História Namorado por Sete Dias - Jikook - O acompanhante de Jeongguk

Jimin dormia um pouco inquieto naquela poltrona, como se estivesse ansioso por alguma coisa, porém, nos pequenos intervalos em que não estava se remexendo tinha uma expressão angelical. Jeongguk não passava mais de cinco minutos sem dar uma olhada se quer para Jimin, ele era como um bebê que precisava de supervisão até mesmo no sono. Nos pensamentos de Jeon, ele estava apenas cuidando de Jimin para que não se machucasse, mas quando seu orgulho abria uma brecha, ele sabia que olhar para Jimin era como uma droga e ele era um viciado.

Nunca na sua vida ele pensou que poderia estar naquela situação. Contratou Jimin para ser seu namorado por sete dias, era quase como prostituição, mas sem a parte suja. Jeongguk enganaria sua família inteira para fazer sua mãe se sentir melhor, mas ele sabia que quando Jimin fosse embora, e sua mãe perguntasse sobre ele, poderia simplesmente dizer que haviam terminado, mas que foi ótimo enquanto durou. Quando pequeno sua mãe sempre lhe dizia que encontraria alguém bom o suficiente, e saberia quando tivesse achado, mas ele nunca teve a sensação de ter achado. Talvez tenha achado o amor da sua vida na rua, mas estava ocupado demais concentrado no trabalho que não percebeu. Talvez o amor de sua vida trabalhasse com ele e Jeongguk nem se quer tinha se dado conta. Talvez o amor da sua vida estivesse ali no avião, ou talvez ao seu lado, ele realmente não sabia, mas de uma coisa ele tinha certeza, se soubesse, Jeongguk estragaria suas próprias chances com o amor de sua vida. Fazia tempos que não tinha o carinho de alguém, tinha até mesmo se esquecido de como fazia pra ter algum carinho, se ele deveria pedir ou aconteceria naturalmente, era uma sensação horrível. Porém, quando olhava para Jimin, aquela sensação ia embora e seu coração se enchia de felicidade, era extremamente estranho, mas extremamente bom.

O avião pousou lentamente, assim como uma pena que caia ao chão. Park Jimin não se deu ao trabalho de acordar ao sentir as rodas do avião em contato com o asfalto, resmungou mais alto que o normal e se remexeu na poltrona, encontrando uma posição mais confortável. Jeon riu ao perceber aquilo, Jimin era tão manhoso quando um bebê.

Poucos minutos depois, o piloto já anunciava a chegada ao destino, e Jeongguk realmente não pode negar que estava louco para sentir o doce cheiro de Busan, sua cidade natal. Ele levantou de sua poltrona, porém não ousou acordar Jimin nem se lhe pagassem, foi até a cabine do piloto e poucos minutos depois, estava escorado na batente da porta do avião, olhando para a pista de pouso enquanto respirava fundo. As mãos continuavam em seus bolsos, e todos que conviviam tempo suficiente com Jeon Jeongguk, saberiam que ou ele estava feliz e tranquilo, ou completamente envergonhado. Naquela situação, podia-se dizer que ele estava completamente feliz.

O casamento de sua irmã ocorreria em sete dias, e ele não podia negar que estava completamente orgulhoso de sua irmã. Assim como não podia negar que estava isolado de sua família, e o pior era que ele mesmo havia se colocado naquele lugar. O trabalho era a vida de Jeongguk, o trabalho era a droga que mantinha Jeongguk, e ele necessitava urgentemente de outra coisa para se dedicar, ou caso contrário, se definharia aos poucos.

Ele estava ansioso para ver sua família, estava ansioso para mostrar Park Jimin a sua família, estava ansioso para ver a cara de surpresa de todos, ansioso para mostrar ao maldito de seu primo que havia conseguido tudo aquilo que ele dizia que não conseguiria, estava ansioso para passar esses sete dias com Jimin...

— Nós já chegamos? Cadê todas as pessoas? — Perguntou uma voz rouca e manhosa atrás de si. Jeongguk não pensou duas vezes antes de se virar, tentando não abrir um sorriso ao ver Jimin ali, com seus cabelos prateados completamente bagunçados.

Park coçava seus olhos e tentava evitar um bocejo. Jeongguk realmente teve que segurar aquele sorriso com todas as suas forças.

— Já chegamos, sim, há mais ou menos quarenta minutos. Mas eu pedi ao piloto para esperar você acordar. — Disse simples, sorrindo sem mostrar os dentes.

Jimin ficou perplexo com aquilo.  

— Como que... Você poderia ter me acordado, sabia? — Franziu o cenho, confuso.

Jeongguk poderia dizer a verdade. Poderia dizer que Jimin estava tão bem aconchegado que não quis incomodar. Poderia dizer que ele estava tão lindo ali, tão tranquilo, que nem o seu pior lado quis acordá-lo, mas ele resolveu ocultar a verdade.

