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História Na cor dos seus olhos - O peso da coroa


Escrita por: byunirie e ilyLoey_

Notas do Autor


Olá pessoal mais um capítulo gostosinho de na cor dos seus olhos e esse tem bastante emoção e fogo no porquinho hehehe espero que gostem - Sara

Mais um capítulo fresquinho e com o que vocês mais queriam verrrr! então corre pra ler que só jesus na causa - Loh

Obrigada Sue (@lobysue) pela betagem de cada dia HEHE
boa leitura amores (:

Capítulo 6 - O peso da coroa


NA COR DOS SEUS OLHOS

Capítulo 6

 

O mundo parecia estar caindo do lado de fora daquela pequena casa e Baekhyun tentava a todo custo ficar calmo a cada nova trovoada que explodia nos céus, logo sendo seguida dos relâmpagos que iluminava todo o quarto, tornando a simples tarefa que era dormir, algo praticamente impossível. Não que fosse medroso sobre o que dizia respeito às tempestades, no entanto, estar sozinho dentro daquele quarto enquanto um dilúvio acontecia, não deixava com que ele conseguisse pegar no sono. 

Virou-se novamente na cama, respirando fundo e encarando todos os cantos daquele quarto, imaginando e indagando se aquele receio acerca do temporal era por conta dos inúmeros contos e lendas de terror que ouvira dos pais. Sentou-se na cama com os olhos arregalados, quando mais uma vez o barulho alto do trovão se fez presente, e  mordeu os lábios. Céus, desde quando tornara-se um medroso? Se estivesse em sua casa, era muito provável que seu pai ômega já estava surgindo no quarto para passar a noite ao seu lado, sob a desculpa de que estava com saudade do próprio filho. Bufou.

Fazia algumas semanas desde o casamento. Semanas em que vinha dormindo tranquilamente sozinho naquele quarto e nenhum sinal de tempestades até aquele momento, no qual fora acordado com as fortes pancadas de chuva sobre o telhado. “Está tudo bem, é só uma tempestade, não tem nada de mais nisso” repetia para si mesmo, puxando o edredom para cima e encarando a janela antes que mais uma claridade junto ao barulho irrompesse por todo o quarto. Controlou a vontade de gritar, e decidiu que aquilo era o suficiente enquanto se levantava apressado pegando o travesseiro nos braços e corria para fora do quarto.

Andou pelo pequeno corredor na ponta dos pés, os cabelos loiros soltos pela blusa preta folgada que tanto gostava de usar para dormir. Procurava fazer o menor silêncio possível, como se algo pudesse ouvi-lo além da chuva, aproximando-se da porta branca, onde ficava o quarto de hóspedes, mais precisamente onde Chanyeol havia dormindo desde que se casaram. Não que o relacionamento de ambos estivesse ruim, longe disso, eles se entendiam e agiam como ótimos amigos, às vezes trocavam uns poucos beijos que Baekhyun já assumira para si mesmo gostar mais do que deveria. As coisas aos poucos iam entrando no eixo e o ômega começou a perceber que gostava dos momentos que passava ao lado do alfa. 

Entretanto, ainda dormiam em quartos separados e  Baekhyun não tinha coragem de simplesmente dizer que aquilo não era mais necessário. Confiava em Chanyeol, sabia que ele não tentaria nada que não quisesse, no entanto, seu nervosismo o impedia de agir com clareza. O mesmo nervosismo que o fazia hesitar em frente a porta do quarto do alfa, mordendo os lábios e pensando se deveria mesmo recorrer aquela medida. Deu alguns passos para trás, aquilo era bobeira, já era grandinho demais para ter medo de uns trovões, o que o outro pensaria de si caso mostrasse o quão bobo seus medos eram? 

Balançou a cabeça negativamente, não atrapalharia o outro, Chanyeol poderia estar dormindo e não iria mesmo preocupá-lo inútilmente, além de passar vergonha no processo. Entretanto, quando estava pronto para se afastar, um novo barulho ecoou, fazendo o ômega arregalar os olhos e simplesmente abrir a porta do quarto, parecendo mais branco que o normal quando o alfa, o olhou confuso, desviando a atenção do livro que lia. Baekhyun forçou um sorriso sem graça enquanto se agarrava ao travesseiro, cena essa que não passou despercebida por Chanyeol, que colocou o livro de lado e cruzou os braços. 

— Precisa de alguma coisa? 

— Er… eu — Abriu a boca algumas vezes e se encolheu quando o quarto todo clareou por conta do relâmpago — Se importa se eu ficar aqui até a tempestade acabar?

— Tem medo?

— Não, claro que não, só- Ah! — Gritou ao ouvir os trovões — T-Talvez um pouco, é — Chanyeol riu e apenas puxou o cobertor, liberando um espaço no qual o loiro correu no mesmo instante — Não ri…

— Sabe que isso é extremamente fofo, não é? 

— Cala a boca! — Disse com um sorriso, arrumando o próprio travesseiro na cama e se ajeitando como podia, não evitando o pensamento de como ali era mais quentinho que seu próprio quarto. 

Baekhyun olhava em volta com uma óbvia curiosidade, encarando a pequena prateleira com alguns poucos livros, a espada do maior ao lado da mesinha com alguns papéis jogados. Sorriu de lado, percebendo que o lugar era exatamente a cara de Chanyeol, o cheiro de hortelã misturado com alguma outra coisa, fazia com que o ômega se sentisse mais calmo e gostou da sensação. Voltou o seu olhar para Chanyeol, que o encarava com uma das sobrancelhas erguidas e Baekhyun corou, desviando a atenção para o livro largado sobre a cama. 

— Sobre o que é a história? 

— Não é bem uma história, são só… — Pegou o exemplar, entregando ao ômega, que pegou no mesmo instante — Técnicas de guerra. 

