História My Soundtrack - 2 Temporada - Te ver de novo

No dia seguinte, chego tarde em casa por conta do excesso de trabalho. Eu não sabia, mas a lista de convidados requer muita atenção e paciência. A todo momento a noiva vem até meu grupo, pedido que para tirar alguns nomes, depois vem a sogra pedir para acrescentar alguns nomes. Haja paciência! Agora estão escolhendo os convites e tudo mais, mas isso não faz parte da equipe, e nem da empresa, e sim os resultados finais. Estaciono o carro na garagem do prédio, mas antes de pegar o elevador, vou até o porteiro e não encontro ali. Normalmente ficava alguém na portaria, e eu precisava pegar umas correspondências, mas não havia ninguém ali para me informar. Subo imediatamente, doida para tomar um banho e relaxar.

Abro a porta e não encontro o Brian na porta, como de costume.

- Brian… cheguei bebê - o chamo. Mas nada.

Fecho a porta e deixo a bolsa em cima do balcão. Pego o controle do mesmo e ligo a TV, vendo todas as câmeras instaladas no meu pequeno apartamento. Apesar de ser pequeno, eu fiz questão de colocar câmera em todos os lugares possíveis, desde que aconteceu aquelas invasões. Até que vejo meu menino, deitado num sofá que ele mesmo apossou desde filhote.

Vejo Brian deitadinho ali, como se estivesse dormindo e estranho. Ele não é de ficar quietinho. Me aproximo do cachorro e passo minha mão sobre ele, o acariciando, e Brian apenas levanta o olhar, preguiçoso, fraco. Meu coração se aperta. Brian estava tremendo, e seu nariz estava escorrendo sangue.

- Brian? - o chamo, mas ele continua com seu olhar fraco. Meu Deus!!!

- Ai meu Deus - exclamo nervosa.

De repente escuto minha porta bater. Num pulo, corro o mais rápido possível para ver quem é que estava na minha casa. Era o Justin.

- O que você está fazendo aqui? - pergunto, nervosa.

- Vim buscar você pra gente conversar

- Veio mesmo? Ou veio para envenenar meu cachorro? - grito

- O quê? Tá maluca? Acabei de chegar, porra - responde alterado.

Corro até Brian e seguro sua cabeça, já tremendo de medo. Eu não posso perder o Brian. Ele estava comigo desde sempre, meu melhor amigo, nos momentos mais difíceis ele estava aqui, me fazendo companhia, elevando minha auto estima com suas brincadeiras e até teimosia de cãozinho filhote.

- Acho que envenenaram o Brian - choramingo - Tenho que levar ele pro veterinário. Eu tenho que salvá-lo. Eu não posso perder meu cachorro.

- Calma, vamos levá-lo - Justin passa por mim e se aproxima de Brian, o observando - Pega uma toalha, ele vai precisar.

Justin cobre o Brian num lençol e o pega no colo. Pego minha bolsa e corro para o veterinário com o Justin, para salvar o Brian.

- Ele foi envenenado, mas passa bem. Está instável e se recuperando - diz o médico veterinário.

- Meu Deus… eu levei um susto, eu cheguei em casa e…

- Acho que foi na hora da volta do passeio, Brian costuma comer plantas e deve ter ingerido o veneno, provavelmente colocado por algum vizinho irresponsável que não informou sobre o veneno - diz Justin, me interrompendo para inventar uma história.

- Bom… isso é muito comum. Peço que encontre o vizinho e o responsabiliza pelas despesas da internação e cirurgia do Brian

- Não será necessário, Dr. Eu mesmo arcarei com os prejuízos, e fique tranquilo, com esse vizinho eu me acerto depois - informa Justin

- Justin… - começo, mas ele logo me interrompe.

- É só isso Dr? - pergunta

- Sim. Amanhã a noite, podem vir buscá-lo. Até lá, ficaremos de olho no jovem Brian.

- Obrigada, Dr. De verdade. Obrigada por salvá-lo - digo, já emocionada.

