1. Spirit Fanfics >
  2. Nada é Clichê >
  3. O Manuscrito

História Nada é Clichê - O Manuscrito


Escrita por: Koha

Notas do Autor


Gente, quem assiste Greys Anatomy toma CUIDADO com esse capítulo porque contém SPOILERS

Capítulo 8 - O Manuscrito


Acordo no outro dia totalmente renovada das minhas dores e, de quebra, livre de uma ressaca fodida. Alongo todo o meu corpo com as mãos para o alto e bocejo, levando meus dedos para coçar um olho, enquanto a outra mão se ocupa de tirar alguns fios de cabelo de frente do meu rosto. Olho ao redor, me lembrando que eu não vim para a cama antes de dormir. Não sozinha, pelo menos.

As lembranças de ontem à noite estão frescas na minha memória, quando paro pra pensar em como vim parar na minha cama. Sasuke. O australiano babaca, que vem me tirando do sério, me trouxe até em casa e ainda chorou ao assistir Frozen comigo.

Puta merda, quem diria? Aquele cara tem um coração. E quem é que não adora um homem que chora assistindo Frozen? Eu não sou de ferro!

Sou suspeita a falar porque mesmo antes disso, eu havia concordado com a ideia dele ficar. No entanto, não posso mesmo fazer vista grossa para o comportamento agradável que ele teve desde o momento em que me salvou de Juugo – não sou tão orgulhosa e muito menos ingrata. Pensando bem, eu deveria ter oferecido uma xicara de café ou qualquer coisa assim. Sou uma péssima anfitriã.

A primeira coisa que faço quando me levanto é me livrar do vestido, me entortando toda para chegar até o zíper e puxá-lo. Estou me sentindo muito bem disposta para esse domingo. Ligo uma música no meu IPad e vou para o banheiro.

É Shaw Mendes quem agrada meus ouvidos, cantando Treat You Better.

Fico ruminando a noite passada embaixo do jato forte de água quente. Quando toco os lábios, sorrio ao lembrar que eu beijei Sasuke de novo. Ele beija tão bem, e embora eu só o estivesse usando para esquecer que Naruto estava há pouco atrás da porta do quarto em que estávamos, eu não sei realmente se seria capaz de parar se as minhas cólicas menstruais não tivessem me impedido.

Ele é tão forte, tão seguro e aquele piercing na língua passando pela minha... cara! Aquele homem é uma perdição e eu esqueço totalmente quem é Naruto Uzumaki quando estou entretida com suas provocações ou seus beijos, que me tiram o fôlego e também a paz.

Se eu for avaliar a questão de espírito, já estou em maus lençóis. Naruto é uma constante em minha mente e, para piorar, em minha vida. Faço o mesmo curso que a namorada dele, e sua imagem também está criando raízes na minha cabeça. Eu não posso evitar, não sozinha, pelo que parece.

Bom, Sasuke e eu podemos nos tornar amigos. Amigos que não transam.

Me enrolo numa toalha e saio do chuveiro quando meu celular começa a tocar. A foto de Melanie, toda adorável e sorridente, aparece na tela do meu celular.

— De zero a dez, quanto está sua ressaca? – ela pergunta, assim que atendo sua ligação.

— Zero. Acordei muito bem, pelos motivos errados. – deixo a toalha cair no chão, abrindo meu guarda roupa. – E você?

— Muito mais do que bem, eu tive uma noite espetacular.

— Eu não te vi na festa do Naruto. – grudo o celular na orelha com o ombro, tateando minhas roupas nos cabides. – A não ser que você não tenha mesmo ido...

— Não fui! – ela fala, quase histérica. – Fui pra casa do meu presente. Aliás, eu já disse que te amo, né?

— Hã... sim, disse. Mas Mel... você ficou mesmo com alguém ontem? – eu digo com um tom forte de receio, mordendo a ponta do lábio quando ela não responde. – Bem, com quem você ficou?

