História Nada? Tudo.. - Entre eu, você e o tempo.

"Apenas deixe-me deitar no chão

Não como antigamente.."

～ 'Keshi, Blue'.

JUNGKOOK

ー Ainda são seis e quarenta, ainda tenho tempo! ー Falei atravessando o cruzamento no sinal verde para os carros, correndo para não ser atropelado e tomando cuidado para o embrulho na sacola não se mexer muito.

Nesse mesmo horário quase todos os dias quando o sol se põe eu ia até a floricultura 'Sunlight', era meio longe e eu tinha que pegar o ônibus das seis e quarenta e cinco para chegar às sete, mas ele sempre passava um pouco depois do horário certo.

Eu poderia me atrasar, mas perder o ônibus? Nunca.

Então tudo bem, era só eu correr!

Mesmo sendo cansativo valia à pena por dois motivos.

O primeiro era que eu ficava incrivelmente feliz só de poder fazer uma entrega de café latte com rosquinhas de morango e uva. O filho da dona da floricultura amava o café e as rosquinhas da cafeteria do meu tio então ela sempre fazia um pedido à tarde para ele.

E aliás a senhorita Younha (*!) era um amor de pessoa, sempre perguntando como eu e meu tio estávamos e se estava tudo bem com os negócios na Coffee 13.

Eu realmente gostava de fazer essa entrega, meio que melhorava meu dia em mil vezes por ser a última entrega do dia.

Era revigorante..

E o segundo motivo.. bom.. era que eu podia ver uma pessoa.. é, eu não o conhecia, mas ele sempre usava esse ônibus no mesmo horário da entrega à floricultura. E algo me chamou a atenção.

Eu vou chama-lo de ele por agora, afinal eu não sabia nem mesmo o seu nome naquela época.

Talvez.. eu chegasse atrasado algumas vezes só para vê-lo no ônibus. Mas só algumas.

O meu tio na maioria das vezes me levava de moto para poder fazer algumas entregas quando eram um pouco mais longe como é no caso da floricultura.

Eu até fui nas primeiras vezes entregar com a ajuda dele, porém nessas vezes eu não podia nem conversar com a Senhorita Younha.

Meu tio sempre está com pressa, sempre mesmo.

Então houve uma vez na qual ele não pode me ajudar pois havia uma entrega que ele tinha de esperar na cafeteria, alguns grãos frescos de café e frutas que estavam para chegar.

Nesse caso eu fiquei encarregado da última entrega e depois disso nunca mais pedi ajuda ao meu tio para fazer essa entrega em específica.

Eu aproveitaria todas as oportunidades que eu poderia ter para poder pegar aquele ônibus novamente e naquele mesmo horário.

Pode parecer meio bobo agora.. mas eu realmente gostava da sensação. Era a melhor quebra de rotina que eu havia tendo.

Nesse dia eu peguei o ônibus para fazer o meu caminho de sempre à Sunlight e em vez de pagar a passagem e ir me sentar como sempre, algo diferente aconteceu.

Naquele dia, ele estava na frente do ônibus perto do motorista e parecia um pouco perdido e procurando por algo..

Quando eu entrei e as portas do coletivo se fecharam ele se agachou no chão olhando ao redor, enquanto eu fiquei entre ajudar ou apenas esperar.

Até que quando o ônibus pareceu fazer uma curva um pouco mais fechada e ele meio que quase caiu em cima de mim quando tentou se levantar, parecendo achar o que estava procurando.

Acabei o segurando pelos ombros enquanto tentava segurar a sacola com as entregas. Eu ainda tinha sete pontos de onibus à frente para descer, tinha tempo.

ー Ei, garoto. Já achou o que queria? Você pode ficar no assento de deficientes aqui na frente se quiser. Deixe o rapaz passar. ー O motorista o fitou e disse apontando para o assento em específico, logo me olhando também com uma cara de quem estava incomodado e impaciente.