- De nada. Brian é um guerreiro. Seja lá quem tentou o atingir, mexeu com o cão errado

- E com o dono também - completa Justin. Ele aperta a mão do veterinário e me arrasta para fora da sala.

Tento espiar a sala onde os cachorros doentes ficam, mas não consigo ver nada e isso me deixa irritada. Eu só queria vê-lo. Brian e eu somos muito apegados, ele sempre foi tão carinhoso, essa noite vai ser difícil para nós dois. Saio do veterinário e Justin vai atrás de mim. Entramos em seu carro e ele me leva de volta para casa, dessa vez me deixando na porta do prédio. Desço do carro e ele faz o mesmo.

- Não precisa de preocupar, o cachorro tá bem - diz.

- É? Por que até horas atrás ele não estava. - grito, nervosa. - Eu quero acabar com isso logo. O Brian não é culpado de nada, por que o machucam?

- Porque machucar ele afeta você!

Olho para ele pela primeira vez ali. Justin se vestia como antes, roupas comuns, parecia um tanto relaxado. Ao contrário de mim, que estava destruída. Com a mesma roupa desde cedo, provavelmente com a maquiagem toda borrada, e a cara inchada pelo choro a espera de alguma notícia do Brian durante as horas dentro do hospital de animais.

- O que veio fazer aqui? - perguntando, limpando meu rosto e mantendo uma certa distante dele.

- Vim falar com você sobre as notícias que consegui, mas não importa. Parece que não podemos esperar.

- Que notícias conseguiu? - pergunto.

- Quer conversar sobre isso aqui? - estávamos no meio da rua. E realmente, eu não queria falar sobre isso ali, mas devido aos acontecimentos anteriores e a minha promessa, eu não quis arriscar perder o controle, que aparentemente eu não tinha.

- Não, não quero. Mas não quero ir para outro lugar com você.

Ele solta aquela típica gargalhada.

- Está com medo de mim, Vegas? - arqueia a sobrancelha, com aquela expressão conhecida por mim.

- Não! Eu só… só não quero misturar as coisas.

- E que coisas são essas? - diz, tentando me enfeitiçar com seu olhar conforme se aproxima.

- Justin! - coloco minha mão em seu peito, o afastando pela sua proximidade - Por favor, eu não quero.

- Beleza. Estou vendo que hoje não é um bom dia… - ele olha meu corpo de cima baixo, e posso ver uma sombra de preocupação em seu olhar, mas ele desvia - Então vamos fazer assim, eu te dou meu celular e você fica com ele até amanhã. Daí você me devolve e a gente conversa… Apenas sobre o caso.

Olho para ele um tanto desconfiada. Mas assenti com a cabeça, afinal, se for para nos encontrar amanhã que seja para pôr um fim nisso.

- Tá, mas por que eu ficaria com seu celular? - pergunto, confusa com o que disse.

- Porque você precisa conversar com alguém, ou pode fazer alguma besteira. - ele coloca a mão no bolso e puxa o aparelho, me entregando - É o terceiro número na discagem. Diz que quer falar com a Olivia.

Pego o aparelho, estranho aquela situação. Mas não questiono. Justin sabe das coisas mais do que eu mesma.

- Hoje, como todos os dias, eu passeio com o Brian pelo parque. Ele adora, adora correr pelo parque atrás dos pombos. Brian estava tão animado, como sempre - comento, soltando uma risada ao imaginar ele hoje mais cedo - Não entraram no meu apartamento, Justin. Não podem entrar. Eu tenho um sensor, comprei, instalei vários pela casa para invasores, eu receberia uma mensagem no celular caso houvesse algo errado.

- Então, você acha que envenenaram ele na rua? - pergunta

- Não sei. Não faz sentido...

- Não, não faz! Se ele tivesse ingerido o veneno na rua, ele já estaria morto. Você o levou para passear de manhã, certo? - assenti - Ele foi envenenado recentemente.

- Tem alguma coisa aí - murmuro.

- Eu vou pedir para alguém ficar de olho no prédio - tento impedi-lo, mas ele logo levanta o dedo me impedindo de falar - É pro seu bem Amélia, ou você quer ser a próxima?