— Por que? Não tenho pressa para chegar lá, Jimin. Não é como se nós fossemos os únicos que eles estivessem esperando. Você é meu namorado falso, não deveria se preocupar tanto assim.  — Disse em um tom arrogante, fazendo Park recuar para trás, um tanto quanto surpreso.

Jimin realmente tinha levado aquilo á sério. Ele realmente queria impressionar a família de Jeongguk e talvez até mesmo Jeongguk. Mas parecia que Jeon não levasse aquilo tão á sério, talvez fosse algo banal e sem importância.  Park não sabia, mal conhecia Jeon Jeongguk, na verdade, tinha quase certeza de que não o conheceria tão bem em sete dias.

— Bom... — Suspirou, voltando até a poltrona, com Jeongguk o seguindo. — Eu vou receber algo em troca desse serviço, senhor Jeon, então eu vou fazer ele bem feito. — Colocou o chapéu sobre sua cabeça e passou pelo de cabelos castanhos, sem se quer olhar em seus olhos.

Jeongguk pode sentir uma pequena pontada em seu coração, só não sabia o por que.

O caminho até o hotel foi silencioso. Jimin não ousou dizer uma palavra por mais que quisesse. Ele queria tanto saber a opinião de Jeongguk sobre si, queria saber se ele achava que sua família fosse gostar dele assim como nos filmes, queria que ele lhe elogiasse, queria confiança. Jimin queria não se sentir inseguro em relação aquilo. Jeongguk não questionou nada durante o caminho, por mais que doesse. Ele sabia que Jimin queria ouvir algo, ele sentia isso, mas ele não sabia o que. Jeongguk não sabia nada sobre relacionamentos ou como funcionavam, para ele, os dois deveriam estar como sempre estiveram, sem peso na consciência, sem o completo silencio ali dentro. Porém algo lhe dizia que tudo aquilo estava errado. Dizia que ele deveria dizer algo, deveria fazer alguma coisa.

Assim que o carro parou, Jimin finalmente pode assimilar que finalmente haviam chegado. Seus olhos arregalaram e seu coração bateu mais rápido, assim como sua respiração que ficou pesada de repente.

— Chegamos, senhor Jeon. — Disse Sun Hee, que também havia embarcado no avião.

Jeongguk concordou e desceu do carro, arrumando o blazer branco no corpo. Ele percebeu sim o olhar de algumas mulheres sobre si, e sorriu disfarçadamente de canto, fingindo não se importar com aquilo. Porém, seu sorriso de desfez quando percebeu que os olhares de todos não estava mais focado em si, e sim no garoto do outro lado do carro.

— Sun Hee, você acha que eu estou bem assim, não preciso trocar de roupa? — Perguntou com a voz ansiosa, para o motorista, que tirava as malas do porta-malas do carro. Ele parou e riu baixo, colocando as malas na calçada.

— O senhor está muito bem vestido, senhor Park. Se quer um conselho, a família do senhor Jeon não liga tanto assim para o que você veste. — Sorriu, vendo Jimin retribuir o sorriso um pouco corado.

— Sun Hee, leve nossas malas para o quarto. — Jeongguk interrompeu, parando a frente de Jimin, que suspirou, arrumando suas roupas.

Jeongguk voltou a observar Jimin de cima a baixo, Park realmente estava impecável e nem a mais bonita peça de roupa o deixaria mais radiante.

— Vamos? — Perguntou, estendendo o braço para Jimin, que mesmo inseguro, enlaçou seu braço ao do mais alto.

Park fechou seus olhos e suspirou, tomando coragem o suficiente.

— Vamos. — Assim que abriu seus olhos novamente, deixou um sorriso sobre seus lábios, sem mostrar os dentes. Um sorriso que Jeongguk por mais que quisesse tanto olhar, fingiria que era algo normal.

O hotel era um tanto quanto rural. Era realmente muito lindo, como um castelo antigo, totalmente coberto com cores claras, especialmente o branco. Park realmente havia gostado da entrada, simples, com algumas flores colorindo. O pequeno corredor aberto com o teto de vidro e vigas de madeira levavam até a porta também de vidro, do hotel.

Lentamente o casal andou para dentro. Era tudo tão chique e limpo, Jimin se perguntava se alguma vez havia ido á algum lugar assim. Ele sabia que a partir do momento que aceitasse a proposta de Jeongguk, acabaria tendo várias surpresas pelo caminho, e aquela era uma delas. Sem ao menos notar, Jeon se aproximou do balcão, sorrindo.

— Vim pelo casamento da minha irmã, Jihyo. — Sorriu orgulhoso, ainda com o braço enlaçado com o de Jimin.

— Sim, senhor. Você deve ser Jeon Jeongguk, não é? — Perguntou a balconista, com um sorriso no rosto.

Jimin percebeu o motivo do sorriso da mulher, e aquilo fez seu cérebro ferver. Será que ela não via que Jeongguk estava acompanhado? Porém Park realmente não podia fazer nada, Jeongguk retribuía o sorriso no mesma intensidade, e ele sentia que poderia voltar para o avião e voltar a Seul, esquecendo daquilo tudo.

