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História Namorado Quase Perfeito - Cuecas são desconfortáveis


Escrita por: ORUMAITOU

Notas do Autor


OEEEEEEEEEEEE VIADDOOOOOS!!!!!
Mais uma linda terça-feira :') ADIVINHA QUEM AINDA N FEZ O CAP 7::::::::::::::::::::::::::::::::::::: DESCULPA!!!!! Sério, mas vou tentar me esforçar a adiantar os caps pra continuar postando toda terça.
De qualquer forma, queria MUUUUIIITO agradecer de todo coração aos leitores que comentaram e os que favoritaram também, valeu mesmo cara <3 <3 FIQUEI TÃO FELIZ COM ESSES FUCKING 68 FAV QUE VCS N TEM IDEIA!!!!
Mas enfim, muito obrigada mesmo <3
Espero que gostem, GOOD LEITURA!!!
Chumchu~

Capítulo 3 - Cuecas são desconfortáveis


 

Não foi preciso muito tempo para que Jimin notasse que tentar esconder um garoto pelado – este, por sinal, que era bem mais forte do que si – em seu apartamento era muito complicado. Não era todo dia que exigia tanto dos músculos de seu corpo, mas poderia dizer que, naquele momento em especial, seus braços pediam por socorro. Suas mãos estavam coladas às costas do boneco – e valia pontuar que ele possuía, de fato, uma pele muito macia –, e empurrá-lo não estava sendo uma tarefa fácil, visando que este se recusava a ceder por algum motivo que Jimin ainda desconhecia.

— Vamos, é só por um tempo. – resmungou, fazendo força o bastante para logo se cansar e respirar fundo – Você precisa me ajudar, certo? Entre logo aí!

E o menino continuava a relutar.

 Era evidente que o garoto possuía uma força além do considerado “normal” para um ser humano, e lutar contra isso parecia ilógico; ainda assim, o Park não poderia deixar de tentar, uma vez que Hoseok e Taehyung não poderiam – ao menos não perante as circunstâncias daquele momento – conhecer o seu “boneco”. Como explicaria aquilo para eles?

— Eu quero ficar com você – tombando a cabeça ligeiramente para trás, o menino fez uma expressão birrenta, com o bônus de um bico fofo o bastante para que Jimin parasse por segundos para admirá-lo – E esse quarto é bagunçado, Jimin.

Jimin cessou os empurrões, revirando os olhos. Tinha notado que discutir com ele era desperdício de tempo; tinha que ser paciente.

Lembre-se de que ele é apenas um boneco, Jimin. Praticamente uma criança.

Seja tolerante.

— Não está bagunçado. Talvez um pouco... Mas, ainda assim, você acha que eu tenho tempo para limpá-lo todo santo dia? – argumentou, indignado, mas logo percebendo o quão infantil e ilógico era tentar discutir com um boneco. Não era como se aquilo fosse resolver alguma coisa, e estava, evidentemente, gastando o pouco tempo que tinha para organizar a situação.

 — Um pouco bagunçado? – o menino questionou, a próxima frase vindo com uma onda de seriedade da parte dele, que até parecia engraçada de algum modo, sob a visão do Park – Eu me perderia ali.

Talvez aquilo pudesse ser interpretado como um “modo de dizer”, mas julgando pela convicção com a qual o menino dizia aquilo, Jimin percebeu que o garoto realmente acreditava na ideia de que poderia se perder naquela bagunça, literalmente.

De fato, uma criança.

— Escuta, menino. – o Park respirou fundo, balançando a cabeça para enxotar quaisquer pensamentos que não fossem úteis para a resolução do problema que estava enfrentando naquela ocasião – O meu ex-namorado e o “amorzinho” dele estão ali na minha porta, e eu não sei no seu mundo, mas no meu, não é normal receber as pessoas em casa enquanto um rapaz pelado perambula pelos cômodos. Agora, cale a boca e me obedeça, huh?!

— Mas Jimi-

— Entra!

Aplicando uma força maior – que Jimin julgou ser fruto do puro desespero do momento – e aproveitando-se juntamente do fato de que o menino abaixara a guarda, conseguiu, por fim, empurrá-lo de vez para dentro do quarto, enquanto fechava a porta e tentava não enlouquecer ao constatar que não havia nenhuma chave ali, tampouco algum tempo para procurá-la. Hoseok e Taehyung batiam insistentemente na porta, e precisava atendê-los antes que a situação se tornasse ainda mais estranha – se é que aquilo era possível.

Pai nosso que estás no céu, que esse maluco não saia do quarto, amém.