Ele logo balançou a cabeça um pouco nervoso rejeitando sua oferta, a qual eu realmente também havia ficado confuso, confesso.

ー Tudo bem, eu espero ele passar.. ー Eu disse enfim desviando o olhar do motorista carrancudo.

Acho que o motorista havia sido um pouco grosso demais, não?

Quando ele se levantou e guardou na mochila o que possivelmente tinha deixado cair ele me pareceu um pouco sem jeito enquanto pegava o cartão de passagem no bolso da calça jeans.

ー o-obrigado.. ー Disse olhando em minha direção, sem exatamente me fitar, passando o cartão de passagem e logo andando rápido até se sentar nos bancos altos do ônibus. Os melhores.

Nem me deu tempo de respirar.
Ele nem sequer olhou para mim ao agradecer.. puxa.

Apenas paguei pela passagem e me sentei do outro lado nos bancos altos como sempre fazia, sempre havia sido assim afinal.

Eu entrava no ônibus e me sentava nos bancos altos e sempre ele estava lá do outro lado do ônibus na janela assim como eu, às vezes lendo, dormindo ou até escutando música.

Por mais bobo que eu possa ser, naquele dia eu só queria saber qual música que ele estava escutando.

Qual seria o tipo de música que ele gostava?

Será que ele gostava de escutar indie?

Ou talvez rock?

Qual seria sua cor favorita?

E se eu desse um.. oi?

Mas eu não fiz nada, nunca fiz nada, apenas faltavam mais duas paradas de ônibus e eu desceria e assim passaríamos todos os dias como sempre acabava sendo, apenas observando e me perguntando o porquê dele me intrigar tanto.

Eu nunca fui de muitos amigos desde que eu me lembro, ou seja, desde que a residência de meu tio virou minha nova casa após os meus pais sumirem do mapa à trabalho quando eu ainda era muito pequeno.

Na verdade eu não me lembro de muita coisa antes deles sumirem e depois disso eu nunca me preocupei muito em criar laços de intimidade maior com as pessoas.

Tudo o que eu sei sobre antes de vir morar com ele, é tudo que o próprio me contou.

Apesar de ser muito comunicativo por ajudar meu tio em sua cafeteria desde que me entendo por gente, preparando todos os tipos de doces, café e vitaminas, eu sempre fui mais do mundo dos livros.

Quando eu não estava ajudando na cafeteria ou fazendo entregas eu estava lendo. Todo tipo de livro. Desde histórias antigas à comédias românticas.

Acho que depois de tanto tempo lendo, estudando e me distraindo por longos anos no Coffee 13 eu acabei esquecendo das pessoas que me trouxeram ao mundo.

E mesmo que meu tio tivesse cuidado de mim a vida toda, não era como se houvesse um amor ou um carinho especial como as outras crianças tinham com seus próprios pais.

Olhando para trás eu percebo que eu realmente sempre fui uma criança muito forte em relação a sentimentos, sempre chorava quando ia dormir para meu tio não brigar comigo ou sempre evitava falar nos meus pais para ele não dizer que eles nunca me amaram e que eu era chato demais para quererem notícias minhas.

Mas eu realmente comecei a entende-lo melhor assim que cresci, cuidar de uma criança que sequer era sua e administrar sua vida também não é tão fácil quanto parece.

Voltando a olhar para ele eu consigo perceber uma coisa, realmente mesmo com todos os problemas que talvez possam o envolver ele continua sorrindo, talvez pela música que esteja escutando ou por algo que aconteceu no seu dia que o deixou feliz.

Sabe aquela frase?

"Nunca julgue um livro pela capa?"

Eu posso estar completamente errado mas.. se julga-lo por sua capa me deixa tão curioso, como seria se eu finalmente conseguisse um dia ler suas páginas?

Mas antes de sequer imaginar como seria se fossemos amigos, desta vez ele se preparou para descer.

No mesmo ponto que eu.