Com uma enorme convicção, Jimin soltou o braço de Jeon, e se afastou. Seus olhos se arregalaram ao sentir uma mão lhe puxar para trás, de volta ao lugar, enquanto segurava sua cintura. Park olhou para Jeongguk, que continuava a olhar para a garota, vendo a mesma morder o lábio enquanto dividia o olhar entre a tela do computador e os olhos de Jeongguk.

— Uh, não sei se consta aí, mas é uma cama de casal. — Deu uma olhada para Jimin, que corou espontaneamente. A mulher voltou seu olhar para Jimin, tirando o sorriso dos lábios, agora envergonhada. — Pra mim e para o meu acompanhante.

— Uh... Sim, senhor. — Se apressou, sem voltar a olhar para Jeongguk. — Quarto vinte e dois, no segundo andar. — Entregou os dois cartões-chaves.

Assim que se afastaram do balcão, Jimin se soltou se Jeongguk e olhou em seus olhos, completamente confuso, parecia estar com raiva.

— Por que você disse aquilo? — Apertou os punhos.

— Aquilo o que? — Riu, achando graça da reação de Park.

— De eu ser seu acompanhante. Não precisava ter dito isso a ela, você provavelmente vai se arrepender. — Continuava a olhar nos olhos de Jeon.

— Me arrepender do que? — Segurou o riso, já sabendo do que se tratava.

— Eu vi o jeito que olhava para ela, vai querer transar com ela quando eu não estiver mais aqui!

— Jimin—

— Olha, por que não contratou uma garota pra ficar no meu lugar? Se for pra fingir ser um namoradinho sem graça que finge não ver o namorado dar em cima de outras pessoas, eu prefiro voltar pra Seul, entendeu? — Riu nervoso.

— Jimin? — Perguntou calmo, com um sorriso de canto no rosto.

— O que foi? E por que está sorrindo desse jeito?

— Eu não gosto de mulher, Jimin. E você fica completamente adorável com ciúmes. — Sorriu e se aproximou, segurando o queixo do de cabelos prateados, selando seus lábios rapidamente. Jimin ao sentir o contato dos lábios quentes de Jeon sobre os seus, fechou seus olhos instantaneamente. E assim que voltou a abri-los, não via mais Jeongguk na sua frente.

Park não tinha reação alguma, deixou seus lábios entreabertos e soltou seus punhos. Suas bochechas estavam vermelhas e sua mente não processava mais nada.

Jeon deu uma ultima olhada para trás, certificando-se que Jimin continuava na mesma posição. Ele tinha adorado a forma como havia deixado o garoto, adorado até demais. Voltando a olhar para frente, ele riu baixo, olhando para baixo enquanto colocava suas mãos em seus bolsos. Talvez ele gostasse de Jimin, talvez ele gostasse das sensações que Jimin lhe trazia.

— Jeongguk, querido! — Sentiu um abraço apertado lhe envolver, lhe fazendo desvencilhar-se de seus pensamentos. E apenas pelo perfume, soube que se tratava de sua mãe. — Você veio!

— Como eu poderia perder o casamento da minha irmã, não é? — Sorriu, retribuindo o abraço.

— Finalmente vejo você fora daquela empresa, lá é muito deprimente, sabia? — Olhou para o filho de cima a baixo, arrumando o blazer sobre seus ombros. — Você está muito bem, meu genro deve saber cuidar de você muito bem.

Jeongguk riu.

— Falando nele, quero conhecê-lo. Onde ele está? — Perguntou ansiosa, olhando para os lados.

Jeongguk ficou em silencio por alguns minutos, tentando pensar no que sua mãe queria dizer, até que enfim sua ficha havia caído.

— Oh, o Jimin, certo. Ele está aqui. — Sorriu nervoso, dando passos para trás, até se virar para a direção onde Park estava.

O de cabelos prateador estava completamente perdido ali, não sabia onde Jeongguk estava e muito menos para onde ele iria. Se arrependeu de não ter pego um dos cartões-chaves que Jeongguk havia ganhado. Ao ouvir a voz de Jeongguk não pode deixar de abrir um sorriso, aliviado.

— Jimin, amor?

— Jeongguk? Por Deus, não suma assim de novo! — Sorriu, se aproximando do mais alto, que ria baixo. — Por que está rindo? Você me deixou naquela situação, eu não sabia o que dizer e eu—

— Jimin? — Interrompeu, nervoso. — Uh, essa é minha mãe.

E só então Park havia percebido o olhar doce da mulher mais velha ao lado de Jeongguk. E de repente, o tempo parecia passar muito mais devagar do que o normal.

— Então seu nome é Jimin? — Perguntou, se aproximando. — Jeonggukie não fala muito sobre você, mas você é tão lindo... — Sorriu, vendo Jimin ainda sem reação. — Por que ele não falou de você durante esse tempo todo?