Com o coração batendo como louco e o corpo inteiro trêmulo – bem como os braços doloridos –, Jimin parou em frente à porta e respirou profundamente, tentando se acalmar e organizar as ideias para que não parecesse um completo maluco assim que os “amigos” entrassem em seu apartamento. E foi juntando o pouco de coragem que ainda lhe restava, pensando juntamente que aquilo era uma completa loucura, que Park Jimin abriu a porta.

— Estava fazendo o quê? Quebrando a casa? Que barulheira, e que demora. – o bufo de Hoseok foi alto, mas a feição carrancuda foi logo substituída por uma sorridente, típica dele.

Jimin tremeu no mesmo segundo.

Ainda era recente demais, tudo estava muito fresco ainda. E foi com aquele baque que se indagou de algo que privara-se de se questionar durante os dias após o término de seu namoro: achava mesmo que o sentimento ia sumir depois de meros dias? Naquele instante, lhe pareceu notório que a resposta era não. Hoseok estava o machucando, mesmo sem perceber. Olhar para o rosto dele, bem como para o sorriso e para toda aquela composição de coisas que o tornavam quem ele era – o Hobi risonho que sempre amou –, trazia uma sensação de estranheza ao Park que, ao admirar aquele que um dia o fez sentir-se tão feliz, já não podia dizer que a sensação era tão boa quanto a de alguns dias atrás, quando ainda namoravam. Era uma sensação de saudade e ciúmes.

Uma vontade forte de se debulhar em lágrimas fez-se presente. Intensa.

— Desculpe – sua voz saiu num miado, uma tentativa discreta de tentar não desabar. Não poderia fraquejar justo num momento como aquele, não poderia se deixar ser vencido por aquele cenário cruel, especialmente por aquele sentimento – Estava arrumando a casa, na verdade, foi realmente uma visita de última hora. Eu voltei correndo. Aliás, oi para vocês, Hoseok, Taehyung.

— E aí, Jimin. – Taehyung sorriu amigável, sendo encantador como o de costume e apenas dificultando a situação interna de Jimin. Por que ele tinha que ser tão bonito e apaixonante? Era impossível não se sentir enciumado, ainda que soubesse que Tae não possuía culpa de nada.

— Ok, ok, chega de cumprimentos sem graças. Eu trouxe algumas coisas para comer. Sou só eu que estou morrendo de fome? – Hoseok atirou a sacola na mesa, com a típica intimidade que ele e o Park sempre tiveram, mesmo quando apenas amigos – Hoje eu pensei em como poderíamos passar o tempo assim como nos velhos tempos, digo, jogando videogame e comendo besteira. O que acha?

— Na verdade, eu-

— Que caixa enorme! – Tae exclamou, interrompendo a fala de Jimin e atraindo a atenção dos outros dois presentes no cômodo para o grande pacote que jazia no chão – O que comprou, Chim? Um robô? Hahahaha!

— Ah, sobre isso... – maldita caixa. Jimin xingou-se por ser tão descuidado e suou frio ao perceber que precisava de um jogo rápido de mentiras e desvios de assunto para que não desconfiassem de nada – Não é relevante no momento.

Sobretudo, ainda precisava ficar olhando para a porta do quarto para ter certeza de que o boneco não tinha resolvido simplesmente sair de lá, e com essa possibilidade, constatou que era arriscado demais permitir que Hoseok e Taehyung ficassem ali por mais tempo, principalmente olhando pela perspectiva de que o boneco era imprevisível e nada o impedia de estragar tudo.

— Garotos, eu... – tentou, de primeira, ainda que engasgando e inseguro o bastante para demorar algum tempo até finalmente formular algo com mínimo sentido em sua mente – Eu acho que não é um bom momento para visitas. Digo, eu sei que falei que não havia problema durante a chamada, mas foi por pensar que seria uma visita rápida.  Eu tenho alguns compromissos hoje, mas não quero ser chato...

— Compromisso? O que seria? – Hoseok indagou, soando apenas neutro e curioso.

— Hã... Na verdade, eu... – aquela era a hora. Precisava de algum motivo, alguma desculpa. Mas o quê? – Eu tenho um... Um amigo. Ele vem de longe e vai ficar um tempo comigo. Ele é de... Busan. Sim, Busan.

Respire fundo.

Você consegue.

— Busan? Desde quando você tem amigo em Busan? – seu ex ergueu a sobrancelha, confuso. Hoseok o conhecia bem, era difícil desviá-lo – Pensei que não tivesse mantido amizades de lá.

