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História My Sweet Prostitute - Capítulo 20


Escrita por: LadyWicked

Notas do Autor


Boa leitura
🥺❤️❤️

Capítulo 20 - Capítulo 20


Pov Nayeon

Tomei um chá preto com biscoitos, não porque queria seguir os costumes ingleses, mas por causa do meu enjoo matinal. Como não queria dar mais trabalho a ninguém, achei melhor tomar conta de mim.

- Quer dar um passeio?

Fui arrancada de meus devaneios quando Dahyun falou ao pé do meu ouvido, com certeza notando minha distração mais uma vez e se divertindo ao me despertar.

- Passeio? Onde?

- Por aí.

Dois minutos depois, estávamos andando "por aí" conforme ela havia sugerido. A manhã estava fria, ainda com aquela névoa aparentemente típica de Londres, por isso fiquei grata a Dahyun por ter me oferecido um sobretudo fofo e quente antes de sairmos.

A grama estava muito molhada, não de chuva, mas de orvalho. Todos os cheiros ali eram maravilhosos, e me perguntei se minha adoração a praticamente tudo naquele lugar era psicológico, simplesmente pelo meu bem-estar.

Alcançamos a parte de trás da casa. Se a parte da frente fazia com que o jardim parecesse modesto, essa impressão se dissipava quando se chegava ali. Era uma área enorme, até onde eu conseguia ver. Ao longe, a água de um enorme chafariz desligado parecia estar tão fria que dava a impressão de estar congelada. Dahyun parecia minha guia turística particular, reportando cada pequeno detalhe de cada planta e pedra naquele lugar. Eu ouvia interessada, mas tinha que admitir que estava mais distraída com a presença dela e seu modo de agir despreocupada do que com o que ela falava.

- No último aniversário do meu pai, fizemos uma festa aqui. Estávamos em Abril. - Ela continuou, apontando para os bancos de pedra que percorriam os arbustos altos e as mesas e cadeiras de jardim brancas no estilo vitoriano, várias delas enfileiradas em um campo enorme cercado por árvores de vários tamanhos, um pouco sem vida por causa do frio.

Havia postes de luz por todo o lugar, acompanhados de balizadores e luzes baixas no chão que marcavam os caminhos, próximas aos troncos das árvores. Imaginei como seria uma festa ali, o efeito daquela iluminação em uma noite de primavera. Suspirei.

Alcançamos o chafariz. Olhei hipnotizada para o fundo dele sem motivo algum. A água estava um pouco trêmula por causa do vento. Nem o tempo cinza poderia fazer com que aquele lugar parecesse menos perfeito.

Dahyun tirou de dentro do próprio casaco alguns panos, os quais eu não fazia a menor ideia de onde vieram, e colocou-os lado a lado no muro alto do chafariz, cobrindo a pedra mármore molhada de orvalho e fazendo menção para que eu sentasse em cima de um dos panos.

Foi o que fiz, e ela repetiu meu ato.

Por algum motivo, fiquei um pouco tensa.

- Muito. - Falei de forma sincera, sorrindo. - É mais ou menos como um sonho se parece.

Ela sorriu de volta, mas seu sorriso foi sumindo aos poucos.

- Por falar em sonho... Queria saber do que se tratava o seu hoje de manhã.

Parei de sorrir também.

- Foi só um pesadelo, lembra?

- Lembro. Mas eu quero saber.

- Por que quer saber?

- Porque eu sei que tenho a ver com ele.

Eu sabia que ela sabia. Ela sabia inclusive qual era a essência do sonho, se eu tomasse como referência suas palavras no banheiro.

- Bem, você não estava nele.

- Ainda assim...

- Eu acordei ao lado de uma mulher que não conhecia. Era uma cliente. Era como se você não tivesse voltado aquele dia.

Um silêncio pesado pairou sobre nós, como eu sabia que aconteceria. Dahyun continuou me olhando com uma expressão neutra, como se estivesse processando cada palavra minha.