— Com o cara que estava no banheiro, Joshua. – ela responde sem comoção, estralando a língua. – Ele luta boxe, você deve conhecê-lo. Quando eu entrei, ele estava no banho e a porta estava aberta... caramba, Sakura! Você precisava ter visto e, bem, não precisamos mesmo de muitas palavras. Seguimos o fluxo e acabou que ele me esperou acabar o expediente e me levou até em casa. Não preciso dizer que ele não só me levou até em casa, né?

Eu bato a mão na testa, fechando os olhos com força quando ela termina. Não sei se devo contar a ela a verdade ou deixar que Mel acredite que era mesmo o tal de Joshua que devia estar lá no banheiro. Provavelmente foi ele que ajudou Sasuke também.

— Eu fico realmente feliz por você, mas não era para o Joshua estar lá. – opto pela honestidade. Seja o que Deus quiser.

— Como assim?

— Bem, eu tranquei o Sasuke... O novato, no banheiro sem roupas. – ouço seu suspiro de espanto, mas continuo. – Ele era minha surpresa para você, não o Joshua.

— Espera... você trancou ele no banheiro? – foi realmente só isso que ela ouviu? – Caramba, você é doida. Tipo, muito surtada mesmo.

— É, eu sei. – encolho os ombros, me sentindo um pouco culpada, mesmo que Sasuke e eu aparentemente tenhamos superado essa fase. Quando Mel fala dessa forma, parece horrível mesmo.

— Mas ele provavelmente deve ter merecido, eu sei que você não ativa a Sakura surtada à toa. – ela suspira, fazendo meu ombros caírem. – E tudo bem, provavelmente foi melhor ter ficado com Joshua. Ele é muito bonito e sensual. Não é exagero mesmo.

Eu não tenho dúvidas de que ela diria o mesmo sobre Sasuke; ele parece ser do tipo que fode muito bem.

Aí, por que estou pensando nisso de novo?

— E nós vamos sair hoje. – ela completa, toda risinhos histéricos. – Então, de qualquer forma, muito obrigada por isso. Eu te amo!

Nós conversamos mais uma série de amenidades e ela prometeu almoçar comigo amanhã no campus, para me contar os detalhes de seu encontro com o Joshua. No fim, fiquei feliz por Mel, ela é tão adorável e tão sensata e ousada. Se ela fosse um personagem de livro romântico, provavelmente seria a protagonista. Uma bem mais melhorada e sedutoramente adorável.

Se eu acrescentasse algum detalhes sórdidos, daria até uma boa história.

Eu penteio meu cabelo e depois coloco uma camiseta, absorvente interno e as calcinhas grandes que só uso nessa época do mês. O lado bom de morar sozinha é que eu não preciso me preocupar com roupas, eu provavelmente poderia andar pelada e ninguém além dos meu vizinhos de prédio reclamaria – toda vez que eu abro a minha janela, uma senhora muito mal encarada fecha a janela dela. O que eu posso fazer? Eu adoro andar pelada e essa aqui é minha jurisdição.

Depois de dar uma arrumada geral no apartamento, eu pego uma banana da fruteira e me deito no sofá. Friends está bem ao lado de Greys Anatomy na minha série de programas para continuar assistindo, no Netflix. Opto por Greys Anatomy, mas logo me arrependo porque em dois episódios assistidos, eu chego no fatídico dia em que Derek vai morrer, o episódio que eu venho adiando por muitas semanas e duas vezes pegando a série do começo.

Só de pensar, já sinto um aperto no coração. Desligo a tevê, lembrando a mim mesma que um dia eu precisarei passar por isso. Não hoje.

Ao invés disso, pego meus óculos de armação quadrada e meu notebook. Procuro o manuscrito que a minha mãe me mandou na minha caixa de entrada no meu e-mail. Pelo menos com isso, eu sei que não vou chorar.

Mando uma mensagem à ela, para avisá-la que vou ler, antes de começar. Me acomodo no sofá e começo a leitura, dando uma mordida na minha banana.

Uma hora depois e a minha banana está pela metade na mesinha de centro, não cheguei nem na metade da leitura direito e estou chorando feito uma idiota.

