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História Não entre - Dramione - Estado caótico


Escrita por: ReidGray

Capítulo 30 - Estado caótico


Fanfic / Fanfiction Não entre - Dramione - Estado caótico

A humildade exprime uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém.


Paulo Freire 



Olhar.


Hermione acreditava que nunca tinha parado para realmente se olhar, realmente se enxergar como era, com todos os seus defeitos, todas suas qualidades, com seus medos, suas fraquezas, suas motivações, seus sonhos, seus desejos, seus limites, como um ser com deveres e direitos, com valores, uma mulher que merecia alcançar todo o sucesso, lutar por cada momento de sua vida e chorar por cada perda que tivesse. 


Metade de sua vida não se enxergou como deveria, não viu que estava forçando seus próprios limites e impondo a si mesma situações humilhantes e constrangedoras. Quando deixou que outra pessoa crescesse em cima de si, que usasse o poder psicológico e físico de uma maneira brutal contra sua pessoa. 


Não lutou quando percebeu que estava se perdendo, antes de cair em uma teia ardilosa que lhe prendesse e sugasse suas forças até vê-la asfixiar no próprio desespero.


Observar, olhar, enxergar aquilo dessa vez era terrível, sufocante e decepcionante. Talvez, por isso não sabia se deveria passar batom, pentear o cabelo e usar um vestido preto e usar saltos. Como poderia se arrumar quando estava caminhando para encará-lo? Contudo, nas palavras de Narcisa aparecer humilhada seria uma vitória para Ronald, aparecer com a imagem abalada seria a vitória dele.


Ele nunca poderia vencer.


A luta não era contra a sociedade ou o que a mídia iria expor, a luta era contra o poder que ele usou durante anos contra si, a luta era acabar com a sensação de que Ronald sempre iria vencer a guerra. Ele tinha que ver e encarar que a mulher ofuscada não existia mais e que naquele momento iria encará-lo de frente e lutar por sua libertação.


Por isso passou seu batom rosa, soltou os cabelos, usou saltos altos e colocou um vestido que ele nunca iria gostar, estava vestindo-se da maneira que ele repudiaria, a maneira que ele impediu que se arrumar-se, a maneira que sempre lhe fazia bem mas ele a impedia. 


 A sua maneira de ser vestir.


Ali estava sua primeira batalha vencida, Hermione não iria aparecer da forma que ele sempre lhe viu, iria mostrar que as amarras que sentia lhe sufocando estava quebradas e não tinha chance de serem reativadas. Tentou sorrir, tentou mostrar que estava bem - ignorando as batidas agitadas de seu coração - tentou agir de uma maneira que mostrasse que não tinha medo dele - mesmo achando que iria desmoronar na primeira oportunidade que o visse -, mesmo assim não deixou que essas marcas fosse enxergadas por ninguém.


Viajar de volta para a casa que Draco lhe mantinha sabendo que iria confrontar o homem que um dia amou foi temeroso e quase destruiu qualquer momento de alívio e esperança que conseguiu juntar naqueles meses. Contudo, Pansy lhe impediu de cair naquele martírio novamente sabendo e avisando que estava na hora de mostrar que não iria perder.


A pior perda seria deixá-lo ganhar.


Por isso, conseguiu se controlar, aguentar a viagem e se arrumar, aguentou sair de casa, aguentou adentrar no carro e seguir para o tribunal. Era a primeira audiência, a primeira vez que iria dizer em voz alta para outras pessoas o inferno que viveu, que estava cansada de viver com medo dele. 


A primeira vez que deixaria pessoas desconhecidas enxergasse o buraco profundo em sua alma.


— Não olhe para as câmaras. — a voz de Blásio lhe tirou dos seus pensamentos, não tinha percebido quando tinha saído e chegado no tribunal. Porém, a multidão de pessoas do lado de fora do carro prontas para lhe metralhar com perguntas não deixou que respirasse mais calma. Sendo assim, encarou o seu advogado que estava do seu lado, ele parecia outro "Blásio", sério e calmo. — Olhe para o chão, eu irei tocar seu ombro, então não se preocupe, apenas siga reto que irei lhe guiar, não se preocupe, tudo vai dar certo. Okay?


Hermione assentiu, não poderia negar que estava nervosa, tão nervosa que deixava suas pernas bambas, seu coração agitado de uma maneira que provavelmente poderia infartar devido o pânico que lhe atingia. Sabia que era um complô de situações que remetiam contra sua mente naquele momento, Ronald, a mídia, a sociedade, a família dele, sua família e a si mesma.


— Vamos lá.


Blásio saiu primeiro e ela prendeu a respiração, a porta foi aberta e ela sentiu-se como se fosse explodir sem ar, ela saiu do carro e seu mundo estagnou, ela com as pernas tremendo seguiu em frente de cabeça abaixada, tentando impedir que aquelas perguntas aleatórias chegassem até a si, ignorando a mão em seu ombro e o caminho longo e penoso que estava fazendo.


" Senhora Weasley é verdade que seu marido lhe batia?"


" Perdeu o seu filho por sua culpa?"


" A senhora tinha um amante?"


" Agrediu uma mulher grávida?"


" Verdade que só desejava o dinheiro dele?"


" A senhora matou o seu próprio filho?" 


Sim. Não. Não. Sim. Não. NÃO.


Apenas o fato de Luna era verdade e o fato que ele lhe batia e o resto era tudo mentira, sentia vontade de gritar isso para todos e dizer como Ronald era um manipulador e cretino, que ele foi culpado por toda desgraça que aconteceu em sua vida e que queria vê-lo apodrecer na cadeia o resto da insignificante existência dele.


Eventualmente, não disse nada, manteve-se de cabeça abaixada e quando ficou longe daqueles seres humanos carnívoros por informações conseguiu respirar, levantou a cabeça quando se encontrou dentro do prédio, porém, foi outro choque, os olhares ali dentro eram piores, eram cheio de dúvidas, penas e acima de tudo curiosidades.


Todos queriam saber o desenrolar daquela história.


O caso do ano um casal poderoso e rico, um homem com poder e uma mulher que seria corajosa o suficiente para enfrentá-lo, lado opostos de uma situação que abalou a sociedade onde vivem e que não cansariam até algo ser dito e resolvido.


Quem estava dizendo a verdade? O poderoso Ronald ou a pobre mulher interesseira.


Daria uma ótima manchete de jornais, isso fez Hermione querer rir ao imaginar aquela bela frase sendo repetida de maneira insana por todas aquelas pessoas, porém, Blásio lhe ajudou ao guiá-la para longe daquele burburinho, relaxou ao passar por um corredor e ser colocada em uma sala. 


Finalmente conseguiu relaxar, por tempo determinado. 


— Como se sente? 


Olhou para Blásio quando suspirou, sentou-se numa cadeira, a sala estava vazia, não tinha janelas abertas, e nada que lhe desse a visão do lado de fora, assim como nada do lado de dentro. 


— Um pouco cansada.


— Compreendo. — ele disse. — Não se preocupe, deixarei você sozinha, okay? Vou resolver algumas coisas e logo venho te buscar, tudo bem?


— Tá bom.


Não poderia fazer muita coisa a não ser concordar, observou Blásio sair e trancar a porta, quando se viu sozinha diversos cenários começou a passar por sua mente, tentou imaginar como seria o final de tudo aquilo e o pior de todos foi imaginar sendo morta por aquelas mãos. 


Ela sentia medo dele.


Hermione poderia dizer para todos que estava bem, ela poderia realmente está, ela poderia superar, poderia amar novamente, poderia casar e ter filhos. Ela sabia que poderia fazer qualquer coisa, mas nada iria justificar o fato de que ela sempre iria temê-lo.


Ronald era o seu pior pesadelo.


Tentou se acalmar, tentou ficar aliviada, mas estava difícil se sentir forte, se sentir tranquila quando imaginava que iria encarar aqueles olhos e vocalizar tudo o que ele já lhe causou e esperar que ele nada fizesse, Hermione tinha medo, tanto medo que quase lhe fez sair correndo por aquela porta. Então, quando baterem nela lhe fez pular de susto, estava esperando por todos os tipos de agressões verbais e não verbais, um simples som fez seu coração acelerar.


Percebeu que não estava pronta para encará-lo, talvez, nunca estivesse.


Contudo, não poderia se deixar vencer, ela tinha que continuar, tinha que respirar fundo e erguer a cabeça, o buraco só iria ser tampado se ela fizesse o que era mais difícil, lutar. Decidindo não se esconder sob um véu do medo, levantou-se, seguindo andando até a porta e abriu. 


Desejou nunca ter feito isso.


— Olá Hermione.


Aquele sorriso lhe paralisou, aqueles olhos azuis tão cruéis lhe fez visitar diversas lembranças pavorosas, aquele rosto, aquele perfume, aquela voz estava lhe dando uma sensação de falta de ar. Ela deu alguns passos para trás, tremendo, estava visível o seu medo, estava estampado no seu corpo a forma como aquele homem poderia lhe afetar.


Ronald sabia o poder que ainda tinha sobre si.


— Hum…— ele lhe analisou, passando seus olhos sobre seu corpo, avaliando, julgando. — Eu sempre disse que não fica bem dessa forma querida, por que ainda me desobedece? Não sabe que ainda é minha esposa, então me pertence? Eu mando em você.


 — Não. — ela negou. — Você não manda em mim.


Ele não mandava, ele não era o seu dono.


— O quê? Se tornou rebelde? — questionou ele, dando alguns passos para perto dela, prendendo Hermione contra a mesa, não se importava nem se a porta estava aberta. Os olhos azuis ficaram conectados aos seus, os músculos dele pareciam uma muralha contra si. — Hum, precisa ser castigada. — ele levantou a mão, ela fechou os olhos esperando pela dor, porém, pulou de susto quando sentiu um toque em seu rosto lhe fazendo abrir os olhos rapidamente. — Querida, não diga mentiras, ninguém vai acreditar em você, sabe que é culpada pela morte do nosso filho, sabe que foi sua culpa por toda vida que a gente teve, não era uma boa esposa, não sabe cozinhar, não sabe limpar, não sabe se comportar em público, não sabe me dar prazer, queria o que mais querida? Que eu lhe amasse… — ele suspirou contra si aquele hálito quente e regado a vinho. Então, riu. — Se dizer qualquer coisa contra mim… — a voz dele abaixou. — Eu te mato!


As lágrimas chegaram aos olhos castanhos dela quando percebeu o tom sério na voz dele, a ameaça explícita que estava recebendo. Isso lhe deu vontade de gritar e sair correndo, o medo lhe impediu de reagir, às amarras queriam voltar, queriam lhe prender novamente, elas estavam lhe sufocando, lhe sugando novamente para baixo antes que conseguissem se estabilizar no seu inconsciente Ronald foi pegado pelo pescoço e jogado contra a parede.


— Você teve a audácia de vir confrontá-la? — Blásio perguntou, prendendo aquele homem contra a parede, poderia quebrar a janela da sala, mas nada pareceu lhe impedir.


Ronald riu.


— Só estava tendo uma conversa com a minha esposa. — Ronald riu, então o viu levantar a mão para batê-lo. — O quê? Vai me bater? Vai me deixar roxo antes de entrar no tribunal?


 — Não sou tão idiota. — socou a barriga de Ronald fazendo-o se contorcer para frente. — Eu vou pedir um processo de restrição para você, não quero você perto da minha cliente. 


Ronald riu.


— Quer comê-la também? Oh, ela não vale muita coisa. — gemeu ele ao sentir um chute no seu estômago novamente. Os olhos dele foram até Hermione lhe jogando uma ameaça explícita.


— Cale a boca. — Blásio foi até Hermione, ela chorava de uma maneira que não percebia. — Venha Hermione, vamos sair daqui.


Blásio saiu com ela da sala, via como ela tremia, chorava, ela mal conseguia andar, mexendo a cabeça de diversas maneiras, algumas pessoas passaram por ela e notaram o seu estado caótico. Como amigo, ser humano e advogado Blásio se preocupou, ela não estava bem e o que Ronald tivesse falado foi devastador para a mente destruída de Hermione, sentiu que não iria alcançá-la naquele momento, pegou o seu celular pedindo socorro para a única pessoa que poderia tentar acalmá-la naquele momento, a única pessoa que já a viu naquele estado.


— Draco, eu preciso de você aqui dentro. — disse ao telefone. — Ronald apareceu e encontrou Hermione.


Hermione não estava bem e Blásio temia que ela nunca pudesse ficar, mas compreendia que Ronald não venceria, ela sim, Hermione era guerreira no final e o fato de tê-la ao seu lado só comprovaria isso, ela não chegou até aqui para perder assim.


Ronald venceu muitas batalhas, mas não a guerra.



Notas Finais


Olá pessoal! Como estão?

Então, o que eu posso dizer desse capítulo? Foi um choque para ela, tadinha, foi um primeiro reencontro doloroso. Mas não se desesperem ela vai se erguer, é a nossa HERMIONE.

Ronald sua vez está próxima.

Não tem muito o que falar, o que acharam?

Logo responderei os capítulos, beijos.

Até mais.


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