- Você sabe que esses sonhos só acontecem porque você tem esse medo, não é?

Ela parecia calma, como se estivéssemos conversando sobre o Natal. Isso fez com que eu também me acalmasse.

- Sei.

- Então, você pode pelo menos tentar...

- Tentar não ter medo? Isso não está nas minhas mãos.

Ficamos em silêncio outra vez, e notei que pela primeira vez estávamos conversando sobre aquele assunto delicado. Era o assunto que evitávamos de todas as maneiras, mas agora lá estava ela, tomando aquele momento como se a conversa fosse banal. E embora não fosse nada banal, embora estivesse sendo difícil conversar sobre aquilo, também não estava sendo completamente ruim. Algo me dizia que eu sairia dali com alguns quilos a menos nas costas.

- Eu não vou te deixar de novo.

- Você já disse...

- Vou repetir até que você acredite em mim. - Ela parecia levemente exaltada.

- Eu acredito.

- Não acredita. Se acreditasse...

- Eu acredito, mas não consigo mandar na minha insegurança. Desculpa se isso te deixa irritada...

A voz dela subiu uma oitava.

- Me deixa irritada saber que você não confia em mim!

- Se não confiasse eu não estaria aqui. Não depois do que você me fez. - Respondi na mesma oitava.

Ela pareceu perder o fio do pensamento.

- Você... você não...

- Você confia em mim?

- Claro que confio! - Ela disse, parecendo ofendida com a pergunta.

- Então que merda foi aquela de me prender na sua casa se eu decidisse ir embora?

- Aquilo foi no início! Eu já te dei a chave do apartamento, você pode sair quando quiser! - E como se estivesse se apressando a adicionar um detalhe importante à conversa, interrompeu minha resposta - Mas se você fizer isso, eu vou mesmo atrás de você.

- Se confiasse em mim não haveria esse "se" na sua frase.

Ela me olhou com desespero, aquele desespero de derrota aceita. Ela sabia que meu argumento era válido.

Sem muito mais o que falar, ela olhou para as mãos em seu colo e suspirou sem vida.

Fiquei um pouco triste em vê-la daquela forma, então fui eu a quebrar o silêncio.

- Você acha que eu consideraria a possibilidade de te deixar? O que eu ganharia com isso?

Ela sabia que eu não ganharia nada. Sabia que eu só tinha a perder. Mas ainda assim, hesitava.

- Você disse que iria embora aquele dia...

- Eu não sabia o que você queria comigo aquele dia. Parecia querer brincar com a porra da minha dor.

- Eu não queria! Eu só não sabia como lidar com aquilo! Eu não sabia...

- Eu sei disso. Agora.

Ela abaixou a cabeça outra vez, e eu poderia até dizer que estava se fazendo de coitada de propósito se não a conhecesse bem. Mas Dahyun, no fundo, era mesmo uma criança que precisava de confirmações e certezas.

- Dahyun - Segurei seu queixo de maneira firme e fiz com que ela olhasse para mim - Eu não vou a lugar nenhum.

Ela poderia se desvencilhar do meu aperto com facilidade, mas não fez. Ao invés disso, ficou me encarando com aqueles olhos verdes tristes, brilhantes, lindos.

Meu Deus, eu queria ter um filho com aqueles mesmos olhos um dia.

Ela piscou algumas vezes, seu rosto muito próximo ao meu. Sem pensar, deixei que meu corpo agisse por vontade própria e me aproximei de sua boca, beijando-a apaixonadamente, com calma.

Ela retribuiu, me puxando gentilmente para mais perto dela, e quando me dei conta, já estava sentada em seu colo, sem nenhum esforço.

Não era um beijo furioso ou desesperado. Era uma demonstração de carinho simples, confortável, algo que raramente acontecia conosco.

Era um momento no qual ambas nos permitíamos desfrutar da companhia uma da outra sem compromisso, sem exigências.