Não, a história não é triste – não completamente. Na verdade, é bem clichê. Ela gira em torno de um casal no segundo grau, a típica nerd que sofre bullying com o capitão do time de futebol que come todas as garotas que ousam olhar em sua direção; Anne Hall e Ryan Parker. Não preciso falar muito sobre a história, pois é bem simples: eles se apaixonam contra todas as possibilidades e vivem um romance conturbado no auge de sua juventude.

Porém, antes de Ryan perceber que é um degenerado que não quer nada com a vida sem Anne, ele tinha uma namorada – não, ele tinha alguém que estava disposta a ser sua bonequinha sexual. Elisabeth. Liz é divertida, sensual e muito, muito maligna e odeia Anne por ter entrado em seu caminho para conquistar o distante coração de Ryan. Em contrapartida, Ryan mal lembra de Liz depois que se apaixona por Anne, a deixando de lado para alimentar uma mágoa e inveja que a faz ser um empecilho no relacionamento de ambos.

Como quando eu me imaginei raspando o cabelo longo e liso de Hinata; ou jogando café na sua linda cara de sonsa; ou usei esse e mais outros trezentos adjetivos maldosos para mencioná-la, seja em meus pensamentos ou para Sai, a única pessoa que eu confiava para me ouvir.

De repente, tudo fica claro: eu sou a Elizabeth de Naruto e Hinata.

Sou a Celeste de A Seleção; Jessica de Crepúsculo; Elena Lincoln de Cinquenta Tons de Cinza; Caroline Bingley de Orgulho e Preconceito; sou Edgar Linton de O Morro dos Ventos Uivantes.

Eu sou uma antagonista na história de outra pessoa. A inimiga invejosa que daria qualquer coisa para ficar com o protagonista. Meu Deus!

Totalmente incrédula dessa epifania, fecho o meu notebook e me deito no sofá, deixando as lágrimas virem com força total. Como eu pude me reduzir a isso? Minha existência é tão insignificante que eu não passo da droga de uma antagonista meia boca. Eu odeio Naruto Uzumaki!

E odeio Hinata Hyuuga também!

Provavelmente estou sendo afetada pela TPM, mas meu estado nada catártico vem de uma realidade: não sou uma protagonista. Nesse caso, seria melhor ser uma coadjuvante. Se eu só fosse a amiga louca e degenerada da protagonista... mas não! Fui reduzida a invejosa sem escrúpulos.

Não sou corajosa o suficiente para terminar a leitura, mesmo quando minha mãe me pergunta, via mensagem, o que estou achando dela – ela provavelmente deduziu que eu iria me empolgar com a história, o que teria acontecido em outro momento, com outra história. Uma que não me lembrasse a minha situação difícil. Eu digo a ela que estou gostando e só. Além de tudo, sou uma mentirosa.

Depois de desistir de reprimir minhas emoções, tudo o que senti na primeira fossa simplesmente volta como uma avalanche de sentimentos. Nunca tive problemas com a minha aparência, sempre me achei bonita, mas agora me sinto feia, pensando nas características de Hinata e em como ela é linda e toda delicada – mais linda do que eu, é claro.

Foi por isso que ele a escolheu? É por esse motivo que o sorriso dele é totalmente diferente, quando é para ela?

E eu deveria ligar para Sai, dizer que estou tendo uma recaída, para que ele venha e me console – mas não quero que ele me veja assim depois de lutar tanto para fazê-lo acreditar que eu superei o até então falecido. Por isso eu me afogo totalmente na minha mágoa; choro contra o travesseiro, grito e esperneio; encaro meu rosto se contorcer em lágrimas, os meus olhos inchados e vermelhos no espelho; canto alto e desesperadamente junto a voz de Taylor Swift cantando I Knew You Were Trouble.

