- Jay?! - O encaro espantada.
- Sim, meu amor. - Ele ri, com a moto estacionada no pé da calçada, logo atrás do carro dos homens estranhos.- Vim te buscar.
- Ah... - Me ligo e entro no seu jogo.- Obrigada, amor. - Subo na garupa de sua moto, agarro sua cintura e ele acelera. Solto um suspiro inesperado, agradecendo aos céus por ter sido salva. Logo por quem...
- Fala onde é a sua casa que serei legal o bastante pra te deixar lá. - O ouço dizer.
- Legal o bastante... - Murmuro com deboche e ele para a moto.
- Se não quer, pode seguir seu caminho a pé. - Ele me encara por cima do ombro.- Posso chamar aqueles caras também, se preferir.
- Ok, senhor legal... - Rolo os olhos.- Moro na rua...
Quando ia passar meu endereço, me lembro de que Chanyeol não pode saber sobre o que houve. Ele vai matar Sehun e essa é a última coisa que quero. Afinal, quem iria desejar um assassinato?
- Travou, princesinha? - Jay diz a última palavra com deboche, claramente impaciente.
- É que... - Pensa... Pensa...- Você mora longe daqui? - Pergunto e um sorriso presunçoso aparece em seus lábios.- Não é por isso, otário. - Rosno.- Estou sem a chave e Chanyeol saiu. - Digo simplesmente e ele bufa.
Sem dizer mais nada, Jay arranca com a moto novamente, fazendo a volta e indo em direção à casa de Sehun. Ele estaciona do outro lado da rua e me desespero.
- O-o que está fazendo? - Pergunto desesperada.- Não posso ficar no Sehun, você não entende... - Tento argumentar, mas então a garagem do prédio -em frente ao de Sehun- se abre e Jay entra com sua moto, estacionando em uma das vagas.
- Eu sei da sua discussão com o perna longa. - Diz, descendo de sua moto e retirando a chave da ignição.- Sinceramente, acho que o bairro inteiro sabe. Você tem cordas vocais potentes, devo dizer. - Ironiza e rolo os olhos.
- Para de me estressar e me ajuda a descer. - Seguro em seu braço forte, coberto por uma jaqueta jeans. Por fim, consigo descer, ainda equilibrando o bendito pote com frango.
O sigo porta adentro e o vejo cumprimentar os funcionários presentes. Subimos no elevador com um silêncio constrangedor fixado por longos minutos, até que as portas se abrem no décimo terceiro andar - a cobertura, é claro.
As portas se abrem direto na casa dele e acho isso deveras chique, bem a cara de Park, que adora esbanjar seu dinheiro na cara dos outros. Convencido...
- Lembre-se que essa não é a sua casa. - Diz ríspido.
- Você é um babaca, não é? - O fuzilo com o olhar.- Nunca vi anfitrião pior.
- Eu tinha planos, mas tive que cancelar por causa da sua briguinha com o seu namorado. - Jay caminha até um imenso sofá preto, no centro da sala de estar, e se senta, ligando a TV e zapeando pelos canais assinados.- Vê se liga logo pro Chanyeol. Veremos se ele é útil o bastante para vir te buscar.
- Chanyeol é mais útil que você. Isso posso garantir. - Caminho até a imensa ilha, no meio da imensa cozinha, logo ao lado.
Encaro o frango com um aperto no coração. Não acredito que isso está acontecendo comigo... Quando percebo, estou novamente aos prantos.
- O que eu disse sobre não se sentir em casa? - Jay se aproxima feroz, mas então percebe o meu estado deplorável e recua, soltando um suspiro em seguida.- O banheiro fica no fim do corredor. Vai limpar esse rosto e se recompor, vai...
Sigo em passos largos até lá e tento me acalmar ao máximo. Lavo o rosto com a água gelada que sai da torneira e observo a imensidão desse banheiro. Sinceramente, pra que tudo isso? Ele é só um, não é? Na verdade, sobre isso tenho certeza. Se fosse mais de um, o universo não aguentaria.
Encontro Jay mais uma vez no sofá, prestando atenção na ESPN. Tão óbvio...
- Então... - Começo e ele se volta para mim.- Eu meio que não posso ir pra casa. - Sorrio sem jeito e ele me encara com os olhos esbugalhados.
- O que?! - Ri incrédulo.- Você vai pra casa nem que eu arrombe aquela porta. Sinceramente, S/n. Não consigo ficar no mesmo ambiente que você. Você é insuportável!
- Você é engraçado... - Rio fraco e caminho até a cozinha, sendo seguida por ele.