Com o coração batendo rápido, Jimin apenas tentou não parecer nervoso demais, uma vez que acabaria por entregar toda a mentira.

— Eu... O conheci há pouco. Ele é um pouco estranho, e... Meio que se sente desconfortável com outras pessoas. Eu havia me esquecido disso.

                — Acho que não há realmente um problema nisso, Jiminnie. – Taehyung pontuou, entrando na conversa enquanto comia casualmente algumas batatinhas, parecendo calmo como o de costume – Eu e Hoseok não pretendíamos ficar por tanto, certo? Se isso for realmente incomodar seu amigo, podemos só jogar uma partida de videogame e ir embora. Só queremos curtir um pouco contigo. Acho que isso não tem problema, tem?

                Taehyung sempre fora sensato, aquilo não era nenhuma surpresa, assim como tentava não criar intrigas e sempre arrumava alguma solução para tudo. Ele realmente parecia ser perfeito. Mas antes que Jimin pudesse dizer ou pensar alguma coisa – mais especificamente, antes que ele ficasse ainda mais enciumado do perfeito Kim Taehyung –, um barulho consideravelmente estranho e inesperado ecoou, e vinha do quarto.

BRUM!!!

E de novo.

PLAFT!!!

Depois, o som algo quebrando. Todos os presentes na sala ficaram em silêncio, escutando atentamente aos barulhos. Jimin pôde sentir o suor escorrer por sua nuca. Boneco desgraçado. O que ele estava fazendo lá dentro?

— Que barulho foi esse? – Taehyung questionou com uma batatinha entre os dentes, olhando ao redor como se procurasse a origem do som.

— Deve ter sido a Loha. – Jimin respondeu estupidamente rápido, ao menos o bastante para soar esquisito. O suor deslizando pelo pescoço e seus olhos automaticamente tomando rumo à porta do quarto, esperando que, a qualquer momento, um garoto de um e oitenta, totalmente pelado, saísse por ela – Ela anda bem agitada.

Maldito moleque pelado.

— Loha está aqui. – Hoseok fez questão de avisar, acariciando a cabeça da gata que, de fato, estava lá, e não em qualquer outro lugar.

Jimin apertou as mãos, sentindo a pressão aumentar e, consequentemente, suas pernas tremerem brevemente. Não deveria estar surpreso, as coisas costumavam dar errado quando se tratava de si.

— É o vento, provavelmente. – surpreendia-se com sua própria determinação em continuar tentando mesmo quando o universo jogava pedras em seu caminho. Tratou de mudar o foco da conversa – E, sobre a sua ideia, Tae, faz sentido. Uma partida está bem, faz tempo que não aproveitamos, mas precisamos ser rápidos, meu amigo chega logo.

                Os outros deram de ombros, mostrando que não estavam incomodados com a ideia, e com isso, Jimin limitou-se a ligar o videogame. Enquanto o fazia, não conseguiu deixar de lado a ideia de que o garoto poderia estar fazendo algo de errado em seu quarto, assim como não conseguiu livrar-se do nervosismo, tal que o fazia olhar para a porta a cada dez segundos para certificar-se de que o menino não havia saído. Estava tudo correndo bem.

                Ao menos até Taehyung e Hoseok começarem a jogar.

                Enquanto os “pombinhos” divertiam-se com o jogo, distraídos demais para notar qualquer outra coisa, Jimin sentiu os olhos saltarem para fora, enquanto jurava que o coração havia parado na boca; o barulho de uma porta sendo aberta.

— O que foi is-

— O JOGO! SE CONCENTREM NO JOGO! OLHA, TAE, VOCÊ ESTÁ QUASE GANHANDO! – um berro involuntário fez sua garganta arder, mas, tendo sucesso, fez com que os garotos voltassem a olhar para frente.

                Tudo aquilo foi tempo o suficiente para que, atrás deles, um garoto pelado atravessasse o corredor, indo do quarto até o banheiro tranquilamente, ao passo que interrompia o trajeto no meio para lançar um olhar animado e infantil ao Park. O filho da puta ainda tinha um sorriso lindo. Contudo, Jimin não poderia se deixar derreter por um sorriso bobo naquele instante – mesmo que, no fundo, tivesse uma estranha vontade babar por aquele boneco idiota –, pois, analisando sabiamente o cenário, um cara sem roupas estava prestes a ser visto por seus amigos e aquilo, de toda forma, não parecia bom. Nada bom.

                E, como a cereja do bolo, o boneco pareceu subitamente interessado em se juntar a eles.

                Eu vou morrer.