E grito uma parte dela com a voz esganiçada e chorosa:


Porque eu sabia que você era problema quando você apareceu

Tão envergonhada de mim agora

Levou-me a lugares que eu nunca tinha ido

Até que você me largou


Estou sentada no sofá, de pernas cruzadas, assistindo pela milésima vez Titanic – estou na parte em que o navio está afundando. Tenho total consciência de que isso só está colaborando para o mar de lágrimas caindo em meu rosto e quando eu termino por completo o meu sorvete, começo a entrar em pânico.

Não penso muito e desisto de não ter Sai comigo quando mando uma mensagem para ele:


Vem pra cá e traz cerveja.


Eu não preciso dizer mais nada. Ele provavelmente sabe o que significa, já que eu mandei essa mesma mensagem a ele na primeira vez em que entrei nessa fossa.

Para minha sorte, ele responde apenas com um “ok” e, meia hora depois, está tocando a minha campainha.

Quando abro, me arrependo amargamente por não ter checado o olho mágico. Não é Sai que está na minha porta, é Sasuke.

Lindo, alto, vestido numa blusa preta de moletom com a touca cobrindo a cabeça e calça preta justa, juntamente a coturnos pretos. Seu braço está apoiado no batente e quando eu abro a porta, ele ergue a cabeça em minha direção e dá um sorrisinho cretino me estendendo uma sacola de pano com a outra mão.

— O que houve com você? – sua voz é baixa e rouca e o sotaque é deliciosamente pesado em cada letra.

Eu olho para os lados, mesmo sabendo que Sai não está com ele. Limpo o rosto e o nariz, e puxo a camiseta para baixo quando ele encara minhas pernas longamente.

— O que você está fazendo aqui, Sasuke? – pergunto, tentando fazer a melhor voz que posso. – Cadê o Sai?

— Está no vigésimo terceiro sono, nem notou quando eu peguei o celular dele para procurar o seu número. – ele sorri inocentemente, passando por mim e deixando a sacola em cima do balcão da cozinha. – Para a minha sorte, você mandou mensagem bem na hora que eu peguei e aqui estou eu, seu salvador.

— Só que eu não mandei mensagem pra você. – minha voz é baixa, mas estou irritada pra caralho. Depois de ontem, a última coisa que eu queria era que Sasuke me visse nesse estado. – Pode, por favor, ir embora?

— Se eu for embora, vou levar isso aqui comigo. – ele abre a sacola e tira um pote de sorvete, dois pacotes de salgadinho Lays de barbecue, um fardo de cerveja e uma série de barras de chocolate Kit-Kat. — Você não quer isso, quer?

— Você é ridículo! – rosno, irritada comigo mesma por cair nessa. Fecho a porta com força e caminho em passos pesados até o sofá.

Desligo a tevê e cubro minhas pernas com uma almofada. Se fosse Sai, eu não me importaria, porque ele está cansado de me ver pelada; também não quero levantar para dar a Sasuke o gosto de ver minha comissão traseira.

De repente, me ocorre que Sasuke entrou no meu prédio, que ganhou de vários outros prédios por anos consecutivos em questão de segurança.

— Como você entrou aqui? – pergunto, quando ele se aproxima com duas garrafas de cerveja Budwaiser. Ele me entrega uma e eu pego muito a contra gosto.

— Você colocou a senha ontem à noite. E minha memória é fotográfica. – ele tem um tom de exibicionismo que me faz rolar os olhos. – Ah, estou sentindo uma energia invejosa vindo você.

— Não sou invejosa. – digo, irritada pela escolha de palavra. Ele me encara com os olhos atentos, como se eu tivesse feito algo digno de sua atenção. – O que você quer comigo? Por que você queria meu número?

— Quantas perguntas. – ele suspira, forçando a voz. Tira a touca da cabeça e se acomoda no meu sofá como se fosse o dono do espaço. – Eu só percebi que não tenho seu número e, pelo que sei, as pessoas precisam ter o número de seus amigos na agenda.

— E, pelo que eu sei, nós não somos amigos. – rebato, fazendo uma careta forçada aparecer no rosto lindo de Sasuke, colocando a mão no peito como se ele tivesse sido atingido.