Quando faltava apenas um ponto eu peguei a sacola com as encomendas e cheguei para o outro acento (o da ponta) ao lado do meu. Ele fez a mesma coisa enquanto ajeitava a mochila nas costas e guardava os fones, no entanto o seu celular tocou e ele atendeu.

Ele vai mesmo descer no mesmo ponto que eu?

ー Alô? Aconteceu alguma coisa? Você NUNCA me liga. ー Ele falou enfatizando a palavra nunca, parecia preocupado.

Quando ele levantou se adiantando para a porta de saída do ônibus e vasculhando a mochila de novo, levantei também, aí sim me dando conta de que realmente ele iria descer junto comigo.

Eu fiquei animado e nem sabia exatamente o porquê disso.

Não faz sentido nenhum. Resmungiei comigo mesmo internamente, tipo.. eu reparava assim em todo mundo?

Você parece um stalker Jungkook!

ー Por um estante eu fiquei assustado, pensei que alguém tinha morrido idiota! ー Disse para o telefone e tirando algo da mochila arrumando-a de volta nas costas. ー Eu já corrigi a partitura sim e aliás ficou ótimo, acho que você poderia tocar no próximo recital perfeitamente.

Faltava apenas mais um ponto e eu estava tão entretido na conversa no telefone que quase me esqueci de apertar o botão de sinal para descer.

Depois que o ônibus parou no ponto perto à floricultura e eu e ele descemos, vi finalmente o que havia deixado cair no ônibus sendo o que também havia guardado na mochila.

ー Tá tá, tchau preciso desligar!! Vou enviar as partituras por e-mail, até mais. ー Desligou o telefone e apertou o passo.

No ouvido onde não estava o seu telefone, ele colocou algo que parecia um fone de ouvido daqueles pequenininhos, mas quando olhei melhor eu pude notar.

Eram aparelhos auditivos, assim como o que estava em seu outro ouvido.

Por esse motivo também acabei por me lembrar do comentário do motorista minutos atrás.

Eu sabia identificar porque havia visto um documentário sobre e era realmente interessante sobre como funcionavam e ajudavam as pessoas através da amplificação de ondas sonoras.

Segurando a sacola um pouco melhor olhei o relógio e faltavam apenas um minuto para fazer a entrega, eu chegaria na hora.

Tudo bem, esquece o fofo do ônibus.

Comecei a andar um pouco mais rápido virando a esquina e só quando finalmente cheguei a floricultura eu percebi que o mesmo cara do ônibus estava entrando bem na minha frente na Sunlights.

Tudo bem, o que ele está fazendo aqui?

Preocupado com a entrega eu apenas segui até o balcão de atendimento e meio alheio a tudo não reparei que Senhorita Younha estava bem atrás de mim.

ー Ei rapazinho, chegou bem na hora hoje, meus parabéns! ー Quase tomei um susto quando me virei e a peguei rindo de mim.

Ela era um amorzinho de pessoa, com toda certeza eu podia afirmar que era uma ótima mãe. Mas os sustos que ela me dava eram horríveis!

ー Puxa senhorita Younha! Que susto.. ー Disse me afastando para ela dar a volta no balcão.

ー Me desculpe Kook mas não ia perder a oportunidade, você estava no mundo da lua! Tanto que você passou por mim e nem me viu perto da vitrine cuidando dos girassóis.. ー E terminou dando uma risada gostosa e travessa que já era bem conhecida por mim.

ー Ah.. eu estava pensando em algumas coisas.. mil desculpas.. acho que estou um pouco cansado deve ser isso..

ー Sem problemas Kook, vai me ajudar a fechar a loja hoje de novo? Enquanto jogamos conversa fora? ー Abriu um sorriso cheio de luz quando sorri para ela, claro que ela já sabia a resposta.

ー Ah, espere só um pouquinho, trouxe algo para você! ー Falei pegando a sacola com a entrega do dia.