— Parece interessante. 

— E é, se você gosta de saber como derrotar seus inimigos — Deu de ombros, sorrindo ao ver o loiro passar os dedos pelas páginas dos livros — Já havia lido algo assim? 

— Não. Eu prefiro romances com uma pitada de fantasia — Sorriu enquanto devolvia o livro ao alfa — Ou então sobre as histórias do nosso povo. Mas preciso concordar que esses ensinamentos são de fato interessantes. 

— Gosto de ler essas técnicas para ensinar aos novos lobos. Há muito de disciplina nesses livros e acho importante passar isso a eles. 

— É uma boa ideia, afinal, eles são apenas crianças.

— O mais novo tem 13 anos, Baek.

— Para mim não deixa de ser uma criança — Deu de ombros — Quantos anos tinha? Quero dizer, quando começou a treinar. 

— Bom, no meu caso… — Suspirou — Acho que não há um momento em que eu não tenha treinado. É o fardo de ser o filho do líder — Encarou Baekhyun, que parecia olhá-lo com pena — Mas eu gosto, é algo no qual sou bom. 

— Ainda acho errado começarem os treinamentos tão novos… 

— É uma honra, para todos nós — Sorriu vendo Baekhyun concordar — Alfas são temperamentais e territorialistas, eu incluso. Os treinamentos faz com que controlemos esse lado e isso nos torna mais fortes. Além de que, vivemos para defender a matilha. 

— Seria muito errado eu ainda dizer que considero isso errado? — Questionou e Chanyeol sorriu, gostando de ver o esposo se permitir conversar sobre aquelas coisas. Ver o ômega demonstrar interesse lhe trazia uma boa sensação, afinal, em algum momento ele seria um dos líderes da matilha. 

— O que acha que deveria ser feito? 

— Eu realmente posso falar sobre? — Mordeu os lábios e o alfa sorriu mais aberto. 

- Claro, vai ser bom ter outras opiniões e ideias. E bem, em algum momento nós dois seremos os líderes, eu gostaria de ter sua opinião antes de qualquer decisão que eu for tomar — Era palpável a sinceridade nas palavras do alfa e Baekhyun não conseguiu controlar as bochechas queimando em resposta. 

— Bom… eu não acho que eles devam começar a treinar tão jovens. Talvez estipular uma idade? Eu não sei… acho que levar em consideração o que eles querem também é bem importante — Falou com calma, tendo toda a atenção de Chanyeol para si — Meu pai alfa pode escolher, de alguma forma, ele quis ser um ferreiro e contribuir de alguma forma com os guerreiros, sem necessariamente ser um. 

— Achava que ele tinha sido designado para essa tarefa — Chanyeol parecia surpreso e Baekhyun sorriu.

— Ele era bom no que fazia, provou isso e conquistou seu lugar. Meu pai não concorda muito com lutas, ele não queria estar na linha de frente e deixar meu pai ômega sozinho — Falou sorrindo, lembrando-se de todos os ensinamentos dos pais. 

— Gosto da ideia de deixá-los escolher, mas e se ninguém quisesse ser um guerreiro? Como ficariam as tropas? Como lidaríamos com ameaças de outros territórios? — Perguntou vendo o ômega abrir a boca, porém, não sabendo o que falar. Chanyeol sorriu, pegando a mão de Baekhyun e traçando carinhos calmos — Nem tudo na vida vai acabar sendo do jeito que queremos, às vezes sacrifícios precisam ser feitos.  

— Ainda parece tão errado… — Suspirou e Chanyeol precisou controlar a vontade de morder o biquinho que surgiu nos lábios alheios.

— Façamos assim — Começou — Eu tenho de começar a criar propostas e apresentar ao conselho, minha decisão, quando eu for líder, sempre será a mais importante, mas ainda assim, o conselho precisa deliberar. Mas podemos criar ideias e mostrá-los. 

— Que tipo de ideias? 

— Uma idade adequada para que eles se apresentem no quarto e bom… o que acha de um teste? — Questionou vendo Baekhyun olhá-lo confuso, sem se importar com os dedos se entrelaçando aos do maior. 

— Teste? 

— Bom, eles vão treinar. Terão de dar o seu melhor e depois bem, podem colocar em prática o que aprenderam, e Sehun pode analisar quais se tornarão guerreiros e quais serão designados para outras tarefas. 

— Eles não verão isso como se estivessem falhando? Como se não fossem bons o suficiente?

— Talvez, mas ainda é melhor do que simplesmente obrigá-los — Baekhyun suspirou, ajeitando-se na cama e deitando a cabeça no travesseiro confortável. 

— Ser líder é um saco — Chanyeol gargalhou. 

— É o peso da coroa, ômega. 

— Ainda bem que não precisa carregá-la sozinho, alfa. 

Chanyeol riu novamente antes de puxar outro assunto. Conversaram durante horas, perdidos demais no tempo e espaço, a tempestade esquecida do lado de fora, já que o calor do alfa era o suficiente para afastar os medos de Baekhyun. Eles riram, partilharam segredos e enquanto Chanyeol contava uma de suas muitas histórias de combate ao lado do pai, o alfa percebeu a respiração calma e ritmada do loiro, que havia adormecido com a face serena e um sorrindo pequeno nos lábios. 

Seu coração estava acelerado enquanto observava o outro dormir, achando aquela cena a coisa mais linda que já havia visto em sua vida. Era a primeira vez que o ômega dormia ao seu lado, a primeira vez que se permitia ser tão vulnerável em uma clara amostra de que sim, confiava no alfa. Poderia ficar zelando o sono do menor, poderia ficar horas ali maravilhado com o que era poder observá-lo dormir, havia descoberto mais um prazer secreto e sentia-se leve enquanto puxava os cobertores para melhor aquecê-lo. 