— Claro que somos. Você até está à vontade na minha presença. – ele aponta para as minhas pernas, me fazendo puxar ainda mais a camiseta, esticando ela na frente. – Relaxa, Sakura. Estou realmente tentando mostrar que sou uma boa pessoa. E você até que não é uma pessoa desagradável, nós podemos sim ser amigos.

— Não consigo imaginar alguém como você sendo amigo de uma mulher. – balanço os ombros, fazendo ele estreitar os olhos. – Você só quer transar comigo, como o restante da população masculina.

— Mas que grande ego você tem, Sakura.

— De forma alguma, isso deve ser levado para o lado bom da coisa. – eu me inclino no sofá, na direção dele. – Você, como todo homem, só quer me levar para a cama e é isso. Você não gosta de mim, não quer escutar meus problemas, você só quer me foder e me largar depois.

Percebo, quando o rosto de Sasuke fica sério, que eu estou levando isso para o lado pessoal – Sasuke não tem nada a ver com os meus problemas, ele não tem nada a ver com o fato de Naruto não gostar de mim. E, antes de Naruto, eu também era como ele, e não acho que transar sem querer um compromisso seja um pecado.

Estou prestes a me desculpar quando ele fala:

— Eu não sou como todos os caras que você ficou, Sakura. – ele bebe a cerveja, passando a ponta da língua no piercing de argola. – E você não é como as garotas que eu fiquei.

— Ah, não sou mesmo. – balanço a cabeça, bebendo o líquido amargo da cerveja gelada. – Se nós fizéssemos isso, eu não seria idiota de acreditar em romance com você.

Ele pondera por um minuto, então abre um sorriso cafajeste e se aproxima. – E eu seria completamente honesto com você. Sempre.

A forma como ele quis confirmar isso, me olhando totalmente, me fez sentir que ele sabe de alguma coisa.

Quando ele desvia os olhos e sobe a touca preta de novo, eu começo a entrar em pânico. É como se eu pudesse ver dentro dele, tão fácil e rápido.

— Você sabe, não é? – pergunto, baixinho, deslizando meu dedo pelas gotas frias que estão na garrafa da cerveja. – Sobre mim e Naruto? Quem te contou?

— Naruto me contou. – ele responde, olhando para a sua cerveja. – E você deixou isso bem claro com suas ações também. Acho que só ele não percebeu que você gosta dele.

Eu fico olhando para minha mão, balançando a garrafa de cerveja. Não sei como me sinto sobre isso, mas não é tão ruim quanto seria com Sai, porque eu sei que em algum momento meu melhor amigo iria surtar e jogar isso na minha cara. Sasuke pode fazer o mesmo, mas certamente será menos doloroso porque eu acho que não me importo muito com o que ele pensa de mim.

— Eu não sei se quero falar sobre isso com você.

— Você que sabe. Mas diferente do que você insinuou, eu sou um ótimo ouvinte.

Eu respiro, bebendo um grande gole da minha cerveja. Como viemos parar aqui? Me parece que eu tenho visto Sasuke muito ultimamente, e meu rosto com lágrimas secas tem que significar alguma coisa. Além do mais, é a segunda vez que temos uma conversa descente e eu não posso dizer exatamente que não estou gostando.

Respiro fundo e tomo mais um gole de cerveja. Sasuke escuta atentamente cada palavra que eu digo, começando bem do começo da minha história com Naruto.

— Mais cedo eu estava lendo um livro que me fez lembrar e perceber algo. – digo, omitindo o fato do livro ser da minha própria mãe. – Eu sou uma antagonista.

— O quê? – ele junta as grossas sobrancelhas, se divertindo com algo em meu rosto.

— Você sabe, sou aquela garota invejosa e malvada que implica com a protagonista. – digo, mas não sinto vontade de chorar como antes. Deve ser porque Sasuke está rindo da minha cara. – Estou falando sério.

— Me desculpa, mas eu não consigo te ver assim. – ele balança a cabeça e eu percebo que o som de sua risada é bem deliciosa e grave. – Você não gostar da garota que está com o cara que você gosta não te torna uma antagonista, gata.

