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História Não é o que eu pensava (Bellow) - Conversando com os envolvido



Notas do Autor


Demorei? Sim.
Mas agora estou de férias da faculdade...Uhuuuu! Terei mais tempo para escrever agora.

Espero que gostem.

Capítulo 23 - Conversando com os envolvido


 

Após uma breve discussão consegui convencer Blue a ficar em casa, estava “descrente” que ela sair daquele jeito fosse algo positivo para ela, então pedi que ficasse em casa e a convenci que essa era a melhor solução. Blue me jogou as chaves de seu desengonçado Land Rover antes de eu sair da casa dela, mas não precisava disso, acho que ela esqueceu que vim para cá no dia anterior antes de irmos à pizzaria; meu carro estava estacionado na entrada da mansão da Blue, assim como tinha deixado.

Fui embora depois que Blue enfim concordou em comer algo, mesmo que só tivesse tomado chá e comido umas bolachas sem graças de água e sal.

Ela fugiu do meu olhar quando fui lavar meu rosto, escovar os dentes e fazer toda minha higiene matinal, achei isso estranho, não sabia o que havia aprontado. Então, antes de sair Blue me entregou duas mochilas, devidamente identificadas com o nome das meninas.

Uau!! achei aquilo tão... Sei lá, não sei dizer em palavras. Só sei que eu fiquei tão feliz pelas meninas, por Blue ser a mãe delas, e cuidar com tanto carinho das duas.

—Aí tem três conjuntos de roupa, escova de dente, entre algumas outras coisas — Disse Blue subindo a escadaria.

—Uau... Mas pra que tudo isso? Vou ser convenço as duas a voltarem ainda hoje, não vai precisar de tanto — Falei tentando ser otimista

—Obrigada Yana, mas não precisa mentir para mim, não sei se vão voltar tão cedo — Blue se escorou no portal de entrada de sua mansão — Entregue a elas, caso as encontre. Ou talvez só deixe a mochila com a Pearl, talvez a Jasper também... Ah que droga, queria que estivessem aqui.

Joguei as mochilas nos bancos traseiros do carro, fechei a porta, dei meia volta e dei um abraço bem apertado em Blue. Ela se recusou a sair do lugar, mas eu consegui abraçá-la mesmo assim, ela parecia estar sentindo um profundo desgosto. Não sei dizer o que mais a deixava desgostosa, também não entrei em detalhes, apenas tentei ser positiva.

—Calma, elas vão voltar.

—Como tem tanta certeza? — Disse Blue.

—Calma Blue, apenas dê tempo e espaço para elas colocarem a cabeça no lugar.

—Eu sei, você já repetiu três vezes isso pra mim, Yellow — Blue falou cabisbaixa — Bom...Acho que vou tentar aproveitar então meu dia de descanso — Ela brincou.

Tá tentando melhorar o ânimo por si só...Isso é bom.

—Faz isso mesmo... Aproveita pra terminar aquele livro em árabe que tanto lê e nunca acaba.

—Pessoalmente, nem quero terminar. Já li Dez mil Léguas Submarinas, não preciso disso.

—Ah é? Como a história termina então? — Perguntei, apenas implicando.

—O Capitão Nemo, o personagem do livro... Pega u...u... Então, o submarino Náutilus...E acontece... — Ela arfou — Tá, eu não sei. Aff, agora isso aqui virou pergunta de vestibular por acaso?

Dei uma leve risada e depois continuei a conversa.

—Hum... Bom, se não terminou de ler o livro, já tem uma tarefa para hoje então...Me contar o final do livro, porque eu mesma nunca terminei de ler.

Menti, minha tia lia para mim quando eu era criança, ela era fascinada com o Náutilus (engenheira aeronáutica, neh). Mas tudo bem, só queria mudar de assunto mesmo. Blue pareceu não gostar da minha fala, fechou a cara e me fuzilou com os olhos:

—Ah que maravilhoso, somos um “clube do livro” agora, então? — Ela me fixou o olhar mais um pouco, e depois relaxou — Sei que só quer me animar, mas sei lá... É difícil, não sei se vou conseguir para de pensar nas meninas assim tão fácil.

—Se concentra em ler em árabe... Quem sabe isso não te distrai — Ponderei enquanto descia as escadas — Aliás, tenho uma pergunta... Você precisa olhar dicionários para se lembrar da sua língua matriz?

—Bem, minha compreensão continua boa — Ela disse pensando um pouco — Mas sim, uso do mesmo jeito que uso com sua a língua, para consulta. Para pesquisar o significado da palavra que desconheço, como por exemplo: Oftalmotorrinolaringologista.

—Entendi... — Resolvi brincar um pouco — Mas esse tal de “Ofta..tanãnãn...ista” é de comer ou de passar no cabelo?

Arranquei uma leve risada da minha Blue, era o suficiente para me fazer ir embora um pouco mais tranquila.

—É uma especialidade médica, Yana — Disse ela rindo.

—Tá, mas especialista em que? — Disse eu abrindo a porta do meu carro.

—Yana! — Ela riu — Não faça como uma criança, me perguntando o “porquê” das coisas, por favor. Não tenho paciência para isso.