                O rapaz, então, tentou se aproximar, ameaçando aparecer na frente de seus amigos, que ainda estavam concentrados no jogo e, portanto, não notavam a confusão do ambiente em que estavam. Jimin não demorou a começar movimentar as mãos em sinais claros para que o menino se afastasse, este que parecia não compreender nada do que realmente estava acontecendo.

E continuava se aproximando.

— Chim, você está bem? – sem perceber que estava sendo encarado, Jimin virou-se assustado para Hoseok, esboçando um sorriso sem graça ao mesmo tempo em que tentava se apoiar no sofá para não cair de tanto tremer as pernas. Ambos o encaravam, parecendo um tanto assustados, os controles do console em mãos e o jogo pausado.

Jimin sorriu, ainda mais forçado.

— Não poderia estar melhor.

— É que você está estranh-

Uma música estridente de algum grupo sul-coreano qualquer irrompeu no ambiente, provavelmente o toque de algum celular, impedindo que Hoseok completasse sua frase e dando a chance para que Jimin virasse para o corredor, desesperado, em busca da imagem do garoto pelado.

Não encontrou nada.

 Alívio.

— Alô? – era o celular de Taehyung, que o atendeu com a costumeira voz serena – O que houve, mãe?

Nesse momento, Hoseok fez uma expressão assustada. Jimin, estranhando a situação, apenas limitou-se a prestar a mesma atenção que Hoseok prestava nas expressões faciais de Taehyung. Parecia algo sério.

— Merda. – Taehyung murmurou, fechando os olhos com força em claro sinal de nervosismo – De novo, mãe? Não há ninguém por perto? Você já chamou os médicos?

Hoseok levantou-se no mesmo instante, olhando fixamente o rosto de Taehyung. A ligação durou apenas breves segundos, o que pareceu ser um diálogo entre mãe e filho bastante emergencial. Alguma coisa, de fato, estava acontecendo.

— O que houve, amor? – Hoseok questionou, quase sem perceber a palavra que havia saído de sua boca, tampouco notando o efeito que ela causava no Park ali presente.

Jimin sentiu o coração doer ao constatar que teria que se acostumar com o fato de que “amor” não era mais direcionado a si. Não mais.

— Minha mãe... Ela... Aquelas dores estranhas de novo. – Taehyung suspirou pesadamente, como se não estivesse surpreso com a situação, mas ainda assim, muito chateado e preocupado – Vou precisar voltar para casa agora. Não há ninguém por perto que possa levá-la ao hospital e estou com medo de que fique pior se eu demorar. Nós podemos nos encontrar outro dia. Sinto muito por isso, meninos.

— Eu vou com você. – Hoseok afirmou, os olhos cintilando tão preocupados com Taehyung que Jimin precisou desviar o olhar por instantes para não chorar – Nós combinamos com Jimin outro dia. Ele vai receber o amigo, de qualquer forma, certo, Chim?

Jimin concordou com a cabeça, apertando os lábios e juntamente os olhos.

Por que Hoseok está fazendo isso comigo?

Por que ele quis vir aqui?

— Sim. – disse, simplista, tentando soar o mais natural e indiferente possível – Não tem problema. Aliás, melhoras a sua mãe, Taetae.

Hoseok encarou seu novo amor, esperando alguma resposta por parte dele.

— Tudo bem. – concordou, por fim, levantando-se do sofá para se ajeitar – Me desculpe por isso, Jimin. Nós com certeza vamos marcar para uma próxima vez.

— É claro que vamos. – o Park sorriu, aquele sorriso pequeno e meigo que escondia mais coisas do que era possível de se contar – Até mais, Hobi. Até mais, Tae.

                Quando Park Jimin finalmente fechou a porta, vendo-se livre daquela situação torturante que parecia corroer cada pedaço seu, deixou-se encostar as costas à porta, deslizando quase que involuntariamente ao chão, fraco.

 Estava totalmente fraco.

Precisou de longos minutos para pensar naquilo; engolir aquele sentimento, bem como engolir todo aquele cenário ridículo, era desumano. Estava doendo como o inferno. Maldito momento em que permitiu-se acreditar – mesmo que por breves e decisivos segundos – na ideia de que poderia aguentar tudo aquilo, pois não podia. Ainda não era capaz de deixar para trás, não era capaz de jogar fora todas as memórias e todo aquele ciúme. Ainda estava ferido e magoado, e precisava aceitar aquilo.

                Eu só preciso de tempo.

                É o que realmente preciso.