Era simplesmente um dos momentos mais perfeitos da minha vida.

- Acredita em mim? - Perguntei, ainda contra sua boca.

- Acredito.

Ela beijou meu queixo, minha orelha e toda a extensão do meu rosto. Tentou beijar meu pescoço, mas se enrolou com a gola alta do meu suéter e, derrotada, bufou. Eu ri sem motivo.

- Eu amo o seu perfume. Sempre amei.

- Sempre? - Falei, olhando-a de forma a desafiá-la a lembrar que eu usava aquele "perfume" havia muito tempo.

- Sempre. Desde o primeiro dia que senti.

Ela falava enquanto inspirava e expirava na pele do meu rosto, em todos os lugares que conseguia alcançar.

Os arrepios que se formavam ali não tinham nada a ver com o vento frio do jardim.

- Posso te perguntar uma coisa? - Falei, um pouco tímida. Eu estava curiosa. Ela havia me deixado curiosa.

- Desde quando você gosta de mim?

A pergunta saiu baixa até mesmo para nossa mínima distância. Ela não pareceu se abalar de forma alguma, e continuou trilhando beijos suaves pela linha do meu queixo.

- Não sei...

- Você disse ontem pra sua família que foi no dia em que nos encontramos na praça perto da sua casa...

- Não, aquilo foi invenção. - Ela falou calmamente, voltando à minha boca e pontuando cada frase com um selinho - Eu gostava de você antes daquilo. Só não estava ciente.

- E quando ficou ciente?

- Um pouco antes do seu aniversário.

- E quando admitiu?

- Quando fui embora.

Embora eu tivesse medo de lembrar desses detalhes com ela, não estava triste. Talvez a crescente liberdade entre nós estivesse deixando tudo mais confortável, pelo menos para mim. E eu queria que ela estivesse confortável tanto quanto eu.

Abracei-a pelo pescoço como costumava fazer e a beijei no rosto. Ela sorriu um pouco triste.

- Mais alguma dúvida? - Ela perguntou, brincando com uma mecha do meu cabelo.

- Na verdade, sim. - Respondi, me lembrando de repente de uma coisa - Aquela citação no papel do buquê.

- Que citação?

- De Gandhi. Em lápis, no verso do papel com as flores.

- Hmmm... - Ela pareceu pensativa, tentando se lembrar - Acho que aquilo fui eu bêbada. Eu costumo ser sincera quando bebo. Acho que você já notou isso.

- Já.

- Pensei que tivesse apagado antes de entregar a você, mas eu estava mesmo bêbada. Aquele era o meu dilema. Eu não queria assumir, mas ao mesmo tempo queria que você soubesse de alguma forma.

- Eu não tinha entendido. Mas resolvi guardar o papel pro caso de você querer explicar algum dia.

- E já descobriu sua flor favorita?

- Você me fez gostar de rosas - Sorri.

- Se estivéssemos entre janeiro e fevereiro, você estaria rodeada delas agora. São épocas boas para uma boa plantação.

- Bom... - Comecei, um pouco sem graça - Talvez...

- Sim. - Ela me interrompeu - Você vai estar aqui no próximo ano.

- E qual vai ser a ocasião? - Perguntei sem muita curiosidade.

- Você vai ver. - Ela falou com um ar misterioso propositalmente exagerado.

Então me perguntei como ela me traria assim, sem mais nem menos, sem ter que largar suas obrigações. Diferente de mim, Dahyun tinha coisas para fazer.

- Você vem comigo, né? - Perguntei antes que pudesse raciocinar e chegar à conclusão que aquela pergunta era idiota.

Ela riu.

- Claro.

- Não vai atrapalhar as suas coisas na empresa?

- Não. Sem problemas. - Ela respondeu de forma simples, sorrindo e me dando um outro selinho.

