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História Não entre - Dramione - Gotas


Escrita por: ReidGray

Capítulo 8 - Gotas


Fanfic / Fanfiction Não entre - Dramione - Gotas

Como odiava a chuva.


— Eu não imaginava que poderia chover.  — disse Draco, decepcionado ao observar a intensa chuva. Afinal, por causa dele teve que correr com Hermione até um comércio em frente ao parque apenas para se proteger. Então, olhou para a lanchonete vendo-a enchendo-se de pessoas a cada segundo. — Quer um café?


Hermione estava observando a chuva quando ouviu a pergunta dele, apenas virou-se e confirmou com a cabeça. Tentava manter as lembranças ruins longe de sua mente, contudo, estava um tanto difícil esquecer-se dos momentos dolorosos que tinha passado quando chovia. Por isso, apenas caminhou até sentar-se em uma mesa perto da janela de vidro, captou Draco ainda na fila do caixa. Esfrescou suas mãos, cruzando os braços como um ato de proteção, contudo, era apenas um frio que tinha percorrido por sua costela. Passou a mão por seu rosto, automaticamente seus olhos foram em direção da rua movimentada por carros e pessoas correndo.


“ — Não vou fazer isso! — exclamou Hermione, saindo o carro em frente da sua nova casa. Olhou para o céu vendo as nuvens escuras se formando.


— Hermione. —Ronald disse, sério ao sair do automóvel. — Eu falei que quero que use aquela roupa, você fica linda nela.


Ronald aproximou-se cautelosamente da sua esposa que estava parada na calçada de braços cruzados.


— Aquele trapo? Dispenso. — falou ela, dando de ombros. — Aliás, aquela cor é terrível, um bege sem vida.


Hermione o viu respirar fundo.


— Como se você fosse ficar linda com alguma coisa. — murmurou ele, ácido.


A simples frase magoou Hermione profundamente, engoliu em seco, apenas se virou andando em direção da sua casa quando Ronald puxou seu braço de maneira delicada.


— Desculpe querida não queria dizer isso. — pediu ele. — Acontece que quero que você fique mais linda ainda, só isso, por favor, você pode vestir aquele vestido apenas hoje quando vamos ao jantar de negócios, hum?


Hermione suspirou.


— Tudo bem. — rendeu-se, perdoando-o. Além, de que não faria mal vestir apenas um vez algo que seu marido queira, certo? Ele não ia pedir novamente que vestisse o que ele quisesse.


— Certo, agora vamos comer sua comida deliciosa. — disse ele, passando o braço sobre seus ombros enquanto a conduzia em direção da casa.


Hermione olhou para o céu ao sentir uma gota de chuva molhar seu rosto e sentiu-a descer como se fosse uma lágrima, sem perceber que poderia ser um sinal do universo apenas tentando lhe dizer que estava presa ao lado de um monstro. Porém, um coração apaixonado não enxergava os detalhes sódicos de maldade perto de si.


Ela estava cega, por amor, talvez.”


— Aqui está.


Desviou seu olhar castanho para Draco que colocou uma bandeja com dois cappuccinos e alguns pães.


— Obrigada.


— Estava pensando em quê? — questionou ele curioso.


— Nada de importante. — respondeu, dando de ombros, pegou seu cappuccino tomando um gole e voltando seu olhar para a janela. — Esse é um lugar lindo.


— Eu passava uma boa parte da minha adolescência por aqui. — comentou o homem, tomando um gole da sua bebida quente. — É um dos meus lugares favoritos.


Hermione lhe encarou, contudo, nada falou. Afinal, sua mente não conseguia desligar-se do passado, tudo estava lhe mantendo dentro daquela bolha sufocante, os sons externos não parecia que iria estourá-la como da última vez. O seu corpo estava ali, naquele lugar quente, acompanhada por um homem desconhecido que a levou para conhecer um parque incrível, porém, sua mente estava em outro lugar, a chuva caindo do lado de fora quando sentia sua pele arder e doer, quando seu coração foi machucado por frases “inofensivas”.


O pior foi  quando caiu da escada após ser empurrada, então, descobrir que perdeu seu bebê de uma maneira fatal. Vislumbrar Ronald parado no topo da escada enquanto se contorcia de dor deitada naquele piso gelado fazia seu coração doer. Sem dizer nada levantou-se agitada sem tocar na bebida, sua mente não parava de ser metralhada pelas piores lembranças que alguém poderia ter, então, apenas correu para fora da lanchonete não se importando de ser molhada pela chuva.


