Escrita por: SuPadackles
A vida de Estela estava um inferno. Em apenas uma semana Ismael conseguira desestabilizar toda a vida dela, havia sobrado até para Seu Tibério, que só tinha as melhores das intenções, mas para Estela parecia que ele apenas estava se metendo em sua vida.
-Estela, ele não falou por mal! O Tibério é uma criança!
-Ele não tinha nada que ter que contado o que se passa na repartição!
-Ele só me telefonou porque ficou preocupado com você. Você estava chorando, e se atrapalhando toda no serviço.
-Mesmo assim, eu não gostei! A vida é minha! Já não basta o Ismael tentando me tirar minha filha? E a Dinah, que mesmo separada do Téo continua com aquele ciúme bobo. Brigamos, aliás.
-Vocês brigaram? Mas por quê?
-Porque eu falei pra ela umas verdades, e ela não gosta de ouvir a verdade, só isso.
-Que verdades?
-Que o que ela está fazendo com o Téo é cruel. Que ela não pode usar a filha como moeda de troca.
-Estela...
-Vai brigar comigo também? Vai dizer que eu tô errada? Se veio aqui pra isso, pode ir embora.
-Você quer que eu vá embora?
Estela estremeceu. Obviamente ela não queria que Alberto fosse embora, estava se sentindo sozinha e indigna de amor. Não conseguia expressar de forma racional seus pensamentos e ideias, e acabava sendo explosiva e grosseira com quem amava.
-Eu...não....quer dizer...faz o que você quiser, ué!
-Não seja malcriada, depois fala da Bia.
Estela o olhou incrédula. Malcriada? Ela?
-Estela, respira. Olha pra mim. Você está ferida, o que é natural, você é humana, precisa mesmo colocar pra fora toda sua ira, suas lamentações, seus medos. Talvez você não esteja fazendo isso da melhor forma, você está arredia e impulsiva.
-A culpa é sempre minha, Alberto! Eu sempre sou a sombra, ninguém me enxerga como eu realmente sou! Eu cuidei sozinha da minha filha, sempre! Eu sou tão filha da minha mãe quanto a Dinah, mas ela não enxerga isso! Mesmo no trabalho, eu sou a certinha, a boazinha. Eu tô cansada disso! Cansada de não ser vista! Nem mesmo você me via!
Estela tremia e lágrimas escorriam por seu rosto. Eram tantos anos guardando essas amarguras que ela havia se fechado.
-Isso, Estela! Desabafa! É isso que eu quero. É pra isso que estou aqui, pra ser seu ombro, seu amigo, seu amor. Chora meu amor.
Estela chorou até adormecer nos braços de Alberto.
...
-Vamos ter que adiar aquele plano. Minha filha vai passar o fim de semana comigo em Itatiaia e eu quero estar presente quando vocês executarem o serviço.
-Tá certo chefe, mas pra quando ficará então?
-Para depois que recebermos aquele carregamento, no próximo mês.
...
-Pai, pode entrar, já estou quase pronta!
-Beatriz, eu já falei que não quero o seu pai aqui dentro.
-Ai mãe deixa de ser chata, vai!
Estela respirou fundo. Depois de desabafar com Alberto, ela resolveu tentar mudar de tática com a filha, mas não era nada fácil olhar para a cara de cínico do Ismael.
-Oi Estelinha! Tudo bem, meu amor.
-Já tá pronta, Bia?
-Já sim mãe...pai quer beber alguma coisa?
-Seu pai não quer beber nada.
Estela encarava Ismael, que a olhava com um sorrisinho de lado.
-Nossa mãe! Precisa tratar meu pai assim?
-Tudo bem, filha. Sua mãe só está com ciúme.
Quando Estela ia responder, Alberto entrou na casa. Todos olharam pra ele. Bia com desdém, Ismael com ódio, e Estela com alívio.
-Boa tarde.
-Doutor Alberto, pelo visto você não sai daqui, não é mesmo?
-Estranho é ver você por aqui, Ismael, depois de 6 anos ausente.
-O Ismael e a Bia já estavam de saída, não é mesmo?
-Sim, Estelinha. Vamos minha filha.
-Tchau mãe.
-Tchau, filha. Se cuida.
Saíram. Estela abraçou Alberto. Ela estava tentando ser forte, mas seu coração estava despedaçado.
-O que acha que irmos até Angra?
-Angra? Agora?
-Ué, por que não? Eu não tenho nenhum paciente grave, posso viajar por 2 dias. Você, até onde eu sei, não tem compromissos. Então vamos pra Angra, passear.
-Vou fazer minha mala!
Estela se animou. Uma viagem inesperada era tudo o que ela precisava naquele momento.
...
O tempo em Angra estava péssimo, chovendo o dia todo, mas Estela estava se sentindo em paz pela primeira vez desde que Ismael reapareceu.
-Bom, o tempo não está ajudando em nada hoje, talvez amanhã melhore.
-Não tem problema, Alberto. Esse quarto que você escolheu tem uma bela vista, ainda que só esteja vendo a chuva, me acalma.
Alberto se aproximou de Estela e lhe beijou primeiro os cabelos. Depois os ombros. Ela fechou os olhos. Precisa daquele carinho, precisava se sentir desejada e amada. Seu corpo ansiava por ele. Pelos carinhos dele. Se virou e o beijou, com intensidade, com vontade.
-Alberto...
-Xiu...eu vou cuidar de você.
Alberto beijou e acariciou todo o corpo dela.
-Ninguém nunca me tocou assim...
Ele a idolatrava, sentia paixão por ela. O reencontro deles era tão bonito, apesar de parecer que havia demorado, na verdade estava acontecendo na hora certa. Eles precisavam ter vivido o que viverão antes para continuarem evoluindo espiritualmente.
Fizeram amor de verdade naquele dia. Em outros vezes tinha mais tesão mesmo, era mais carnal, mas naquele dia não. Quando ele a tomou, ela sentiu como se sua alma tivesse sido sugada por ele. Tiveram um leve apagão. Mal lembram como acabou. Foi intenso, forte, metafisico.
Dormiram durante algumas horas, e ao acordarem, o céu estava aberto, estrelado, e uma linda lua cheia iluminava o quarto.
-Foi maravilhoso. Nunca tinha sido assim pra mim.
-Nem pra mim, Estela. Até me esqueci de colocar proteção, me desculpe por isso.
-Tudo bem, eu também me esqueci, afinal eu já sou bem grandinha, não é? Fica tranquilo.
-É confio em você, Estela. Mas como médico, você sabe...ah, que chato estou sendo, né?
Estela sorriu e o beijou levemente nos lábios.
-Meu chato preferido!
-Ah é assim? Você vai ver quem é o chato!
Se beijaram e riram felizes. Alberto pediu o jantar, foram servidos no quarto, de onde saíram apenas no dia seguinte, para voltar para casa.
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