Me sento em frente à mesa de jantar e pego a coxa do frango, passando a devorá-la.
- Do que está falando? Por que não está passando pela porta agora mesmo?! - Reverbera.- Dá o fora!
- Se eu for, terei que contar pro Chanyeol o que aconteceu. - Explico.
- Espera ai... - Jay franze o cenho.- Chanyeol está em casa?!
- Eu posso explicar. - Sorrio forçado e Jay se aproxima de mim, até ficar a centímetros de distância e me encarar de cima.
- Perdi meu encontro e tudo isso pra você ficar me enrolando?! - Reverbera.
- Até quando vai me culpar por perder esse encontro, cacete?! - Fico de pé e o encaro frente a frente.- Me salvou porque quis.
- Queria que eu fizesse o que?! - Jay grita ainda mais alto.- Te largasse lá com aqueles caras?! - Questiona e me calo.- Liga pro Chanyeol.
- Ele vai querer bater no Sehun e não quero ser uma destruidora de lares, entendeu?! - Desabafo e ele suspira alto, fechando os olhos.- Afinal, você me deve uma por eu ter adurado a sua arrogância todos esses anos. Sempre atrapalhando a aula alheia. Até parece que não tem relógio.- Me sento e volto a comer meu frango.
- E acha que foi fácil te aturar? - Rosna, se sentando na cadeira do lado.- Você fala de mim, mas se acha A inteligente! A maravilhosa. Isso irrita. Você julga todo mundo. - Dito isso, puxa o frango para si e retira a outra coxa, tirando um pedaço.
- Mentira! - O encaro de cenho franzido.
- Está julgando agora mesmo. Te saquei desde o primeiro dia de aula. - Comenta sério.
Quatro anos atrás...
Jay Park
Entro na sala, preparado para o meu primeiro dia de aula. Estava desanimado, mas vejo uma menina linda, sentada bem no meio da sala de aula e com um lugar vago ao seu lado. Seria esse o meu sonho?
- Licença... - Digo ao me aproximar. Ela, que antes estava focada em seu celular, passa a me encarar atentamente.- Tem alguém do seu lado?
- Não. - Sorri e me acompanha com o olhar enquanto me sento.
- Vai fazer algum concurso ou vai ficar na advocacia mesmo? - Questiono e sinto seu olhar analisar cada pedacinho do meu corpo.
- Advogada. - Diz sorrindo forçado.- Vai fazer empresarial, não é?
- Sim. Como sabe? - Pergunto surpreso.
- Parece o tipo de cara que quer seguir os passos do pai. - Diz simplesmente e volta a mexer em seu telefone.
Fiquei paralisado. Sinceramente, quem essa garota pensa que é? Como se soubesse algo sobre mim. E falou com tanto desdém...
Flashback off
- E depois ficou se esfregando com aquele babaca do jornalismo, jogador de lacrosse. - Jay resmunga.- Ficava com aqueles dois pra lá e pra cá. "Oh, Channie!". - Força a voz tentando me imitar.
- Isso é um absurdo! - Protesto levantando a voz.- Não foi assim que aconteceu.
Quatro anos atrás...
S/N
Me sento, com a sala ainda vazia, que vai enchendo aos poucos. Sinto as mãos suarem. Não acredito que estou enfim vivendo o meu sonho de me tornar uma advogada criminal.
Tento me distrair no instagram, esperando a aula começar, quando um cara muito bonito e tatuado chega. Apesar de estar agasalhado, consigo ver tatuagens em seu pescoço e mãos.
- Licença... - Pede com um belo sorriso no rosto.- Tem alguém do seu lado?
- Não. - Sorrio e sinto seu olhar pesar para meus peitos.
Bom, namorar não era meu objetivo, mas por esse pedaço de mau caminho eu abro uma exceção. Analiso o seu corpo descaradamente, já que ele não fez questão de esconder, afinal. Tenho que mostrar meu interesse.
É aí que vejo. Ele apoia seu celular sobre a mesa e vejo a tela acender, mostrando a seguinte mensagem.
Samantha? Kate?
| Oi, gato. Nos vemos hoje de novo?
Flashback off
- E depois você aparecia sempre com uma garota nova, atrapalhava a aula dos professores e todo mundo tem certeza de que você pagou para chegar no último período. - Grito ainda mais alto, ficando de pé.
- Pelo menos eu não julgo! - Jay também se levanta.
- Samantha ou Kate? - Finjo estar pensando e saio andando.- Me diz onde eu posso dormir, por favor? - Me acalmo e falo lentamente.
- Quem disse que você vai dormir aqui? - Ele me questiona sério.