O que é que tem nesse ‘gata' australiano que me deixa toda arrepiada?

— Bom, eu já quis raspar a cabeça dela. – dou de ombros e ele ri ainda mais. Sorrio, rolando os olhos. – Isso me torna ruim agora?

— Não, a não ser que você tivesse feito isso. Você é só humana. – ele dá de ombros e eu fico perplexa. Caramba, Sasuke Uchiha está me dando conselhos amorosos. – E muito idiota. Eu achava que você não era dessas.

Claro, não dá pra ser perfeito o tempo todo.

— Como assim “dessas”?

— Dessas que se apaixonam. – ele dá de ombros, passando a ponta da língua no piercing, naquela mania sensual que ele tem. – Você me parece ser bem segura e muito bem resolvida para gostar de alguém como o Naruto.

Eu não respondo nada, porque não há uma resposta para isso. Não escolhi gostar de Naruto, estava muito bem com a minha vida antes dele aparecer. Eu era ótima, era alguém que eu gostava. Se tem uma pessoa que eu odeio agora, sou eu mesma depois de Naruto.

Chorona, insegura, depressiva...

— Eu não quero ser uma antagonista. – digo, me levantando num pulo de desespero. Sasuke acompanha meus movimentos com os olhos presos em minhas pernas. Eu o encaro, tão lindo e gostoso e a lembrança do pau dele em minha mão vem a tona. – Se a gente transasse, teria que ser só sexo. Nada mais.

— Por mim, fechado. – ele me olha de cima abaixo, com um brilho de desejo em seus olhos. Por um momento, depois de confirmar que realmente gosto de Naruto, eu pensei que Sasuke desistiria por pensar que a mesma coisa poderia acontecer com ele. Ele tem um ego grande e, no fim, é um homem. Mas ele ainda parece tão certo sobre isso quanto antes. – Nada além de sexo.

Eu me aproximo dele, afastando suas pernas com a minha. Subo em seu colo e puxo sua touca, bagunçando seu cabelo negro e rebelde. Suas mãos seguram minha bunda, me puxando mais para perto.

— Eu ainda gosto do Naruto. E estou fazendo isso justamente porque quero esquecê-lo de vez, voltar a ser eu mesma. – falo baixinho, encarando seu rosto, a forma como ele parece escurecer e se... excitar? — Tudo bem pra você?

— Garanto que você vai esquecer ele rapidinho quando eu meter em você. – ele investe contra mim, me fazendo sentir seu pau bem no meu ponto preciso. – Eu vou consertar você, gata. Relaxa.

Ele passa as pontas de seus dedos pela minha perna, descendo e subindo, em círculos e triângulos. Sasuke tem olhos puxados com cílios grossos e escuros e uma marca escura na mandíbula quadrada. Seu nariz é longo, meio arrebitado na ponta. Ele é a personificação da beleza e seus piercings e tatuagens deixam ele tão mais lindo que eu só quero olhá-lo. Ele também tem três argolas na orelha direita, bem ao extremo dos três piercings de argola na outra ponta.

— O Sai não pode saber disso. — murmuro, tocando as argolas e descendo até seus lábios bem desenhados.

— Tudo bem. – ele me puxa para mais perto, tocando suavemente os lábios no meu pescoço. — Podemos manter isso só entre nós.

— Ótimo. – sorrio, tocando seu nariz suavemente com o meu. – Mas não vamos transar hoje. Estou naqueles dias.

— Por que parece que eu só escuto isso de você? – ele sorri, me apertando mais, ao invés de revirar os olhos ou choramingar, como eu apostaria, em base das experiências que tive com homens, que ele faria. — Tudo bem se eu ficar, mesmo assim? 

Para começar isso bem, eu deveria mandá-lo embora. Mas depois do meu dia arruinado pelo manuscrito da minha mãe, é de Sasuke ter consertado isso muito facilmente, quero mantê-lo perto por mais um tempo.

