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História Não é o que eu pensava (Bellow) - Lhes dou três meses



Notas do Autor


Então aqui está o capitulo que a sinopse fala e que basicamente vai dar inicio a toda história das duas. Mas sim, vai ter mais briga nesse capitulo... E possivelmente nos próximos também.

Enfim...Bellow nessa fanfic não vai acontecer tão rapidamente, mas garanto que vai valer a pena.

Boa leitura, meus queridíssimos e espero que gostem! @-@

Capítulo 3 - Lhes dou três meses


Estava numa das enormes salas de reunião da Diamonds Corp, estava começando a perder a paciência com aquele povo todo tagarelando ao meu redor. White havia convocado algumas pessoas para um balanço geral da empresa e para isso queria eu, Blue e alguns chefes de setores chave da empresa reunidos. Já era para essa reunião ter começado a meia hora atrás, mas não havia nem sinal da White ou da Blue.

O chefe do setor de Manutenção e Reparos da Frota, Bismuto (acho que é assim que chamam o cara) estava sentado ao meu lado e o cara não parava de falar. Ele era alto, mais alto que eu, devia ter cerca de 1,90 ou mais, era bem forte e tinha dreds coloridos pelo cabelo que lhe caia sobre os ombros, tinha porte de halterofilista. Parecia um hippie e não parava de falar de baboseiras de minerais, forja, metal e coisas que eu não me interessava nada, nem interessaria qualquer pessoa normal.

Eu falei várias vezes que não queria conversar, que deveríamos permanecer em silêncio, mas ele não parava de tagarelar no meu ouvido. Por fim só aceitei meu destino, apoiei meu cotovelo na mesa e meu queixo sobre minha mão, apenas olhava para ele, mal entendia uma palavra do que dizia.

—Sabe, Buda dizia... “Apegar-se à raiva é como agarrar um carvão quente com a intenção de jogá-lo em alguém; é você quem se queima” — Dizia Bismuto orgulhoso.

—Ah é?.... E você é budista por acaso?

—Não, mas o tal de Buda era foda.

—Hum... Que interessante — Quase bocejei de tanto tédio naquela hora.

—Sabe, eu já fui assim como você.

—Assim como? — Perguntei sem um pingo de interesse.

—Um vulcão preste a explodir de tanta raiva. Sabe, eu faço kenjutsu e eu só pensava em lutar, lutar, e lutar, mas me perdia para a raiva quase sempre.

—E o que isso tem a ver comigo? Eu sou tão calma.

— Não precisa mentir assim... — Bismuto apontou para mim — Posso ver em seus olhos, você vive com raiva, só se controla o máximo que pode para não afetar ninguém com isso.

—Hum... — falei de forma indiferente.

Mentalmente estou boquiaberta agora, como ele sabia que eu estou passando por problemas de raiva? Será que outro boato maldoso sobre mim anda correndo nessa empresa?

—Olha, eu acho que posso te ajudar —Ele tirou de sua carteira um cartãozinho colorido — Elas podem te ajudar.

Peguei e li sem muito interesse. Na parte da frente estava escrito bem grande “Off Colors” em várias cores, no verso só havia endereço e telefone, mas não explicava do que era aquele cartão.

—Off Colors, o que é isso? — Perguntei de forma seca.

—Ah, só indo lá para descobrir —Ele piscou para mim— Elas vão te ajudar a relaxar.

—Táh?!...Por que isso soou estranho? Lá é um puteiro?

—Yana Diamond... — Bismuto riu, depois me deu um tapa nas costas tão suave que quase fui parar do outro lado da mesa de reuniões — Você é bem engraçada, sabia disso?

—Isso é novidade para mim — Sorri de forma a conter meu tédio/desgosto.

— Mas não, não é um Puteiro. Off Colors é só um clube naturalista, um espaço onde você pode relaxar e lá eles têm grupo de auxílio para quem tem problema com raiva, como você e eu.

—Eu não tenho problema com raiva.

—Táh... — Disse Bismuto me imitando.

Finalmente Blue apareceu. Ela entrou correndo pela porta, procurou lugar na mesa de forma desesperada, quase não havia lugares a mesa. Entendo que quisesse ficar longe de mim depois de termos brigado, afinal eu gritei com ela no meio daquele tanto de gente durante a festa da Pietra na última sexta. Desde então ambas temos evitado até nos olharmos, quer dizer, eu estou evitando e não perguntei se ele tá fazendo o mesmo, só sei que está dando certo.