                Escondeu o rosto entre os joelhos, o rosto forçado numa expressão involuntária de dor, enlaçando as próprias pernas em busca do conforto que não tinha naquele momento.

                O conforto que pensava  não ter.

                Sem que o Park sequer percebesse, algo movimentou-se ao seu lado, sendo acompanhado juntamente de um calor humano sutil que tornou-se deveras perceptível quando uma mão grande, ainda que suave, pousou calma sobre seus cabelos. Jimin manteve a cabeça baixa, sentindo um carinho fraco em sua nuca e uma presença doce familiar se fazer tão presente que já podia imaginar quem estava ali.

— O que foi, Jimin? – num tom manso e preocupado, a voz do boneco se fez audível, enquanto que a respiração (e, vale ressaltar, Jimin surpreendeu-se ao notar que ele realmente respirava) tocava sua orelha de forma suave e gostosa.

O Park riu fraco, levantando o rosto o suficiente para encarar os olhos grandes e brilhantes do rapaz, que, de forma tão doce, parecia verdadeiramente preocupado e atento a  cada gesto que Jimin viesse a executar.

— Não foi nada. – respondeu, sorrindo fraco para o garoto que sentava ao seu lado, com a mão ainda em seus cabelos, prosseguindo com aquelas caricias. Jimin não gostava de pensar na ideia de desabafar a um boneco, mas, naquele momento, e apenas naquele momento, onde estava sensível e só possuía o menino bondoso como apoio, não viu problema em colocar para fora o que estava o matando por dentro – É que... Eu namorava, e esse namoro acabou. Mas... Infelizmente, meu sentimento não foi embora com Hoseok. Só a minha felicidade foi. Eu... Ainda sinto o mesmo por ele.

— Mas se ele era seu namorado, por que te deixou triste, Jimin? Namorados não deixam seus namorados tristes. Eu nunca te deixaria, Jimin. – ele sorriu, parecendo ainda mais fofo e doce do que nunca, tão puro e sincero que fazia o coração gelado de Jimin aquecer-se como nunca havia se aquecido desde a ida de Hoseok – Porque você é meu namorado, agora. Namorados precisam ser felizes. Eu posso socá-lo por você. Ninguém machuca o meu namorado dessa forma. Eu vou definitivamente bater nele, Jimin.

Jimin riu novamente, fechando os olhos com o carinho gostoso em seus fios.

— Nem sempre namorados são felizes, rapaz, nem sempre... – proferiu com amargura, e daquela vez, deixou-se tocar os cabelos macios do menino, que pareceu feliz ao receber seu toque – E você não precisa bater em ninguém. O tempo vai me ajudar a superar isso. Eu sei que vai.

Ficaram parados e quietos por um tempo considerável, o que fez o Park, surpreendentemente, se esquecer vagamente do episódio doloroso daquele mesmo dia, concentrando-se unicamente nos dedos longos e hábeis passeando por entre seus cabelos. O que aquele menino tinha para que o fizesse se sentir tão bem mesmo num dia horrendo como aquele?

Não procurou por nenhuma razão. Só precisava parar de pensar um pouco em tudo.

Permaneceram daquela forma por mais algum tempo, tempo o bastante para que Jimin pudesse notar – enquanto, involuntariamente, analisava a expressão bonita e serena do boneco – as migalhas localizadas perto da boca do rapaz.

 — O que é isso na sua boca? – questionou, estreitando os olhos para que pudesse ver melhor – Migalhas? Você comeu alguma coisa?

O menino concordou, afastando-se para contar animadamente.

— Tinha um grande pacote de biscoito em seu quarto desorganizado. – disse, lambendo em volta dos lábios para limpar as migalhas – Eu comi todos eles.

O mais baixo arregalou os olhos.

— O quê? Todos? Mas o saco era enorme! – comentou, sem esconder a surpresa ao lembra-se de que, de fato, era um saco grande e jamais conseguiria comê-lo sozinho. Como aquele garota havia conseguido?

— Estavam gostosos, eu comi os do pacote e alguns que estavam na mesa. – respondeu, e o Park riu levemente ao notar que, para o garoto, aquilo não parecia nada surpreendente, tampouco estranho. O menino, então, esboçou um sorriso meigo e ansioso, como um verdadeiro menininho – Eu gosto muito daqueles biscoitos, Jimin, você vai comprar mais?

Deus, eu estou realmente lidando com um garoto gigante com jeitinho bobo!