Aquele assunto me fez lembrar de algo que martelava na minha cabeça havia algum tempo. Era um pedido de ajuda, e por mais que não houvesse problema algum, eu me sentia um pouco envergonhada em falar isso com ela.

- Hm... Eu queria te pedir uma coisa...

- Qualquer coisa.

- Qualquer coisa? Promete?

Ela hesitou por um momento, talvez considerando a possibilidade de que eu pedisse algo completamente esdrúxulo. Mas, por fim, consentiu.

- Diga.

- Eu queria a sua ajuda... Você é uma pessoa que normalmente consegue as coisas que quer, certo?

- Normalmente... - Ela estava desconfiada.

- Eu só queria que você, sabe... Conseguisse uma coisa pra mim.

Ela continuou em silêncio, esperando que eu explicasse.

- Não que eu esteja te usando, mas é que eu já tentei...

- Estou ouvindo.

Ela estava ficando um pouco tensa, e eu podia notar isso.

- É que eu queria que você me ajudasse... A conseguir um emprego. - Me calei, mas como o silêncio parecia incômodo, me apressei em falar outra vez - Eu sei que não sou qualificada pra nada, mas não estou pedindo uma coisa muito elaborada. Só queria trabalhar em alguma coisa, qualquer coisa, pra ocupar o meu tempo e pra pagar pelo menos um pouco das despesas que eu já dei...

Ela continuou me olhando calmamente, aparentemente mais aliviada pelo simples fato de não estar mais sendo enrolada. Mas ainda estava séria.

- Você sabe que não precisa trabalhar senhorita Nayeon.

- Eu quero.

- Por quê?

- Já te disse... - Comecei, tentando parecer menos envergonhada - Essa situação me deixa mal.

- Que situação?

- Você sabe qual situação. Eu não quero ganhar tanto como você, nem sonho com isso. Meu salário pode ser o que você costuma dar de gorjeta. Só quero ganhar alguma coisa. Não quero ser um peso morto...

- Ainda se acha um peso morto? Depois de todo esse tempo? Você escutou alguma palavra que eu te disse até hoje?

Apesar de contrariada, ela estava calma. Isso era bom.

- Eu sei... - Me aproximei de seu rosto, sem nenhum motivo em particular - Eu só quero colaborar com alguma coisa também. E sei que não precisa, mas eu me sentiria melhor. Muito melhor. E não estaria te pedindo se conseguisse sozinha.

Ela continuou me olhando, outra vez querendo que eu continuasse sem que ela precisasse pedir.

- Você tentou?

Resolvi ser sincera e falar exatamente o que me veio à cabeça, mesmo que aquilo parecesse inapropriado.

- Sim. Passei algum tempo tentando, mas não consegui. Aí dei o azar de um cara se lembrar de mim... E eu surtei. Foi quando você me achou.

Eu sabia que ela tinha entendido. Não que Dahyun tivesse demonstrado de alguma forma, mas eu simplesmente sabia.

Ela suspirou.

- Tudo bem. Não vai ser difícil.

Me senti debilmente vitoriosa.

- Eu já sei a resposta... - Ela começou, interrompendo minha comemoração silenciosa - Mas não custa nada perguntar: Você quer trabalhar na minha empresa?

- Não!

Eram vários os motivos para aquela resposta. Primeiro, eu não queria ficar lá só por causa do meu relacionamento com ela. Além disso, estava ciente de que não saberia fazer nada, nem mesmo desempenhar um papel decente de secretária. Dessa forma, não só eu estaria ali por ser a namorada inútil da chefe, mas também ganharia um salário bom (eu tinha certeza que ela se encarregaria disso) sem fazer absolutamente nada de útil.

Além de tudo isso, quanto menos eu tivesse contato com empresários, melhor. Não estava em uma posição tão confortável para me dar ao luxo de correr riscos e arruinar com a minha vida, que finalmente parecia começar a melhorar.

E Dahyun entendia todas essas razões.

- Imaginei.

- Qualquer coisa simples está bom. De verdade...