- Tudo bem, eu aceito. - dou de ombro - Obrigada

Justin não abre um sorriso convencido como o esperado, ele apenas sorri, assim… naturalmente. Não se aproxima de mim, apenas vira as costas e entra no carro, e vai embora.

Eu ainda estava assustada com toda aquela situação. O meu apartamento estava tão sem graça sem o Brian. Como é engraçado, né… Como pode um ser pequenino, que não fala, ser tão especial assim. Ele faz falta, uma enorme falta. Depois de tomar banho, sento-me no sofá. Não tinha a menor vontade de comer, e para não chorar de novo, resolvi focar no que eu fazia de melhor: trabalhar. Abro minha bolsa para pegar as apostilas e meu caderno, e sem perceber deixo cair o celular que o Justin havia me emprestado.

Não havia entendido ainda o porquê do empréstimo. Eu não conhecia nenhuma Olivia, e não queria conversar com ninguém, apenas queria ficar sozinha, no meu cantinho e torcer para as horas passarem rapidinho e eu voltar para aquele veterinário e pegar meu cachorro de volta. Por isso, foquei apenas no que importava. Passei algum tempo tentando focar no projeto, mas não estava nada criativa e muito menos focada em estudar.

Justin não me daria o celular para conversar com uma desconhecida, e acredito que ele não ligue para essas coisas de psicólogo. Comecei a ficar curiosa, quem seria essa Olivia, hein? Bom, eu não tinha o que perder, e ainda mais agora com toda essa curiosidade. Pego o celular, e aperto em ‘ligar’. O número era diferente, e o código era do Estados Unidos, eu conhecia muito bem aquele ‘+1’ antes do número. A ligação se iniciou, e chamou, chamou… e quando eu já estava pensando em desligar, o outro alguém atende.

- Alô? - digo. Mas a voz do outro lado da linha nada diz, eu posso ouvir a respiração da pessoa - É… u-um amigo pediu para eu ligar, e procurar pela Olivia, eu…

- Só um segundo - diz de repente. Era uma voz masculina o que me deixou ainda mais confusa.

- Oi… - uma voz feminina diz, me assustando.

- O-oi… Você é a Olivia? - pergunto

- Hum… Me diz seu nome, por favor

- Amélia… - respondo, desconfiada. E a pessoa parece que toma um chá de sumiço, pois não responde mais nada - Oi???

Posso ouvir alguém fungando o nariz, e começo a ficar preocupada.

- Não está reconhecendo a minha voz? - diz

- Deveria? - pergunto sem entender

- Claro que deveria! Sou sua melhor amiga há anos, sua safada - informa. E de repente a ficha sai. Como não lembrar dela?

- Mel? - exclamo, chocada

- Uhum... Nossa, quando o Ryan disse que o Justin estava na Austrália achei que apenas teria notícias sua, mas falar com você é… Ai meu Deus, eu nem acredito. - posso imaginar ela pulando para lá e pra cá no meio da casa.

- Como está tudo aí, como está a Natália? - pergunto curiosa para me atualizar.

- Está tudo bem… Depois que você se foi eu casei… Com o Ryan - ela solta uma risadinha e já sei que está envergonhada - Foi difícil quando você se foi, na verdade sempre foi difícil. Quando achei que teria minha amiga de volta depois de todo aquele pesadelo e choque, você foi tomada de mim pelo destino, que quis te mandar para longe.

Não sei quando foi que o Justin disse que essa ligação iria me ajudar, eu estou chorando mais. Eu sentia tanta falta das minhas amigas, elas estariam adorando esse lugar. Com os amigos tudo fica bom, tudo é melhor, e apesar de ter amigos aqui também, é da personalidade da Mel e da Naty que sinto falta. Ás vezes penso comigo mesma que a Mel gostaria das festas, que a Naty gostaria da natureza do lugar. Meu coração vibra de saudade e felicidade por está ali conversando com ela.

- Ryan comprou um apartamento aqui mesmo, grande, para nós dois. Quer dizer, para nós três - sussurra.