—Tá bom, já entendi — Liguei o carro — Tchau Blue... Vou trazer de volta nossas meninas, juro!

—Tchau, Yellow!

—A propósito, Oftalmotorrinolaringologista... — Disse enquanto saía — ....é especialista em olhos, ouvidos, nariz e garganta.

—YANA! — Blue gritou, novamente rindo.

Ok, bem implicante... Mas consegui fazer ela rir, ponto pra mim. Antes de sair de vez eu mandei uma mensagem para minha secretária:

(08:21) [Y.D.]: Me encontre daqui 10 minutos, na esquina da sua casa, tenho uma mochila para te entregar.

(08:22) [Y.P.]: Ok Chefe... Eu acho.

A casa da Pearl não é muito distante da empresa, pelo menos, não de carro. Fui tranquila pelas ruas do centro, me sentindo um pouco mal por ter incentivado minha Blue a ficar em casa, a verdade é que eu preferia resolver essa questão sozinha, que levar a Blue e ter que lidar com as meninas e com a imprevisibilidade do estado mental dela.

Nem sei se ela dormiu, para começo de conversa. E levar ela no escritório para Blue ficar sendo exposta estando tão emocionalmente fragilizada... Não queria isso.

A verdade é que eu queria mesmo era sumir, não de verdade, mas esse é meu jeito...Fazer o que, neh? Se pudesse deixaria de existir, talvez “purfaria” por umas três horas e depois voltasse. Ah, que besteira estou dizendo?

“O que importa é o aqui e o agora, não vacile Yana” — Disse a mim mesma enquanto estava parada no sinal vermelho.

Não podia nem em sonho deixar Blue sozinha agora, também não poderia pegar minha moto e cair na estrada, como fiz a última vez que uma “minicrise familiar” quis nos pegar. Verdade seja dita... Eu gosto demais dessa mulher pra deixá-la sozinha.

Mas voltando ao ponto, Pearl me mandou mensagem novamente querendo saber em que esquina eu estava realmente, mas eu a achei antes que ela precisasse se locomover novamente. Ela parecia preocupada, até mais desconfiada que o normal.

—Como ela tá? — Perguntei lhe entregando a mochila pela janela.

—Estranha, chefe — Disse Pearl cabisbaixa — Ela simplesmente entrou no meu carro ontem e viemos conversando sobre filmes.

—Ué, mas isso não é bom?

Pearl escorou os braços na janela do meu carro, me olhando assim nos olhos. Não gostei da proximidade, mas não repreendi, ela também estava chateada.

—Bom?! Chefe, dava para ouvir a Lapis gritando do estacionamento ontem, até prato quebrado teve e minha namo... quer dizer, sua sobrinha... — Pearl olhou sem graça para mim — Enfim, ela finge como se nada tivesse acontecido, já tentei falar sobre, mas ela simplesmente muda de assunto...Isso não tá certo — Pearl ficou cabisbaixa.

—Dá um tempo para ela, por hora ela deve estar só querendo “não pensar no assunto”. Vamos respeitar o momento dela.

—É, você deve estar certa, my Diamond — ela saiu da janela do meu Audi — Sei lá foi uma imagem muito forte a Blue de joelhos, soluçando de tanto chorar, grudada na barra da calça da Perla...E ela assim... Fria, indiferente... Ah, uma mãe não devia ser tratada daquele jeito.

Pearl não chora, mas vi sua cara de tristeza e senti que se não falasse nada, era isso que iria acontecer. Não estava com paciência para ceder meu ombro para mais alguém chorar além de minha Blue; não hoje, não agora!... Blue está certa, Pearl é uma boa mulher, há de se admirar.

—Tudo bem Pearl, eu também achei aquilo tudo um tanto “sensibilizador” ... Mas fica de olho na Perla, por favor. Eu nunca a vi assim, e ela só confia em você no momento. Por favor, fica do lado dela, eu estou cuidando da Blue... Assim nos ajudamos a resolver isso.

—É... Resolver... — Ela me deu um breve sorriso e depois se curvou para mim, como geralmente faz quando tem visitas importantes no escritório e ela quer se mostrar uma boa secretária — My Diamond, a senhora está certa. Eu sou a única do lado da Perla, vou ficar com ela e ir te dando atualizações da situação dela, ok?

Sorri de lado, Pearl então pegou a mochila, se despediu e foi para casa. Eu então parti finalmente rumo à Diamonds Corp.

 

Cheguei ao meu escritório era quase 9:30 e como havia pedido para Pearl, ela desmarcou todos meus compromissos do dia e estava por conta de Perla em sua casa. Minha secretária fazia questão de me mandar mensagem de cinco em cinco minutos, o que era irritante, mas ao mesmo tempo bom, pois encaminhava para Blue tudo que Pearl me mandava.

Mal entrei em minha sala, apenas deixei minhas coisas na sala espelhada, depois me direcionei ao outro lado do corredor. Tinha um favor a pedir para White Pearl, já que minha secretária não estava a poder do sistema, teria que ser ela mesmo.

—Margarita... — Disse meio sem jeito.

—Siiiiimmm — Disse ela prontamente me sorrindo — O que posso lhe ajudar, Yana?

Véi, ela sorri tão dissimuladamente, isso dá tanto medo, você não faz ideia. Parece o personagem Coringa sorrindo, depois de cheirar pó, sei lá, é muito intenso e ameaçador. Ou seja... Ao meu ver, era um sorriso de psicopata mesmo.

—Bem... Preciso de um favor seu — Disse meio sem jeito.

—Claro, eu podendo ajudar... Estou aqui.

O telefone tocou antes que pudesse falar o que queria à Margarita, era minha tia na ligação, via sua boca mexer freneticamente através do vidro. Margarita apenas concordou, com seja lá o que minha tia disse, e então colocou o telefone de volta no gabinete dele.

—Yana Diamond, sua tia pediu para você entrar. Ela quer conversar com você.

—Ah, ok...

Entrei em sua sala meio sem jeito, minha tia me olhava séria através dos vidros, sentada à sua mesa. Engoli o seco, já esperava que ela fosse me dar uma lição de moral depois de tudo, mas não estava nada animada com aquilo.

—Sente-se Yana — Disse ela mexendo em um controle remoto — Temos um assunto sério a tratar, e você já sabe o que é.

Vi que uma espécie de malha de metálica começou a descer, tampando assim todas as paredes de vidro de seu escritório. Creio que aquilo fossem cortinas, era até bem elegante, descia de uma canaleta embutida à sanca de mármore branca do andar... Quero uma dessas, mas creio que minha tia irá implicar. Melhor nem comentar nada por hora.

—Então... Sobre o que quer conversar primeiro? — Me sentei — Porque eu tenho uma lista de assuntos a tratar com a senhora, pessoais e profissionais no caso.

—Como estão as meninas? — White perguntou nitidamente preocupada.

—Estão com as respectivas namoradas — Disse meio sem saber o que dizer à mais.

—Mas só sabe isso? Não ligou para sua secretária não? E a Jasper? — Ela do nada pegou sua agenda — Perdão, tenho que me lembrar que marquei um almoço com a Jasper nessa sexta.

—Almoço?! — Perguntei, mas logo me lembrei que ela tinha me dito isso no dia anterior, é sobre a faculdade da menina — Enfim, voltando ao foco...

—Sim, almoço, de negócios...  Acho que vou acabar financiando os estudos da menina, conversei com uns advogados, foi um pouco desanimador, confesso.

—Nossa, tia, vai ser ótimo, Lapis não ficará sozinha na faculdade então.

—Não estou fazendo isso porque ela é namorada da minha Lapis, mas porque todos merecem um incentivo, ainda mais em um mundo tão preconceituoso como o nosso.

—O que está fazendo é lindo, tia, sério mesmo.

—Obrigada... Mas falando das meninas, conversou com sua secretária ou não?

—Bem... — Olhei a última mensagem de Pearl e a li em voz alta— ...Perla está tomando uma xícara de café... Mas isso já faz quarenta minutos, creio que já está frio o café — Mostrei o celular para minha tia —  Disse Pearl, há dois minutos atrás, ela está me mantendo informada a todo instante. Quanto à Lapis, suponho que esteja na casa do avô da Jasper. Mas não tenho o contato nem da Jasper, nem do Bismuto.

— Hugo Levvis? O Bismuto? — Minha tia indagou — Ora, por que não disse antes. Eu tenho o contato pessoal de meus chefes de setor, sempre à mão, para o caso de emergências — Ela digitou algo em seu notebook — Margarita te entregará a fixa dele, assim que esta conversa acabar.

—Obrigada, tia... De verdade, Blue está tão abatida com tudo isso.

—Imaginei mesmo... — Minha tia olhou o vazio — Eu devia ter feito algo para impedir que acabasse assim, ontem.

—Fazer o que? Você ainda me defendeu quando a Lapis começou a falar — Abaixei a cabeça — Obrigada. Sério tia, muito obrigada mesmo, sei que não aprova eu estar saindo com a Blue, mas sou muito grata por não ter exposto essa desaprovação ontem.

—Ôh Starlight.... É claro que eu vou sempre interceder por você — Ela veio até mim, abaixou e me abraçou como pôde — Para ser sincera... Custei a aceitar a ideia, mas a Blue está até te deixando mais calma, o que é ótimo, porque é algo tão difícil de conseguir. Fora que você também a está ajudando muito. E, posso nem te julgar de estar com Blue... Acho que o sangue da família acaba contando muito.

Demorei um tempo, tempo para processar a fala dela, ela estava falando que Blue só estar comigo porque sou “irmã” do Zaffre? Que ridículo, além de sermos muito diferentes, nossos laços de parentesco não são nem tão próximos assim.

Usei meus braços para afastar White de perto de mim, e depois disse olhando em seus olhos:

—Ela gosta de mim por quem eu sou, não tem nada a ver com o Zaffre, tia — Disse fechando a cara.

—Bem... Se diz, então eu acredito — Ela rapidamente olhou a tela de seu computador e logo mudou de assunto — Consta nos meus registros que Bismuto bateu seu ponto num lugar diferente, agora pouco inclusive, ele está na Base Lunar agora —  White pensou rapidamente —Não é melhor pegar o contato da Jasper? Acho que Pietra deve ter.

—Hum... Deixe-me pensar — Refleti rapidamente — Acho que vale a pena eu ir lá, na verdade.

Base lunar é um complexo gigante, com cerca de 15 estandes, todos pertencentes à Diamonds Corp. e isso fica há 110km de Empire City.  Lá guardamos alguns exemplares de aviões, serve como um local de testes (até de reparos), temos sempre esse cuidado antes de implementarmos de um modelo em nossa frota.

A cargo de conhecimento, 60% de nossa frota de aviões é alugada (sai mais barato que comprar), temos contrato com as principais fabricantes de aviões no mundo: Boeing, Bombardier, Embraer, etc.. (alguns meses atrás fui até em um evento da Bombardier, inclusive). E apesar dessa história de aluguel de avião ser estranha, é bem simples na verdade; alugamos lotes com modelos novos, geralmente por cinco anos, depois desse tempo os modelos são trocados por novos. Os aviões trocados certamente serão alugados novamente por outras companhias... Mas aí já não nos interessa, queremos os aviões novos, usados nem nos interessam.

A única exceção à regra, foi meu Beechcraft King Air Amarelo, que teve um dono antes de mim. Mas não tem função coorporativa, apenas é meu avião, como eu adorei o avião e é difícil encontrar aviões amarelos no mercado, comprei essa máquina.

—Olha, pra quê fazer uma viagem desnecessária? Certeza mais que absoluta que as meninas não estão lá — Minha tia ponderou.

—Não estão, sei disso... Mas quero conversar com Bismuto, pessoalmente.

—Você quer é cair na estrada, Yana — Minha tia fechou a cara — Não minta para mim.

—Tá... Também. Mas pense comigo... Quanto mais espaço dar para as meninas melhor, eu volto para Empire City antes das 13 horas. Converso com Bismuto, depois com Lapis e Jasper juntas, por fim tenho minha reunião que marquei com você — A lembrei — E antes das 18 horas estarei junto à Blue novamente.

—Quando foi que fez essa agenda maluca? — Minha tia me perguntou — Foi naquele curto espaço de segundos que olhou o nada, ou quando por acaso? E tem certeza que quer fazer isso tudo hoje? Justo Hoje.

—Sim, mas consigo. Fora que eu quero muito conversar com Bismuto, ele é o responsável da Jasper... — Minha tia me interrompeu.

—Tecnicamente, ela é de maior, Yana — Minha tia me corrigiu.

—Pode ser, mas mora junto com o avô e sei que ele é linha dura. Se não conseguir convencer Lazuli a voltar, precisarei da ajuda dele.

—Você também não tem fé delas voltarem tão cedo, neh? — White me questionou, nitidamente preocupada.

—Acho que nem Blue, nem ela nem eu, nunca vimos Perla daquele jeito. E segundo o que Blue disse, Lapis também só estava esperando uma chance para “fugir” de casa. Então, sendo bem realista... Vai ser difícil convencer a Lapis... E eu não sei nem o que esperar da Perla, porque ela tá ignorando falar do assunto, não se abriu nem com Pearl.

Não deveria ter mostrado tantos dados de realidade para minha tia, ela parecia realmente preocupada com as meninas, e aquilo só piorou tudo. Porém, ela parou de questionar meus métodos e me incentivou a ir à Base Lunar o mais rápido possível também.

A verdade é que ela sabia que eu precisava daquilo, afinal, eu funciono assim. Se eu não me afastar um pouco dos problemas, não consigo resolver nada. White Diamond sabe muito bem disso, ela me conhece bem, para dizer a verdade.

Estava no estacionamento, olhei a hora e percebi que não daria tempo de assinar os papéis que estavam para chegar. Pelo menos era contar muito com o tempo e eu não queria fazer isso. Liguei rapidamente para Pearl, pedi que mandasse o tabelião entregarem a papelada na casa da Blue, ela como sócia majoritária da Diamonds Corp. também estava apta a assinar aqueles papéis.

Liguei meu GPS e coloquei o endereço da base Lunar, lembrei da Pink naquele momento, ela adora ir à Base Lunar. Engraçado, fui notar isso só quando já estava saindo da garagem da empresa... Mas Pietra não estava junto a mãe hoje, como geralmente está, nem Margarita havia saído de seu posto para caçar a menina. Será que está tudo bem com ela e a mãe também? Ah, depois me preocupo com isso, já tenho adolescente demais para me preocupara no momento.

Abasteci antes de pegar estrada, e depois também fiquei apostando comigo mesma, meu recorde de tempo é de 52 minutos de viagem, de Empire City até a Base Lunar, claro. Eu não estava correndo tanto, mas cheguei em 62 minutos ao complexo de galpões.

Ah, e no meio do caminho...Lembrei que precisava ligar para a Blue e avisar da papelada, senão não daria certo esse esquema, o que me fez parar e ligar, o que me fez gastar mais tempo ainda.

………**………

Já na portaria me reconheceram e mandaram o diretor geral do lugar vir me atender. Achei uma falta de profissionalismo sem tamanho, as atendentes nem me acompanharam, apenas começaram a gaguejar e foram chamar o cara.

O homem ficou tentando me bajular, malquis me ouvir, o que me deixou possessa. E como minha paciência é limitada, acabei gritando com o diretor de lá, então mais que depressa ele me levou até o Bismuto. Segundo o diretor do local, ele estava no bloco C3, sei que essa área é a de aviões condenados; minha tia me disse isso numa de nossas visitas ao local, nunca mais esqueci. Acho que lá é na verdade a última chance de nossos aviões, caso um deles dê problema, de funcionar adequadamente.

Bismuto estava totalmente diferente do que eu já havia visto fora da empresa e até em reuniões, seu cabelo colorido estava preso em coque, vestia uma calça jeans toda suja de graxa e um avental que pouco lhe cobria o peito, evidenciando a pilha de músculos que o homem é.

Mas não só sua roupa estava diferente, ele sempre falava que tentava manter a calma, todo “paz e amor”... Acabo de entender o motivo. Ele estava sobre a asa do avião, que estava quase totalmente desmontada sobre andaimes de ferro, Bismuto gritava a plenos pulmões com uns rapazes que estavam reparando a asa do avião.

—CHAMAM ISSO DE SUPORTE ADEQUADO?!  — Bismuto gritou ao megafone — UMA CRIANÇA DE 10 ANOS FAZ MELHOR QUE VOCÊS, MARICAS!!

Um dos rapazes quis apelar com ele, Bismuto pulou da asa do avião e foi até o rapaz que estava no chão.

— Alguma sugestão, senhor? — Bismuto disse sério — Nem ouse levantar a voz para mim, rapaz. Não vai gosta da reação que isso pode provocar.

Eita, Bismuto é um tanto agressivo no trabalho. Sei que ele é chefe, mas é realmente um homem que sabe meter medo em seus subordinados, se preciso for. Não desaprovo, se não soubermos nos impor, os outros pisam em nós, esta é a verdade.

Quando me aproximei, e ele me viu, logo mudou suas feições e veio ao meu encontro. Só que quanto mais eu me aproximava, mais o barulho estava me deixando desorientada, era ferro sendo soldado, peças sendo arrastadas entre outras coisas em meio aquele “concerto”, aquela sinfonia mecânica.

—Senhora Diamond! — Disse Bismuto, bem amigável — O que faz aqui?

—Podemos conversar, Bismuto? — Disse lhe cumprimentando com a cabeça.

Uma vigota de metal caiu perto de nós, me assustou, mas Bismuto parecia calmo.

—Claro, pode falar, sou todo ouvidos — Bismuto sorriu.

Ah que ironia, num lugar tão barulhento como aquele... O ouvido dele tá  captando tudo, menos minha voz, certeza, ainda mais com protetor auricular.

—Pois eu não... Tô quase surda já — Falei tampando os ouvidos — Podemos conversar em outro lugar?

—Ah, podemos sim... Deixa só eu avisar o pessoal.

Ele novamente pegou seu megafone e tornou a palavra para os rapazes que mexiam na asa do avião. Eu não consegui ouvir, quando ele ligou aquela coisa eu simplesmente afundei meus dedos o mais fundo que podia em meus ouvidos, e os tampei da melhor forma que conseguia. Estava realmente ofendendo minha audição aquele barulho todo.

Bismuto pegou uma camisa, com emblema da companhia bordado ao bolso, colocou enquanto andávamos. Achei apropriado, admito que é um pouco assustador ver ele só com aquele avental, não porque é feio... Mas imagine se um cara desses perde o controle, nem a guarda nacional segura esse homem, certeza disso (o que faz mais sentido ainda ele falar tanto de controle de raiva).

Fui guiada por Bismuto até a parte externa do bloco C3, fomos até uma sala de conveniência, que tinha algum isolamento acústico (acho) pois o barulho estava menos estridente naquele lugar. Era um lugar simples, havia duas mesinhas de quatro lugares; do outro lado da sala tinha uma geladeira, uma pia acoplada a um balcão de mármore bem longo, e sobre o mesmo estava um pequeno fogão cooktop de duas bocas e uma cafeteira elétrica.

—Sei o que quer conversar, sua sobrinha dormiu na minha casa essa noite — Bismuto disse, dando as costas para mim e caminhando até a cafeteira sobre o balcão — Aceita café, senhora Diamond?

—Ah, claro.

Então bismuto ligou a cafeteira e virou-se para mim, apoiando suas mãos sobre o balcão atrás dele. Parecia um tanto perdido, diria eu. Aliás, ele começou a falar e logo em seguida ficou mudo, não soube mais o que complementar.

—Ela te contou o que houve, Hugo? — Perguntei, me sentando à mesa.

—Por favor, me chame de Bismuto, todos me chamam assim — Disse Bismuto, sendo bem simpático — E sim, de certa forma eu sei o que aconteceu. Enquanto sua sobrinha se trancava sozinha no quarto da minha neta, Jasper me contou mais ou menos o que ocorreu — Bismuto passou a mão em seu cabelo — Nada contra, inclusive. Você e a senhorita Blue são legais, quer dizer, conheço a senhorita Blue muito pouco, mas parece ser um amor de pessoa.

—Sim...Ela é — Disse olhando um pouco o nada, depois retomei o foco — Bom saber que já está a par do escândalo... Me poupa um pouco de conversa.

—Sei... Mas porque mesmo veio me procurar?

—Preciso de sua ajuda... É isso — Falei direta — Primeiramente, preciso encontrar minha sobrinha e creio que a sua neta não vá cooperar comigo... Então vim aqui falar com você, conhece a rotina da Jasper, minha sobrinha não está na escola. Presumo que esteja com a Jasper.

—Hum... — Bismuto pensou um pouco — Ainda é 11:30, minha neta só sai do serviço às 18 horas, então sei que ela estará lá, não é de faltar. Jasper trabalha no Cinema, perto do Funland Arcade, conhece?

Conheço sim, é um dos três fliperamas que Pietra já foi expulsa por limpar todas as maquinas Pega Bichinhos Pelúcia do local (minha Pink é viciada nisso), e por azar meu, todas as três vezes que ela foi expulsa eu estava lá...Nas três vezes quase chamaram a polícia para mim, de tanto que briguei com o gerente.

—Conheço, já levei minha afilhada ao Funland Arcade.

—Aquele quarteirão é um bom lugar para uma adolescente passar a tarde, tenho quase certeza que Lapis está lá.

—É um bom palpite...

—Senhora Diamond... — Bismuto disse do nada, cortando meu raciocínio — Olha... Eu não queria dizer isso, mas ganhei 1.500 pratas por seu recente envolvimento com a senhorita Blue. É que meio que tinha um Bolão entre o pessoal do RH, não só eles, mas enfim, eu acabei participando. Foi só por diversão mesmo... Mas agora me sinto um pouco idiota por isso.

—Ah, tudo bem. Eu acho — Pensei um pouco — É um bolão para saber qual a próxima estagiária da Diamonds Corp. eu iria traçar, certo? Algo assim, eu imagino.

—É... Bem isso — Ele disse sem jeito — Acabo de perceber que ganhei o Bolão, e me sinto mal por isso — Bismuto tentou argumentar — ...Ma...Mas juro que só apostei na Blue Des Sales, porque ela não era estagiária, também porque em minha cabeça ela era a pessoa menos provável que a senhora um dia se envolver.

Então, concordo com essa coisa de “probabilidade”, Blue e eu vamos contra todas as estatísticas... Mas acho que isso é algo que não envolvo tanta matemática, mas muita “química”, se é que consegue me entender.

—Tudo bem Bismuto, sério mesmo — Parei e pensei um pouco, novamente — Olha, quando aquela história da estagiaria aconteceu, o que apareceu de estagiária novinha dando em cima de mim, achando que ia conseguir algo... Não foi brincadeira...Aff!

—Imagino, tudo por conta do bolão — Ele concluiu.

—Hum... Não sei ao certo se era só por isso, ser humano vira bicho quando vê uma oportunidade de subir. Seja num banquinho qualquer, ou na carreira...Ou tudo basicamente — Ri ao me lembrar desse ocorrido — Se eu fosse mulherenga, provavelmente teria aproveitado horrores àquela época.

Bismuto bateu a mão no balcão e acabou rindo de minhas palavras, depois que paramos de rir, nos olhamos momentaneamente e nos lembramos de uma coisa: O CAFÉ ESTAVA PRONTO E NINGUÉM HAVIA PEGADO AINDA.

Então ele me deu o copo de café e sentou-se ao meu lado.

—Outra coisa que também queria falar com o senhor é que... Creio que minha Lapis não voltará tão cedo para a casa da mãe, e ela dormiu na sua casa. Sinceramente acho que minha sobrinha é folgada o suficiente para passar dias na sua casa, abusando de sua hospitalidade, não duvido nem um pouco. Ela não conhece muito bem o valor de nada.

—Tá... Quer que eu a expulse de minha casa? — Bismuto perguntou desconfiado — É isso?...Senhora Diamond?

—Na verdade, quero pagar por esta estadia... Não acho justo ela... — Bismuto me interrompeu.

—Não precisa pagar, a presença dela lá em casa sempre movimenta Jasper. Minha neta cuida muito melhor da casa e do quarto dela quando sabe que namorada vai lá, e quando ela já está lá, Jasper faz questão de mostrar que é “ordeira” — Bismuto bebeu um pouco de seu café — Ver minha neta se virando e não sendo tão desleixada, já é mais que uma paga generosa, senhora Diamond.

—Ok...Mesmo assim arranjarei um jeito de lhe pagar.

—Novamente, não precisa... — Bismuto foi pegar um pouco mais de café — Sabe, viajar 100km só para vir conversar isto com uma pessoa sem valor como eu, me faz pensar uma coisa. Está fugindo, senhora Diamond? De quê?

Nossa, minha tia me perguntou a mesma coisa antes de sair... É tão nítido assim que minha vontade era sumir do mapa e voltar só daqui uns três dias? (metaforicamente falando, claro).

—Bem...Na verdade, só queria dar tempo... Ao tempo — Passei a mão em meu cabelo, o arrumando — Queria resolver isto com o senhor e precisava arejar a cabeça, achei conveniente dirigir e vir aqui pessoalmente. Me fez esquecer um pouco que desapontei todo mundo, inclusive a Blue, mesmo que ela não me diga diretamente isso.

