1. Spirit Fanfics >
  2. Namorado de Aluguel - Bughead >
  3. Cápitulo doze

História Namorado de Aluguel - Bughead - Cápitulo doze


Escrita por: aabbie

Capítulo 12 - Cápitulo doze


Puxei o cinto de segurança sobre o peito e o prendi.

— Sabia que a sua irmã nunca chama você pelo nome? É sempre “meu irmão isso, meu irmão aquilo”. Irritante. Ele riu alto, o que me fez sorrir, e saiu com o carro.

— Na verdade, é bem fofo. Acho que é assim que ela pensa em você, como o irmão mais velho.

A expressão de deboche se suavizou.

— Você ainda não sabe o meu nome, então?

— Não. E preciso saber hoje sem falta.

Em vez de responder, ele disse:

— Como você me chama na sua cabeça?

— Por que você acha que eu penso em você?

Ele sorriu como se tivesse certeza disso. E estava certo.

— Dublê de Archie.

Ele riu.

— Uau. Criativo.

— Era tudo o que eu tinha. Me ajuda.

— Aí é que está. Agora nós temos essa história enorme que inventamos. Chego a sentir necessidade de inventar um nome para combinar com esse momento de expectativa.

Olhei impaciente para ele.

— Fala logo, dublê de Archie, ou é isso que vai ser de agora em diante.

— Já percebeu que um dublê sempre envolve uma mentira? Irônico, não?

Dei vários tapinhas em seu braço enquanto dizia:

— Fala o seu nome.

Ele riu e agarrou a minha mão, que empurrou para o console do carro e imobilizou.

— Meu nome é...

— Tem razão. Isso está criando um clima de suspense. Nada do que você disser vai combinar com a expectativa que estou sentindo agora.

— Você não está ajudando.

— Quer que eu adivinhe?

— Nós temos uns quinze minutos. Você pode tentar.

— Tudo bem. Vamos brincar de Vinte Perguntas.

— Certo. Manda aí.

— Ele afagou minha mão e a soltou.

Eu sorri.

— Primeira pergunta. Seu nome tem a ver com alguém famoso?

— Humm. Bom, sim e não. Tem pessoas famosas com o meu nome, mas ele foi escolhido por causa de alguém não tão famoso.

Inclinei a cabeça enquanto olhava para ele.

— Sério? Precisa ser tão confuso?

— Essa é uma das perguntas?

— Não. Se você vai seguir as regras à risca, não é. A próxima pergunta é se o nome pode ser um sobrenome ou parece com um sobrenome.

— Como assim, parece com um sobrenome?

— Tipo, se acrescentar uma letra. William não é sobrenome, mas Williams é. Phillip e Phillips. Edward e Edwards. É isso.

— Entendi.

— E tem os sobrenomes que podem ser nomes, como Taylor, Scott, Carter, Thomas, Lewis, Harris, Martin, Morris...

— Você acha que o meu nome é Morris?

— Foi só um exemplo.

— Você pensa muito em nomes. Espera. Não fala. Deve ser uma dessas meninas que já escolheram o nome de todos os filhos que vão ter.

— Não sou. — Bom, não todos os filhos.

— Fico feliz. E, sim, meu nome pode ser um sobrenome.

— Modificado?

— Não.

— Comum?

— Nem tanto.

Comprimi os lábios.

— É um nome que também pode ser um substantivo?

— Como assim?

— Ah, sei lá. Hunter, que é caçador; Forest, que é floresta; Stone, que é pedra...

— Ou Tree? Árvore.

— Ha-ha. Não, eu ia dizer Grant. Tipo, preciso de uma “grant” paciência para aguentar esse garoto com quem estou presa em um carro.

— Presa? Você praticamente implorou para vir comigo.

— Eu não imploro.

Ele gargalhou.

— Tudo bem, eu implorei na noite do baile, mas tanto faz. — Bati nele de novo, e foi então que me ocorreu uma coisa. — Aliás, por que você estava esperando no estacionamento? Você mora a seis quarteirões do colégio, e a sua irmã tem celular. E ela disse que você ia para outro lugar.

Ele ficou quieto por tanto tempo que tive medo de ter tocado em um assunto delicado. Finalmente, falou:

— Se eu contar, não quero que pense que eu sou esquisito.

— Não prometo nada.

— Eu estava preocupado com você.

— Comigo?

— Entrei no estacionamento bem na hora em que o Archie soltou seus braços da cintura dele e te afastou. Depois vocês começaram a gritar. E a sua cara depois que ele foi embora... Eu só queria ter certeza de que você estava bem e tinha como voltar para casa. Peguei um livro para não parecer intrometido enquanto esperava para ver o que você ia fazer.

Dois sentimentos brigavam pela liderança dentro de mim. O primeiro era uma enorme vergonha. Eu devo ter parecido patética! O segundo era a gratidão por ele ter sido tão legal sem nem me conhecer. A gratidão venceu.

— Obrigada — eu disse. — Isso é muito...

— Esquisito?

— Não, fofo. Então foi por isso?

— Por isso o quê?

— Você disse que entrou no baile não por causa do meu sorriso, mas por outra coisa. Sentiu pena de mim?

— Talvez um pouco no começo, mas depois você pareceu tão...

— Gostosa? — provoquei. Ele sorriu.

— Solitária.

O sorriso que acompanhava a piada desapareceu dos meus lábios.

— Solitária?

Ele não respondeu.

— Tenho muitos amigos.

— Não fica brava. Foi só um comentário. Devo ter me enganado.