Assim que entreguei uma rosquinha extra que havia colocado junto ao pedido especialmente para ela começamos a arrumar a loja, falamos sobre muitas coisas mas sempre olhando o horário para não chegar tarde em casa.

Meu tio me mataria se passasse do horário, já que ele sempre fechava a loja e ia direto para casa para jantarmos.

Enquanto eu ajudava a fechar a foricultura como sempre eu fazia enquanto a senhorita Younha explicava algo mais sobre as novas orquídeas, ele apareceu.

Eu fiquei petrificado. Afinal, ele ainda estava ali!?

Mas... já estávamos fechando a floricultura..

ー Oh, Jiminie! Não sabia que estava aí! Veio ver o Hobi? ー Senhorita Younha abriu um sorriso um tanto quanto feliz quando viu o carinha do ônibus passar pela porta atrás do balcão e chegar perto de nós sorrindo.

Jiminie.. então.. ele se chamava.. Jimin?
E ele era amigo do filho da Younha? Se sim, porque todo esse tempo eu nunca o tinha visto por aqui?

ー Ah, sim senhora! Eu vim trazer alguns dos livros que ele me pediu emprestado, já estava de saída.. ー Falou e coçou a nuca meio envergonhado.

ー Entendo, meu menino anda lendo muito ultimamente, que bom que ambos tem se ajudado, fico muito feliz! Aqui pegue um e leve com você.. ー Disse logo entregando um cacto pequenininho e cheio de espinhos fofos na mão dele.

ー Bom.. eu já vou indo senhorita Younha.. não posso ficar muito mais tempo.. ー Pigarreio, me levantando de onde estava perto dos lírios.

ー Não seja por isso meu menino, pegue esse aqui também. Mande um olá para seu tio. ー Disse enquanto me entregava um cacto pequenininho também, só que cheio de pequenas flores rosas. ー Voltem em segurança os dois para casa, ouviram? Nada de parar pelo caminho. Se cuidem.

ー Senhorita Younha, eu também quero um cacto florido! Esse cheio de espinhos é tão sem graça! ー Jimin disse enquanto fazia uma cara fofa de choro.

ー Ah mas- que menino mais atrevido! Vamos, vamos andando, nunca te disseram que os cactos mesmo delicados são muito fortes? Espero que lhe encha de espinhos e acho bom cuidar bem dele! ー Senhorita Younha sempre fica irritada quando falam dos bebês dela e o cacto não é sem graça...

ー Mas senhorita Younha- ー Tentou dizer logo sendo interrompido pela dona da floricultura.

ー Nada de "mas" e só quem me chama assim é o Jeon querido. Vamos, andando! ー Acabou arrancando uma risada minha e de Jimin ao se referir ao Senhorita.

[Escutar a partir daqui a música: Stories do Refs]

Depois de sermos expulsos da floricultura caminho até o ponto de ônibus com Jimin em minha cola. Era estranho dizer seu nome agora depois de tanto tempo só o observando de longe.

A rua ainda estava movimentada e faltavam apenas alguns minutos para o próximo ônibus, que concerteza não seria o de Jimin pois ele iria para o lado contrário ao meu. Afinal ele sempre continuava no ônibus depois que eu descia na floricultura.

ー Olha.. se você quiser eu.. troco com você.. ー Eu disse ganhando finalmente a atenção de Jimin.

Olhando-o assim agora é mais estranho ainda, porque nunca me imaginei falando com ele de verdade. Ficar com vergonha foi minha primeira reação.

ー Trocar..? ー Ele realmente parecia perdido com minha fala.

ー Sim.. bom.. você disse que queria um cacto florido então.. ー Abaixei a cabeça e fiquei encarando as pequenas florzinhas do bebê cacto.. tão fofo..

ー Sério? Quero dizer.. ele não é exatamente sem graça.. ele é até.. fofo. ー Disse enquanto olhava o cacto com espinhos em sua mão mais uma vez.

