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História Don't Let Me Go - Único


Escrita por: dorawr

Notas do Autor


aproveitem a leitura!

Capítulo 1 - Único


DON'T LET ME GO

Escrito por dorawr

 

 

 

A floresta parecia mais escura e densa a cada passo que dava, respirava com dificuldade e muitas vezes tropeçava em raízes crescidas ali, mas nada disso importava, os machucados poderiam ficar para depois. A única coisa que sabia era que precisava correr o mais rápido que conseguia, tentando fugir dos guerreiros que estavam atrás de si, com a incerteza de que conseguiria escapar do olfato apurado de oito alfas prontos para lhe entregarem ao Conselho. Os olhos assustados vagaram pelo local em busca de algum lugar para se esconder e assim que avistou um lago próximo, não perdeu tempo correr até o destino e respirar fundo antes de entrar na água, sentindo seu corpo inteiro se arrepiar por conta da baixa temperatura. Nadou de forma desajeitada até uma grande rocha que havia ali, batendo o queixo com o frio que fazia e se escondeu atrás da pedra, prestando atenção em cada ruído que passava por sua audição.

"Se espalhem e o encontrem, precisamos deste ômega até o amanhecer."
 

A voz grossa soou em uma ordem e os grunhidos em concordância assustaram o ômega fugitivo, a primeira coisa que pensou foi em prender o máximo de oxigênio que conseguiu e se submergir na água congelante, torcendo para que sua ideia funcionasse e lhe salvasse da execução em praça pública. Com muita dificuldade e perseverança, permaneceu sob a água até sentir que não havia ninguém por perto e assim que voltou para a superfície, tomou um grande gole de oxigênio e esperou sua respiração se normalizar para que pudesse nadar até a margem e continuar sua fuga sem um destino exato. Ignorando a brisa fria que batia em seu corpo molhado e os machucados que ardiam cada vez mais, voltou a correr em direção ao nada, se escondendo todas as vezes que seu instinto lhe dizia que os alfas estavam próximos, mas não sabia de fato se ele estava realmente certo. 

Em um certo momento, seu corpo já estava exausto e os passos haviam perdido a velocidade de forma considerável, após muito pensar decidiu por se dar o luxo de ter uma pausa, sentando atrás de uma árvore de tronco grosso, que cobria todo o corpo pequeno do ômega. Esfregou as mãos contra a pele gelada e abaixou a cabeça, deixando as lágrimas quentes banharem o rosto pálido. As copas das árvores faziam o trabalho de dificultar a passagem da luz que vinha da Lua, tornando o ambiente mais sombrio e perigoso para alguém biologicamente fraco. Seu corpo entrou em alerta ao ouvir um galho se quebrar, forçando a visão na densidade da floresta enquanto tentava enxergar algo entre as árvores, todavia não houve sucesso, controlou sua respiração e ficou quieto para qualquer que fosse a ameaça não lhe encontrasse. Um calafrio correu por sua espinha ao ouvir barulho de passos em sua direção e não teve outra reação além de se levantar cautelosamente, entretanto, algo o jogou contra a árvore novamente lhe fazendo bater a cabeça com o impacto que sofreu, sem qualquer chance de ter alguma reação.

Aquela foi sua última memória antes de acordar em um lugar diferente do habitual e fora do que esperava, sua cabeça doía como o mármore do inferno e se sentia exausto, suas pálpebras pareciam estar com chumbo e com muita dificuldade conseguiu abrir os olhos, rodando a visão para tentar identificar onde estava. Se assustou ao perceber que não estava sozinho naquele quarto rústico, o homem de branco sorriu e se aproximou de si e isto lhe fez tremer, recuando na defensiva e lançando um olhar desconfiado para aquele homem que não parecia passar dos vinte e seis anos.

— Ei, calma, eu só quero te examinar. – Disse em um tom doce, tão doce que levou o ômega a desconfiança, entretanto, deixou o homem se aproximar e tocar em sua pele machucada, lhe fazendo apertar os lábios em uma forma de reprimir o gemido dolorido que estava prestes a sair. — Como eu estava prevendo, são machucados superficiais que irão se curar daqui a alguns dias, mas temos que limpá-los para que não sejam contaminados por alguma infecção. – Sorriu e se virou para pegar um algodão com água oxigenada para limpar os cortes que estavam abertos, logo mais fez alguns curativos sobre as feridas que estavam consideravelmente piores. Seguiu o desconhecido com o olhar, analisando cada movimento deste com curiosidade e desconfiança, até seu corpo entrar em alerta quando o aroma da noite anterior se fez presente na sala. — Oh, Juyeon-ah, bom dia!

— Bom dia, Jacob hyung. – O alfa de grande porte acenou para o beta, logo mais levando o olhar para o pequeno ômega que havia recuado em direção a parede, tentando se esconder de alguma forma. — Como ele está?

— Está bem, mas você pegou pesado atacando ele ontem, não parece ser uma ameaça para a matilha. – Reclamou enquanto ajeitava a mesa cheia de remédios e o outro coçou a nuca sem graça. — Ademais, ainda está na defensiva, assustado e desconfiado. 

— Desculpe, hyung, mas você sabe que meu dever como chefe da guarda e braço direito do líder é proteger a matilha de qualquer coisa, porém, fico feliz por não apresentar risco para nós. – Murmurou enquanto analisava a sala branca com curiosidade e o mais velho balançou a cabeça em concordância, convidando o alfa para sentar no banquinho que havia ali enquanto fazia algumas observações sobre o garoto na maca. — Como você se chama? – A pergunta ficou sem resposta por minutos inteiros, deixando até mesmo o médico ansioso por qualquer murmúrio que saísse da boca do jovem ômega. — Será que ele é mudo?

— Não sei, ele não falou nada desde que acordou. – Foi sincero, fazendo o alfa suspirar cansado e esfregar os olhos em resposta. Jacob se aproximou com cautela do ômega desconhecido, sentando na cadeira e sorrindo de forma acolhedora para o outro rapaz. — Olá, eu sou o Joonyoung, mas todos me chamam de Jacob. – Se apresentou com um tom amigável, julgando que esse era o jeito certo de fazer as coisas. — Eu sei que não estamos nos conhecendo em um bom momento, mas eu posso te ajudar, quero dizer, nós da matilha do norte podemos te ajudar. – Encarou o mais jovem com ternura, tentando transmitir confiança para este. — Você poderia me dizer seu nome? – Perguntou e ouviu um suspiro vindo do rapaz, que balançou a cabeça em concordância, fazendo o beta e o alfa se agitarem em anseio.

— Meu nome é Chanhee. 

— Muito prazer, querido, esse aqui é Juyeon, foi ele que te atacou na noite passada, mas não guarde ressentimentos, ele é um amor. 

— Eu preciso que você me acompanhe, Chanhee. – Juyeon disse enquanto se levantava, mas o rapaz sequer fez menção de se movimentar. O olhar confuso e desconfiado foi notável pelo alfa, o fazendo massagear as têmporas e montar um sorriso gentil no rosto. — Você terá de conversar com o líder para explicar o motivo de estar em nosso território, pois está claro que você não é daqui. – Explicou e Chanhee mordeu os lábios, obedecendo ao chefe da guarda mesmo não tendo certeza se poderia confiar nele. Levantou da maca com dificuldade, recebendo a ajuda do médico que lhe examinava e pediu apoio com o olhar, sendo atendido pelo alfa. Se despediu brevemente do mais velho e cruzaram a porta de madeira escura, Chanhee sentiu seus olhos arderem quando a luz se fez presente e piscou rapidamente para se acostumar com tal fenômeno, caminharam juntos pela matilha, recebendo olhares curiosos e um burburinho insistente por parte dos outros moradores. Se sentiu oprimido em meio aquelas pessoas, manteve sua visão focada no chão de tijolos e deixou o mais velho lhe guiar para onde o líder deveria estar, mas o caminho não foi realmente longo. 

Levantou seu olhar para o lugar que haviam parado e respirou fundo quando o alfa passou pelo portão branco, seguindo seu movimento e caminharam até a enorme porta de madeira, onde viu o alfa abrir sem dificuldade alguma e lhe lançar um pedido silencioso para entrar também. Seu corpo travou assim que botou os pés dentro da casa, se sentindo nervoso pelo o que aconteceria quando estivesse frente a frente com o líder da alcatéia do norte. Subiu as escadas com cautela, tentando não fazer muito barulho, ao contrário do alfa, que agia normalmente. Cruzaram a direita, entrando em um extenso corredor que abrigava algumas portas e andando durante alguns minutos, pararam em frente a uma enorme porta de madeira, a qual recebeu leves batidas por parte do alfa e que fez o ômega fugitivo tensionar os músculos. Um suave 'entre' foi escutado, fazendo o rapaz respirar fundo antes de entrar no cômodo depois do chefe da guarda, sua boca quase caiu ao ver a figura de cabelos rosados sentado atrás de uma enorme mesa enquanto digitava alguma coisa em seu notebook, Chanhee sentiu sua alma sair do corpo quando o outro alfa finalmente levantou seu olhar para si, o olhar confuso foi notável por ambos.

— Younghoon hyung. – Fez uma reverência respeitosa e recebeu um aceno com a cabeça em resposta, respirou fundo antes de começar a falar. — Encontrei este ômega vagando por nosso território ontem à noite e o ataquei por não saber se era uma ameaça. – Explicou, tendo total atenção por parte do mais velho. 

— Certo, muito obrigado por sua dedicação, Juyeon-ah. – Sorriu gentil.— Você pode aguardar lá fora, creio que ele se sentirá mais confortável para falar sobre se estiver sozinho. – Pediu e o Lee concordou, se despedindo brevemente e cruzando a porta, que foi fechada de forma cautelosa. Chanhee brincou com os dedos, sentindo o olhar alheio queimar sobre sua pele e sua respiração falhou quando ouviu um pigarro por parte do alfa. Caminhou lentamente até estar próximo da mesa, se sentando em uma das cadeiras e ficando frente a frente com o homem de madeixas rosadas, tal ato foi como um pedido silencioso do líder e o qual o Choi decidiu apenas obedecer. — Muito bem, como você se chama?

— Chanhee, Choi Chanhee. 

— Certo, Chanhee, você poderia me explicar o motivo de estar em meu território? Ou quem sabe me dizer de onde você é? 

— Bem, eu não sabia que este território era seu, sendo sincero, sequer sabia onde estava… – Murmurou, levando o olhar até o alfa que lhe encarava sério e engoliu um seco, mas decidiu por continuar sua história. — Eu só sabia que precisava correr o mais rápido que eu conseguia, tentando não ser pego pelos alfas da minha matilha…

— