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História Não cobiçarás - A praia


Escrita por: MADEISE

Notas do Autor


Boa noite, amores! Venho aqui expressar minhas sinceras desculpas pela demora a postar novo capítulo. Este ano não foi fácil para ninguém, inclusive para a escritora aqui! 😢 Muitas mudanças surgindo. Este capítulo foi escrito e apagado algumas vezes pois não me agradou. Contudo, não quero deixá-los esperando uma eternidade.

Estou muito feliz com o Feedback da estória. Nunca pensei que vocês amariam tanto! 🥰 O capítulo é curto, mas prometo maiores das próximas vezes.

Capítulo 6 - A praia


Fanfic / Fanfiction Não cobiçarás - A praia

 

Seu rosto subiu para brilhar coberto ao luar, seu véu longo salpicado com enfeites de bordado em fios de ouro. A luz da lua pegou o brilho remanescente do Kamifusen religiosamente colocado um sobre o outro. Ela era a imagem sagrada de uma Deusa caminhando pela areia com a chegada do inverno. Sua pele ainda coçava, mas o sentimento de frustração conseguia dissipar a ardência. Que vergonha — Ela nunca mais seria capaz de esquecer o olhar raivoso do seu pai sobre ele. Seu peito apertava com a dissolução de uma noite perfeita, que veio a se tornar um pesadelo logo depois. O mar era seu único alívio. Além das ondas cristalinas, existia conforto em vê-las quebrar sempre que batiam nas rochas. 

As sapatilhas de pano que cobriam os pés, agora, sujas de areia da praia, não eram mais tão confortáveis em solo fofo. Longe de constranger-se com a situação incomum para alguém de sua classe, o pisoteamento sem direção evidenciava profunda tristeza no coração a sua postura fantasmagórica. Debaixo dos panos, do véu e da mulher que fora controlada para ser, ela se viu pela primeira vez caminhando com as próprias pernas. Dando-lhe espaço para ser quem queria. Livre para desbravar as próprias terras. Desacorrentada. 

Quando não podia mais enxergar o farol, a areia em seus pés terminou e aconteceu o começo da floresta proibida. Kizashi costumava contar-lhe os segredos da floresta da ilha, que algo ruim habitava o seu interior. Atualmente, ela entendia que não passavam de falácias criadas para assustá-la; outro método de persuadi-la a nunca sair do palácio.  

Uma vez que seus pés pisaram a terra proibida e a grama alta roçou seu tornozelo, ela ouviu o guincho familiar vindo dos céus. 

Foi um súbito momento de alegria — a ave voou até as  grandes árvores mais próximas e posou em seus galhos. Mesmo sob uma noite fria, a luz do céu  iluminava suas grandes penas pintadas, dando-lhe um toque de realidade ao esboço feito no diário de sua mãe.

 — Você de novo! — a voz mansa e tranquila arrancou um o olhar gentil da ave de rapina. 

Se alguém a ouvisse

 se outro homem a ouvisse…

Ela esqueceu-se por um segundo de quem era, agachou na grama e olhou para o alto da árvore. 

 — Você também mora na ilha?  — Como se entendesse o que era lhe perguntado, a imponente ave guinchou em resposta.

 — Você entendeu! — Ela riu alto, cobrindo à boca. —  Bom, acho que deveríamos ser amigos. Você gostaria disso?

Outro guincho, a ave disse sim. Seus olhos brilharam. Ela estava feliz em ter feito um amigo, ainda que uma ave. Sakura se aproximou das árvores, sentando próximo a seu caule.

 — Vou pensar em um nome para você — Ela sugeriu — Vamos ver… —  logo um nome especial passou por sua mente — Farol! Foi onde a vi pela primeira vez!

A ave agitou-se do ninho, batendo as asas.  — Você também gosta do farol, certo?  — A ave guinchou de volta— É o meu lugar preferido. Esta noite eu fui visitá-lo, mas havia um homem estranho lá primeiro. Acho que agora somos três a apreciá-lo. Bom, não é como se eu pudesse ir até lá mesmo— ela relembrou das regras que a limitavam conhecer a própria ilha, incluído o farol — Meu pai costumava me levar para ver o farol quando não era casado com minha madrasta. Acho que ele esqueceu disso — ela revela com tristeza no olhar. A lanterna óptica do farol sinalizando do alto da torre de pedras. 

Havia um ninho redondo com o dobro do tamanho do falcão. A ave pareceu confortável com a presença de sua telespectadora, e aninhou-se na forma seca do seu lar para ouvi-la atenciosamente. Sentindo a tristeza da humana, o animal agitou-se no ninho. Sakura o viu soltar algumas penas e uma delas cair no seu colo. 

Olhando atentamente para a pena através dos furos, a garota esqueceu-se o motivo da tristeza e agradeceu a ave pelo presente.