— Hahahahahaha, não acredito, você gostou mesmo! – pela primeira vez naquele dia, Jimin deixou-se gargalhar de forma audível e gostosa, sem notar que o menino o encarava, encantado com o sorriso e com a nova face que presenciava do “namorado”. Jimin, ao cessar a risada aos poucos, apenas encarou o garoto, tocando novamente os cabelos sedosos do mesmo para que pudesse falar em seguida – Sim, eu compro mais para você, menino-biscoito.

                — Menino-biscoito? Esse vai ser o meu nome, Jimin? – indagou, curioso e ansioso.

                E foi quando Jimin percebeu que, devido ao dia turbulento e a outras preocupações que haviam o perturbado, sequer tinha pensado no fato que ainda não havia dado nenhum nome ao seu novo parceiro, o que, consequentemente, o fez adquirir uma expressão pensativa.

                — É mesmo, certo? Eu ainda não te dei nenhum nome... – concluiu, o indicador e o polegar segurando o próprio queixo numa pose concentrada – Menino-biscoito... Me lembra de cookie, que foi o que você comeu. Cookie... Poderia ser Kook, ou Kookie.

O menino sorriu de forma grandiosa, animado e batendo pequenas palmas.

— Kookie! Kookie! Eu gostei desse nome! – exclamava entusiasmado, o que fez o Park sorrir minimamente, logo voltando ao estado pensativo.

— Mas precisamos de algo mais parecido com um nome. Quer dizer, ninguém se chama Kookie. Seria estranho. – advertiu, pensando mais profundamente e concluindo que “biscoito” não era um nome realmente adequado e parecido com o de um verdadeiro ser humano. Permaneceu quieto por mais algum tempo, tentando achar algo que tivesse conexão com aquilo, algum nome que de fato combinasse com aquele garoto – Eu acho que... Jungkook! Sim! Jungkook parece normal!

— Sim! – o rapaz concordou, parecendo aceitar qualquer sugestão vinda do Park, o que soou divertido ao mesmo – Jungkook parece nome de gente legal, Jimin.

                — Realmente. – sorriu – E ainda podemos te chamar de Kook ou Kookie. Como um apelido, certo?

                — Certo!

— E... Analisando bem, eu notei algo agora que realmente está me incomodando. – o Park admitiu, finalmente dando devida atenção a nudez do menino  e arregalando os olho para as partes baixas do mesmo. Não era todo dia que um cara pelado estava dentro da sua casa como se fosse a coisa mais normal do mundo – Você precisa de uma roupa... Isso é... Constrangedor.

— Por quê? – Jungkook questionou, sem ter noção da estranheza de estar nu ao lado de alguém que havia acabado de conhecer – É confortável ficar pelado. Eu gosto.

— Mas você precisa colocar, ué! Não pode sair por aí pelado. – Jimin disse como se fosse (e de fato era) algo óbvio. Em seguida, apoiou-se no chão, dando impulso para se levantar e erguer juntamente o menino com a ajuda de uma de suas mãos – Vamos, vou ver se algo meu serve em você. Eu duvido muito disso, e, analisando bem, você é alto e... Seus ombros são largos, acho que minhas coisas não vão servir em você. Precisamos dar um jeito de arrumar alguma que se encaixe como realmente deve se encaixar no seu corpo. Compras, talvez? Não sei, depois penso nisso.

Jimin parou de andar em direção ao quarto por um instante, e constatou em voz alta.

— Que estranho, parece que estou criando um filho.

                Jungkook apenas o seguiu, sem realmente dar ouvidos. Parecia uma criança saltitante e feliz.

— Vou ficar assim, Jimin, não quero vestir nada, é desconfortável. – disse, sem rodeios, enquanto sentava-se na cama e observava o Park revirar todo seu guarda-roupa.

— Você nunca provou vestir uma roupa. Não sabe como é. – Jimin imaginou que fosse uma resposta lógica – Não pode ficar pelado, Jungkook. Vai vestir sim senhor.

— Não vou.

Virou-se para o menino: pirralho ousado!

— Vai vestir sim! – indignou-se.

— Não, eu não quero.

— Ei! Quem você pensa que é, hein? – Jimin agarrou os próprios cabelos, já se vendo irritado com o garoto teimoso – Minha casa, minha regras. Não quero um garoto nu andando pela minha casa, vai vestir roupa sim. Para de teimosia, Jungkook!

— Mas...

— “Mas” nada. Eu mando, você obedece. – por um momento, Jimin sentiu-se realmente bem ao ver-se tendo o controle da situação, por pelo menos uma vez em toda sua vida. Orgulhou-se de si.

Ouviu Jungkook bufar, sentando-se na cama. Jimin continuou a vasculhar seu guarda-roupas.