— Hermione. — Draco chamou, não entendeu o motivo de vê-la correr de lá, pensou que tudo estava bem, porém, ao vê-la andando de braços cruzados naquela calçada cheia compreendeu o que estava acontecendo. Por isso, deixou-se molhar correndo em sua direção, simplesmente parou em sua frente impedindo-a de continuar. — O que houve?


Observou os olhos castanhos avermelhados, ela fazia um esforço enorme para não chorar, ao morder seu  lábio inferior e respirar fundo tentando manter algum controle. Pela primeira vez Draco percebeu que Hermione nunca chorou na sua frente, era engraçado, ela surtou, gritou, quase morreu, mas nunca chorou.


— Só me deixe ir para casa, ok? — perguntou, bufando. — Só quero ir para casa.


— Qual casa? — perguntou Draco, os fios loiros já estavam grudados em sua testa, além, de começar a sentir frio por causa do vento intenso.


— Draco, só quero ir para casa. Só me deixe ir para casa. — Hermione falou, agitada. O medo fazia seu coração bater mais rápido, afinal, recordando-se que Ronald voltaria apenas para lhe empurrar da escada de novo.


— Se acalma. — pediu Draco, vendo-a passar a mão por seu rosto inutilmente, pois a face continuava molhada. — Me diz o que está acontecendo…


— SÓ QUERO IR PRA CASA!


Draco se assustou com o grito dela, percebeu que as lágrimas se misturavam com a chuva, que o peito subia levemente ao tentar impedir que os soluços saíssem. Então, sua ficha caiu ao ver que ela estava tão longe da felicidade, que o poço ao qual se encontrava era mais profundo do que imaginava.


— Tudo bem. — disse ele, respirando fundo.— Eu ia te entregar isso depois, mas acho que está na hora, então você pode se acalmar?


Hermione assentiu, mordendo seu lábio inferior ao encará-lo com os olhos vermelhos. Observou Draco pegar no bolso do seu jeans um celular, franziu o cenho.


— Esse era o meu celular antigo. — explicou. —Tem o meu número salvo e da Astória, além, do meu endereço de casa anotado nas notas do celular, explicando como chegar lá, quando estiver pronta pode me ligar ou me procurar. 


— Eu…


— Agora vou ligar para um táxi. — disse, entregando o celular nas mãos trêmulas de Hermione.


— Por que…


— Só me deixe entrar Hermione.


Então, Hermione entendeu o simples significado daquela frase, Draco não estava pedindo para entrar em sua casa, ele estava pedindo sua autorização para entrar em seu coração. Respirou fundo, entrando no automóvel, molhando o estofado, olhando pela janela e vendo um homem loiro parado na calçada lhe encarando enquanto ia embora.


Me deixe entrar”


Seria fácil se seu coração não estivesse destruído.


Encarou o celular em suas mãos, vendo-o desligado possivelmente para guardar bateria. Suspirou, passou a mão por seu rosto sentindo-se um pouco melhor, então, guardou o aparelho em seu sutiã. Decidindo não pensar mais em Ronald encarou a cidade pela janela, tentando ignorar o frio que sentia mesmo com o ar-condicionado do carro ligado.


O seu coração tinha se acalmado, sua respiração tinha ficado mais regulada, suas mãos pararam de tremer e sua mente havia parado de lembrar-se de cenas dolorosas. Contudo, quando o táxi parou em frente da sua casa, toda calmaria que sentia foi aniquilada, saltou-se do carro engolindo em seco, ouviu algo do motorista que não entendeu, porém, ele logo saiu de lá deixando-a parada na chuva.


Hermione ofegou ao reconhecer o carro, suas mãos tremeram ao encarar a casa à sua frente, mordeu seu lábio inferior. Balançou a cabeça tentando esquecer-se daquela ligação. Não tinha forças para adentrar na casa, não quando sabia quem estava lhe aguardando do outro lado.


Porém, foi a porta que abriu, Hermione sentia o medo percorrer seu corpo quando visualizou Ronald parado em frente da porta com roupas casuais e segurando um copo de bebida.


— Olá meu amor, por onde andava? Estava te esperando.


Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto, misturando-se com a água impedindo de Ronald notar seu desespero.


— Eu li uma carta tão linda…


Hermione impediu que um grito saísse por sua garganta ao sentir o medo paralisando seus músculos e vendo o sorriso sádico daquele homem.


Ela realmente odiava a chuva.


Notas Finais


E o monstro retornou.

Aguenta coração, sinto dor da Hermione.


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