Por infelicidade do destino tinham apenas dois lugares vagos a mesa, era um na ponta, que pertencia a White Diamond e um miserável assento bem de frente para mim. Blue ficou olhando de um lado para o outro, que nem uma baratinha tonta, sem saber o que fazer. Logo em seguida White chegou e Blue foi forçada a sentar de frente para mim.

Ela me encarou atônita, puxou folego, depois acenou para mim dizendo “oi”. Eu nem me dei ao trabalho de fingir que a ignorava, pedi para que Bismuto trocasse de lugar comigo, evitando assim olhar para aquela loira platinada.

White falou incessantemente sobre números e eu me forcei ao máximo a entender tudo, mas acabava me perdendo uma hora ou outra. Aparentemente tivemos uma queda de produtividade em alguns setores no último trimestre, o que não me surpreende muito, já tinha comentado com tia Blanca que Blue não anda fazendo seu trabalho como devia.

Parecia que tudo estava indo bem, White estava liberando todos quando de repente pediu para que Blue e eu ficássemos na sala. Assim que todos saíram minha tia fechou a porta e logo em seguida exigiu que nos sentássemos nas cadeiras perto da dela, me fazendo assim ficar de frente para Blue.

—Yana, há cinco anos atrás você conseguia trabalhar sozinha? — Perguntou tia Blanca.

—Não, porque eu tinha meu irmão ao meu lado —Respondi de forma seca.

—Pois bem...Blue, como está sendo trabalhar sozinha? — Blue ficou em silencio —Blue, me responda por favor.

—Ah...vai começar a palhaçada — Resmunguei em voz baixa.

—Yana, o que você disse? — Perguntou White de forma grossa.

—Olha tia, eu amo a senhora, mas sei aonde você quer chegar com essa conversa idiota. Você quer que eu trabalhe com essa...Essa... — Me levantei — Manipuladora! E isso eu não vou aceitar.

Blue começou a chorar, como já era de se esperar, claro.

—Yana, sente-se por favor — Pediu minha tia com certo carinho na voz — Não entendo por que esse drama, foi só uma festa surpresa que Blue planejou com todo carinho para você fazer parte dela.

—Não, isso foi o de menos. Ela não trabalha direito, só chora, esquece as meninas na escola com frequência... — Me levantei novamente, ficando de pé do meu lado da mesa — Simplesmente não aguento essa mulher, e não sei como meu irmão foi casado com ela por tanto tempo.

—Já acabou de falar? — Perguntou Blue secando suas lágrimas.

—Meninas, parem! —Tia Blanca tentou nos parar, mas em vão.

—Sabe, pior que não... —A encarei.

—Foda-se — Disse ela se levantando — Olha, você é a mais fria e desumana mulher que eu já conheci, não trata bem ninguém nessa empresa, depois vem me dizer que “uma líder tem que ser firme”...Ah, para de mentir para si mesma, você é grossa, não uma boa líder.

—Meninas, parem! —Novamente tia Blanca tentou nos parar, mas também em vão.

—Bom, pelo menos... — Tentei falar, mas Blue me interrompeu.

—Não acabei de falar, girafa! — Blue bateu a mão na mesa — Para de me culpar por seus problemas, eu não sou a fonte da sua desgraça. Você não precisaria fingir ser uma boa líder se parasse de pegar as estagiárias, não acha?

—Agora você foi longe demais... — Disse fingindo indiferença — Olha, com quem eu durmo, ou com quem eu me relaciono de qualquer, definitivamente não é da sua conta... — Aquela desgraçada me interrompeu novamente.

—É da minha conta sim se você manchar a imagem da empresa! — Blue começou a chorar novamente — Caralho, não é só minha postura que é “errada” aqui dentro da empresa.

—CHEEGAAAA!!!! — Gritou White Diamond e bateu a mão com força na mesa — Parem com essa palhaçada, não aguento mais ver vocês duas brigando. Mandei todos embora para que pudesse conversar a sós com vocês duas e mesmo assim não desconfiam.

—Desculpa tia Blanca —Disse de imediato.

—É, nos perdoe White — Disse Blue.

—Olha, eu sei que vocês têm suas diferenças, mas gostaria que deixassem isso de lado, pelo menos dentro do ambiente de trabalho — White Pegou um copo d’água e deu um belo gole — Já faz um pouco mais de um ano que se mudou para cá Blue, esperava mais de você, sinceramente.