— Nas regras da sua casa está que ela deve ser uma bagunça? Porque olha...

Jimin o encarou, impressionado com a audácia, se perguntando se deveria tomar uma atitude drástica, como, quem sabe, uma chinelada. Contudo, concluiu que já estava se parecendo demais com uma mãe e não queria parecer tão velho e ranzinza como já estava parecendo perto daquele menino.

Garoto abusado.

— Está reclamando? E pra sua informação, a casa só está bagunçada porque... Bem, porque eu estava ocupado. Sim, ocupado. E não é da sua conta, então me obedeça. Aliás, venha aqui, achei uma blusa larga. Vista.

Atirou a camiseta em Kook, que apenas encarou o objeto com dúvida, como se fosse alguma espécie de alienígena.

— O que faço com isso?

Não me diga que ele não sabe vestir uma camiseta...

Realmente veio com defeito.

— Como assim “o que faço com isso”? Vista, coloque em seu corpo, oras. – respondeu, logo percebendo que a dúvida do menino continuava, uma vez que ele permanecia encarando o objeto sem realmente saber o que fazer com ele – Deus, Kookie, você não sabe colocar uma camiseta?

— Deveria saber? – ele ergueu a sobrancelha, confuso.

Jimin suspirou cansado, sentando-se ao lado de Jungkook para que pudesse tomar a peça em mãos. Teria realmente que fazer aquilo? Sentiu-se como uma verdadeira mãe.

— Assim... – guiou o menino, mesmo que a situação de estar tão perto deixasse a si mesmo envergonhado, visando que o rosto de Kook parecia tão perto e o olhar sobre si pesava – É só colocar seus braços por estes dois buracos.

Kook obedeceu ao que ele falava.

— E a agora é só puxar para baixo. – o Park tentou ignorar a textura fina e macia da pele de Jungkook, uma vez que seus dedos deslizavam pelo tronco bem trabalhado do rapaz e era quase impossível não sentir as bochechas arderem numa situação como aquela – Prontinho. Acho que a estampa combinou contigo.

Jungkook encarou a própria vestimenta, que era nada além de uma simples blusa azul-turquesa com um grande dinossauro de desenho como estampa. O Park soltou um riso, pensando que, ironicamente, aquela era uma blusa que comprara na adolescência para utilizar como pijama, e sempre fora dois ou três números maiores que o seu, e, por aquele fato, raramente a usava. Ainda que grande, era uma peça com aspecto infantil, e caíra absolutamente bem em Jungkook.

— Dinossauro fofo. – Kook brincou com a estampa – Se forem como essa aqui, não vou ter problema para usar camisetas.

Jimin assentiu, bagunçando os cabelos do garoto sem sequer perceber que aquilo estava se tornando uma mania. Jungkook tinha fios cheirosos e macios.

— Agora... Precisamos dar um jeito nisto aí. – apontou cautelosamente para a “área perigosa” de Kook, minimamente envergonhado, olhando pela perspectiva de que era incomum apontar daquela forma para a região íntima dos outros.

O mais novo olhou para o próprio membro descoberto, e em seguida, colou seu olhar em Jimin.

Esse maldito tem o olhar penetrante.

— Mas precisa ficar descoberto, é sensível. – disse Kook, inocentemente, cutucando o próprio falo e sorrindo de um jeito natural, o que já era de se esperar de alguém que não possuía nenhuma vergonha na cara – E posso usá-lo pra deixar você feliz, por isso ele precisa ficar livre, Jimin.

O Park demorou alguns longos segundos para assimilar o que o boneco/humano havia falado.

Um...

Dois...

Três...

— O QUÊ?! – levantou-se subitamente da cama, afastando-se do garoto como o diabo corria da cruz – C-Como assim u-usá-lo para me deixar feliz?

O mais novo deu de ombros, e Jimin quase o esganou por  notar que aquele tipo de assunto realmente não parecia causar nenhum efeito de constrangimento  nele, uma vez que o menino tratava tudo com extrema naturalidade.

— Namorados fazem sexo, não é?  Nós namoramos, certo? – ele sorriu, aproximando-se de Jimin com um sorriso que, por mais incrível que parecesse, ainda soava meigo, mesmo perante aquela situação – Sexo te faz feliz, Jimin? Você gosta?

— J-Jungkook... Onde... Onde você aprendeu isso? Você não sabe colocar uma blusa, mas... Mas como sabe o que é sexo?

Agora eu tenho certeza de que ele realmente veio com defeito.