Paro para ver se ouvi direito. Nós três? Do que se trata isso?

- C-como assim, Melaine. Do que você está falando? - posso ouvi-la gargalhar do outro lado da linha.

- Aí… você continua gaguejando quando está nervosa. - diz rindo - Bom, agora somos eu, Ryan e Shae

- Shae? Quem é essa?

- Minha filha

- Ai meu Deus - grito em choque - V-você tá…

- Sim… - diz gargalhando - Estou com 6 meses. Minha barriga está enorme e pesa tanto, Kimberly. Você não tem ideia do que eu passo. Queria tanto que estivesse aqui agora para participar o chá de bebê.

- Eu queria está aí - choramingo, emocionada de saber que minha amiga está grávida - Queria ver você com barrigão.

- Ah, não. Você não imagina o quanto eu estou gorda. Jesus, engordei bastante, meus peitos estão parecendo dois melões

Mais uma vez eu gargalho com ela. Mel sempre teve essa alegria, essa empolgação, essa personalidade única. E quem diria que agora ela estaria grávida, grávida de uma menininha, de uma melzinha.

- Aposto que está linda - a elogio - Mas falando sério, está tudo bem mesmo?

- Sim, estou falando, mulher! Agora que o Ryan voltou a se unir com o Justin as coisas estão melhores. Porque depois que você se foi, e até antes, Ryan estava trabalhando com o pai dele e às vezes dava uma escapada para fazer coisas erradas - noto que ela ainda não gosta da ideia de ver o marido metido com os esquemas - Mas depois que o Justin apareceu, as coisas se aquietaram. Na época que você escapou, ninguém sabia que o Justin estava vivo, apenas os meninos. Bom, mas agora está tudo bem. Estamos vivendo uma vida boa, e ansiosos para chegada da Shae.

- E Naty, você não falou nada sobre ela - digo, um tanto preocupada.

- Aí, Kim… Sobre isso é meio complicado. Naty sempre foi na dela, e quando aconteceu tudo aquilo ela ficou com medo, você sabe… Não é todo mundo que tem psicológico para aceitar algo assim. Lembro-me que no começo eu pirei, mas depois fui entendendo que ninguém se machucava, nenhum inocente. Mas a Naty não entendeu muito bem, principalmente quando você foi embora. Ela trocou de curso na faculdade e transferiu para outra cidade, São Francisco. Ela está morando lá agora, a gente quase não se fala mais, a última vez que a vi acho que foi quando eu encontrei ela numa loja aqui em Los Angeles, eu estava com uma barriguinha e bom, conversamos rapidamente, ela estava com pressa. Ela está diferente.

Aquela informação parte o meu coração. Sempre fomos nós três, Mel, eu e Naty. sempre grudadas, sempre unidas, sempre amigas. Nossos sonhos eram praticamente os mesmos, e infelizmente ao chegar aqui cada um fez seu caminho. Sinto-me um pouco culpada, porque se não fosse por mim nada disso teria acontecido. Todas estariam bem e unidas. Realmente, Naty sempre diferente, sonhadora, tinha algumas opiniões divergentes, e preferia ficar em silêncio, mas todas nós sabíamos que sua cabeça rondava mil pensamentos, que muitas vezes interferia nas suas escolhas. Mas isso, se afastar assim, se tornar uma outra pessoa, uma pessoa tão diferente. Ninguém quer sua amiga longe e agora eu meio que sinto que perdi a Naty.

- O Chaz, sabe dizer se eles estão namorando? - pergunto

- Não, se separaram a um tempo, logo que você foi para Austrália. Acho que esse foi um dos motivos para ela ir embora. Ela amava muito o Chaz.

- Meu Deus… Não consigo acreditar que perdemos a Naty - choramingo triste pela notícia.

- Kim, não fica assim. Ela quis se afastar, aposto que está bem. Naty sempre foi muito independente, você sabe. Ela apenas quis se afastar pelo próprio bem, não estava feliz e foi buscar a felicidade dela - diz. E ela tem razão, não tem muito o que fazer.