—Quer desabafar? — Bismuto me perguntou.

Mais que depressa voltei a mim, percebi que estava reclamando, e que estava me queixando para alguém que não tinha absolutamente nada a ver com isso. Então, parei e voltei ao ponto da conversa.

—Não, está tudo bem... — Olhei em volta — Onde mesmo disse que sua neta trabalha?

—Hum... Tem uma caneta?

Mais que prontamente peguei uma caneta que estava dentro de meu paletó, havia um bolsinho ali, fiz questão de usá-lo; escolhi sabiamente guardar uma caneta lá essa manhã, pois teve serventia... Quem diria, néh?

Bismuto pegou um guardanapo e começou a escrever naquele papel com minha caneta.

—Olha, Jasper geralmente fica ou na bilheteria ou no balcão onde vende pipoca... Acho que não tem erro, vai achar ela fácil.

—Ok, obrigada.

Bismuto me acompanhou até a portaria, comentando coisas aleatórias sobre a Base Lunar, eu achei bom, não estava querendo entrar mais em detalhe de nada. Então, quando cheguei à portaria ele se despediu de mim e quando saímos ele então disse:

—Olha, se quiser sair qualquer dia, para tomar um Chopp e conversar... Estou à disposição — Ele disse simpático — Trás a Blue também, não conheço muito ela, e como é a mãe da Lapis, sinto que deveria ao meno

—Obrigada, acho que preciso mesmo de alguém para conversar. Gosta do Palanquim Amarelo?

—Vou lá de vez em quando, tem umas bandas locais até boas que tocam lá — Ele sorriu.

—Posso levar a Blue?

—Claro, aliás, a meninas começaram a namorar e até hoje não tive a oportunidade de conversar e saber como anda a cabeça dela sobre o assunto. Gosto de saber o que os outros pensam da minha neta...Acho que sou protetor demais, mas fazer o que, é uma boa menina, não posso deixá-la sozinha.

—Está certinho, Bismuto. Você é um ótimo avô...E tutor também.

—Obrigado.

………**………

Ainda bem que pedi para o Tabelião ir à casa da Blue, porque quando cheguei ao cinema onde Jasper trabalha já era 14 horas. Pelo visto terei que cancelar minha reunião com minha tia, havia combinado com ela às 16:30, se der 15:30 e eu não resolver isso, vou ligar para ela cancelando minha reunião.

Sei que nem devia estar pensando nisso, mas são esses resquícios de “normalidade” que não estão me deixando surtar também. Verdade seja dita, fiquei com medo, muito medo depois do que aconteceu ontem. Acho que finalmente caiu a ficha que estou ficando com a viúva do meu falecido irmão, e não que esteja fazendo algo que errado... Mas é um pouco demais para mim a ideia de ser a “a namorada da viúva do meu irmão”, ou pelo menos ela é nova para mim.

E depois do que Blue e Lapis me falaram aquilo, eu me dei conta que talvez eu queira ser sim a “a namorada da viúva do meu irmão”, o que me deixa com mais medo ainda.

A verdade é que eu já tinha sentido isso, esse medo, mas foi num momento totalmente diferente... E hoje está tudo tão confuso na minha cabeça, e tenho tanto a resolver, que acho bom nem ficar pensando tanto nisso.

Então é isso que vou fazer... Não pensar muito.

Voltando aonde eu estava, o Cinema que Jasper trabalha fica na galeria comercial Galáxia Warp. Essa galeria que é basicamente uma rua inteira, onde é proibida o trânsito de carros, e há muitas lojas destinadas justamente ao público infantil e juvenil. Havia fliperama, cinema, cyber café, entre outros estabelecimentos que geralmente adolescentes se interessam bastante. Não que adultos são “proibidos” aqui, mas a maioria aqui nesse lugar tem nitidamente menos de 16 anos, e isso é um fato.

O lugar estava até bem movimentado para uma segunda-feira... Maravilhas do mundo capitalista, imagino eu. Avistei ao longe o letreiro em destaque do cinema:

Cachorrocóptero 7 — O retorno da Origem, um latido de esperança no mundo

Olhei o título daquele filme e pensei “quem veria um filme com um título tão ridículo?” ... Aí então lembrei que Pietra já me arrastou para ver os últimos três filmes dessa franquia (reforço que foi a contragosto), mantive esse pensamento sobre o filme só para mim então.

Fui diretamente até o cinema, procurei rapidamente com os olhos pela Jasper, mas nada de ver a menina. Lembrei do conselho do avô dela, e caçei com o nariz de onde vinha o cheiro da pipoca, talvez ela estivesse lá. Foi fácil achar pelo cheiro de manteiga onde vendia comida naquele lugar, e mais que depressa vi Jasper atrás do balcão, acho que em menos de seis segundos deu para eu ver nitidamente que ela não gosta de seu trabalho.

Jasper estava cuidando do caixa, sua cara de tédio só não era maior que suas olheiras de cansaço; parei um pouco e apenas fiquei analisando a situação, uma senhora de cabelos brancos pagava com inúmeras moedas o que havia comprado. A senhora pegava de sua bolsa moedas e colocava em motinhos para completar dólares inteiros.