- Ok, Park. - Pego meu pote e caminho até o elevador, apertando o botão sucessivas vezes.- Não vou ficar me humilhando.
- Espera. - Jay segura minha mão, que antes apertava o botão e nossos olhos se encontram, me causando um arrepio inusitado.- Pode dormir aqui.
- Obrigada. - Puxo minha mão e desvio o olhar.- Não pense que isso é de graça. Aposto que dinheiro não é problema pra você, mas posso te ajudar em redação. - Ofereço e Jay ri soprado.
- S/n, não preciso de ajuda. - Diz simplesmente, pegando o pote da minha mão e levando até a cozinha.- Como você mesma disse, dinheiro não é um problema pra mim.
- E que tal fazer as coisas do modo certo ao menos uma vez? - Sugiro e ele me encara atentamente.- Amanhã, depois da aula, volto pra cá e te ajudo. - Sorrio empolgada e ele acaba por concordar.
- Vem. - Me chama e o sigo pelo corredor. Ele abre a porta de um quarto imenso, todo em tons de preto e cinza escuro.- Esse é o meu quarto, e único.
- Você vai dormir onde? - Questiono e ele aponta para um imenso sofá posicionado perto da cama.
- Bem ali.
Jay passa por mim e retira sua jaqueta e sua blusa, mantendo apenas sua calça jeans preta e justa, marcando as coxas grossas. Me permito analisar sua barriga esculpida pelos deuses, toda tatuada. A entrada de sua pélvis é convidativa, assim como uma fina camada de pelos na barra da calça.
- Vai ficar aí parada? - Questiona e nego, entrando no quarto de uma vez.
Me sento em sua imensa cama e observo Jay deitar de barriga pra cima no sofá, passando a encarar o teto fixamente.
- Por que só tem um quarto? - Questiono curiosa e ele ri fraco.
- Transformei os outros dois em outras coisas. - Dá de ombros.
Percebo que se pudesse falar, já teria feito isso. Portanto, deixo para lá o ponto de interrogação que se criou na minha mente sobre do que se tratam esses quartos.
- Vai dormir de sobretudo? - Pergunta, ainda sem me encarar.
- Tinha me esquecido. - Rio fraco e tiro o sobretudo, só então me lembrando do vestido mínimo que vestia.
Respiro fundo e deixo o sobretudo apoiado na poltrona ao lado da cama e me deito, me cobrindo em seguida. Sinto o olhar de Jay me queimar, mas ignoro, apesar de me causar calafrios. Ele é um homem e tanto, mas não muda sua personalidade arrogante.
- O que rolou entre você e o... - Jay coça a garganta.- Sehun? - Diz como se fosse um palavrão.
- Ele estava fodendo com outra. - Solto um suspiro que nem sabia que segurava.
- Wow! - Jay ri e finalmente me encara, deitando de lado na cama.- Esse cara finalmente conseguiu meu respeito.
- Você é um otário! - Rosno irritada.
- Estou brincando. Sou babaca, mas não é pra tanto. - Afirma e no fundo sei disso, mas não assumo.- Achei idiota da parte dele. Não teria desperdiçado minhas chances com você, caso tivesse alguma.
Meu coração falha uma batida. Cheguei a cogitar ter escutado errado, mas considerando o silêncio constrangedor que paira entre nós, sei que meus tímpanos estão exercendo sua função perfeitamente. Jay Park acabou de flertar comigo?
- Enfim... - Park coça a garganta e prossegue.- O que pretende fazer quanto ao Chanyeol? Sabe que não pode esconder isso dele para sempre, certo?
- Eu sei... - Murmuro.- Vou inventar algo, mas antes preciso conversar com Sehun.
- Conversar com aquele merda?! - Jay levanta a voz surpreso.- Por quê?!
- Preciso contar pra ele que inventei algo. Se não pode acabar se atrapalhando e vai apanhar de Chanyeol.
- Você é boazinha demais. - Comenta, rolando os olhos.- Eu já teria falado tudo. Ou eu mesmo teria quebrado a cara daquele fodido.
- Não faço isso em consideração ao Chanyeol e aos quatro anos que namoramos. - Fecho os olhos e respiro com pesar.- Sei que ele não teve consideração, mas ao menos alguém deve ter. Só me prometa que não vai falar nada com ninguém.
- Não me meto naquilo que não me diz respeito, S/n. Garanto. Agora vamos dormir.
- Certo. - Concordo e me levanto para apagar a luz, mas com duas palmas que Jay dá, elas se apagam e a cortina se fecha. Rio fraco e então sussurro.- Previsível.
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