- Mel, você… você tem notícias dos meus pais, do Brasil? - pergunto, receosa com a resposta dela.

- Não… Nunca mais soube deles. Como foi quando você foi lá?

- Eles me trataram mal. Eu contei, né… É a minha família, o que eu podia falar mais? Eu estava indo embora, não iria mais entrar em contato.

- Ai, Kimberly, é claro que eles ficaram chateados, sua boba. Mas te amam, foi apenas coisa de momento. Vai ver que já passou - tenta me tranquilizar.

- Não sei não…

- Mas me diz, como é a Austrália? Deve ser um sonho né? Vivo pedindo para o Ryan me levar para te ver, ainda mais quando ele disse que o Justin estaria indo até aí, mas ele vem com aquele papinho idiota que é perigo e os caralho a quatro.

- Aqui é um sonho. No começo foi difícil, sabe? Mas a Pattie deu um jeitinho e preparou tudo pra mim, apartamento, carro, até me inscreveu num programa de ensino. Agora eu trabalho lá. Minha vida mudou muito, fiz muitos amigos, tenho uma nova família, e até um cachorro. Um namorado... - sorri, orgulhosa em contar.

- Kimberly do céu! Um namorado??? Me conta! É gostoso? - havia me esquecido desse jeito da Mel, e rio com sua pergunta.

- Muito. Mas tem um problema, Mel…

- Ah, acho que já sei - gritou, dando aquele típico chilique -  Ouvi o Ryan comentando que você estava se metendo com uma pessoa errada. Tanto é que o Justin apressou os passos e foi correndo até aí. Kimberly, me explica isso direito.

- Ele é um tira, Mel. Está por dentro de tudo, mas eu não me importo, sabe? Ele é tão especial, ele me faz tão feliz. Eu estou muito apaixonada pelo Steve. - confesso

- Steve, esse é o nome dele? Bom, bonito nome. Mas toma cuidado. Kim. Você tem que manter segredo da sua vida, principalmente com alguém assim por perto, amiga. Não quer colocar todos esses meses a perder, né? Isso vai custar muito caro. E eu não quero ver minha amiga presa.

- Vira essa boca pra lá - digo, morrendo de medo.

Todo mundo sabia que era um risco muito grande. Mas com o Steve, todo risco valia a pena. E ah… eu era muito feliz com ele.

- Queria eu ter uma fada madrinha chama Pattie - comenta rindo - Justin ficou todo doido quando te viu, né? Mulher, queria ter visto a cena!

- Não… Foi bem arrogante, isso sim - respondo

- Ele te ama, Kim. Ryan e ele sempre se falam, eu sempre soube notícias dele, e quando Ryan disse que ele iria até aí, pronto… Ficou claro que ele ainda lhe amava.

- Justin foi muito ruim comigo, Mel. Acabou comigo por telefone, disse para eu o esquecê-lo, partiu meu coração…

- E aposto que a mocinha mesmo quebrada ainda pensava nele, num é? - eu odiava a forma que ela me conheci, eu não conseguia esconder as coisas. - Ainda pensa nele, Kim?

- Eu odeio você! - grito e ela ri, é claro que rir. Acertou em cheio.

- E o gostosão, se encaixa aonde nessa história? Ou vai me dizer que agora curte ménage?

Morro de vergonha ao ouvir falar assim, até porque nem eu sei a resposta.

- Que horror, Mel - exclamo, surpresa com suas palavras - Gosto do Steve, tá? E é com ele que eu estou. Justin que se ferre, eu hein. Chega assim, achando que pode me tomar de volta, achando que tudo pode ficar lá atrás assim, e ainda mais trazendo Gigi pra minha cidade.

- Menina, eu soube disso. Eles tão juntos a um tempo já.

- Mel… tô pensando aqui. Você já foi amiga da Gigi, como ela era com você?