Abri um sorriso infantil, daqueles que só abria quando meu irmão levava bronca pelos erros dele.

—Eu sei, mas é difícil para mim —Blue abaixou a cabeça —Juro que estou tentando, mas... Bem, minha psicóloga disse que estou tendo uma melhora.

—Haha..Sabia que você era doida —Disse em tom de deboche.

—Eu não sou doid.. —Blue queria responder, mas foi cortada.

—Se começarem a brigar novamente, eu juro que saio da sala e deixo as duas criancinhas brigarem pelos doces —White falou de forma tão seca que até eu me assustei — Yana, minha preciosa, eu também esperava mais de você. Você não está sendo nem um pouco profissional, trabalhava em conjunto com Zaffre e agora que ele se foi, não está sabendo trabalhar com mais ninguém.

—Discordo — Disse cruzando meus braços — Tenho trabalhado mais que todos nessa empresa, quando a senhora quase teve o infarto, quem te cobriu aqui na empresa fui eu. Sem contar que, além disso eu fiz muito do serviço que era pertinente a Blue nos últimos meses, você não pode falar que estou sendo antiprofissional, dou meu sangue e suor por essa empresa e você sabe disso.

—Sim... Concordo que trabalha muito bem...Mas você trabalha muito bem “sozinha”, não é isso que quero.

—Mas por que não deixa assim? — Perguntei — Não preciso de ninguém discordando de mim, ou falando na minha cabeça.

—Porque... —Ela se levantou e disse apontando para nós — Vocês meninas, são meu braço esquerdo e direito dentro dessa empresa. E quer saber, Yana você me lembrou de algo muito importante, eu quase tive um infarto a pouco mais de três meses, não quero passar por isso novamente.

—Sim, seria terrível te ver mal outra vez —Disse Blue, parecia bem sincera.

—Realmente — Disse sem graça — Desculpa discutir perto da senhora, esqueci que não pode fazer isso, se exaltar desse jeito.

—Que bom, porque sabemos que discussão não leva a nada, não é meninas? — Assentimos com a cabeça — Mas sei que não vão parar de brigar se eu não tomar uma atitude, vocês me provaram isso hoje.

—O que está tentando dizer, tia? — Perguntei de forma seca.

— É, Blanca o que quer dizer com “tomar uma atitude”?

—Isso me dói o coração...Mas lá vai... — White puxou o ar e mudou suas feições para uma bem séria, aliás, nunca a vi tão séria assim antes — Vocês têm três meses para aprender a trabalharem juntas, como uma verdadeira equipe. Quero isso, se não eu vou ser forçada a pedir o afastamento de vocês duas de seus cargos aqui na Diamonds Corp.

—O que?! — gritamons em uníssono naquele susto.

—Que tipo de punição é esse? — Disse indignada.

—Somos todos sócios, não empregados, não pode fazer isso — Disse Blue também indignada.

—Na verdade...Posso sim — White apontou para mim — Como sócia majoritária da Diamonds Corp eu posso pedir afastamento de outros sócios caso o mesmo apresente queda prolongada na produtividade, ou problemas sérios de saúde que interfiram o mesmo a desempenhar suas funções adequadamente.

—Táh, a chorona ali se encaixa nos dois quesitos, é preguiçosa e doida — Ela me encarou — Mas e eu, o que me faz inapta ao meu cargo?

—Yana, eu fui no departamento médico da Diamonds Corp e pedi seu último laudo psicológico, e devido aos seus problemas de controle da raiva eu posso sim pedir um afastamento preventivo seu, por conta de seu estado.

—Isso não é algo sério que me impeça de trabalhar normalmente, seu argumento é inutil.

—Será? — White me indagou — Vejamos bem, você quebrou várias coisas de seu escritório durante esses acessos de raiva. Sei que eram todos de sua posse, nada tinha relação direta com a empresa, mas diga me... O que me garante que não quebraria algum patrimônio da Diamonds Corp?

—Não acredito que está me fazendo passar por isso, sério, não acredito — Peguei minhas coisas e estava me preparando para sair.

—Olha, sei que está me odiando agora — ela se pôs na minha frente — Mas estou fazendo isso pelo seu bem, pelo bem da Blue e pelo bem da empresa. Conheço vocês duas como a palma da minha mão e não concordo em nada com o que dizem uma da outra, ambas criaram visões distorcidas uma da outra.

—Ok tia, não vou discutir com a senhora — Disse de forma seca — Eu aceito sua escolha, só não concordo com ela.

—Ótimo, é tudo que preciso — Falou White de forma igualmente seca.

—Tenham um bom dia — Falei para as duas.

Saí da sala e fiz questão de não bater a porta de vidro, mas estava bufando de raiva por dentro, e por fora parecia apenas uma pessoa seca. Apertei o botão do elevador, estava até tremula, entrei, me escorei num canto e fui deslizando até cair sentada.

Nenhuma das duas entrou no elevador ao meu lado, graças as estrelas, porque caso contrário eu teria brigado com alguém. Era 11:40, estava na hora do almoço então nem me preocupei em avisar Pearl que iria sair, ela deveria estar comendo já. Fui até o estacionamento e peguei meu carro, por sorte minha moto estava na oficina, o que me obrigou a vir de carro.

Entrei dentro do carro tirei meu blazer amarelo, desabotoei alguns botões da minha camisa e me reclinei no banco do motorista. Apenas fiquei lá por um tempo, parada, querendo gritar, mas na realidade não fazendo absolutamente nada.

Acho que tentava buscar soluções ao invés de pensar no problema, era realmente boa para fazer isso. Mas fui tirada de meus pensamentos por um “toc toc”, alguém estava batendo na janela do carona. Pelo vidro fumê pude ver que era ela, aquela coisa de azul. Voltei aos meus pensamentos e fingi não a ver.

—Eu sei que está aí dentro Yana, eu consigo ver seu vulto pelo vidro — Disse Blue, mas não respondi —Aliás, eu nem sabia que tinha carro próprio, só te vejo com os da empresa.

Revirei os olhos, peguei uma garrafa d’água sobre o porta copos e não fiz absolutamente nada sobre a senhorita Des Sables, mas ela insistia em ficar batendo no vidro do meu Audi A8. Na boa, essa mulher não tem uma coisa chamada DESCONFIÔMETRO.

—Eu não vou parar de bater no vidro até você descer o vidro.

Acabei me cansando daquilo e cedi ao pedido da Blue.

—O que quer?! — Falei já possessa — Não tá vendo que quero ficar sozinha?

—Eu não tinha ninguém para conversar, então eu pensei que... — A interrompi.

—Quê?! — Falei realmente sem entender — Quantos parafusos faltam na sua cabeça? Não é óbvio que eu vim para cá para ficar sozinha? Não quero conversar com ninguém, muito menos com você.

—Eu sei, é isso que eu estou tentando dizer. Quando morava em Toronto eu tinha minha Safira, a minha conselheira pra conversar...Mas aqui em Empire City, eu não tenho ninguém e... Bem, você estava na sala, acho válido conversarmos sobre o assunto, não acha?

—Éh...Você é surda, só pode — Falei tomando mais um gole de água.

—Depois que você saiu da sala a Blanca continuou conversando comigo e... Tudo que ela disse é verdade — Lágrimas começaram a rolar sob sua face — Você pode não gostar de mim... — A interrompi.

—Nunca neguei isso —Falei rindo.

—Sei disso, você deixou bem claro na sala de reuniões. Mas nossa inimizade não pode atrapalhar nossa vida profissional.

—Táh... — Disse me deitando no banco do motorista.

— “Táh” é tudo que tem a dizer? — Blue perguntou me encarando.

—E o que quer eu diga?

—Me deixa entrar, vai...

Abri a porta já receosa, depois a vi entrar e me encarar de forma estranha.

—O que foi agora? — Perguntei.

—Nada, mas é que seu carro é verde musgo metálico... Quase preto.

—E o que isso tem a ver?

—Nada, só achava que seria amarelo, como a moto.

—Minha Kawazaki é cor de cobre, não amarelo.

—Tanto faz... Mas como estava dizendo. eu acho que White Diamond está certa. Talvez devêssemos nos conhecer melhor, sei lá, você não deve ser tão ruim quanto aparenta ser.

—Não — Ri em deboche — Sou pior, eu devoro criancinhas no café da manhã.

—Para de brincadeira, a coisa é séria, nossos empregos dependem disso.

—Blue, minha tia pode até estar certa, mas eu não vou gostar mais de você ou menos por conta das palavras dela. Eu prefiro pensar noutra solução.

—O que planeja fazer?

—Olha, sejamos sinceras... Desde que você se casou com Zaffre nunca fomos o tipo de cunhadas que conversam, ou se dão bem. E o ambiente profissional só mostrou que não vamos nos dar bem mesmo, então estou pensando noutra alternativa que não envolva sua ajuda.

—Isso não vai funcionar, ela disse explicitamente que nos quer trabalhando juntas.

—Eu ouvi...Mas não estou interessada em fazer exercícios de confianças idiotas, onde eu me jogo para trás e você me deixa cair no chão.

—E o que pretende fazer então?

—Por hora, ir almoçar — Puxei o ar — Então, por favor, vou ter que pedir educadamente que...SAIA JÁ DO MEU CARRO!!

Ela saiu e eu arranquei com o carro, queria sair o mais rápido possível daquele lugar.

 

_____**_____

 

Aff, que semana mais estressante, mal consegui trabalhar esses dias depois daquela bomba que White havia me jogado. Me tranquei em minha sala naquele dia, dei ordem expressas para Pearl que não queria receber ninguém em minha sala, muito menos aquela sem noção da Blue. O resto da semana fui quase que só empurrando com a barriga mesmo, porque não tinha interesse em fazer muito mais que o necessário também.

Na sexta eu precisava acalmar minha mente depois de tudo, resolvi ir ao bar assim que saí do trabalho, nem voltei para casa para tomar um banho decente.

 Havia um cara cantando e tocando violão ao fundo do bar, não me atentei ao estilo da música, apenas me preocupava com o copo de whisky ainda cheio a minha frente. Não estava no meio da semana, mas haviam poucas pessoas no bar, o que é maravilhoso, porque significava o mesmo que menos caras dando em cima de mim.

Entre um gole e outro eu pensava no que fazer, não sabia ao certo como agir. Porém, apesar da incerteza, sabia que a primeira coisa a fazer era falar com o clinico geral da empresa, precisava saber como eu conseguia mudar meu laudo psicológico. Aliás, droga de política da Diamonds Corp, temos que fazer esse “check up” semestralmente, sempre achei isso uma besteira, até porque se fosse útil, eu irmão teria descoberto a doença bem antes. Mas deixando isso de lado, o que importa é que descobri a função daquela besteira, era só mais um jeito de White me monitorar.

Meu celular vibrou em meu paletó, era Pietra, para ser sincera eu não queria atender, mas se não fizesse isso ela iria me encher de ligações até que a atendesse. Aceitei a ligação e falei sem muito ânimo.

[Y.D]: Fala, minha joia.

[P.D.]: Madrinha?

[Y.D]: Sim Pietra, sou eu. O que você quer?

[P.D.]: Ah...É que...Lembra que você prometeu me levar para pintar o cabelo?

[Y.D]: Sim, eu lembro. Ainda vou fazer isso, deixa só aparecer um tempo na minha agenda que eu te levo no cabeleireiro.

[P.D.]: Então...É que amanhã é sábado, não vou ter aula.... bem, eu pedi para ir ao escritório com a mamãe...Mas ela tá muito ocupada amanhã, posso pedir para passar um jeito com você e quando sobrar um tempo você me leva para pintar o cabelo?

[Y.D]: Que?!

[P.D.]: É que, mamãe quer que eu já me acostume com o ambiente da Diamonds Corp, para não estranhar com... Ai, como foi que ela disse mesmo... Ah lembrei, o tal do Código de Conduta e Ética da empresa. 

Fiquei muda, não acredito que ela indiretamente está envolvendo a Pietra no NOSSO problema, e quando digo nosso se resume a somente Blue, minha tia e eu. Aff, não estou conseguindo engolir que ela tenha armado para mim, dizendo aquele discurso bobo, que me fez lembrar a frase “se abracem e façam as pazes” que sempre diziam na escolinha quando brigava com um coleguinha.

[P.D.]: Ah...Madrinha?! Você ainda está aí?

[Y.D]: Sim, minha joia, estou aqui.

[P.D.]: Então, o que me diz? Posso passar o dia com você amanhã?

[Y.D]: Não adianta te dizer que não Pietra. Sei que se fizer isso ainda vou te encontrar na minha porta amanhã cedo.

[P.D.]: Isso mesmo...hahahaha... Você me conhece tão bem madrinha, te amo.

[Y.D]: Táh, vou fingir que NÃO está dizendo isso só porque está sendo interesseira...Ah, que seja Pietra, te levo para pintar seu cabelo amanhã.