Eu não sabia o porque eu estava falando com ele, apenas saiu e na verdade eu não me arrependo de nada do que eu fiz nesse dia. Afinal, eu havia conseguido falar com ele. Mesmo que eu tenha agido por impulso.

ー Eu entendo, algumas pessoas gostam mais de coisas floridas, eu não me importo se quiser trocar, aliás, os dois são fofos, só que com qualidades diferentes.. ー Eu disse enquanto tirava a minha franja dos olhos, agora um pouco grande demais sem nem olhar em sua direção.

Quando o silêncio ficou insuportável eu notei que algo estava errado e quando levantei o rosto em direção à Jimin ele estava me encarando, como se tivesse uma aranha enorme no meu rosto. Ugh!

Mas foi ai que eu reparei em como ele sorria, não só com a boca mas com os olhos e era tão bonito, eu poderia ficar a noite inteira olhando.

Eu poderia com facilidade comparar a floricultura com ele, do jeitinho que me era reconfortante fazer essas entregas e conversar com a senhorita Younha, olhar o sorriso de Jimin, até hoje, ainda me deixa meu peito quentinho.

ー O-o que foi? Ah- meu ônibus! E-eu.. não quer realmente trocar?? ー Acabei dando um salto no lugar quando vi meu ônibus ao longe se aproximar dando uma última olhada em Jimin.

ー Eu.. quer saber? não. Acho que aprendi uma lição hoje.. eu vou cuidar bem dele! Espero que cuide bem do seu também. Eu sou Park Jimin.. até mais..? ー A medida que o ônibus se aproximava e percebi a incerteza de Jimin sobre qual seria meu nome, soltei um suspiro, mas era um suspiro feliz.

Tudo estava acontecendo rápido demais, de uma hora para outra, nunca que eu iria imaginar que o destino agiria dessa forma.

Algo tão simples, natural e inesperado, podia assim chamar a forma na qual nós finalmente nos conhecemos, foi tudo muito.. engraçado.

Depois de dias pegando o mesmo ônibus e o vendo estudar no mesmo ou até mesmo cochilar sobre a janela, em nenhuma única vez eu quis me aproximar ou pensar em realmente fazer amizade com ele.

Eu só achava interessante as pessoas ao meu redor, como tudo acontecia, os detalhes sejam do céu ou das janelas molhadas de gotas da chuva que caíram logo depois de eu pegar o ônibus com um sorriso sincero de alegria no rosto.

Havia sido tão fácil falar com ele no final de tudo.

Depois daquele dia eu nunca iria esquecer seu nome, sua risada, a melodia de sua voz, o jeito que falava de seus amigos ou as tantas músicas que ele me recomendou durante tanto tempo.

E como eu havia imaginado, Jimin não era só interessante como sua capa me conduzia a imaginar, ele era muito mais do que um simples livro, talvez fosse uma enciclopédia inteirinha.

Mas sua capa era sim importante, mesmo não retratando 1% do que ele realmente era, foi o que me levou a pensar muito sobre ele e me divertir consigo, mesmo que sem nem o conhecer.

A chuva não seria mais apenas chuva com ele, assim como um gole de café quente no fim da tarde não era mais um simples café quando estava com ele.

Assim como o Jimin aprendeu algo novo comigo naquele dia eu também aprendi algo com ele, mesmo que tenha sido indiretamente e ao decorrer do tempo que passamos juntos.

Eu aprendi que assim como as coisas vem elas também vão, assim como as pessoas e é assim com o tempo também.

Felizmente ou infelizmente.

As pessoas mudam. Isso é fato.
Às vezes para melhor ou para a pior, no entanto o que fica e é uma marca nossa que não pode ser tirada são as memórias. Seja em fotos, em livros de histórias, cartas ou até mesmo na memória de outras pessoas.

Elas não simplesmente podem ir, mas sim podem ser tiradas de nós.

ー Jungkook, meu nome é Jeon Jungkook