— É uma linda pena pintada. Obrigada por isso, Farol — Ela disse. Farol, sua mais nova amiga, havia acabado de presentear-lhe com um marca-páginas novinho. 

Como se entendesse que havia feito algo bom, Farol bateu as asas outra vez. Outra pena caiu do ninho, mas essa em um canteiro de ervas-daninha. Um pequeno floco sobressaia do ramo de grama — o inverno e seus indícios. Uma  grande nevasca estava prestes a cobrir a ilha. Ela sempre adorava aquela época do ano. O som do vento uivante.

 — Farol, preciso ir. Mas não se preocupe. Eu sei onde achá-la e prometo visitá-la quando puder. Admito que não posso sair com frequência do palácio, mas darei meu jeito. Recordo da existência de algum livro de falcoaria nos pertencer da minha mãe. Ela adorava aves. Posso pesquisar por algo que você goste de comer — A ave guinchou em resposta. — Sim, certamente encontrarei algo sobre aves rapinas em algum dos livros da minha mãe. Confesso que estes eu não li com atenção. 

O frio da noite a fez estremecer. Um cheiro forte de gelo, mar e sal. Quando criança, ela leu sobre lugares que chegava a congelar, literalmente, durante o inverno. As palavras de sua mãe faziam parecer uma estação mágica, onde membros da mesma família se reuniam para celebrar o festival religioso do calendário ocidental. 

— Ela adorava muitas coisas — segurando a pena, ela sorriu melancólica — minha mãe conheceu terras pelo mundo, entende? Além de todo esse mar — ela avistou as ondas quebrarem na praia — Meu pai a levou a lugares inimagináveis. Infelizmente, eu não pude conhecê-la — Sentindo uma fisgada de dor no peito, ela repreendeu uma lágrima — Eu sei tão pouco sobre minha mãe. Bom, eu sei que minha mãe adorava livros de romance e mistério. Eu os tenho todos em minha guarda. Li quase todos. Apenas um deles está fora do meu alcance — ela revelou a ave como quem diz seus segredos a uma amiga — É uma espécie de manual para noivas do clã. Este meu pai não me deixa ler. Eu só posso lê-lo um dia antes do meu casamento — ela sorriu diante a lembrança — Ah, quase esqueci-me de contar: Estou noiva! — Um sorriso esperançoso apareceu em seus lábios — Mas este é um assunto que pretendo tratar em outra hora. Você compreende, certo? Está ficando tarde até mesmo para uma ave — A ave remexeu-se no ninho. — Ótimo. 

Finalmente sentindo os sintomas do cansaço, Sakura deitou-se sobre o Kamifusen. A seda cintilante tornou-se um belo leito brilhante. Vista de cima, a garota parecia a personificação de uma fada em um campo de cáspias douradas. Tão belo, quase no mesmo instante que seus olhos vislumbraram a ave de rapina pela última vez, suas pálpebras pesaram e ela fechou os olhos. Sonolenta, depois de um bocejo alto, ela falou: — Ficarei apenas mais alguns minutos aqui. Não vou deixá-la sozinha repentinamente. As vezes eu não queria voltar, nunca mais. 

Segundos após sua última fala, a rosada dormiu serena debaixo da árvore. Quando a baixa temperatura atmosférica integrou-se ao seu estado sólido, flocos de neve começaram a cair do céu. A garota coberta não sentiu os cristais de gelo cobri-la lentamente. O cansaço a tomou por completo. Enquanto devaneava com os acontecimentos daquela noite, Hashirama finalmente a encontrou.

Desacordada nos caules da árvore antiga, pensou que estivesse ferida. Mas, depois de analisá-la de perto, ele percebeu que era apenas cansaço. Agachando-se frente a seu pequeno corpo caído, Hashirama observou sua respiração lenta através do véu. Ela parecia sagrada para suas mãos. Algo dentro dele se acendeu. A faísca de um sentimento nunca experimentado antes. Ele teve receio em acordá-la. Ela parecia tão linda. 

— Princesa! — ele chamou 

A garota não se mexeu. Sakura havia percorrido um longo caminho a pé, logo que não percebeu o próprio esgotamento. Vendo-a inerte e sem forças, ele finalmente teve coragem de carregar o corpo adormecido. Para um homem com tal porte, ela não passava de plumas em seus braços largos. 

Com o cuidado para não tocá-la em lugares desrespeitosos, ele concentrou-se em inibir a sensação de peso do corpo delicado sobre seu tato, transformando-se inevitável em não pensar na maciez da pele que morava debaixo de tantas camadas de tecido.

O véu e a barra do vestido arrastaram por todo caminho — vestígios pela neve que caia enquanto caminhava pela praia com o corpo desacordado de sua noiva. Em algum momento, quando um grande farol sovou as pedras, ele sentiu a garota se mexer. Por alguns segundos Hashirama não respirou. Vendo que ela acordaria, o moreno a deitou delicadamente na areia da praia para não assustá-la. 