[P.D.]: Uhuuuu — Ela abafou a ligação, mas deu para ouvir seu berro mesmo assim — Mamãe, vou passar o dia com a madrinha, amanhã, tudo bem?

A ligação caiu logo depois disso, ri muito do acontecido, achava minha afilhada muito mimada, mas ao mesmo tempo admirava a iniciativa dela. Virei o copo, bebendo tudo que restava e pedi outra dose ao bartender.

Fui atendida muito prontamente por um rapaz, quando peguei meu whisky voltei ao que estava fazendo antes da Pietra me ligar, pensar numa solução para meu problema na empresa. Estava tão compenetrada em meus pensamentos, uns caras tentaram chamar minha atenção, mas foi em vão, nem dei bola. Porém, após algumas tentativas aleatórias de chamar minha atenção, alguém finalmente conseguiu.

Fui tirada de meus pensamentos quando uma mão parou sobre meu ombro, havia uma morena sentada ao meu lado. Olhei disfarçadamente e constatei conhecer aquela mulher, meus olhos reviram em desgosto.

—Para de me seguir, sério, já tá ficando feio para você fazer isso — Disse fingindo indiferença.

—Não estou te seguindo Yana — Respondeu a mulher — Apenas gosto desse bar.

—Alexandrite, para de mentir — Falei virando a cara, estava brava, não queria olhar para aquela mulher — Você nunca viria nessa porcaria de um bar, não faz seu tipo, não acha? Além do mais, você sabe muito bem que o Palanquim Amarelo é meu bar favorito.

—Sim... Mas é que — Alexandrite tentava falar — É que...

—É O QUE?? — Gritei, me levantando.

—Espera! — Ela me segurou pelo braço — Eu preciso te dizer uma coisa, se quiser... Depois disso eu juro que te deixo em paz.

—Está bem... Te dou 1 minutos para vomitar todo seu veneno, e RESUMA sua história melosa em 14 palavras no MÁXIMO!

—Ok, não vou demorar.

Ela pegou minha gravata e me puxou para baixo, acho que estava sem reflexo devido o whisky, porque mal pude me defender dela. Quando vi seus lábios quase grudados aos meus, senti uma repulsa enorme. Como reflexo involuntário a parei colocando minha mão na sua frente, fazendo ela não me encostar com aquela boca maldita.

Alexandrite, era uma estagiária da Diamonds Corp, e logo de cara já deixo claro que ela não é nenhuma garotinha inocente “de menor”, ou algo do tipo. Alexandrite tem 24 anos e terminou sua faculdade no último semestre, se não me engano. A contratamos em um programa de inclusão social e meio que ela me fascinou, não só com seu trabalho árduo, mas por suas curvas e aquela vozinha fina. Enfim, ela tinha tudo que mais me fascina numa mulher, tinha um corpo lindo, uma mente maravilhosa, era de poucas palavras, e muita ação. 

E pelo que já deu para perceber, tivemos um caso, o que não é algo nada recomendável a se fazer num ambiente de trabalho. Mas no fundo, nunca foi nada mais do que um simples caso, pelo menos para mim nunca foi mais do que isso, deixei bem claro para ela desde a primeira vez que nos encontramos fora do escritório que:

“Se você está fazendo isso para crescer dentro da empresa, estava perdendo seu tempo. Não terá nenhum tipo de benefício dormindo comigo”. Disse com essas palavras inclusive.

Não quero entrar em detalhes sobre essa história, mas acabou mal... Para mim, no caso. Pois ela me difamou na empresa, disse coisas horriveis e falsas sobre mim, e eu não tive nem como me defender. Fiquei com fama de “A Papa Anjo Sapatão” e minha moral profissional diminuiu significativamente.

—Está louca? —Disse a empurrando para o lado — Nunca mais encoste em mim, tenho nojo de você.

—Yana, meu amor, por favor me escu... — A interrompi.

—Não, escuta você! O que VOCÊ fez é foi imperdoável, mas não se preocupe, eu nunca contei para ninguém seu segredinho.

—Olha, eu tenho plena consciência de que fiz errado, eu tava zangada e você também. Por favor, me perdoa — Ela me olhou — Eu te amo!

—Hum... Táh, está perdoada...Agora sai da minha vida.

Me levantei e tentei não olhar para a cara dela, meu coração doeu naquele momento e minha cabeça girava ao ritmo daquela porcaria de música. Saí o mais rápido que podia daquele bar. 



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