Sinceramente, Jasper deve ter uma paciência de ouro, eu já teria perdido a minha pouca paciência com aquela senhorinha.

Entrei na fila, a fim que encontrar Jasper quando fosse minha vez de ser atendida, havia só mais três pessoas na minha frente. Ela me reconheceu assim que me viu aproximando, mas se manteve firme ao posto de Caixa. Quando chegou minha vez, antes que pudesse dizer algo ela apenas falou:

—Funland Arcade — Ela olhou para os lados — Agora... Por favor, seja breve. Se meu chefe me ver conversando com você, pode implicar comigo.

—É lá onde a Lapis está? — Perguntei — Ah, e sem problemas, qualquer coisa compro algo.

—Sim, é lá que a Lapis está. E perdão falar assim, meu turno acaba às 18 horas, depois posso conversar melhor com a senhora.

—Ok, tudo bem...Te entendo Jasper, obrigada — Sorri e a deixei trabalhar em paz.

Por mais rápido que tivesse sido aquele encontro, eu gostei bastante, me poupou tempo e eu gostei daquilo, gosto de pessoas diretas. Fui direto ao fliperama que Jasper me indicou, havia realmente muitos jovens no lugar, procurava pelos cabelo azul de minha sobrinha, mas a luz do lugar era também azul, o que não favorecia em nada aquele diferencial de Lazuli.

Fui andando devagar pelos corredores, olhando atentamente. Vi uma garota magra sair correndo um pouco a frente de mim, sabia que era Lapis, quer dizer, eu não tive tempo de confirmar se era... Mas se saiu correndo de mim, tinha alguma coisa a ver.

Virei o corredor e vi que a menina havia virado à esquerda em outro corredor de maquinas Arcade daquele lugar. Pela cor do cabelo confirmei que realmente era Lapis, minha sobrinha.

—Lapis, espera! — Gritei.

Ela virou mais um corredor, mas esse, por sorte era sem saída por conta da distribuição das maquinas que formavam um U naquele lugar, se ela quisesse sair de lá teria que passar por mim.

—Se afasta de mim!! — Gritou Lapis me olhando de relance — Quer saber, não vou fugir, mas não quero falar com você.

Lazuli parou no meio do corredor, fechou os punhos e voltou-se contra uma máquina qualquer. Não vi que jogo ela jogava, apenas vi que ela tremia ao jogar, estava com raiva. Parei na máquina ao lado e me escorei lá.

—É, não somo muito diferentes uma da outra, também tremo quando estou com muita raiva — Comentei, ela se quer me olhou — Sabe, entendo que esteja uma pilha de nervos, mas queria dizer que sua mãe... — Ela me interrompeu.

—Não fala comigo, eu não quero falar com você! — Lapis falou olhando fixamente para a tela do jogo.

—Bem, mas acabou de falar comigo...  — A impliquei.

—Não falei não!

—Aí, novamente falou.

—Pessoalmente não sei por que está agindo assim, fala como se fosse o fim do mundo sua mãe estar comigo. Você me conhece Lapis... — Ela me cortou.

—Sim, te conheço mesmo, muito bem. Tava começando o colegial, lembro que você teve caso até com meu professor de biologia, como quer que eu não sinta repulsa da ideia de você e minha mãe estarem...Urgh, quero nem continuar pensando.

—Ah, e então o problema sou EU... — Lapis me cortou.

—SIM... É VOCÊ, INFERNO!! — Lazuli gritou comigo — Na verdade minha mãe também, não acredito que ela foi se interessar por você, já pegou tanta gente que... — A interrompi.

—Que argumento é esse?! Quer dizer que eu não posso mais sair e querer conhecer gente legal? E por esse motivo sou “desqualificada” para fazer sua mãe feliz.

—Não, eu lembro que meu professor era apaixonado por você e você trocou ele por uma estagiária qualquer na sua empresa. Vai trocar minha mãe pela primeira puta que aparecer, certeza!

Saí duas vezes com o professor dela, não rolou nada além de uma mão boba aqui ou ali. O que a Lapis tá falando? Ele não estava apaixonado por mim, e sim doido pra me comer, e eu não estava afim, só isso.

—O que?! — Disse meio incrédula — Então eu sou culpada por escolher com quem eu saio? Olha, Lapis, eu verdadeiramente gosto da sua mãe e aconteceu, não foi planejado, nem nada disso. Apenas aconteceu. Sabe, eu acho que você devia me dar uma chance.

Ouvi um estridente “Game Over” vindo do arcade que jogava.

—Ah que inferno! — Lapis finalmente olhou para mim — Olha, quer ficar com a minha mãe, fica. Mas não venha me dar lição de moral, tá bom? Não estou com paciência para isso.

Lapis passou por mim e eu a segurei pelo braço.

—Me solta tia — Disse Lapis tentando se soltar.

—Não, não solto —Disse Firme — Me escuta, e depois eu te deixo ir embora. Eu não vim a aqui pra te dar lição de moral, quem sou eu para poder fazer isso? Mas sua mãe me deu a ordem de lhe entregar uma mochila e eu tenho que fazer isso — Falei mais séria ainda — Quer ficar com raiva de mim, fique, me xingue até se esgotarem os palavrões. Mas pega a droga da mochila!



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