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História Não é o que eu pensava (Bellow) - Uma noite no Cassino



Notas do Autor


Tô viva! Meu breve sumiço se deve ao fato de eu ter ficado gripada, e não conseguia ficar sentada na frente do computador escrevendo.

Mas bora ler, tá tudo certo agora

Boa leitura a todos! ^~^

Capítulo 29 - Uma noite no Cassino


Estava de frente para o espelho no closet da Blue, ela estava sentada em sua cama de braços cruzados, fazendo beicinho para mim. Enquanto isso, eu terminava de arrumar minha gravata, era exatamente 18:30 e se Blue não começasse a se arrumar naquele exato momento, iríamos perder nosso compromisso das 20 horas.

Minha tia teria um jantar de negócios essa noite, numa das ilhas costeira perto a Beach City, nossos anfitriões era a Keun, donos da Keystone transportadora. Quer dizer, segundo o convite era um evento beneficente, ao qual eu não entendi bem a natureza, apenas sei que minha tia queria se aproveitar da situação para conversar de negócios e convencer o casal dono da Keystone a vender a empresa para ela. Pelo que entendi a mulher concordava com a venda, mas o homem se recusava a assinar qualquer contrato.

Até aí tudo bem, mas minha tia se esqueceu que Blue irá viajar no domingo de tarde; e ela realmente não queria ter que pegar o jato, ir num evento chato como aquele, ter mais uma hora e meia de voo pela manhã e depois chegar cansada aqui em Empire City, para viajar novamente no domingo.

—Ah nem, eu tenho mesmo que ir? — Blue me perguntou manhosa — Nem estou indo na empresa estes dias, porque eu preciso mesmo ir nesse jantar?!

—Olha, é um evento de negócios, a tia Blanca quer comprar a Keystone. E como ela é comandada por uma família, a White achou sensato que fossemos também, já que também somos uma família.

—Yellow, eu nem sou da família realmente, posso ficar não? — Blue me perguntou manhosa.

—Se fosse por mim sim, mas a White pediu... Pode fazer uma forcinha não, Bluzinha linda do meu coração? — Falei de modo a infantilizar minha voz.

—Ai, que coisa mais melosa, Yellow — Blue falou rindo — Sai pra lá com isso!

—Tá, me diz então, o que você quer... Podemos negociar.

Ela veio até mim, me puxou pelo colarinho e depois sussurrou em meu ouvido:

—Eu quero que me chame de “amor” na frente de todos, para as putas terem certeza que você tem dona, Yellow.

Por dentro eu estava gritando algo como “eeeeiiiitttaaaaa”, mas por fora olhei calma e só aceitei a condição. Blue se trocou em menos de 10 minutos... E levou quase uma hora para fazer uma maquiagem “natural”, ao qual eu sinceramente não entendia o motivo de ter demorado tanto; se era para dar um aspecto natural a ela, há de pensar que seria rápida de fazer, certo?

Enquanto ela se arrumava eu fui até a garagem pegar meu carro e já deixá-lo pronto para sairmos, senão fosse assim, iríamos chegar atrasadas. E minha tia certamente iria brincar conosco. Eis que assim que dei a volta para estacionar na frente das escadarias, vi do outro lado da rua uma moto estacionada, e como a luz estava contra a moto eu vi apenas a silhueta de um motorista alto de forte. Era uma Ducati 900, mesma moto (mas modelo mais novo) que meu irmão tinha... Por um momento meus olhos e coração me enganaram, dizendo que podia ser ele.

Mas assim que A motoqueira tirou o capacete, vi seu enorme cabelo preso em o que parecia ser um rabo de cavalo, isso me fez reconhecer na hora a Jasper. Ela não estava sozinha, Pearl foi ao encontro dela e aparentemente elas iriam vir de encontro a mim. Fiquei parada na porta da casa da Blue olhando as namoradas de minhas sobrinhas chegarem, elas me olhavam de forma “arisca”, diria eu.

Jasper estava com cabelo trançado em toda sua extensão, lembrando inclusive os penteados de seu avô (ele tem variado bastante ultimamente, mas todos são igualmente coloridos). Ela vestia uma jaqueta de motoqueiro preta com detalhes laranja na lateral, calça jeans e bota e luvas de motoqueiro.

Já Pearl usava o mesmo vestido amarelo simples e blazer preto que havia ido no trabalho hoje mais cedo, chuto que nem tenha passado em casa ainda.

—Bo...Bo...Boa noite My Diamond.

—Jasper...Pearl… — acenei para as duas — O que posso ajudar? Aliás, adorei seu cabelo, Jasper.

—Obrigada, tenho uma luta amanhã, meu avô que arrumou para mim — Disse Jasper me confirmando minha suspeita fútil relacionada ao seu cabelo — A Pink me contou que a mãe da Lapis vai viajar, a Pearl confirmou… Quero ajudar, não aguento mais ver minha namorada chorando por uma besteira dessas.

—E...E... Eu também quero ajudar — Pearl falava receosa — Se a senhora deixar, claro, My Diamond.

—Você é adulta, Pearl, pode fazer o que quiser — Disse tentando ser simpática — Mas aprecio muito que queira nossa ajudar... Digo isso para as duas, estou grata de saber que querem reunir suas namoradas à mãe delas.

Pearl deu um sorriso de satisfeita, e logo em seguida falou um tanto acanhada, enquanto apertava seu ombro (não sei por quê).

—Chefe, a Perla não quer mais ir ao balé, nem sair direito; sua vida agora está sendo: ir à escola, voltar e ficar pintando no ateliê improvisado que fiz em meu sótão até ela decidir dormir; aí no outro dia começa tudo de novo — Pearl abaixou a cabeça — Eu sei que ela sente falta da mãe, da casa, de tudo, sente muita falta… Mas não sei o que fazer para ajudar, então… sei lá, viemos aqui na esperança da senhora ou talvez a senhora Blue nos dizer algo, que possamos contribuir para que nossas namoradas e a mãe delas se entendam novamente.

Acenei positivamente a cabeça, enquanto sorria vitoriosamente, um apoio sempre é bom, ainda mais numa coisa tão delicada como a situação das meninas e o relacionamento da mãe delas e eu.

—Tenho um compromisso inadiável hoje, então não poderei conversar muito tempo, quando a Blue sair terei que ir embora também… Mas posso pedir a vocês um coisa?

—Claro —disseram as duas em uníssono.

Nós sentamos na escadaria da casa da Blue, enquanto ela mesma não terminava de se aprontar. Apenas disse coisas simples que elas poderiam ajudar, como escutar as meninas. As meninas já não estavam confiando na Blue, nem em mim, por esse motivo pedi para as duas que ficassem ao lado das namoradas delas, dando todo apoio para Perla e Lapis. Implorei para que não tomassem partido de ninguém nessa briga de mãe e filha (e tia); mas ainda pedi que se pudessem, me mandassem mensagem caso alguma coisa acontecesse fora do normal. Foi uma conversa até rápida, mas acho que consegui fazer as duas se sentirem parte do "esquema", e estava feliz por saber que as duas queriam o bem de minhas sobrinhas.

Então, finalmente Blue estava pronta… E eu fiquei de queixo caído com sua beleza.

Ela trocou o vestido que estava, usava agora um tomara que caia azul escuro, grudado no corpo, de modo a evidenciar suas curvas. O vestido estava cheio de lantejoulas, o que dava um "brilho a mais" à Blue, quase que literalmente. Seus pés calçavam um salto agulha lindo, digno do sapatinho de cristal da cinderela, e igual ao item mágico o par de sandálias também era transparente e muito elegante. 

Seu cabelo estava arrumado em um coque alto e volumosos, de modo que poucos fios lhe escapavam a franja e isso lhe dava um charme sem igual. Usava um batom cor vinho, meio rosado e muito bonito, ao qual eu daria tudo para poder tirá-lo com meus beijos.  A iluminação e os contornos que fez na maquiagem realmente a deixaram mais linda ainda.

Fiquei boquiaberta com minha Blue, ela conseguiu o feito de ficar mais linda do que já é.

Para complementar o brilho da minha acompanhante, optei por usar um blazer amarelo com detalhes em paetê, mangas e gola pretas. Ao qual era extravagante demais para meu gosto habitual, mas parecia perfeito para o evento em questão. E como minha camisa por baixo do blazer, o sapato social e minha calça jeans, eram pretas, pareceu matizar muito bem com aquela peça tão chamativa.

Enquanto ia vestir o Blazer, apalpei meus bolsos internos da peça, me certificando que a pequena surpresa que comprei ainda estivesse lá. Poderia até ser um jantar chato de negócios, pelo capricho da minha Blue, iria transformar essa noite um pouco mais especial. Voltei o mais rápido possível, quando cheguei Jasper e Pearl já haviam ido embora, acho que o assunto era mais comigo mesmo. Blue estava me esperando escorada em meu carro.

—Se minha dama usa lantejoulas, por que eu não?! — Comentei mostrando meu look extravagante e brilhoso.

—Acho justo... — Blue pegou seu celular —Formamos um belo casal, sabia disso, Yellow?!

Mais que depressa ela levantou o celular, me puxou para perto de si e me deu um beijo na bochecha. A selfie ficou muito orgânica, comigo rindo (ela havia me puxado de forma a apertar minha bunda), acabei também fechando um dos olhos; Blue me beijava minha bochecha de modo tão meigo e, mas ao mesmo sexy na foto.

Depois deste momento de distração, Blue vestiu seu sobretudo azul escuro, que mais parecia uma capa, e lhe tampava até um pouco abaixo dos joelhos. Estava realmente frio, sabe já é dezembro e apesar do clima estar mais frio, raramente neva em Empire City... Ao contrário de Beach City, que é uma cidade beira-mar e mesmo assim neva no final do ano, minha tia disse que a ilha aonde vamos fica à 40km da costa da cidade e lá é razoavelmente mais quente. Mesmo assim Blue insistiu para que levasse uma blusa de frio, e ainda disse isso séria, como se falasse com uma de suas filhas... Acho que a falta delas está fazendo minha Blue não ter com quem falar essas coisas, então está sobrando para mim.

 Finalmente entramos no carro e fomos até o aeroporto, corri o máximo que podia, mas mesmo assim minha tia brigou conosco. “Estão cinco minutos atrasadas” ela me gritou da escadaria do jato; apenas olhei meu relógio, vi que ainda era 20:05 e não retruquei, sabia que o fuso horário de Beach City estava à num fuso horário de -1h em relação a Empire City, mesmo se chegássemos atrasados, ainda estaríamos adiantadas, isso é um fato. Olha que “louco” sairíamos às 20hrs de Empire City, e provavelmente chegaríamos às 20hrs em Beach City por conta do fuso horário.

Blue e eu entramos no avião, e logo vimos Pietra, que veio nos abraçar um tanto desanimada. Ela estava adorável, com um short social rosa acompanhado de uma meia calça branca, e sapatilhas cor de rosa também. Não sei o que usava na parte de cima, apenas a vi de blusa de frio branca com um capuz que estava lhe tampando os fios rosas e rebeldes que ela tem.

E levei um enorme susto ao ver que Margarita estava no Jato também, sentada ao lado de minha afilhada. Ela me sorriu de lado, de forma meiga, mas o fato de vê-la com seu olho de vidro me assustava...Mais que a ver de tapa-olho.

Dei uma leve estremecida e quase soltei um berro, admito, mas logo depois me controlei. Olhei para minha tia, que estava também deslumbrante, e isso me fez esquecer a diabólica e perturbadora mulher que minha tia insiste em ter como assistente pessoal, e o fato dela sempre me assustar com aquele sorriso torto dela!!!

White estava usando um vestido de cetim, com um rasgo na lateral, que nos deixava ver-lhe a perna esquerda quase por completo. Usava sapatos que lembravam sandálias gregas e ainda vestia uma capa branca por fora, e preta por dentro; sendo essa toda brilhosa na parte interior, parecia que estrelas estavam atrás de minha tia por conta disso. Fiquei hipnotizada vendo quão graciosa ela ficava ao andar.

—Todas as Diamond estão excepcionalmente “brilhantes” hoje — Disse Margarita nos sorrindo daquela forma estranha que ela faz no normal.

—Menos eu... — Disse Pietra rindo — Mas nem Diamond eu sou, então está ok.

Minha tia arfou e depois revirou os olhos, não estava com paciência para aquilo, era óbvio. Minha tia esteve ao lado de Margarita quase a viagem inteira, ambas falavam sobre os Keystone e pelo visto não queriam envolver Blue e eu na conversa, fiquei quieta e não interrompi o pensamento das duas também. Pietra estava deitada com a cabeça no colo de Blue, ela lhe acariciava os cabelos, dando um pouco de atenção para minha afilhada. Eu fiquei lá, sentada numa poltrona com as pernas cruzadas, em silêncio, apenas olhando tudo, era o que tinha para mim, pelo visto. Foram exatos 50 minutos de viagem até chegar Beach City, e Blue estranhou bastante a velocidade com que chegamos à cidade.

—Já chegamos? 720 km de distância eram para serem percorridos tão rapidamente assim, Yellow? — Blue me perguntou.

White interviu, se vangloriando pelo seu “bebê” em forma de Jato.

—Estamos num Bombardier Global 6000, querida, essa belezinha aqui consegue fazer 950 km/h em velocidade máxima — White parou um pouco e pensou — Mas a velocidade de cruzeiro dele é de 907 km/h, isso significa que era para fazer 720km em exatos 47 minutos e 40 segundos... — Ela então gritou para o motorista — Me lembrem de falar com os meninos da base lunar, para eles darem uma olhada no BG6000.

O piloto e o co-piloto apenas responderam com um “sim, senhora Diamond” ao pedido de minha tia, chefe deles.

Estava ventando muito em Beach City, uma brisa gelada e forte me fez estremecer ao descer do avião, por sorte Blue abriu seu sobre tudo para mim e me abraçou... Também nem posso reclamar, não ficamos mais que cinco minutos na cidade.

Deixamos o Jato em um dos apertados andaimes do aeroporto de Beach City, de lá já havia um helicóptero nos esperando, minha tia havia contratado para a noite. Após 10 ou 15 minutos de viagem finalmente chegamos à ilha dos Keun.

As asas malpararam de girar e escutei alguém chamar por minha tia, olhei para o lado de fora, vi que era aquela mulher que minha tia havia tratado com tanto carinho na quarta-feira, a com medalha americana.

—Rotto!! — Gritou a mulher, sorrindo.

—Jasmine, que bom te ver novamente — Minha tia falou, descendo do helicóptero antes de todos.

Pietra olhou para mim, eu apenas levantei os ombros como se dissesse “não sei de nada” e minha afilhada riu. Ajudei Blue a descer e assim que todos saímos, o helicóptero teve que se retirar, já que outros ricos e poderosos queriam chegar também. Assim que nos afastamos daquela ventania toda provocada pelas asas do helicóptero, minha tia enfim nos apresentou a mulher misteriosa.

—Quem é ela? — Perguntou Pietra cruzando os braços.

Quer dizer, antes minha afilhada perguntou nitidamente com ciúmes pela forma com que minha tia e ela riam alto, elas pareciam se conhecer bem, até eu percebi isso... Haam, depois me vêm com essa história de “White não é minha mãe, madrinha”, mas morre de ciúmes da minha tia.

—Bom, esta é Jasmine Moe Garcia — Quando minha tia falou seu nome, senti Blue apertar meu braço com força. Mas não foquei nisso, voltei a prestar atenção na minha tia — Ela é representante comercial da Keystone, e é a intermediária nas negociações com o senhor e senhora Keun. Mas claro ela também é.... — Nesse momento Blue a interrompeu.

—Engenheira química, bióloga com mestrado em geologia, é ex-astronauta, sendo também a primeira mulher negra a ir ao espaço pela NASA...E é uma das mulheres que mais admiro pelos seus trabalhos — Blue praticamente voou na mão da mulher e começou a cumprimentá-la compulsoriamente — É um prazer revê-la Jasmine Garcia.

Ah, Garcia era astronauta, então aquela medalha em seu peito devia ser a Medalha de Honra Espacial do Congresso. Essa eu sei que é dada especialmente a astronautas

—Igualmente senhorita Blue — Jasmine riu para minha Blue — Convenção “Women United By The World”, de 2013, certo?

—Isso mesmo, eu era uma das palestrantes, e perdi quase metade do meu dia assistindo sua palestra. Se me permite dizer... É uma inspiração para todas as mulheres, senhora Garcia.

Eu fiquei vendo a Blue bajular a tal da Jasmine, e ainda não entendia o que uma ex-astronauta americana fazia como representante comercial da transportadora Keystone, mas não disse nada sobre minha dúvida. White parecia estar fazendo negócios por debaixo dos panos mesmo, e eu não iria atrapalhar isso. Mas também não estava satisfeita por ela manter tantos segredos de mim, principalmente na parte profissional.

Do nada Jasmine veio até mim, me olhou de cima a baixo e depois falou surpresa:

—Meu deus, ela é sua filha neh?! — Jasmine realmente parecia impressionada com a semelhança minha com minha tia —Você é a cara da Rotto.

—Não, esta é a Yana, minha sobrinha... — White disse a interrompendo.

—Ah, perdão... — Mesmo com a gafe, Jasmine continuava animada — De toda forma, é um enorme prazer te conhecer, Yana

—Digo o mesmo... — Fiz sinal de continência com a mão direita, para Jasmine tentando ser simpática — Prazer em te conhecer, astronauta Garcia.

—Igualmente, Yana Diamond — Jasmine simpaticamente me imitou — Mas não sou nenhuma militar, não precisa disso — Ela então riu de forma brincalhona.

—Está aqui é minha filha... — Disse White puxando minha afilhada, ela estava nitidamente emburrada —Pietra, seja educada e cumprimente a amiga da mamãe.

—Aff... Ok então — Disse Pink revirando os olhos —Prazer... “amiga da mamãe”.

Jasmine a analisou assim como a mim, e depois de uma breve análise disse:

—Tem quantos anos, 16?...  Talvez 17? — Falou Jasmine tentando ser legal com Pink — Tem o olhar de uma garota muito inteligente, sabia... Talvez tenha puxado isso da mãe.

—Moça, tenho quinze — Pietra respondeu desinteressada — Olha, legal e tals que você viajou à lua, mas não precisa me bajular nem nada... É feio isso.

—PIETRA!! OLHA OS MODOS!

Jasmine riu levando a fala da menina na brincadeira, logo em seguida disse estar tudo bem, ainda comentou ter um netinho da idade da Pietra. Acho que fez isso para comentar “ah, eu entendo essas coisas de adolescente”, ou algo assim.

—Aliás, vocês se conhecem de onde? — Pietra perguntou ainda com cara de desânimo.

—NASA... De onde mais?! — Jasmine disse animada — Sua mãe queria ser astronauta como eu, sabia? Ela foi sem dúvida a matemática mais brilhante que eu já conheci.

—Ah para... — Disse White tentando ser modesta — Você está exagerando também.

—Você sabe que não estou... — Jasmine acabou sendo cortada.

 —Por que chama minha mãe de Rotto? — Pietra disparou outra pergunta.

 Dessa vez acho que minha afilhada estava começando a se incomodar com as duas conversando daquele jeito, como velhas amigas. Acho que minha tia não tem muitas amigas, então entendo o ciúme de minha afilhada, o máximo que tia Blanca deve levar em casa são seus “namoradinhos” e alguns empresários quando tem que fechar contratos.

—Rotto era o apelido da sua mãe, Significa “quebrado” em italiano — Jasmine riu de uma forma amigável — Ela tinha um truque com o dedo, sua mãe o movia para o lado de uma forma que parecia estar realmente quebrado, e isso parecia muito engraçado para nós que ficávamos o dia inteiro num galpão cheirando a naftalina e cafeína pura.

—Que coisa mais besta — Pietra comentou.

—Realmente era — Minha tia disse em uníssono com Jasmine.

Ambas começaram a rir uma da outra assim que viram o que fizeram, Pietra revirou os olhos e cruzou seus braços, depois começo a andar em direção à porta, enquanto chutava pedrinhas. Não sei porque minha afilhada está assim, é realmente ótimo ver minha tia rindo assim com alguém... Acho que a última vez que a vi rindo tão descontraidamente assim foi com minha mãe, quando ela ainda estava viva. Aliás, talvez mamãe tenha sido uma das poucas amigas que tia Blanca já teve até hoje, então é realmente ver que titia tem amigas do tempo da “velha guarda” por assim dizer (mas não comente com ela, pois sei que ela irá brigar comigo).

 

 

………**………

 

 

Graças aos céus entramos, depois de muita conversa jogada fora, minha tia e Jasmine nos deixaram voltar a caminhar. Estava um vento bem frio do lado de fora da mansão dos Keun. Ao chegar lá, ligeiramente fomos recebidos por empregados, que pegaram nossos casacos (creio que também pegariam cartolas se tivéssemos uma para guardar), então recebemos uma senha para podermos pegar nossos pertences na saída. Quando finalmente adentrei mais a mansão, me surpreendi ao ver Slot Machines numa sala perto do hall de entrada, olhei para o outro lado e vi também jogos de mesa.

Antes que pudesse perguntar se aquilo era um casino clandestino, um casal de orientais veio até nós e isso me tirou o foco. O homem estava de terno preto e gravata vermelha, ele era de altura mediana (mais baixo que eu), meio gordinho, tinha cabelos pretos que começava a ficar grisalhos e seu sorriso era simpático. A mulher usava um vestido vermelho, com detalhes em dourado, estilo chinês com abertura lateral dos dois lados, calçava um salto que a deixava mais alta que o homem que ela acompanhava, seu cabelo era ofuscantemente preto e sua pele denunciava que não era tão nova quanto seu físico esbelto dizia.

—Estes são o senhor e a senhora Keun — Disse Jasmine apontando para o casal — São os nossos anfitriões desta noite.

Ambos se curvaram a nós e depois disseram em nossa língua “sejam bem-vindos, família Diamond”. Logo após isso começaram a falar em...mandarim (?!) com a Jasmine, que logo nos transmitiram a mensagem.

—Eles pedem perdão por não terem ido cumprimentá-las pessoalmente, seu filho havia acabado de chegar do outro lado da ilha e uma emergência também se fez presente, estão voltando agora.

O homem ainda falou algo, mas antes que Jasmine terminasse, Margarita entrou na frente dela e foi quem fez as honras de nos traduzir dessa vez.

—O sr. Keun pediu para aproveitarmos o evento, enquanto ele e sua esposa se retiraram por uma breve hora para terminar e resolver a emergência.

Ambos saíram e eu ainda fiquei sem entender o que acontecia mais ainda. Jasmine olhou para Margarita puxando o queixo para baixo, fazendo uma careta engraçada, e depois a parabenizou pela tradução. Vi um sorriso normal brotar nos lábios de Margarita.

—Ok, agora que eles se foram, alguém pode me explicar o que está acontecendo — Voltei-me para minha tia — Não era para isso ser um simples “jantar de negócios”?

—Mas não era um evento beneficente? — Blue também perguntou.

—Ah sim, é sim um evento beneficente, e eu diria que também é um jantar — Jasmine tomou a palavra — Todo final de ano os Keun fazem um evento beneficente, um casino em prol da humanidade. Sempre convidam os maiores magnatas asiáticos, eles bebem, comem e gastam bastante no casino. E todos os ganhos vão para projetos humanitários, o desse ano visa levar água potável para regiões afetadas pela seca deste ano em: Moçambique, Zimbabwe e Serra Leoa.

—Por isso trabalha para eles, Jasmine? Sempre teve uma veia ativista/humanitária forte — Minha tia perguntou.

—Sim... E porque devo muito à sra. Keun também — Jasmine respondeu.

Vi que elas conversavam mais freneticamente que antes, mas Pink me chamou a atenção para um balcão com uma placa em cima, escritos “fichas aqui” em alguns idiomas.  

—Madrinha, nunca estive num cassino... Podemos?

Olhei para White e Blue, que conversavam freneticamente com Jasmine... Aliás, nem vi a Blue soltar meu braço, quando percebi ela já estava dando risadinhas um tanto forçadas para as falas de Jasmine. Cedi ao pedido de minha afilhada só porque não queria segurar vela de ninguém.

Comprei US$2.500,00 em fichas, e não é que os jogos fossem caros, mas Pietra já perdeu US$500,00 nos primeiros 10 minutos que estávamos dentro daquele cassino com Roleta e Slot Machines diversas. Tá que aquilo era para a caridade, mas tanto Pink quanto eu queríamos ganhar alguma coisa; não era nossa intenção inicial, mas depois de perdermos mais de quinze vezes em menos de 6 minutos, isso mudou um pouco.

Pink queria se sentar numa mesa de poker, ao qual eu custei a segurá-la. Não gostei da cara dos homens que estavam jogando na mesa, e Pietra não sabe jogar Poker... Então nem sei o que ela queria fazer lá. Acho que tem jogos de cassino que são mais intuitivos que POKER.

Mas ela queria jogar um jogo de mesa, então fiquei buscando com os olhos por um que eu soubesse jogar. Até que num canto mais afastado vi uma mesa de Blackjack... Hum... Jogava isso na minha época de faculdade com minhas colegas de dormitório, acho dá para mim.

Cheguei à mesa com Pink ao meu lado, ela mais que depressa jogou duas fichas de US$50,00 sobre a mesa, e a mulher que estava do outro lado da mesa nos perguntou se sabíamos jogar. Eu disse que sim.

Quer dizer, o conceito básico é que ganhamos duas cartas enquanto a casa (representada pela mulher que distribui as cartas) fica com duas, quem tiver uma soma de cartas maiores ganha, e não pode passar de 21 pontos a soma. Isso eu sei.

Fui jogar com este conhecimento em mente, mas nem sabia se lembrava de algo. A mulher embaralhou as cartas e então colocou quatro cartas sobre a mesa, sendo duas dela (a casa) e duas minha. Ganhei um 6 de Copas e outro 6 de paus, a casa tinha uma Rainha de Ouroe a outra carta estava virada, eu sabia que poderia pedir mais cartas ou desdobrar minha aposta em duas, já que minhas cartas eram iguais só que de baralhos diferentes.

Contei ligeiramente minha jogada

 

Casa: Q♦️ + (?) = 10 +(?)

Eu: 6♥️ + 6 ♣️ = 12

 

Se a casa tivesse outro rei, rainha ou valete eu dificilmente ganharia, e ainda tinha disponível 9 pontos a fazer sem perder... Antes de pensar no que ouvi Pietra me chamar à realidade.

— DESDOBRAR! — Disse Pink colocando outras duas fichas de US$50,00 à mesa.

A mulher do outro lado prontamente obedeceu, separando as cartas e acrescentando uma segunda carta a cada uma das apostas.

—O que, você sabe jogar Blackjack?! — Perguntei assustada.

—Sim, e poker também... — Disse Pink arregaçando as mangas — Blanca e eu jogamos de vez em quando.

A primeira aposta ganhamos um rei de espada e na segunda apenas um 7 de espadas.

 

1º aposta: 6♥️ +K♠️ = 16

2º aposta: 6♣️ + 7 ♠️= 13

 

Pink então pediu mais uma carta para o primeiro baralho, ganhamos um 4 de copas, e na segunda aposta ganhou um valete (passando a conta dos 21 pontos, pois rei, rainha e valete valem 10 cada). Pedi para ficar com o que já tinha de cartas para funcionária que tomava conta daquela mesa... Ganhamos na primeira aposta, pois a casa tirou ou 9 de ouro.

Então enfim ganhamos algo...Mesmo que fosse só US$50,00, e mesmo que só restituísse os US$50,00 que gastamos na segunda aposta.

Minha afilhada parecia satisfeita e me pediu para irmos jogar outra coisa, mas eu quis continuar jogando, afinal, eu também queria ganhar eu sozinha uma partida de Blackjack.

 

 

………**………

 

 

Já havia jogado 15 partidas, perdi 7 e ganhei 8, e meu saldo no momento era US$3.250,00 em fixas. Em algum momento entre a 13º e 14º partida a minha afilhada sumiu, e eu que estava concentrada demais no jogo, não vi para onde ela foi.

Mas quando estava para apostando na 16º partida, Pietra voltou acompanhada de Blue, que já chegou de cara fechada para mim.

—Ah que bonito, senhorita Yana Diamonds... Apostando?! — Blue falou de forma irônica, sem perder a seriedade — Aff, bem que eu achei que estavam demorando a chegarem à mesa, mas a ingênua aqui não pensou que estivessem jogando jogo de azar.

—E ela certamente já perdeu mais que US$5.000,00 em fichas — Disse Pink colocando mais fogo na situação.

O QUE?! Quase caí das pernas naquele momento, eu só comprei US$2.500,00 em fichas, e Pietra sabia muito bem disso. Não entendi porque estava fazendo aquilo comigo.

—VOCÊ JÁ GASTOU, QUANTO, YELLOW?! — Blue exclamou furiosa.

—Ca... Calma Blue... Amor... eu comprei apenas para ajudar a causa dos Keun... E quando acabar minhas fichas eu vou parar.

—Vou perguntar só mais uma vez... — Deu pra ver o fogo em seu olhar — QUANTO VOCÊ GASTOU NESSE CASSINO?! Hein Yellow?

Enquanto ela falava isso, a mulher terminava de embaralhar as cartas e estava distribuindo minhas cartas, antes que pudesse falar algo que me defendesse, a mesma mulher à mesa gritou bem alto para mim: Blackjack!

Olhei rapidamente para ver se era eu que havia ganhado, mas não era, a casa havia feito 21 pontos já na primeira jogada, perdi US$250,00 sem nem poder fazer nada.

—Ótimo, tá perdendo mais dinheiro agora mesmo — Blue falou nervosa.

—Calma meu amor... Eu comprei apenas US$2.500,00 em fichas e olhe só, agora tenho US$3.000,00 — Disse sorrido.

—Tenha só, Yellow, você é milionária, precisa disso não.

—Você tem razão... Total razão — Falei tentando acalmar a Blue — Mas eu prometo que vou parar assim que perder a última ficha — Disse beijando sua mão, sendo sincera.

—Ok... Mas eu vou ficar aqui assistindo... — Blue chegou ao meu ouvido — E pode continuar a me chamar de Amor, eu gosto.

Dei US$1.000,00 em fichas para a Pink me deixar em paz, afinal, eu acho que era justamente isso que ela queria, mas como eu não dei, ela simplesmente foi conseguir isso de outra forma. Minha afilhada é muito inteligente, muito mesmo, mas como geralmente os adultos não a levam a sério (as vezes até eu faço isso – e me ferro depois), Pink sempre arruma um jeito de se vingar usando seu rostinho de bebê das mais variadas formas.

Me sobrou US$1.500,00 em fichas, apostei míseros US$250,00 e ganhei, isso fez Blue se animar e entender a emoção de jogar Blackjack. Na vez seguinte apostei US$500,00 e deu empate, peguei apenas os US$250,00 de volta.

Fui apostando e não basicamente saiu disso, o máximo que ganhei foi uns US$4.000,00 em fichas, depois comecei a perder também... E a perder mais... E a perder mais ainda... E Blue ficou falando na minha cabeça que eu devia parar de apostar. Mas minha teima e esperança me faziam acreditar que poderia virar aquela situação, ganhar novamente o que havia perdido.

Até que me restaram apenas US$400,00 em fichas, só me daria para jogar algumas ultimas poucas vezes, e Blue já estava me aborrecendo, optei por acabar com aquilo mais rapidamente apostei a metade do que tinha em uma jogada só.

Recebi um 3 de Paus e 7 de copas (3 ♣️+ 7♥️= 10), enquanto a casa tinha um valete de copas à vista na mão da casa. Não tinha jeito, sentia que a carta ao lado seria entre 20 e 21...Nem sei se iria adiantar pedir mais cartas. Foi quando uma alta e esbelta mulher passou do outro lado da mesa e então me gritou:

—Dobra a aposta!

Ela então veio até mim e eu fiquei olhando para minha tia meio sem entender. White só repetiu:

—Dobra a aposta!

—Táh táh... Assim é bom que acaba rápido.

Joguei as fichas restantes na mesa e a mulher do outro lado da mesa me deu um rei de copas, tinha 20 pontos acumulados daquele jeito. Bem, seria difícil a casa me bater agora. Isso me fez vibrar.

Ganhamos! Porque a carta virada era um 9 de ouro.

 

Casa: J♥️ + 9♦️ = 19 pts.

Eu: 3♣️+ 7♥️+ K♥️ = 20 pts.

 

Era pouco, mas isso me fez vibrar, afinal, eu tinha apostado minhas últimas fichas e tinha dado certo. Agora tinha US$800,00 e minha tia, vidrada me pediu para apostar a metade, mas no meio da partida ela pediu para dobrar a aposta... Novamente ganhei, tínhamos agora US$1.600,00 em fichas.

Aquilo foi emocionante, não só para mim, que gritei ao receber o dinheiro, mas para Blue e White também. Fomos jogando, quando vi White e Pink estavam cada uma de um lado dando palpite, hora ou outra também discordando da escolha da outra. Acho que tanto mãe, quanto filha são contadoras de carta... Ou seja, sabem apostar muito melhor que eu, e isso é certeza.

Perdemos algumas vezes, mas na maioria fomos só ganhando. Quando vi veio o US$10.000,00 e isso chamou algumas pessoas para assistir nós jogarmos... Depois US$25.000,00 chegou num piscar de olhos.... US$50.000,00 veio logo em seguida.... E por fim, assim que chegamos aos US$100.000,00 os outros jogadores das outras mesas perto na nossa, já não estavam jogando suas partidas e sim comemorando com a gente, virou um show aquilo.

Mas não atraímos só os olhares das pessoas no evento, vimos que o senhor e senhora Keun nos observavam de longe, e assim que ganhamos a última vez, White pediu que encerrássemos ali. Os donos da festa estavam vindo até nós, mais que prontamente o sr. Keun nos falou algo em seu idioma... Que logo em seguida foi traduzido pela Jasmine:

—Sr. Keun achou fascinante, duas contadoras de cartas... — Jasmine olhou para mim também enquanto falava — Ainda brincou dizendo: tal mãe, tal filha não é mesmo?

A sra. Keun também comentou algo e novamente Jasmine traduziu:

—A sra. Keun disse que ir de 400 a 100.000 em apenas 15 jogadas, é realmente um show à parte. Foi muito emocionante.

Jasmine parou de traduzir e então disse algo a sra. Keun, obviamente na língua deles, depois voltou-se novamente para nós, mas antes que pudesse fazer isso minha tia começou a falar.

—Adorei a ideia sua e do seu marido, prometo que tudo que ganhar essa noite, eu irei doar em dobro para causa de vocês — Minha tia se curvou para o casal.

Jasmine traduziu com brilho no olhar, e a sra. Keun sorriu de forma meiga.

—Eu estive conversando com meu marido sobre vender a Keystone — Disse a própria sra. Keun em nosso idioma, de forma muito pausada e com sotaque pesado, mas obviamente deu para entender — Gostaria de nos acompanhar até nossa mesa? Podemos conversar um pouco mais sobre suas intenções... Acho você uma mulher de... Como se diz... — Sra. Keun perguntou algo a Jasmine e depois voltou a falar em nosso idioma — Uma mulher de negócios, é excepcional e agora se mostra uma filantropa. Aprecio e muito essas qualidades.

—Obrigada pela consideração, Senhora Keun — White se curvou e então falou — Xièxiè!

Apenas a mulher ficou feliz de ouvir aquilo, sabia que era mandarim... Significa que ela é chinesa? Ou só fala o idioma, e minha tia reconheceu por ter viajado para lá faz pouco tempo? Não sei, apenas sei que a sra. Keun agradeceu em seu idioma sorrindo.

 

 

………**………

 

 

Estávamos no salão de festas aos fundos da mansão, White estava na mesa dos Keun no segundo andar. Eu estava com Blue, tomando conta da Pietra enquanto Margarita e minha tia conversavam com o casal, em conjunto à sua representante (Jasmine Moe Garcia). Me sentia excluída, deveria estar naquela conversa de negócios também, mas minha tia mais que depressa falou que não era justo pedir para pensarmos em negócios numa sexta-feira de noite, ainda terminou falando que poderíamos aproveitar o resto da noite naquela festa.

Ali estava eu então, entediada, com Blue acariciando gentilmente meus cabelos loiros. Olhava Pietra de longe, ela estava na mesa do bufê, fazendo uma pilha de comida em seu prato ao qual eu sei que não vai conseguir comer nem a metade, mas sua gula a fez colocar mesmo assim.

—Acho essas músicas dos anos cinquenta tão românticas — Disse Blue se escorando em mim, enquanto me acariciava os ombros — Elvis Presley então... Meu coração derrete desse jeito.

Parei para ouvir a música, com certeza não era do Elvis, pois uma voz feminina estava cantando, e nem era uma música de autoria dele (acho). Não sabia do que ela falava, na verdade.

—Essa música não é do Elvis...

—Hum... Pode até ser... Gosto das músicas dele do mesmo jeito. Só que tem uma em especial que eu gosto muito mais — Ela chegou até meu ouvido e começou a me sussurrar a tal música que falara  —You're mine.... And we belong together... Yes, we belong together... For eternity!

Eu sorri com aquilo, achei fofo, tipo, muito fofo mesmo.

—Então eu pertenço a você?! — Perguntei sorrindo.

—Sim, e eu a você... Só falta registrar e patentear no cartório a posse dos direitos autorais.

—Ah é?!

—Sim... — Me disse Blue me olhando com um brilho no olho incrível — Eu também pertenço a você, sabia disso? Mas diferente de você não preciso de registro nem nada.

—Ah é... Por quê?! — Perguntei entrando em seu jogo.

—Porque tá na cara que eu só tenho olhos para você — Ela mordeu seus lábios e ficou me olhando com carinho.

Não aguentei e a puxei para um beijo, era tão bom sentir a textura de seus lábios contra os meus, aquele movimento calmo com nossas bocas impressionantemente fazia meu coração acelerar. Ela é tão perfeita, em todos os sentidos... Tenho sorte.

Depois que nos separamos ficamos lá nos olhando como duas abobadas basicamente, até que ouvi Pink me chamar para ajudá-la, a montanha de comida em seu prato tornou-se pesada demais para ela carregar sozinha.

—Como ela pretende comer aquilo tudo? — Eu disse olhando para Pink enquanto segurava uma risada — A, posso nem falara nada. El a mal estava querendo comer o essencial semanas atrás. É bom saber que tem apetite

—Olha, eu também não sei.... — Estava para me levantar, quando Blue me parou — Deixa que eu vou, Yellow.

 Assenti deixando ela ir no meu lugar, e enquanto olhava as duas voltar, minha tia e Margarita retornaram à mesa.  Fiquei calada, continuando a olhar minha afilhada e Blue tentando dividir a comida em dois pratos.

—Semana que vêm terá um show do E.L.M.AS lá no Pallanquim Amarelo... — Disse minha tia puxando assunto.

—Ah... Legal... — Falei sem muito interesse.

—Você e seu irmão adoravam essa banda — White pontuou.

—É, gostávamos... — Respondi ainda sem muito ânimo.

—Quer ir ver o show comigo? — White me perguntou — Sabe... Faz muito tempo que não saímos juntas, só nós duas...

Parei, pensei um pouco... Não entendi porque minha tia queria aquilo, tão de repente... Ela nem gostava da banda E.L.M.A.S para querer isso, aliás, nem sabia que minha tia conhecia do Pallanquim Amarelo para começo de conversa. Ou seja, White ou queria me agradar ou penas me comprar, um dos dois era sem dúvida.

—Eu não te entendo, tia Blanca. Você não me quer nos negócios... Mas me chama para um show de rock n roll? — Arqueei a sobrancelha, franzindo o cenho — O que tem em mente com isso, o que ganha fazendo isso?

—Bom... Eu achei que seria bom, para conversarmos... Só nós duas, talvez esclarecer alguns mal-entendidos, e beber uma cerveja ou outra com minhas Starlight também seria legal.

—Ok...Acho que entendi — Falei relaxando um pouco as feições — Quarta-feira à noite então, você estará livre?

—Sim, estarei.

—Táh, eu aceito seu convite.

—Ótimo Starlight... — Ela me sorriu de forma meiga, logo em seguida minha tia também foi ajudar Pietra.

Assim que chegaram à mesa, vi os olhos de Blue se vidrarem e um sorriso enorme se abrir em seu rosto. Mais que depressa ela veio até mim.

—Vamos dançar um pouco, Yellow! — Me disse Blue já me puxando pelo braço.

—Hã?! — Disse sem entender, me deixando levar por Blue — Ok então... Vamos dançar, mas eu não sei dançar, já aviso isso.

—Tudo bem, eu te guio meu amor — Ela me olhou de forma sensual/meiga.

Admito que corei naquele momento, foi um tanto inevitável, e também sorri com suas palavras... Blue está muito fofa essa noite, mais que o normal, me estranha isso. Mas eu também quero que esta noite seja diferente, talvez seja isso... Estou só esperando o momento certo para fazer uma pequena surpresa à minha querida Blue. Fomos até o meio da pista onde havia vários casais, todos certamente mais velhos que as músicas que ali estava tocando.

A playlist tinha músicas diversas, a maioria delas gravadas antes dos anos 70 (certeza), e ou eram do gênero Blues ou Jazz. Tinha músicas do Frank Sinatra, Louis Armstrong, Nina Simone, Ray Charles e alguns outros cantores que consegui identificar no tempo que estive sentada à mesa.

Tirando Blue e eu, o outros dançarinos naquela pista não pareciam ser muito mais jovens que as músicas que tocavam, todos eram asiáticos de olhos puxados, grisalhos, com rugas denunciando os anos vividos... Tenho que admitir, era até fofo ver os casais da terceira idade dançando, dá vontade de ficar assim com minha Blue, dançando de forma lenta e apaixonada aos 80 ou até 90 anos de idade.

Ok, eu sei que vou ser ofensiva pelo jeito que vou falar, então vou dizer já pedindo perdão por minhas palavras, mas acontece que: Os asiáticos naquela pista de dança, todos pareciam iguais visto de longe... E de perto não ajudava muito também (foi mal a ignorância).

Fomos até o meio da pista, então Blue parou em frente a mim, como minha Blue estava de salto, ela estava ligeiramente mais alta que eu. Era um pouco estranho ter que ligeiramente olhar para cima para em busca dos olhos azulados da minha Blue, ao invés de ligeiramente olhar para baixo, tenho que admitir.

Ela então pegou minha mão esquerda e foi subindo por sua lateral, aproveitei para tocar-lhe com as pontas dos dedos, Blue subiu minha mão até ficar sobre seu ombro. Depois levou sua mão direita até minhas costas, suavemente a deslizando até a metade das minhas costas, até que de repente ela me puxou para mais perto dela de uma só vez, colando nossos corpos no movimento.

A olhei com certa surpresa, ela também me olhava com um sorriso no rosto... Gostei daquilo, tanto da atitude quanto do olhar. Ela pegou minha mão direita pelo pulso, levou para o lado e a subiu até a altura do meu ombro, mais que depressa enlacei nossos dedos de forma romântica.

—Hum... — Ela murmurou sorrindo — Tente não pisar muito no meu pé, ok BB?

—Sim, meu amor — Falei piscando para Blue.

—Ah, você nem gostou que eu te pedi para me chamar de amor, não é mesmo?

—Odiei com todas minhas forças — Disse de forma a evidenciar minha ironia.

—Sei...Vou fingir que acredito nisso, Yellow... — Blue deu uma risadinha gostosa de se ouvir, depois começou a se mover devagar para o lado, senti-me receosa quanto aquilo — Calma, vamos devagar... E só me seguir, não tem erro.

—Tenho minhas dúvidas... — Pisei em seu pé direito, vi ela fechar os olhos com a pisada que lhe dei — Perdão, Blue.

—Tudo bem, amor.

Abri um sorriso ao ouvir ela me chamar de amor, não vou negar, estava levemente corada também. Me sentia uma adolescente apaixonada ao lado daquela mulher, e pelo visto causava o mesmo efeito nela, pois conseguia ver estrelas nos olhos da Blue e suas bochechas estavam tão rosadas quanto as minhas.

Tocava uma música que sabia ser antiga, mas por algum motivo estava na versão instrumental, então não lembrava seu nome. Em dado momento, enquanto ainda dançávamos, Blue chegou ao meu ouvido e novamente começou a sussurrar:

—You're mine.... And we belong together... Yes, we belong together... For eternity!

Enquanto movíamos nossos pés eu percebi que era a música em questão que estava tocando, só que não tinha o vocal para identificar isso...Novamente, afirmo que esta música não é do Elvis, só que mais uma vez achei muito fofo o ato da Blue.

Ficamos nos olhando enquanto dançávamos, seus lábios semiabertos pareciam me chamar de uma forma surreal, exercendo um magnetismo enorme sobre mim. Cheguei meu rosto um pouco para frente e ela também fez o mesmo, e antes de nos beijarmos apenas sussurrei um trecho da mesma música que ainda dançávamos, tentando inclusive imitar o ritmo ao sussurrar:

—You're mine... Your lips belong to me... — Antes que pudesse dizer mais algumas coisas Blue me interrompeu.

Blue colocou a mão em minha nuca e me puxou de encontro a ela, fazendo desaparecer assim a distância entre nossas bocas. Mexemos os pés um pouco mais, porém foi inevitável, não conseguimos orquestrar os dois movimentos ao mesmo tempo. Paramos de dançar e apenas ficamos lá, no meio daquela gente toda, nos beijando de forma tão apaixonada.

Ah, era como se o mundo todo, o tempo e espaço, mais uma vez parassem, apenas para que pudéssemos aproveitar aquele momento... Aquele beijo... Aquela mulher maravilhosa que quero tanto chamar de minha.

Aproveitava aquele momento, guardando em minha mente a textura de seus lábios, o cheiro gostoso de seu perfume, o calor de seu corpo. Quero lembrar pela eternidade a forma lenta e ao mesmo tempo prefeita como nos beijamos agora.

Então o tempo voltou a correr, abrimos nossos olhos e descobrimos que todos os outros casais na pista de dança nos encaravam com a cara amarrada. Imediatamente eu senti o desconforto de Blue com aquela situação, senti sua mão pegar a minha timidamente, de modo a segurar apenas meu pulso. Ela se sentiu intimidada, foi isso mesmo? Sabe, as vezes esqueço que somos duas mulheres e que atos como esses não são tão bem vistos pela sociedade... Mas taquei um foda-se a isto.

Colei meu corpo novamente ao da Blue, a puxando pela cintura, e mais uma vez tornei a beijá-la. Levei minha mão livre até sua nuca, e quando senti firmeza comecei a incliná-la para o lado, fazendo aquele típico beijo cinematográficos. Assim que perdemos o fôlego, voltei para nossa posição original e a soltei.

—Te amo, Blue — Disse olhando em seus olhos.

Assim que disse essas palavras passei meu braço ao redor do seu ombro e me virei em direção à mesa, ela entendeu que eu queria sair dali e me acompanhou sorrindo de forma tão meiga. Percebi que me olhava de um modo tão apaixonado enquanto andávamos.


Notas Finais


Tinha algumas coisas que queria comentar:
O próximo capitulo aparecerá Malachite (finalmente).
Em breve postarei um jornal falando sobre mais Spin-Off dessa fanfic, então fiquem atentos às novidades.
E por último, já leram a nova fanfic Bellow (minha e da Tia Peri)?! Se não, é só continuar lendo que deixarei o link ^~^

Links:
Música do final do capitulo [We Belong Together — Los Lobos]: https://www.youtube.com/watch?v=1w01hsQ8ImI
Nova Fanfic Bellow [Manda Nudes, que mal tem? — Agata_Arco-Iris e tiaperi]: https://www.spiritfanfiction.com/historia/manda-nudes-que-mal-tem-16862150


Glossário do capitulo:
Elmas — Diamante — em Turco.
Keun — Grande — em Coreano
Rotto — Quebrado — em Italiano
Women United By The World — Evento fictício


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