— Você pediu por essa característica, não é? Não é como se eu não soubesse sobre, eu sei o que é isso, não sou uma criança. Eu posso agir como uma, na sua visão, mas eu sei sobre esse assunto e tenho plena noção das minhas investidas. – Jungkook tombou a cabeça ligeiramente para o lado, um pouco confuso com o fato de que Jimin parecia não ter esboçado a reação que ele esperava, e assustando o Park que notou o quanto o garoto parecia sério e firme na ideia de que, apesar do jeito, sabia como se portar como adulto e tinha noção do assunto "sexo"  – “Bom de cama”, quer dizer que eu precisava ser bom de sexo, não é? Então sexo te deixa feliz, Jimin?

 O Park respirou fundo.

Seja paciente, muito paciente.

— Kookie... – sentou-se novamente na cama, observando o rapaz de soslaio, tomando cuidado com as palavras que iria usar naquele momento, e não sabendo exatamente o porquê da cautela. Ele era apenas um boneco, correto? – Sexo é bom... Mas, sob a minha perspectiva, precisamos fazer com quem amamos... D-Digo, é algo sério para mim, é uma intimidade muito grande e... Eu acabei de te conhecer.

— Mas eu amo você, Jimin. – Kook respondeu, convicto o bastante para que o coração de Jimin pulasse. Os olhos dele pesavam sobre o Park que, naquele minuto, sentiu-se estranhamente remexido por dentro.

 – Jungkook... É uma frase muito forte...

— Eu sei. – afirmou – Eu te amo.

— Você nã-

— Ah, eu já entendi...  – a cabeça de Jungkook pendeu para baixo, como se tivesse acabado de concluir algo que, visivelmente, havia o deixado chateado – Você ama o seu ex-namorado, certo?

Por algum motivo, Jimin não sentiu-se nada bem com aquela expressão magoada de Jungkook. Ele parecia realmente gostar de si.

 

— Kookie, eu...

— Não tem problema, Jimin, eu vou entender você. Eu estou aqui para te deixar feliz. – Jungkook deixou a voz soar mansa, em seguida, ergueu o rosto, mal parecendo o menino cabisbaixo de segundos atrás, como se tivesse se recomposto numa velocidade incrível apenas para soltar aquela frase tão doce e bonita - Eu nunca te magoaria, Jimin.

Abriu um sorriso gigantesco, de olhinhos fechados, trazendo uma sensação incrível para Park Jimin que, depois de tanto tempo, finalmente sentiu-se verdadeiramente compreendido e acolhido.

Esse garoto...

— Não vamos falar disso, ok? Esqueça esse assunto triste. – balançou a cabeça rapidamente, tentando espantar o clima levemente tristonho que havia se instalado ali. Encarou mais uma vez as partes baixas de Jungkook, concluindo que aquilo servira como pretexto para mudarem de vez o foco da conversa – Precisamos te vestir com algo, certo?

                Levantou da cama para dar atenção ao guarda-roupa, mas antes que estivesse em pé por completo, ouviu som de passos apressados, e quase que de forma impressionante, Jungkook não estava mais sentado na cama.

— Ei! Jungkook! As cuecas! Venha colocar!

— NÃO! – ouviu um grito vindo da sala – COLOCO BLUSAS, MAS A COISA QUE APERTA MEU “PASSARINHO” NÃO! CUECAS SÃO DESCONFRTÁVEIS!

                Jimin quase não conseguiu conter a gargalhada ao ouvir que o menino nomeava o próprio pênis como um “passarinho”. Ele era realmente uma graça.

— Pare de ser teimoso e venha logo aqui, garoto!

          No que a minha vida se tornou, afinal?

O Park, então, concluiu que sua vida estava prestes a dar um giro, e sua rotina logo mudaria completamente, uma vez que, naquele momento, ele tinha uma “criança” para ciar e educar.

Ou, melhor dizendo...

Um namorado.


Notas Finais


LEVANTA A MÃO QUEM ACHA QUE O JIMIN GOSTOU DO PACOTE DO KOOKIE.
HEUEHEUEHEUEHEU esse cap saiu até meio curto, mas whatever, TEVE UMA TRETA AI LOCA, mas logo se resolveu.
ENTÃO MIGOS E MIGAS, queria agradecer mais uma vez aos leitores que estão acompanhando a fic, brigadão <3 Se tem algum comente q eu n respondi nos caps anteriores, logo eu respondo, ENT QUEM N COMENTA, N SE ACANHE, EU SMP RESPONDO COM MTO AMOR <3
Até próxima terça <3
Chumchum~


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