MAL
E eu fiquei apenas ali, imóvel, inutilmente sem conseguir realizar qualquer ação, eu permanecia incrédula com o que houve. Os segundos passavam-se tão devagar, pareciam horas, como se durasse uma eternidade, passando em câmera lenta diante dos meus olhos.
Não consegui me levantar do chão, correr em direção à ele, pelo menos gritar por ajuda. Senti um líquido quente molhar o meu rosto e percebi que estava chorando, por quê?
Ouvi um grito e passos apressados na primeira parte do quarto aquilo só conseguia me deixar ainda mais aterrorizada, eu tinha que me levantar e tomar uma atitude, mas não consegui.
-Leroy! Leroy! Evie, ligue para o socorro.
A voz de Bella me fez tremer por dentro, seu desespero era nítido, ela parecia estar começando a vacilar nas palavras que já não eram claras para mim, nada mais parecia estar claro, era tudo muito confuso, cada vez mais não havia nitidez no que acontecia ao meu redor, eu estava cada vez mais atordoada e sem conseguir entender nada daquilo.
Eu me encolhi e me afastei começando a ouvir muitas vozes na minha cabeça e cenas cada vez mais confusas, era como se eu fosse conduzida à outro lugar, eu sentia dor por todo meu corpo e minhas costas bateram numa superfície sólida e gelada atrás de mim, eu estava no canto da parede e abracei meus braços em minhas pernas como uma criança, apoiando minha cabeça sobre eles. O que está acontecendo comigo?
Um barulho infernal começou por todo o quarto e eu ouvia gritos desesperados pedindo por ajuda, e enxerguei muito sangue, mas já não sabia distinguir o que era ou não real.
As dores no meu corpo se intensificavam ainda mais a cada segundo, se é que eu já sabia como ver o tempo ao meu redor, gritos ecoavam por todos os lugares e os passos se apressavam.
-Alguém! Me ajude!
Eu via um rosto manchado, tinha borrões nele, eram olhos verdes intensos como os meus, ele me estendeu à mão, sua voz ecoava por todo o lugar e seu sorriso...
Eu bruscamente senti alguém balançar meus ombros muitas vezes e gritei em resposta tentando afastar aquelas mãos, eu precisava continuar...
-Mal, o Leroy já está à caminho do hospital, Bella o acompanhou. Você está bem? O que houve? Mal?
E voz de Evie cortou o fio que me levava, eu pisquei e abri minha boca da qual nenhum som saía várias vezes, eu olhei para Evie que pôs uma mão com delicadeza no meu rosto.
-Você está gelada! Sabe do que aconteceu com seu irmão?
Leroy! O que eu fiz?
-Eu não... Evie, eu o joguei pela escada, foi um acidente eu juro.
Eu disse rapidamente sentindo um grande peso sobre mim, Evie não disse nenhuma palavra e me analisava minuciosamente.
-Como aconteceu exatamente?
Eu tentei respirar fundo e prensei minhas costas contra a parede atrás de mim com mais força.
-Eu estava me trocando, ele subiu as escadas, eu ia cair, ele me segurou pela cintura, eu entrei em pânico e o empurrei.
Eu falava tudo ainda muito confusa e mal conseguia formar uma frase decente, não conseguia acreditar no que houve.
-Só...- Evie parecia tentar raciocinar olhando para os lados- Tome um banho frio e se troque, tudo vai ficar bem...
Eu sabia que ela estava dizendo aquelas palavras apenas para me tranquilizar, apesar dela estar sempre calma diante de tudo, ela continuava me surpreendendo. Eu então resolvi seguir o que ela disse.
Me levantei e caminhei até o banheiro me arrastando sem dizer uma única palavra ignorando tudo ao meu redor.
Eu tomei um banho frio e realmente clareou minha mente, não sei quanto tempo passei ali, eu saí e já não encontrei mais Evie no quarto.
Eu me troquei e peguei meu celular, tinham algumas chamadas perdidas de Evie, minha caixa de mensagens também estava cheia. Abri a mensagem mais recente de Evie:
“Saí para tentar resolver isso, chego em 20 minutos”.
Pelo horário que ela me mandou deve estar chegando, eu não quero ficar aqui para espera-la.
Peguei um sobretudo preto e o vesti cobrindo meu rosto com o capuz do mesmo, eu estava parecendo uma marginal, mas não me importei nenhum pouco.
Já tinha acontecido e eu saí caminhando pelos corredores percebendo que os mesmos estavam vazios, melhor assim. Eu caminhei para fora dali conseguindo despistar os seguranças, eu não perdi a prática ainda.
Eu vi Victor o motorista que Ben disse que ficaria a minha disposição, eu tirei meu capuz vendo que ele estanhava minha aproximação e o mesmo respirou aliviado.
-Lady Mal- ele fez uma breve reverencia -no que posso lhe dar útil?
Eu senti que estava fazendo uma grande besteira, mas ao mesmo tempo que precisava daquilo.
-Preciso que me leve à Ilha dos Perdidos. Agora!
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