Devagar, Sakura abriu os olhos para ver o marrom e o bronze de sua pele. Cogitando que ainda estava dentro dos seus sonhos, ela o tocou no rosto e sentiu a textura aveludada sob as luvas. Ele cheirava agradavelmente a relva e mel. Piscando para ela, Hashirama apenas fechou os olhos para senti-la melhor. Foi mágico. Ela continuou a descer seus dedos pela mandíbula, traçando-o como quem busca imprecisões em um esboço. Perfeito. Ela nunca havia tocado um homem antes. Um homem bonito. Inconscientemente, Hashirama descansou o rosto em sua palma. Ele sabia que se fosse pego seu clã inteiro estaria condenado à morte. Mas por aquele instante ele simplesmente admitiu senti-la um pouco mais.

Vagamente ele também desejou tocá-la. Sentir a textura da pele da mulher que logo seria sua. Mas ele sabia que não podia fazer nada além de receber aquela carícia. Algo acontecia entre eles, quiçá o começo de um sentimento que Hashirama sabia existir desde a primeira vez que a viu caminhar até ele. 

— Meu noivo — ela sussurrou inconsciente. Ela o imaginava em seu devaneio, tocando-o. Mal sabia que o sonho era realidade. 

— Estou aqui — ele respondeu, a euforia tomando conta do seu peito.

Ouvi-la chamar tão docemente por ele mexeu com sua estabilidade. Sem pensar em mais nada, da sua mão dedos longos e grossos tocaram-na sobre o véu. A textura calurosa dos seus dedos em contraposição ao tecido macio o fez suspirar apreensivo. Ele nunca tremeu tanto antes, todavia, a respiração vindo da boca dela fez cócegas nele. Por sua vez, ela gemeu baixinho, aprovando o leve gesto de abrangência. 

Ele não queria acreditar que fosse real. A vida de angústias em busca da paz, o sentimento irreal que por ironia do destino havia vivenciado esta noite, para ele, não passava de uma lenda. Ele amava seu povo, Tobirama e Madara. Este amor foi construído. Ele morreria e mataria por eles. Mas a mente do Deus da guerra, não sabia como expressar aquele sentimento a cada segundo segurando seu olhar a imagem imaculada dela. Uma conexão que nunca tinha sentido antes, e, até mesmo as mais belas palavras não podiam descrever o quão atraído se sentia por ela desde o primeiro olhar. 

— Meu noivo — Sakura murmurou outra vez em sintonia com os toques em seu queixo. 

Hashirama nunca deixou de admirá-la com brilho nos olhos. Havia sido uma promessa, eles se casariam com a chegada da primavera, e ele a levaria para conhecer tudo, os céus, cada canto da terra caso desejasse. 

Enquanto se perdiam, a maré alta subiu. Ambos deitados na areia, Hashirama não sente a aproximação dos soldados. Mesmo com tantos anos de experiência sensorial, o Senju foi incapaz de raciocinar corretamente. Quase tarde demais, a chama vermelha no alto duma colina tirou-lhe do paraíso chamado por sua noiva. Eles teriam tempo, ele sabia. Eles teriam todo tempo do mundo desde que ele fizesse a coisa certa naquele momento. 

Indo contra toda sua vontade, Hashirama a pôs nos braços como quem carrega uma criança dormindo pacificamente. Sakura relutou um pouco, sentindo-se carente do afago anterior. Mas diante da fadiga, caí em sono profundo rapidamente. Andando em direção aos soldados, ele teve o vislumbre de pele por debaixo da última camada do véu. Pele branca e leitosa como uma pétala de rosa branca. Mesmo sem vê-la por completo, Hashirama previu sua perdição. 

— A encontrei adormecida na praia. Leve-na para dentro — sabido que não podia entrar com sua noiva nos braços, o único guarda do sexo feminino, uma Shinobi de excelência, carregou Sakura em seu lugar. 

Logo atrás, Hashirama seguia junto aos homens que comandou em muitas batalhas. Um pouco distante, do alto do farol, Madara os observava atentamente. Ele os viu na praia. O toque de Hashirama em sua noiva. O novo sentimento nascendo do homem mais poderoso que conhecera. Lê-lo parecia fácil após tantos anos de amizade. Seu leal amigo e eterno rival estava a um fio de cair nos encantos da jovem e misteriosa noiva. Madara estava minimamente contente com a devida percepção, porventura, no canto mais íntimo do ser oculto, também experienciava inveja. 



 


Notas Finais


Presente de natal antecipado 😜
Feliz Natal a todos! 🎉❤️‍🔥⛄️🎅🏼


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