Com um sorriso doce, aproximou colando os lábios nos fios claros, sorrindo ao vê-lo se encolher ainda mais em sua direção, como se aprovasse aquele carinho e o aconchego de seus braços. Apagou o pequeno abajur do lado da cama e se permitiu juntar os corpos, deixando com que o ômega se ajeitasse e sorrisse em meio ao sono. E com isso, Chanyeol se permitiu dormir, tendo certeza que naquela noite teria os mais lindos sonhos. 
 


 

O dia havia começado agradável, era uma manhã ensolarada e parecia ventar na medida certa para que ninguém reclamasse do calor que poderia estar fazendo do lado de fora. Baekhyun e Chanyeol conversavam animados enquanto se preparavam para sair, seus sorrisos eram espontâneos enquanto o alfa observava sua própria imagem no espelho, enquanto o ômega terminava de arrumar seus fios negros . Aquela era uma rotina que ambos gostavam muito, tomar café juntos, conversar banalidades, para ter Baekhyun penteando seus cabelos com cuidado e um sorriso nos lábios. 

Céus, o Park nunca se cansaria de admirar o mais novo arrumando seus cabelos com tanta atenção e carinho, poderia facilmente passar o dia todo ali, vendo a forma concentrada e divertida do menor enquanto mexia em seus cabelos. Entretanto, nada poderia ser de fato como queria, afinal, ele tinha responsabilidades e por mais que quisesse passar o dia ali, assistindo Baekhyun cuidar de si, ele precisava estar na sede junto aos guerreiros, pois era dia de receber os novos lobos que iniciariam seus treinamentos e como futuro líder, Chanyeol era responsável por estar presente quando eles se apresentassem. 

— Prontinho, Yeol — Falou apoiando as mãos nos ombros largos do maior e em movimento espontâneo deixou um beijinho estalado na bochecha do alfa, que pareceu sorrir ainda mais com tal ato. 

Baekhyun não pode deixar de sorrir, vinha fazendo essas pequenas coisas com o passar dos dias, a convivência dos dois vinha melhorando a cada dia e com isso o ômega se sentia mais à vontade para ser ele mesmo. Ser o garoto carinhoso que sempre foi, porém, que estava escondido sob camadas e mais camadas de insegurança, e aqueles gestos de carinho para com Chanyeol, vinham se tornando algo presente na rotina do casal. O loiro não escondia mais que gostava da presença do alfa e que confiava nele de olhos fechados, mesmo que algumas vezes continuasse soando inseguro. 

Ainda parecia uma loucura que Chanyeol gostasse de si, talvez isso sempre fosse ser algo do qual duvidasse, no entanto, concordava que o alfa era bom para si. Era paciente, carinhoso e trazia doces para casa sempre que voltava da rua, gesto que o ômega agradecia com olhos brilhantes e abraços apertados. Podia dizer que eram bons amigos, o primeiro amigo verdadeiro que tinha em anos e isso lhe acalmava o peito. Estar casado com Chanyeol era de longe uma coisa ruim, ele agradecia que os deuses tivessem o colocado em sua vida, mesmo que o início tenha sido um pouquinho conturbado. E bem, ainda tinham aquelas sensações estranhas, que pareciam fazer seu estômago se revirar sempre que o Park demonstrava um cuidado ou carinho em excesso. 

Não saberia mesmo dizer porque sentia-se tão estranho, tão entregue ao alfa, contudo, gostaria de pensar que era apenas o sentimento de gratidão e afeto. Gostava de Chanyeol a sua maneira e de qualquer jeito, estava ligado a ele para o resto de sua vida, torcia para que as coisas dessem certo e arriscava dizer, que todo aquele nervosismo e borboletas no estômago eram a comprovação de que estavam no caminho certo. 

— Ficou ótimo Baek, como sempre — O mais velho falou se levantando do banco.

— Diz isso todos os dias — Riu enquanto guardava a escova e via o alfa sorrir para si. 

— Porque é a verdade. Você tem jeito pra isso.

— Ômegas são treinados uma vida inteira para servir seus maridos.

— Faz por obrigação? — Chanyeol ergueu uma sobrancelha e viu o loiro negar enquanto as bochechas ganhavam um tom avermelhado. 

— Gosto de cuidar do seu cabelo… — O sorriso do alfa aumentou e Baekhyun apenas desviou o olhar, sentindo-se ainda mais envergonhado, então optou por mudar de assunto  — Quer algo específico para o almoço? 

— Infelizmente não poderei almoçar em casa hoje. Teremos os novos recrutas, o trabalho vai ser dobrado no quartel hoje — Suspirou arrumando a espada no coldre — Mas prometo chegar a tempo do jantar.

— Tudo bem, Yeol. Se importa se eu visitar os meus pais, então? 

— Claro que não, Bae. Pode ir visitá-los sempre que quiser, não precisa pedir minha permissão.

— Eu sei, mas mesmo assim… — Chanyeol se aproximou levando ambas as mãos para o rosto do ômega, passando os polegares pelas bochechas do amado com delicadeza e devoção. 

— Você não é um prisioneiro, é livre para fazer o que quiser, ok? 

— Me desculpe, não era minha intenção te chatear.

— Você nunca me chateia — Sorriu sincero — Mande minhas saudações para os seus pais e fale que da próxima vez eu irei também — Finalizou deixando um beijo demorado nos lábios rosados do menor, que sentiu as pernas fraquejarem pelo o contato. Nunca se acostumaria com os lábios do alfa, era sempre um misto diverso de sensações que o tiravam da órbita por um tempo insuficiente — Preciso ir, Bae. Nos vemos mais tarde.

Chanyeol gostou de constatar que Baekhyun parecia cada vez mais solto com os beijos entre eles. O ômega sorria com mais frequência e demonstrava mais seus sentimentos e isso não poderia ser melhor para o alfa, que saia de casa com um sorriso idiota no rosto. Era apaixonado pelo loiro, apaixonado por cada pequeno detalhe sobre ele, amava a cor diferente de seus olhos, a forma como ele corava quando dizia alguma coisa repleta de sentimentos, amava sua determinação e a forma como se sentava encolhido no sofá perdido nos parágrafos dos livros que lia. Baekhyun sempre foi o verdadeiro motivo de todos os seus sorrisos, e agora que o conhecia de verdade, que dividia uma vida com ele, sentia-se ainda mais orgulhoso de dizer que era o alfa mais feliz do mundo. 

O caminho até a sede dos guerreiros não tinha demorado nada, ainda mais quando tinha seus pensamentos voltados ao homem que amava e enquanto entrava no quartel seu sorriso ainda estava ali, parecendo até estar maior do antes. Suspirou feito um bobo apaixonado, no entanto, arrependendo-se no minuto seguinte de demonstrar seus sentimentos tanto assim, porque tanto Sehun e Jongin o olhavam com divertimento genuíno e sobrancelhas arqueadas. Revirou os olhos para a risadinha dos amigos e continuou andando até a saleta onde o material de treinamento ficava.

Desde o casamento, ele não havia se permitido passar tanto tempo com os dois amigos alfas, passava mais tempo aproveitando os momentos que tinha com Baekhyun do que trabalhando de fato. Todos entendiam que casais recém-casados queriam apenas estar juntos naquele começo de vida, e talvez, se fosse apenas um alfa comum, poderia continuar assim por mais algumas semanas, no entanto, era o filho do líder, herdeiro da liderança e bem, ele não podia se dar a esse luxo. Por conta disso, era praticamente a primeira vez que via os amigos desde que se casou e bem, eles tinham assuntos pendentes, mesmo que aparentemente as coisas já estivessem resolvidas. 

Quando soube, no dia do casamento, que os amigos salvaram a vida de Baekhyun durante afogamento, Chanyeol se sentiu grato como nunca antes aos dois. A partir daquele dia, ele sempre teria uma dívida com os alfas e não via problema em admitir isso em voz alta, contudo, o que estava incomodando o Park era que se eles estavam presentes no dia, tudo indicava que eles sabiam  o nome dos autores da atrocidade com seu ômega. Encostou na mesa destinada a si e esperou que ambos os alfas entrassem na saleta logo depois dele, agradecendo que a academia ainda estivesse vazia para que pudessem conversar sem possíveis interrupções. 

Assim que os amigos se aproximaram, o alfa tratou de apontar os sofás a sua frente, ambos se entreolharam, porém não negaram a ordem implícita naquele gesto.

— Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer novamente por salvarem a vida do meu ômega na cachoeira  — Disse com calma, vendo que os dois assentiram ainda em silêncio, sabiam sobre o que o alfa iria falar — Podemos voltar a ser o que éramos depois, mas tenho certeza que sabem do porque no momento preciso voltar a esse assunto com vocês — Ambos assentiram novamente — Algo me diz que vocês sabem quem foram os responsáveis por aquilo, estou certo? — Sehun e Jongin se entreolharam e novamente, assentiram — Eu vou ser direto, quem foi? 

— Se você prometer não fazer nada impensado… — Jongin disse encarando o amigo que praticamente rosnou — Você não pode simplesmente agir sem considerar as coisas, Chanyeol. Você vai ser o líder! E tomar atitudes impensáveis pode complicar você perante a vila e o conselho. 

— Bom, eu acho que Chanyeol precisa fazer algo a respeito, agindo irracionalmente ou não, então, também serei direto. Ninguém deveria sair impune do que fez  — Sehun disse sério, ignorando o olhar que recebia do Kim  — Kim Yara e as cobras que andam com ela.

— Como aconteceu? — O alfa estava com os olhos fechados, controlando a tremedeira que sentia por todo o corpo. 

— Estávamos andando pela floresta quando vimos a hora exata em que elas jogaram o livro dele na água e logo em seguida o empurraram — Sehun explicou encarando o amigo que ouvia tudo atentamente. 

— Não sabemos o porque elas fizeram aquilo, mas-

— E precisa de um porquê? Empurrar alguém em uma cachoeira, seja por lá qual for o motivo, é errado e injustificável — Sehun disse irritado — Elas não sabiam que estávamos lá, elas não nos viram. Não tinha uma única alma viva nos arredores da floresta e se não fosse pela gente. 

— Elas realmente queriam se livrar dele — Jongin suspirou. O alfa sempre tentava ver o lado bom das pessoas, mesmo que falhasse em seus julgamentos e agisse irracionalmente em outros. O Kim muita das vezes era levado pelos pensamentos dos outros ao invés de ouvir os seus próprios, o que sempre causava atrito entre os amigos — Elas devem estar achando que vão sair impunes dessa história, já que Baekhyun não contou e já faz algum tempo também. 

— Bom, elas estão bem enganadas se acham que não vai haver consequências — Chanyeol praticamente rosnou, os olhos esbranquiçados pelo ódio — Ninguém mexe com meu ômega e sai impune  — Completou entre dentes, saindo da saleta a passos pesados. Jongin e Sehun se entreolharam antes de pular do sofá e correr atrás do alfa. 

— O que está pensando em fazer, Chanyeol? 

— Não se esqueça que Kim Yara é filha de um dos conselheiros! — Jongin dizia rápido — Você não pode simplesmente machucar ela. 

Chanyeol ignorava os dois amigos andando atrás de si, a raiva subia por todo o seu corpo e seu lobo já começava a ficar descontrolado querendo assumir o controle e resolver as coisas por ele mesmo. No entanto, por mais irritado que estivesse, Chanyeol ainda era o futuro líder da matilha e Jongin estava certo, não podia agir de forma impensada, contudo, tivera tempo o suficiente para pensar em castigo quando descobrisse quem eram as pessoas e bem, no fundo, ele já sabia que a Kim estava envolvida, só precisava confirmar. Agora que tinha a confirmação, nada lhe impedia de colocar todas as ideias em prática, ou quase todas, já que o que realmente gostaria de fazer poderia comprometer a posição de seu pai e a sua própria. 

Andava quase cegamente pelas ruas, procurando o alvo de sua ira, no qual ele sabia estar próximo à praça para a hora. Ela sempre estava por ali com as amigas e os cachorrinhos que a seguiam só por conta de seu status e beleza. Riu sem humor ao visualizar os longos cabelos negros presos em uma trança da garota, ela sorria esbanjando um charme que dava nojo ao alfa. Se aproximou com grosseria, não se importando em ter puxado o braço da Kim com força, fazendo com que a mulher o olhasse assustada. Todos da rodinha encaravam Chanyeol com feições assustadas, dando um passo para trás para demonstrar respeito. O alfa soltou o braço da garota, encarando-a com uma raiva cega, a mandíbula cerrada e os olhos em pura chamas.

— Vou perguntar apenas uma vez. Porque jogou Baekhyun na cachoeira?  — Os olhos da garota se tornaram ainda maiores.

— O que? N-Não, eu-  — Sua voz era desesperada e Chanyeol a interrompeu. 

— Porque jogou Baekhyun na cachoeira? — Ela encarava o alfa assustada, olhou para Sehun e Jongin e os dois também possuíam uma expressões sérias — Não ouse dizer que não sabe.

— Aquela aberração está mentindo! Eu nunca- Ah! — Ela gritou ao ter o braço segurado com mais força. Aquela cena estava começando a atrair olhares do resto da vila, que iam se reunindo para entender o que estava acontecendo — Está me machucando, Chanyeol! Por favor, façam algo! — Ela pediu para ninguém em específico, falando alto o suficiente para que outras pessoas ouvissem e se apiedassem de si. — Você tá louco!

Chanyeol riu soltando o braço da ômega, dando alguns passos para trás e encarando as pessoas da vila que o encaravam. Um dos alfas amigo de Yara já estava longe, provavelmente correndo para alertar o pai da garota sobre o que estava acontecendo na praça da fogueira. O alfa voltou a encarar Yara novamente, a jovem engolia em seco sendo acolhida pelos braços das amigas que andavam com ela, todas tão assustadas quanto. 

— Prestem atenção aqui! Todos vocês — Gritou, usando sua voz de alfa para que a potência vocal atingisse os outros, fazendo todos os ômegas do lugar encolher  — Essas garotas atentaram contra a vida do futuro líder ômega  — Suspiros chocados corriam pelas pessoas da vida. Ninguém gostava muito da escolha de Chanyeol, contudo, ninguém era tão cruel àquele ponto — É vergonhoso a forma como essas ômegas achavam que teriam algum tipo de chance comigo. Algum tipo de chance de serem líderes de alguma forma. 

— Você não pode provar nada! Nós não fizemos nada  — Uma das ômegas disse nervosa, evitando olhar para os aldeões por vergonha. 

— Baekhyun mentiu para você e está tão enfeitiçado pelo ômega esquisito que nem ao menos consegue perceber — Yara completou e Chanyeol sorriu. Um sorriso que poderia facilmente ser identificado como sádico. 

— Baekhyun não precisou me contar nada, existem testemunhas que viram vocês jogá-lo no rio e irem embora — Falou sério, se aproximando ameaçadoramente, vendo as garotas recuarem — Você nunca teria chance comigo, Yara. Comparada a Baekhyun, você é quase um inseto. Um inseto nojento que não merece a vida que leva. 

— Você não tem o direito-

— Eu sou o filho de Yifan. Sou teu futuro líder e sim, eu tenho todo o direito  — Falou como um rosnado — Você mexeu com algo que não devia e vai pagar por isso — Sussurrou aquelas frases antes de se virar para a vila que os encarava. O senhor Kim, pai da ômega se aproximando as pressas, porém, ao ver a forma insana que Chanyeol estava, não se aproximou, apenas engoliu a seco  — A sentença para quem tenta assassinar outra pessoa, é a morte, mas em consideração ao seus pais, que não precisam ver as filhas queimarem, eu serei generoso. 

— Chanyeol! Pode me explicar do que exatamente acusas a minha filha? — O homem questionou apavorado em pensar que sua menina poderia ser morta por algum tipo de castigo. 

— Sua filha, junto das amigas, tentaram matar Baekhyun — Foi Sehun quem respondeu, fazendo os olhos do homem se arregalar. 

— Papai, é mentira! Sabe que nunca faria isso! Eu-

— Silêncio!  — O Kim gritou envergonhado, calando a garota junto as amigas — Chanyeol, por favor…

 — Não irei condená-la. Meu pai tem apreço por você e sua família, mas não posso deixar isso passar — Ele encarou o homem que concordou. — Ela humilhou o nome da família Kim. Tentou matar meu ômega. Sinto muito, senhor Kim, mas entenda que preciso fazer o que é certo  — Disse com severidade e logo voltou-se para a vila. Alguns membros do conselho presentes, incluindo seu pai alfa que o encarava com os olhos faiscando. Chanyeol poderia jurar que um orgulho escondido — A partir de hoje a família Kim não está mais sob os cuidados dos líderes. Todos os seus postos foram rebaixados e estão fora do conselho. 

As pessoas começaram a cochichar enquanto Yara deixava as lágrimas caírem pelo rosto, negando em desespero enquanto encarava o pai, que estava de cabeça baixa envergonhado pelas atitudes da filha. 

— Kim Yara. Lee SoonYoun. Lee Myongi  — Falou o nome das três ômegas presentes no dia da cachoeira e elas o encravam assustadas — Vocês não possuem honra e sabemos o que acontece as pessoas da nossa vila quando são desprovidas de dignidade  — Falou sério estendendo a mão para Jongin, que suspirou ao desembainhar a espada e entregar alfa, que se aproximou das ômegas estendendo a espada para elas — Cortem os cabelos. 

Yara olhou para o pai, os olhos avermelhados pelo choro e pânico, no entanto, o homem apenas lhe virou as costas, mostrando que ela era uma vergonha para a família Kim. A garota voltou a olhar Chanyeol, que continuava com a expressão séria e voltou a chorar, vendo que Park não estava brincando. Tremendo, ela pegou a espada da mão do alfa, evitando encarar o resto da aldeia, que estava em silêncio observando o desenrolar daquela ordem, assim como Chanyeol, que se afastou e não piscou, mostrando-se impiedoso enquanto ela levava a lâmina afiada até os fios que iam até abaixo da cintura, chorando enquanto camadas e camadas de cabelos caíam pelo chão. 

Chanyeol nunca fora a favor daquela lei, achava vergonhosa e arcaica, no entanto, não entendia a importância dela até aquele momento. Ter os cabelos longos era uma honra, era o orgulho de qualquer morador da vila, então, nada era mais cruel que ter os fios cortados, muitos guerreiros inclusive preferiam a morte do que passar por aquela vergonha. Parado, observando as ômegas no meio da praça cortarem seus próprios cabelos, Chanyeol não conseguia sentir pena. Ele tinha sido misericordioso de deixá-las fazerem aquilo elas mesmas, pois a lei era clara, um membro da família deveria fazer ou então, na falta destes, um dos guerreiros. Entretanto, o Park acreditava que elas mesmas fazerem aquilo lhes davam a chance de pensar no próprio erro e quem sabe recuperar um pouco da honra perdida. 

A última ômega estendeu a espada para Chanyeol enquanto tremia, ela não ousou levantar a cabeça, nenhuma delas, quando ele se aproximou para pegar a espada. Ele devolveu a lâmina para Jongin e voltou a encarar a vila com atenção, todos em completo silêncio.

— Espero que isso seja um aviso para todos vocês. Somos uma matilha e devemos agir como tal, não irei aceitar que matemos uns aos outros apenas por diversão — Falou ríspido — Meu pai me ensinou muitas coisas e ser covarde não é uma delas  — Virou-se para as ômegas paradas, os cabelos acima dos ombros e rostos inchados — Espero que tenham aprendido algo dessa situação. Vocês são uma vergonha para os moradores dessa aldeia. 

Disse com severidade logo gritando para dispersar, fazendo com que todos da aldeia voltassem ao seus afazeres, ignorando as garotas que choravam. Chanyeol se afastou ainda sentindo o coração acelerado, a raiva dissipando pouco a pouco. Viu o pai alfa se aproximar, a expressão indecifrável, Jongin e Sehun se entreolharam, entretanto, continuaram ao lado do amigo. O alfa ergueu a cabeça, pronto para aceitar um castigo do pai se necessário, sabia que Yifan não se meteria em sua decisão, no entanto, nada o impedia de castigá-lo depois.

Ambos os alfas ficaram se encarando até que Yifan sorriu, para a surpresa do trio. Ele levou as mãos aos ombros de Chanyeol em um aperto, sem deixar de sorrir para o filho, os olhos brilhando em um orgulho por ver que seu filhote estava se tornando um verdadeiro líder. Não era preciso dizer nada, apenas virar aquele capítulo e seguir em frente, o Park mais velho aceitava a decisão de Chanyeol e aquilo era o que mais importava no momento. Iam começar alguma conversa, no entanto, um mensageiro se aproximou, chamando a atenção dos homens parados ali. 

— Fomos informados que uma nova família chegou, a mulher está no portão de entrada. 

— Oh! Certo, a família Doh — Yifan disse suspirando — Obrigado, já vou até lá recebê-los. 

— Vamos ter novos moradores? — Chanyeol questionou confuso — Há anos não aceitamos novos habitantes, porque começar agora?

— Foi o último pedido de um amigo — O alfa suspirou — Ele pediu que eu aceitasse sua companheira e filho na matilha. São boas pessoas, não se preocupe  — Chanyeol assentiu — Jongin, pode me acompanhar? Creio que Sehun e Chanyeol ainda precisam treinar os mais novos.

Chanyeol sorriu para o pai ao vê-lo se afastar com o amigo e com um suspiro seguiu com Sehun de volta para a sede, sentindo que um peso havia sido tirado de seus ombros. Baekhyun estava vingado e que os deuses o perdoassem a fúria do baixinho quando ele descobrisse o que tinha feito. 
 

 

Baekhyun andava pela floresta calmamente, o sorriso no rosto indicando o quanto tinha sido divertido reencontrar e passar o tempo com os pais novamente, sentia falta de estar com eles e se pudesse daria um jeitinho de sempre estar na casa dos mais velhos. Seus pais moravam um tanto longe de sua nova casa, que ficava mais próxima da praça central, então optou por fazer o percurso de volta pela floresta, que era um dos caminhos mais rápidos, mesmo que andasse devagar, aproveitando a brisa gostosa e relembrando a conversa que tivera com os pais.

Foi bom que tivesse dedicado aquele dia a estar com os progenitores, foi agarrado pelo pai ômega e devidamente mimado por ambos, com suas comidas favoritas e até mesmo algumas linhas para costura, que trazia em uma pequena sacola. Seus pais estavam preocupados sobre sua adaptação ao casamento, e era até engraçado ver como eles tentaram abordar o assunto de uma forma que não o deixasse desconfortável, contudo, foi mais fácil do que achou admitir que estava feliz dentro daquele casamento. Parando para pensar, havia realmente feito uma verdadeira tempestade em copo d’água, afinal, se dava tão bem com Chanyeol, que pareciam amigos a vida toda. 

Sorria enquanto andava, observando as árvores altas e os pássaros cantando, feliz de deixar os pais despreocupados quanto a sua nova vida. Era bom ter com quem conversar aquelas coisas e podia perceber o quão mais leve se sentiu depois de se abrir com os progenitores, que lhe deram um abraço apertado e lhe garantiam que as coisas só iriam melhorar daqui para frente e bem, se permitiu acreditar nisso, pois era evidente como tudo estava tomando um caminho bom demais em sua vida. Riu para si mesmo enquanto adentrava ainda mais a floresta, perdido nos próprios pensamentos que nem ao menos sentiu a presença de outra pessoa, pulando em um susto ao sentir uma mão sobre seu ombro. 

Os dois garotos deram um gritinho estranho, Baekhyun encarando o ômega desconhecido que estava com os olhos um tantinho arregalados e a mão no peito, assustado pela reação do loiro. O garoto riu baixinho encarando o Byun, que parecia ainda muito assustado, o que de fato estava e não parecia adiantar mandar uma mensagem ao cérebro que de estava tudo bem.

— Me desculpa! Eu não queria assustar você.

— T-Tudo bem, pelos deuses — Acabou rindo, tentando relaxar o corpo — Sinto muito por essa reação, é só que… — Olhou em volta e o garoto riu.

— Acho que fui um tanto insensível em simplesmente tocar você — Riu — Afinal estamos no meio de uma floresta deserta. É sério, desculpa.

— Está tudo bem, sério — Sorriu — Você é novo por aqui? Acho que nunca o vi antes.

— Ah, sim! Me mudei com minha mãe hoje.

— Não sabia que Yifan estava aceitando novos moradores — Comentou vendo a expressão do outro se abrir em um sorriso triste — Está tudo bem?

— Sim… Yifan é um bom homem, ele abriu uma exceção para minha família. 

— Bom, acho que isso é uma coisa boa então — Sorriu e estendeu a mão para o ômega, meio incerto, no entanto, criando coragem para ser legal com o novo membro da matilha — Me chamo Baekhyun. Byun Baekhyun. 

— Sou Kyungsoo. Doh Kyungsoo — O jovem retribuiu o gesto e Baekhyun acabou sorrindo. 

— É um prazer conhecê-lo, mas me diga, do que precisa? Tenho certeza que não me chamou só para me dar um susto — Kyungsoo riu sendo acompanhado pelo loiro. 

— Não, claro que não. Me separei da minha mãe ainda na entrada e achei que seria legal bisbilhotar a floresta — Coçou a nuca sem graça — Só que eu não faço a mínima ideia pra onde eu devo ir para chegar até a praça central. 

— Oh! Mesmo? Eu estava indo para a praça, eu moro consideravelmente perto, então… — Deu de ombros — Se quiser pode vir comigo, ainda temos uma caminhada, aproveito para te mostrar os arredores.

— Se não for incomodo eu aceito sim… seria bom não me perder sempre que sair de casa — Baekhyun sorriu verdadeiro. Estava um tanto chocado em estar sendo tratado de igual para igual pelo ômega, geralmente assim que as pessoas o olhavam já o ignoravam por conta de sua aparência. Era raro alguém lhe dirigir a palavra se não fosse para ser grosseiro. 

— Não se preocupe, a aldeia não é tão grande assim. Tenho certeza que vai tirar de letra — Sorriu e ambos começaram a caminhar lado a lado em direção à saída da floresta. 

— Não querendo ser indelicado, mas... quantos anos você tem? 

— Não se preocupe, pode perguntar o que quiser — Sorriu — Tenho 18, surpreso? — Perguntou ao ver os olhos grandinhos do garoto ainda maiores. 

— Você parece bem mais novo! — Baekhyun acabou rindo — Acredite, é um elogio!

— Certo… e você? Quantos anos tem? 

— 19. Um ano mais velho que você.

— E ainda diz que pareço mais novo! — Riu — Você não fica tão para trás. 

— Acho que é o cabelo. Mamãe diz que meus cabelos escuros me fazem parecer mais novo — Deu de ombros — Uma vez passei um tônico que acabou clareando, mas definitivamente não combina comigo.

— Acho que faz sentido, eu acho que nunca mexi nos meus cabelos — Murmurou pensativo.

— E nem deve, seu cabelo é muito lindo, são tão claros como as nuvens do céu. Combina com você.

— Acho que é a primeira pessoa que faz essa comparação — Riu junto ao outro. Estava se sentindo leve em muito tempo, desacreditado que era a primeira vez que conversava tão tranquilamente com outra pessoa. Algo dentro de si se aquecia com a possibilidade de ter alguém além dos pais e Chanyeol — Obrigado.

— Por nada — Aquela altura, ambos os ômegas já estavam fora da floresta, passando por algumas casas afastadas enquanto encaravam os arredores. 

— Está com muita pressa para encontrar sua mãe? — Questionou vendo o ômega lhe encarar — Gostaria de lhe oferecer uma xícara de chá. Não costumo conversar muito com as pessoas. 

— Se não for incomodo eu aceito sim — Sorriu — É bom ter pelo menos um amigo, assim não vou me sentir tão sozinho. 