- Ah, era uma boa amiga. Ela não era tão próxima assim, naquela época ela parecia gostar de mim, mas era só conversa. Gigi é espera, Kim. Ela queria era o Justin, agora faz sentido. Ryan disse que ela coincidentemente apareceu, estava diferente, se aproximou do Justin…

- Estranho… - solto

Então quer dizer que ela apenas fazia cena… Safada mesmo. A todo momento queria o Justin, e foi só eu sair do caminho para ela correr atrás dele e fazer de tudo apenas uma coincidência.

- Gigi me tratou com arrogância quando me viu, e chegou até me ameaçar pedindo para eu me afastar do Justin. Semana passada deu uma de louca e contou para os meus amigos que eu tinha uma passado sombrio, dando a entender que eu uma mentirosa. Quase dizendo quem eu sou de verdade. Isso está me enlouquecendo, Mel.

- Que vadia! Ela está se sentindo ameaçada, Kim. Tá vendo que você é a causa da viagem do Justin. Que ele ainda te ama.

Contei para ela o resto das coisas que aconteceram e ela como sempre, me entendeu, apesar de ter me dado algumas broncas, principalmente quando eu contei sobre o beijo com o Justin. Ela gostava do Justin, até eu contar que aconteceu aqui e antes. Sentia muita falta dos conselhos dela, das nossas conversas e da loucura dela, Mel era uma grande amiga.

- Você promete que vai ligar pra mim de novo? - pergunta

- Vou. Agora sei que posso entrar em contato, mas não posso abusar muito. Você sabe… Pra isso eu tenho que encontrar o Justin e falar com ele.

- Aí complica… Mas a gente dá um jeitinho, nem que eu mesma fale com o Justin e o obrigue a dar o celular dele para você. É pecado negar algo de grávida - diz, me fazendo rir.

- Fica bem, Mel. Toma conta da Shae - me despeço, já chorosa por ter que desligar.

- Beijos, Kim. E segura essa piriquita, menina. Tchau!

Falar com a Mel era me teletransportar para minha adolescência, onde ficávamos horas conversando. É impressionante, as pessoas que nos fazem esquecer a noção da hora, do tempo apenas numa conversa, essas sim são valiosas. E a Mel e Naty sempre me proporcionaram isso. Ainda estava meio mexidas com as grandes notícias que recebi, mas estava bem. Minhas amigas apesar de tudo conseguiram seguir seus caminhos, e se transformarem em grandes mulheres, e era essa a nossa vontade desde sempre.

Já se passava da meia noite, Steve havia me mandado uma mensagem dizendo que não poderia vir hoje, e que amanhã a tarde ele almoçaria comigo. Apesar de está muito apegada a ele, principalmente porque estávamos juntos toda hora, eu senti um certo alívio com aquela mensagem. Eu não teria que explicar sobre o Brian, relembrar o acontecimento de hoje mais cedo. Agora eu já me sentia melhor, e depois da ligação da Mel havia me dado muita fome, ainda mais quando ela começou a falar sobre os preparativos e petiscos brasileiros que teria no chá de bebê da Shae. Assim que desliguei, corri para cozinha para preparar alguma coisa, e quase escorreguei feio, quando vi que havia um pedaço de bolo no chão.

Estranhei aquilo ali, havia comprado aquele pedaço hoje de manhã de uma Senhora doceira que vendia aqui perto, sempre comprava com ela, e sempre comia de café da manhã. Então eu lembrei que esta manhã eu não comi, pois havia chegado da casa do Steve e já estava atrasada pro trabalho, só havia dado tempo de comprar e pronto. Mas algo estava errado, por que o bolo estaria no chão? É claro… O Brian. Doido por bolo. Infelizmente tenho um coração mole e sempre me rendia as suas carinhas de cachorro pidão e o enchia de pedacinhos de bolo, o gulosos é claro, vício. Brian derrubou o bolo da bancada e comeu. Céus, é isso! Brian foi envenenado pelo bolo. Agacho-me, e cheiro o bolo no chão, mas não havia nada de errado. Estava com a consistência e a aparência de um bolo aparentemente normal. Se o Brian não tivesse comido este bolo… Meu Deus, o veneno não era para o Brian, era para mim!