“Eu rasgo meu coração, eu me costuro, minha fraqueza é me importar demais e nossas cicatrizes nos lembram que o passado é real… eu rasgo meu coração apenas para sentir”
— Scars, Papa Roach
Faltava cerca de meia hora para meia-noite e Hoseok havia dormido de novo. Em cima de mim dessa vez. Revirei os olhos ao empurrá-lo e segui até meu lado do quarto, fui até o espelho e arrumei o cabelo bagunçado, coloquei uma touca verde escura e um casaco felpudo por cima da blusa preta.
Sinceramente, depois da minha fama e pelo jeito que Park Jimin me encarava, eu duvidava que ele fosse aparecer. Mas ainda assim, queria estar lá para caso o garoto fosse louco o bastante para se aventurar pela toca do coelho.
Não que eu pretendesse fazer qualquer coisa com o garoto, eu não sou um maníaco, doido, psicopata ou qualquer coisa assim — apesar de adorar o fato das pessoas acharem que eu sou exatamente isso — eu pretendia morrer quando chegasse a hora certa mas matar alguém?
Nem fudendo.
Ainda mais Park Jimin.
Ele merecia viver, via-se isso só de olhar para ele — não que ele fosse feliz, mas justamente por isso.
Ele merecia viver para encontrar a felicidade que merecia.
Deixei um bilhete para Hoseok:
hobi, fui fazer besteira por aí, se acordar e não me ver não se preocupe. beijinhos do seu (até então)melhor companheiro de quarto. ps: se abrir o bico para alguém sobre isso eu te mato. coloque fogo neste bilhete imediatamente. tchau.
É claro que eu não descartava a possibilidade de ser pego.
Mas se fosse, que se foda.
Depois de deixar o bilhete para Hoseok, saí do quarto, o corredor estava escuro e então usei a lanterna do celular para me guiar. Fui caminhando pelo caminho que eu já havia decorado, me escondendo sempre que via algum inspetor passar por ali, mas o do nosso prédio em si, estava dormindo em um sofá perto da cozinha.
Depois dali pude caminhar livremente e saí do dormitório sem muita dificuldade.
Caminhei livremente pelo jardim, apenas me abaixando para evitar os guardas que ficavam perto da entrada do labirinto de rosas, caso Jimin apareça espero que não seja pego exatamente ali; continuei meu caminho até chegar a fonte e ali me sentei, naquele horário ela estava desligada mas a água que havia dentro dela estava gelada, passei meus dedos e senti meu corpo arrepiar com a diferença de temperatura.
Olhei para o céu, as estrelas brilhavam e uma lua nova iluminava o céu. Desejei fazer parte das estrelas ou apenas ser parte da poeira do universo. Na minha mente a melodia de "all i want" começou a tocar e de repente me senti triste.
Mas afastei o pensamento rapidamente.
Já estava tudo planejado, mais dois anos e eu faria parte das estrelas.
"So you brought out the best of me a part of me i'd never seen" — Cantei em meus pensamentos e sorri novamente para o céu.
Me deitei na mureta da fonte, ainda encarando o céu e pensando nessa música.
Queria pensar que quando eu me fosse, deixaria memórias boas para as outras pessoas.
Mas tudo que estaria escrito na minha lápide seriam os meus pecados.
Mesmo assim, sempre fui do tipo de cometê-los sem arrependimentos, sempre escrevi pecados e nunca tragédias.
Mas algo me dizia que não seria assim por tanto tempo, afinal depois de ouvir um barulho e um xingamento baixinho, eu sorri.
Ele apareceu.
Park Jimin veio encontrar o lobo mau.
Talvez eu não tenha escrito tragédias até agora.
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