Baekhyun nem ao menos soube explicar o que aquela fala lhe causou. Kyungsoo o estava considerando um amigo. Céus, um amigo! Sorriu controlando a súbita ardência nos olhos, e como o coração parecia tão acelerado naquele momento. Nunca tinha tido amigos, alguém para conversar sobre as mais diversas coisas, alguém para partilhar segredos e contar histórias. Era a segunda vez que alguém o tratava como um humano com sentimentos, alguém de fora de sua família, e Baekhyun estava feliz, como nunca esteve antes.

— Então vamos, minha casa é aqui perto.

Continuaram caminhando enquanto conversavam, os assuntos pareciam não ter fim e Baekhyun sentia-se cada vez mais animado com a ideia de ter um amigo, de conversar com uma outra pessoa que não seus pais e o marido. Era diferente, no entanto, muito acolhedor e não conseguia colocar em palavras o quão espetacular estava sendo rir de histórias antigas contadas pelo outro. Entraram em casa empolgados, como se fossem amigos de anos, e o ômega pela primeira vez se abria sobre sua vida para outras pessoas. 

Foi extremamente emocionante ouvir um elogio de Kyungsoo sobre seus olhos, e ver a indignação no rosto alheio ao contar que não era tão aceito na vila por conta daquela característica. Mesmo ômega, o jovem Doh parecia se transformar em um grande lobo para defender as pessoas que gostava, e Baekhyun nem soube o que sentir quando o jovem estava xingando os moradores por serem tão insensíveis e escrotos. Em minutos estavam jogados sobre o sofá da sala, as xícaras de chá nas mãos enquanto continuavam a conversar.

— Não acredito que ele fez isso! Céus Baekhyun, isso parece um sonho!

— Claro que não, foi aterrorizante — Riu ao ser empurrado pelo novo amigo.

— Ele ignorou toda uma vila e colocou a droga de um manto de um dos animais mais perigosos das montanhas! Como isso pode ser aterrorizante? 

— Se esqueceu que ninguém desse lugar vai com a minha cara? — Perguntou vendo o outro revirar os olhos — Qual era a probabilidade do futuro líder da matilha me querer como parceiro? 

— Você se deixou levar pelas coisas que as pessoas da vila dizem sobre você, e não consegue enxergar que você é lindo — Disse bebendo o chá — Estranho seria se ele não te escolhesse. Pela forma que falou dele, esse alfa gosta realmente de você.

Baekhyun sorriu enquanto sentia as bochechas queimarem, continuando a conversa sobre o festival da escolha e sobre como tinha se tornado o ômega do líder. Era bom ter uma pessoa de fora para conversar sobre aquilo, ter alguém para desabafar e receber conselhos. Estavam tão distraídos dentro do próprio mundo que nem ao menos ouviram a porta se abrir e dois alfas entrarem em casa.

— Baek, cheguei! — Baekhyun ouviu a voz de Chanyeol e não conseguiu evitar o sorriso que abriu, recebendo um olhar divertido de Kyungsoo. Empurrou o ômega que acabou gargalhando, chamando a atenção dos dois recém-chegados — Oh! hm… olá… você eu não conheço… quem? — Encarou o marido confuso e Baekhyun sorriu ainda mais. Ele ficava muito fofo com uma expressão confusa. 

— Bem-vindo de volta, Yeol — Sorriu para o alfa, as bochechas mais vermelhas ainda — Esse é o Kyungsoo. Ele chegou hoje à aldeia com a mãe. 

— Ah! O Doh, certo? — Kyungsoo sorriu tímido e concordou. 

— Eu o encontrei perdido na floresta enquanto voltava da casa de meus pais. Kyungsoo esse é meu marido, Chanyeol — O alfa acabou sorrindo por ser apresentado daquela forma ao outro ômega. Não que fosse uma mentira, no entanto, não podia negar que aquilo lhe deixava extremamente quente. 

— Chanyeol, você disse que ia me emprestar… ah, oi? — Jongin surgiu na sala, atraindo os olhares de todos — Novato? Ah! Você é filho da senhora que recebemos hoje nos portões — Completou, sorrindo mais animado e um tanto surpreso com a beleza do ômega.

— É um prazer conhecê-los — Falou sem graça por ter o olhar intenso do alfa moreno sobre si. 

— Espero que não se importe de eu tê-lo convidado para um chá… — Baekhyun comentou inseguro. Insegurança essa que logo caiu por terra ao ver o sorriso tão alegre do marido. 

— Seus amigos sempre serão muito bem vindos aqui — Falou sem desviar o olhar do amado. O ômega sorriu em concordância — Será muito bem vindo se quiser se juntar a nós no jantar, Kyungsoo.

— Bom, eu adoraria. Tenho certeza que mamãe não fez nenhuma janta e a julgar pelos biscoitinhos do Baek, o jantar deve ser delicioso.

Todos riram da fala do jovem ômega e logo estavam sentados no sofá da sala, tomando mais chá e conversando sobre a antiga matilha de Kyungsoo. O clima era agradável e confortável e eles estavam se divertindo. Chanyeol estava próximo a Baekhyun, um dos braços em volta da cintura do ômega sem conseguir desviar a atenção de suas expressões. Ele estava brilhando, os sorrisos eram tão espontâneos, sua risada era um dos sons favoritos do alfa. O loiro estava feliz e o Park estava mil vezes mais, seu coração estava aliviado e ali, naquele encontro improvável, ele agradeceu aos céus pelo novo presente na vida do homem que amava.


Notas Finais


E entãaao? O que acharam desse capítulo?
E essa vingança hein?? Mereceram ou não?
Estamos amaaaaando a repercussão de Na cor dos seus olhos e estamos felizes demais com todos os comentários e favs! Lembrando que a gente não tem tido tempo para responder, mas que lemos todos e são eles que nos motivam <3

Sara: https://twitter.com/ilyLoey_
Loh: https://twitter.com/byunirie


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