Suspirei outra vez, encostando nossas testas e nossos narizes.

- Obrigada.

Ela sorriu, e então senti vontade de agarrá-la. Felizmente, antes que acabássemos as duas dentro do chafariz gelado, ouvimos uma voz ecoando ao longe pelo campo aberto. Era Jisoo fazendo algum tipo de sinal para que voltássemos.

- Essa família me ama. - Ela concluiu, me tirando de seu colo e nos colocando de pé, enquanto pegava os panos de cima da mureta do chafariz.

E quem não ama? pensei, enquanto ajeitava despreocupadamente meu sobretudo, apertando mais o nó na altura da cintura para me manter aquecida.

Eu estava leve e feliz. Estava com ela, e começava a me dar conta de que esse simples fato acabava sempre tornando tudo muito melhor.

Levantei a cabeça outra vez e vi que Dahyun me encarava com uma expressão um pouco surpresa, um leve sorriso nos lábios e uma alegria contida no olhar. Imediatamente entendi o que tinha acontecido.

Eu havia pensado em voz alta.

Senti meu rosto corar violentamente, fervendo de vergonha.

- Ahm... Vamos? - Falei, tentando escapar daquele momento constrangedor.

Mas era óbvio que ela não me deixaria escapar ilesa. Por isso, segundos depois aceitei o fato de ser agarrada e tomada em um beijo brutal, me deixando sem defesa, exatamente como os beijos de cinema. Dahyun finalmente me largou naquele estado gelatinoso que eu costumava ficar quando ela parava de me tocar.

- Linda.

- Certo. - Tossi, limpando a garganta e sorrindo de forma idiota - Vamos...

Saí andando na frente. Ela riu com minha atitude envergonhada, e logo me alcançou com suas passadas largas. Sem dizer uma só palavra, entrelaçou seus dedos nos meus, girando um pouco o anel com seu polegar. Meu rosto foi esfriando e voltando ao normal a medida que nos aproximávamos da casa.

O relógio agora marcava 08:30h da manhã.

- Nossa, amor. É o seu quinto pedaço de bolo.

- Se você quiser ter um filho gordo e saudável, me deixe comer em paz.

Mais uma vez o assunto estava na gravidez de Lisa. Chegamos à cozinha e a encontramos com Yoongi ao seu lado no café da manhã. Jisoo estava sentada na cabeceira da mesa, observando a filha comer perto dela.

- Ora se não é a minha irmã desnaturada que finalmente vem me ver antes que eu vá embora. - Lisa pontuou, ainda comendo o pedaço do bolo em suas mãos, provocando Dahyun.

- Você vai embora hoje? - Ela perguntou um pouco espantada, enquanto sentávamos nas cadeiras à frente dela e de Yoongi.

- Vamos passar o dia de Natal com a família do Yoongi como sempre, cabeção.

- Mas pela quantidade de malas, pensei que ia ficar pelo menos por uma semana dessa vez.

- Só aumentei a quantidade de malas pra aumentar as opções.

Yoongi olhou para nós com uma cara extremamente puta de "sempre sobra pra mim."

- Vá se acostumando. - Disse Lisa em um tom de bronca ao ver a expressão do marido - Meu guarda-roupa vai ficar ainda maior com as roupas de grávida.

- Você já tem algum sintoma? - Perguntei, um pouco curiosa.

- Não muitos. Há uma semana atrás tive vontade de comer quiabo com chantily, mas acho que foi só isso.

- Bacana! - Dahyun exclamou, achando graça.

- Não foi bacana. - Yoongi concluiu - Ela vomitou uma gosma verde bebê na manhã seguinte.

- Uau! Grávidas não são o máximo? - Dahyun falou de novo, dessa vez gargalhando abertamente.

- Grávidas são uma bomba armada, irmã - Tae entrou na conversa, rompendo pela cozinha de robe preto, com Jin atrás dele - De repente, boom! Sai uma coisa de dentro delas chorando e esperneando.

