aparentemente confortáveis.
Peguei a ficha dos pacientes que eu atenderia, a maioria já havia tido consultas comigo, só uma adolescente que era uma "novidade".
Não demorou para minha primeira paciente aparecer, nomeada Park Jihyo, uma mulher muito bela e digamos que...
Muito gostosa
Ela desenvolveu depressão e ansiedade depois de passar a infância e adolescência sofrendo bullying por ser fora dos padrões coreanos.
Logo depois de Jihyo desabafar, tomar um cafézinho e ir embora, Dahyun chegou.
Kim Dahyun, 18 anos recém completados e tem hiperatividade, infelizmente seus pais são homofóbicos e a trouxeram ao meu consultório para eu "trazer de volta a filha de igreja que ela foi um dia". Aquilo era bobagem.
É incrível como eu consigo deixar Dahyun calma com chocolate quente e conversando sobre o dia dela. Ela consultava quase que diariamente comigo e sempre ficamos conversando como belas amigas.
O dia foi passando, atendi meus pacientes de sempre e quando atendi quase todos, finalmente peguei a ficha da minha nova paciente que veio do antigo psicólogo e psiquiatra dela, Park Jimin, meu amigo.
"Chou Tzuyu, 16 anos, taiwanesa, se mutila desde os 12 anos, já consultou em vários psicólogos e psiquiatras, usa remédios para depressão, ansiedade e bipolaridade, difícil de conversar. Traumas com..."
Não consegui ler pois a letra começou a ficar meio corrida, como se Jimin estivesse com muita pressa.
Estranho e medonho.
Escuto duas batidas na porta e logo vou abrí-la; sorrio simpática quando vejo uma garota alta e um homem atrás dela.
— Boa tarde. – Fui devidamente respondida pelo homem mas a garota continuou quieta.
— Tzuyu, irei te buscar daqui uma hora e meia. – Falou grosso e saiu, se despedindo de nós duas.
Deixei-a entrar e fechei a porta, a guiei até a poltrona e sorrindo para ela.
— Até agora não escutei sua voz, meu anjo. – Falo docemente, com um sorriso no rosto.
— Eu não tenho sobre o que falar, não sei por que meu tio ainda insiste em me levar em psicólogos e psiquiatras. – Escutei sua linda voz doce e fofa, me deixando totalmente boba.
— Irei ignorar o que você disse e, sua voz é linda, igual a você. – Ri internamente ao ver a minha paciente corada.
Eu amava flertar um pouco com minhas pacientes pra quebrar o clima ruim de primeira consulta.
– E então... – Cruzei as pernas, sentindo o olhar dela queimando em mim. – Como foi seu dia, baby? – Eu sempre tratava minhas pacientes desse jeito quando eram mais novas.
Dahyun estranhamente era a única que me chamava de mommy.
Não faço a mínima ideia do que é mas okay.
– Eu... Eu fui pra escola, pra casa, pra aula de dança, meu tio me buscou e depois vim aqui. – Percebi o nervosismo, timidez e medo no tom de voz da mais nova.
Rotina que, aparentemente, ela se sente desconfortável.
Hm, interessante...
– Como foi na escola? Quero detalhes.
Tzuyu estava com cara de quem não queria falar sobre nada, mas a escola parecia ter algo de ruim, eu sentia isso.
– Cheguei, estudei, no intervalo ficaram me empurrando, me zoando e me chamando de aberração, voltei pras aulas e depois fui pra casa com minha melhor amiga. – Falou tudo com tanta tranquilidade que me deixou assustada.
Bullying?
Talvez o fato de que a garota me parecia tão quieta, tímida mas dura e forte me passou a impressão de que ela não sofreria bullying.
Isso é algo que eu não deveria pensar, não posso julgar um livro pela capa, mesmo que esse livro seja cheio de mistérios.
— Por que empurram você?
— Porque eu sou um monstro, Sana. O pior dos monstros.
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