História Não entre - Dramione - Página virada

Sete meses depois 

O que leva uma pessoa ao matrimônio? 

Amor, cumplicidade, segurança, medo de ficar sozinho pelo resto da vida? 

Hermione acreditou por muito tempo que o amor era suficiente para se casar. Contudo, ela percebeu que o casamento vai muito além de simplesmente amar, é um acordo entre duas pessoas de unir suas vidas, talvez, construir uma família e se dedicar ao parceiro em prol de um futuro bom e tranquilo. Muitas das vezes o casamento acaba quando o casal não suporta turbulências, não consegue passar por cima dos obstáculos, um lado sempre se cansa primeiro que o outro, um desiste primeiro que o outro. Mas deveria ser assim? No exato momento que o namoro começa, é de efeito automático o desejo de construir algo com aquela pessoa. Por que o casamento seria diferente? Por que as pessoas desistem tão rápido? 

Por muito tempo acreditou que o casamento deveria suportar tudo e qualquer coisa, mas não era assim que funcionava, não para tudo. Havia situações que ninguém aguentaria viver, principalmente, quando aquela união se torna uma prisão, quando os sentimentos são de sufoco, desconfiança, insegurança, dúvida, até medo. Todos os sentimentos bons se tornaram exatamente o que levaria um dos lados a se divorciar. 

Apostaria que se conversasse com alguém sobre tudo o que sofreu e falasse que estava se arrumando para o seu casamento, iriam dizer que estava louca. Iriam lhe perguntar como teria coragem de entrar numa igreja novamente e fazer os mesmos votos, iriam lhe questionar se não tinha medo. Por que deveria ser normal ela sentir medo novamente, certo? Hermione sabia que seria o indicado, mas ela não tinha, pois entendeu que o casamento não é uma prisão, ela não estava sendo presa novamente. Apenas estava começando novamente, agora com uma família. Diferente do seu antigo casamento, ela havia conhecido muito bem quem iria lhe chamar de esposa, diferente da sua antiga escolha, ela conviveu durante quatro anos com aquele rapaz - estava perto dos seus trinta anos - algo que era muito além para namorados. Afinal, é dentro de uma casa que você conhece o outro lado da pessoa, porém, ela já morava com ele. Praticamente, poderia se considerar casada, estava levando um barriga de sete meses e estava há poucos minutos de entrar na igreja e dizer sim, então por qual motivo desistiria? 

— Como você está? — olhou para o seu reflexo no espelho, observando como a maquiagem que Gina havia feito em sua face apenas destacou seus olhos. Ela se lembrava quando foi da primeira vez, foi parecido com aquele cenário, Gina foi sua maquiadora, sua mãe estava com os olhos com lágrimas contidas e com um sorriso no rosto apenas sibilando como estava linda. Mesmo sendo tudo parecido, ela sabia que não era. 

— Eu estou bem. — respondeu sorridente. Olhou para Gina que diferente da outra vez apenas retribuiu e não disse mais nada, apenas sabia que ela estava feliz e disposta a ir até o final. Incrivelmente, Gina não era uma pessoa devota a família, ela não era daquelas irmãs que lutariam até o fim pelos seus parentes, ela não era aquela mulher que viraria as costas para sua melhor amiga se ela estivesse certa. Gina era o exemplo de pessoa que lutava e defendia quem estava certa, independente se fosse da sua família ou não. 

— Fico feliz, querida. — sua mãe respondeu. — Venha aqui. — Hermione levantou e ficou de frente com sua mãe, ela tentava conter a emoção que estava visível em seus olhos e em sua expressão. — Você está tão linda. 

— Obrigada, mamãe. 

— Não vou chorar. — ela suspirou fazendo as duas mulheres rirem. — Está pronta? 

— Sim! — ela estava mais do que pronta, alisou sua barriga e sorriu. Olhou para sua mãe e sentiu seu coração preencher de ternura, ainda não acreditou que teve uma época que o medo de confiar em seus pais falou mais alto, que teve medo que eles lhe xingasse, ignorasse e fingisse que nada acontecia com sua filha. Aprendeu que se não pudesse contar com seus pais quando precisasse, significaria que algo estava errado e que talvez devesse reavaliar seus laços familiares. Contudo, ela havia dado sorte em poder dizer que tinha ótimos pais. 

— Certo, vou chamar seu pai. — sua mãe saiu do quarto onde dormia. Olhando no relógio na parede apenas constou que ela não estava atrasada e nem se atrasaria. 

— Você está nervosa? — Gina perguntou atraindo sua atenção. 

— Não, eu só estou feliz. 

— Estou tão feliz por você. — Gina lhe abraçou apertado, fechou os olhos para retribuir aquele gesto afetivo que lhe fazia tanto bem. — Você é uma guerreira, sabia? Merece toda felicidade do mundo. 

— Obrigada. — suspirou para que a emoção não tomasse conta de si antes da hora. 

— Como está linda! — se separaram do abraço para ver seu pai na porta do quarto. — Vamos querida, aposto que Draco esteja ansioso para vê-la. 

— Vamos, papai. 

Hermione seguiu ao lado de seu pai, desceu até a sala com o seu longo vestido de casamento, que era totalmente diferente do outro que usou que destacava fielmente a sua barriga. Seguiu para fora com seus pais e Gina, junto deles seguiram em direção da igreja. Ficou encarando a janela do carro e toda sua vida passou por sua mente, quando se apaixonou, quando se dedicou, quando perdoou, quando se submeteu novamente ao mesmo tapa, quando se auto odiou, quando sofreu, quando chorou, quando desistiu. Então, quando teve coragem, quando lutou, quando persistiu e quando seu coração e sua alma se sentiram livres. Naquela etapa da sua vida seria tomada apenas por situações felizes, tudo de ruim que viveu Hermione deixou no passado. 

No livro da vida, Hermione havia virado a página. 

Quando o carro estacionou em frente da igreja só sentiu vontade de sair correndo e ir em direção do homem que amava. Era tão bom saber que poderia amar de novo, como sua psicóloga uma vez disse que existe infinitos amores numa só vida, ela só teria que dar-lhe chances de sentir novamente. Isso que ela estava fazendo! 

Ao sair do carro e enlaçar seu braço no do seu pai, Hermione conseguiu visualizar exatamente os passos já havia feito, porém, quando a porta abriu ela viu o que era diferente naquilo tudo. Ele estava lindo num terno preto, as mãos sobre a própria boca em uma clara surpresa, Draco não escondeu como estava emocionado, não fez questão de impedir que todos os convidados observasse como ele chorava. Ele desceu para pegá-la, sua mão foi segurada fortemente enquanto ele abraçava seu pai e ouvia como ele desejava felicidade para os dois. Então, Draco beijou sua testa e limpou o próprio rosto, lhe guiou até em frente ao padre. 

A cada palavra que ele dizia a ansiedade subia, ela queria logo dizer sim e finalizar toda aquela união, cada voto dito era uma emoção diferente, cada toque singelo aquecia seu coração, e quando seus lábios encostaram aos dele tudo o que estava segurado dentro de si explodiu através de seus olhos. Ela estava imensamente feliz, todo o decorrer de assinatura, da dança, dos parabéns, da troca de local foi preenchida por beijos, carícias e risadas. 

Quando o dia virou e a festa continuava, ela decidiu se sentar, seu corpo não aguentava tanta agitação assim. Ocupou uma mesa vazia e decidiu comer algo, enquanto isso seus pais dançavam, Gina socorria James, Harry dançava com Allan, Astória e Blásio apostava quem bebia mais, Pansy e Theo também protagonizaram uma dança. 

— A mamãe mais linda do mundo já está cansada? — Draco perguntou se sentando ao seu lado.

—Cansada e com fome. 

— Você já quer ir? — Draco perguntou enquanto acariciava as costas dela. 

— Não. — negou olhando para ele. — Não vou sair do meu casamento cedo. E você? 

— Justo! — ele riu. — Também não, só quero saber se você e meu filho estão bem, passou um dia e tanto. 

— Estamos bem, só cansados. 

— Ok! Quando sairmos daqui vocês vão descansar. — ele falou tranquilamente. 

— Pensei que ia me querer cansar mais. — Hermione olhou para ele com a expressão brincalhona. 

— Eu vou ter o resto da vida para poder protagonizar quantas lua de mel que quiser. — ele piscou fazendo ela rir. — Por enquanto só quero que fique bem, descansada, alimentada. Depois podemos aproveitar nossa lua de mel, ok? 

— Tudo bem. — ela sorriu, Draco bebeu seu champanhe e observou os convidados. — Obrigada. — isso atraiu a atenção dele. 

— Obrigada pelo o quê? — perguntou confuso. 

— Por me fazer viver novamente. — a gratidão que sentia por ele era tão imensa que não conseguia se expressar, Draco foi uma das pessoas que lhe ajudou tanto que fazia seus olhos arderem.

— Hermione. — ele segurou sua mão. — Eu ajudei uma pessoa, eu fiz o que era certo. E eu faria de novo, cada decisão que eu tomei. — ele colocou o cacho de seu cabelo atrás de sua orelha. — O bônus que eu ganhei foi apenas ser amado por você, uma mulher tão forte, tão linda, tão doce, tão guerreira. Eu fico privilegiado por ter me deixado conhecer sua alma e ter me dado acesso para cuidá-la. 

— Por que você sempre me deixa sem palavras? — ela riu, limpou uma lágrima sorrateira que desceu por seu rosto. 

— Hum, porquê meu papel seja te conquistar todos os dias durante o resto da minha vida. — o beijo então veio acompanhado pelo sorriso.