— Tá bom. – eu tento me afastar, mas ele me segura, empurrando suas mãos em minhas pernas.

— Te beijar agora interfere em algo do nosso trato ou nos seus dias difíceis? – ele sussurra contra meus lábios, segurando meu queixo com seus dedos.

Posso sentir meu corpo responder ao dele, e sinceramente não estou mais afim de lutar contra o que quero fazer com Sasuke – se é pra resgatar a pessoa que eu era antes de Naruto, quero fazer isso direito e pensar como a Sakura de antes.

Seguro nos dois lados de seu rosto e o puxo para mim, tocando e chupando seus lábios com gosto de nicotina e cerveja. Eu deveria alertá-lo sobre todos os perigos que o cigarro representa, que ele provavelmente já sabe – a verdade é que eu gosto do sabor de nicotina em seus lábios, e também do piercing enrolando a minha língua e a forma como o piercing do lábio desliza no meu pescoço.

— Nosso trato está selado, gata. – ele sorri para mim, um sorriso de promessas e desafios que ascendem meu corpo para uma sensação que eu não sinto há semanas. – Assim que você parar de sangrar, eu vou foder você.

— Você é podre. – digo, fazendo ele gargalhar como se tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo.

— Então, nós somos o que? – ele tateia meu rosto como se tivesse tocando cada uma das sardas que eu odeio. – Amigos que transam?

— Não mesmo. – eu o empurro, então saio de cima do seu colo. Ele me olha, todo confuso. Eu rio. – Somos inimigos que transam. Eu não vou ser mesmo a sua amiga, Sasuke Uchiha.

— Você que sabe, Sakura. Está perdendo um ótimo amigo. Olha aqui. – eu o encaro no momento em que ele aponta a câmera do seu celular para mim. — Pronto, agora seu contato tem uma foto no meu celular.

Eu rolo os olhos, sem realmente me importar com isso. Sasuke realmente fica mais um pouco, e nós comemos todos os chocolates que ele trouxe e o salgadinhos. Acabei confessando, depois de três cervejas, que Kit-Kat é meu chocolate favorito e ele implicou comigo dizendo que existem chocolates bem melhores, tipo Diamante Negro.

Depois dessa discussão desnecessária e infantil, nós assistimos Enrolados. Sasuke disse, mais uma vez, que odiaria, mas no fim ele amou tanto quanto Frozen.

Quando eu disse a ele que inimigos não compactuam assistindo filmes da Disney juntos, ou comem e bebem sem brigar, ele disse que nós seríamos diferentes e que eu ainda seria amiga dele – segundo Sasuke, somos tão parecidos e gostamos de tantas coisas em comum, que seria um pecado não sermos amigos. Tão horrível que ele quase desistiria de transar comigo para que fossemos apenas amigos.

Em suas próprias palavras, infelizmente eu sou gostosa e descomplicada demais para se desperdiçar a chance de me foder.

Além do fato de gostarmos de sexo casual, as mesmas músicas, odiarmos o guarda-roupa de Sai e sermos duas pessoas geniosas, não tenho muita coisa em comum com ele. De qualquer forma, gosto do fato de ele conseguir me fazer esquecer Naruto, coisa que nem o meu melhor amigo é capaz de fazer.

Acho que o fato de Sasuke não ser daqui e não fazer parte das minhas lembranças com Naruto, me deixa incapaz de associar o meu antigo caso com o meu futuro caso. Sasuke e eu estamos bem no meio disso, no presente. E eu estou realmente confiante de que posso voltar a ser eu mesma se me envolver fisicamente com ele.

Bom, se nada der certo, pelo menos eu testei com um gostosão que, de boca fechada, e o cara mais atraente que eu já vi.


Notas Finais


Ah Sakura, existem muitas outras coisas que podem acontecer "se nada der certo".

Isso ainda vai dar uma meeeeeerda. Quem dos dois vocês acham que vai "cair" primeiro? Os dois estão muito seguros de que são maduros o suficiente para lidar com um envolvimento casual

Mas sera se? HOHOHOHOHOHOH


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...