— É, se enganou. — Pensei que ele tivesse visto em mim algo que eu não sabia ter, algo que ele havia descoberto. Esse era o principal motivo para ter desejado encontrá-lo. Ninguém nunca me olhou com a intensidade que ele demonstrou naquela primeira noite. Ninguém nunca pareceu enxergar dentro de mim, ver algo além do óbvio. Mas era só pena. Ele não me conhecia. Por que não fui à festa do Logan?

— Tudo bem, desculpa. Mas foi bom eu ter tido essa impressão, ou você não teria um namorado de mentira naquela noite.

— Verdade.

Ele passou a mão na cabeça e me olhou como se pedisse desculpas de novo. Ajudou.

— Meu nome. Não, não pode ser um substantivo.

Certo, de volta ao jogo.

— Tudo bem. Não é o nome de um famoso, pode ser sobrenome mas não é muito comum e não pode ser um substantivo. Difícil.

— Bom, só existe um milhão de nomes, então, sim... — O sorriso dele era bonito. Os dentes de cima eram alinhados, mas os de baixo brigavam por espaço, espremidos em uma fileira ligeiramente torta. — E acho que essas são as únicas perguntas que você pode fazer sobre um nome. Então você desiste?

— Não. Tem mais perguntas que eu posso fazer sobre um nome. É um lugar?

— Tenho certeza de que todo mundo consegue achar um lugar com o seu nome.

— Não é um lugar que você conheça, então?

— Não.

— Bom, não é Dallas nem Houston.

— Você gosta do Texas?

— Foram os primeiros nomes em que eu pensei, só isso. — Olhei em volta, tentando encontrar alguma pista no carro. Correspondência, anotações. Nada.

— Vai trapacear?

— Talvez. O nome da sua irmã é Veronica. Tem algum significado especial? — perguntei, pensando que podia haver um tema.

— Não dá para responder com sim ou não. Acabou o jogo?

— Tudo bem, sr. Seguidor de Regras. Retiro a pergunta.

Ele abaixou o volume do rádio, que era a trilha de fundo para a nossa conversa.

— Minha irmã se chama Veronica. É um nome bíblico, mas isso não vai ajudar em nada, porque o meu pai escolheu o nome dela, e a minha mãe, o meu. O meu pai é muito religioso. A minha mãe é hippie, pintora e defensora do amor livre.

— Sério? Como pode?

— A minha mãe inscreveu algumas telas em uma exposição de arte organizada pela igreja que o meu pai frequentava. Vinte anos depois, eles continuam juntos.

— Legal.

— Sim, eles são muito legais.

Olhei para os números brilhantes da estação de rádio. Não era uma estação que eu costumava ouvir, por isso eu não reconhecia as músicas tranquilas.

— Sabe o que nós conseguimos com esse jogo?

— O quê?

— Aumentar a expectativa.

Ele riu.

— Eu sei. Posso ser “dublê de Archie” para sempre?

— Não. — Eu me virei para ele no assento. — Quero saber o seu nome. Sério.

Ele estava com as duas mãos no volante e olhando para a frente. O sol havia se posto e o céu agora era cinza; ficava mais escuro a cada minuto. Ele lambeu os lábios, e sua voz se tornou rouca e suave.

— O visto, o conhecido, dissolve-se em iridescência, torna-se fugaz raio de luz que não era, era, é para sempre.

Eu não sabia o que ele tinha acabado de falar, mas tinha certeza de que queria ouvir de novo.

— Que bonito. O que é?

— Um trecho de um poema. Quando a minha mãe estava grávida de mim, ela foi ver uma exposição de arte que estava pela cidade. As Ninfeias de Monet estavam entre as pinturas expostas, e um poema de Robert Jughead estava sendo exibido com elas. A minha mãe sempre adorou essa pintura, mas naquele dia se apaixonou pelo poema. E me deu o nome do poeta. 

— Robert?

— Não.

— Jughead... — Percebi que havia falado com uma nota de reverência, e pigarreei para fingir que era esse o motivo.

— Decepcionada?

— Não, de jeito nenhum. Gosto muito desse nome.

— Eu também gosto.

— Muito melhor que “dublê de Archie”.

— Como ele está, aliás? — Ele me olhou de lado.

— Não sei. Não falo com ele desde aquela noite. — Eu estava mentindo demais ultimamente, por isso senti necessidade de acrescentar: — Ele me mandou uma mensagem. Tentei ligar de volta, ele não atendeu. Depois ele telefonou, mas eu não ouvi. Deixei recado. Ainda não sei se vou ligar de novo.

— Qual é o fator decisivo?

Boa pergunta. Já devia ter acabado. Eu não precisava ligar para encerrar o assunto.

— Não sei. Eu nem devia ter que tomar essa decisão. Ele terminou comigo no baile. No estacionamento. Eu não esperava. — Eu estava falando sem filtrar os pensamentos, por isso parei antes de dizer outras coisas que não queria. Ele levantou as sobrancelhas, mas não consegui interpretar sua expressão. Um grande inseto bateu no para-brisa e fez barulho. Ele ligou o limpador e acionou o spray de água para limpar o vidro.

— Você queria que acabasse nos seus termos?

— Sim. Quer dizer, não, eu não queria que acabasse... talvez. E você? A Veronica estava certa? Você quer voltar com a sua ex?

Ele deixou escapar um suspiro.

— Talvez. Isso era o mais próximo de “é claro que eu quero” que alguém poderia ouvir de um garoto, pensei, mas continuei com o jogo.

— Qual é o fator decisivo?

Ele bateu no volante com os polegares, respirou fundo e disse:

— Esta noite, eu acho.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...