- Essa "coisa" a qual você se refere é seu sobrinho, seu troglodita insensível. - Lisa falou, não dando realmente muita importância para Tae.

- Querido, vista uma roupa. Temos alguém novo na família. - Jisoo falou, de forma gentil mas repreendedora.

- Ah, mãe, a Nay não vai ficar me olhando. Ela prefere uma certa coisa albina.

Um pão de forma voou na cara de Taehyung.

- É, Dubu - Falou Lisa, calmamente - Taca o copo.

- Por que vocês gostam de tacar coisas? - Jin perguntou de forma retórica.

Sorri.

Não havia como negar que eu amava aquela loucura. Ria de todos eles e da dinâmica maravilhosa que acontecia ali. Senti uma pitada de inveja de Dahyun por ter uma família tão linda, e de repente a saudade dos meus pais me atingiu em cheio.

Perdi a concentração no que os Kim's diziam por um momento. Não em lamentações, mas apenas no desejo de ter Jennie e Boa ainda comigo, para que eu pudesse apresentar á eles. Tinho certeza que se dariam bem.

Então me peguei imaginando se eu teria a conhecido caso meus pais não tivessem falecido. No final das contas, foi por isso que tomei aquele rumo, e foi dessa forma que ela entrou na minha vida.

Eu não sabia a resposta para aquela pergunta.

Foi só quando o ambiente ficou estranhamente silencioso de repente que despertei, vendo-os outra vez à minha frente.

Jin olhava com uma expressão satisfeita para Dahyun, e Taehyung parecia orgulhoso com alguma coisa ou alguém. Jisoo estava agindo discretamente, embora eu não entendesse do que exatamente se tratava sua discrição, dobrando guardanapos à sua frente e sorrindo um pouco abobalhada.

Yoongi também lançava olhares estranhos para Dahyun, e Lisa, como sempre diferente dos outros, olhava diretamente para mim, com um sorriso e um olhar provocativos.

Eu havia perdido alguma coisa, mas não sabia o quê.

- Anel bonito, Nay.

As palavras da irmã mais velha de Dahyun tiveram o efeito que ela certamente queria. Se fosse possível alguém morrer de vergonha, meu cadáver já estaria frio. Deixei que minha mão fosse parar embaixo da mesa, escondendo o foco da atenção de todos ali.

Minha falta de atenção era quase um  "Dahyun me deu uma aliança! Olhem como brilha!". Eu estava prestes a responder alguma coisa. Provavelmente algo como "Hmpf... É...Anh..." mas graças a Deus fui interrompida por uma voz alta e grave. Eu sequer sabia de onde ela tinha vindo, mas a obedeci imediatamente.

- Saiam da minha cozinha! AGORA! Preciso cozinhar!

Não só eu, mas todos que estavam sentados pularam de suas cadeiras com o susto. Só quando estava quase na porta que notei que a ordem havia vindo de uma mulher gordinha e idosa, provavelmente a cozinheira, alguém que constatei não ter um dos melhores humores. Mas Jisoo ainda sorria ao seu lado, então talvez ela fosse sempre daquela forma efusiva.

Deixamos que ela trabalhasse.

Fiz menção de ir para o quarto e passar o resto do dia escondida ali - meu rosto ainda fervia de vergonha. Mas Dahyun me arrastou para a sala de estar, agora vazia, e nos jogamos no sofá de frente para a lareira acesa - ela sentada e eu deitada em seu colo.

Ficamos em silêncio. A casa estava mais fria que a noite anterior. Taehyung se juntou a nós um pouco depois, agora vestindo roupas próprias para o inverno.

- Então, vocês ficam aqui até amanhã? - Ele perguntou, e pela primeira vez o que ouvi saindo de sua boca não era uma piada.

- Sim. Vamos embora às 13h amanhã. - Dahyun respondeu, mexendo de forma despreocupada nos meus cabelos, e eu comecei a sentir sono outra vez.

Eles se calaram outra vez. Senti os dedos dela se moverem de novo nos meus cabelos. Minhas pálpebras, a essa altura, já pesavam algumas toneladas, e cada piscada parecia uma eternidade. O fogo dançava calmamente diante dos meus olhos, o calor da sala era reconfortante. Tudo ali estava me embalando.

- Eu disse que tudo ia dar certo... - Ouvi a voz de Taehyung ao longe. Ele parecia se divertir com alguma coisa.

- É. Eu deveria ter acreditado.

- Claro que deveria. Eu estou sempre certo.

A partir daí, optei por ignorar toda e qualquer conversa que eles mantivessem, me permitindo retomar meu sono interrompido daquela manhã.

(...)

Dahyun me acordou quando o almoço foi servido. Briguei com ela por não ter me acordado antes, para que eu pudesse ter ajudado com a mesa. Ela me ignorou.

Jisoo mandou prepararem um prato leve especialmente para mim por causa do mal estar matinal. Disse a ela que não precisava ter se preocupado, mas ela também pareceu me ignorar.

Comemos rápido, já que dali a uma hora Lisa e Yoongi estariam de partida.

Jin ainda fez mais algumas perguntas quanto à gravidez, como a data prevista para o parto e quando e onde seria o chá de bebê. Quando terminamos, ajudei a tirar a mesa, embora parecesse ter uma empregada exclusivamente para aquele trabalho. Dahyun mais uma vez tentou me arrastar dali, então a ameacei de morte caso não me deixasse fazer aquilo. Ela concordou.

E então, mais rápido do que eu mesma queria, a hora de ver Lisa e seu marido partirem chegou. Eu gostava deles, embora não entendesse o timing das piadas de Yoongi e as esquisitices de Lisa. Mas simplesmente não havia como desgostar deles.

- Ei, Nay... Estamos bem, não é?

Yoongi se despediu de todos, aparentemente me deixando por último de propósito.

- Claro. - Respondi, empregando um tom casual na voz.

- Espero que você não tenha mesmo me achado um babaca. Aquela brincadeira, realmente não foi por mal...

- Tudo bem, eu entendo...

- Entende porque é legal. - Lisa interrompeu, olhando outra vez de forma fuzilante para o marido - Se fosse comigo, eu dava um chute no meio das pernas dele.

Yoongi fez uma cara de dor e eu ri.

- Nay, adorei conhecer você. Se quiser passear pela França algum dia desses, peça a Dahyun o nosso endereço. Vou amar te mostrar Paris.

- Vou ter isso em mente pra um possível surto de loucura. - Falei, rindo da sua ideia absurda de um passeio em outro país.

Lisa me deu um abraço apertado, mais apertado do que os que eu estava acostumada a receber. Mas antes de se afastar, ouvi sua voz suave como sinos no meu ouvido, e tive certeza que só eu pude ouvir o que ela disse naquele momento.

- Cuide dela.

Ela se afastou ainda me encarando, e então percebi que só uma pessoa poderia me olhar de forma mais intensa e misteriosa do que Dahyun: Sua irmã.

E mesmo que ela fosse esquisita daquela forma, mesmo que eu não entendesse metade das coisas que ela queria dizer quando me olhava, minha intuição insistia em trabalhar na ideia de que eu poderia confiar nela.

Me arrepiei.

A ligação entre nossos olhares foi cortada assim, de repente, quando ela resolveu se desviar de mim e dar um último abraço em Jin, Jisoo e Tae, um pouco à minha frente nos degraus da escada.

- Au revoir! - Finalizou, se curvando de forma graciosa e dando uma pirueta no lugar para sair saltitando feito uma bailarina, sempre linda, para o taxi onde Dahyun e Yoongi tentavam ajeitar as malas.


Notas Finais


O que acharam do cap?
❤️❤️❤️


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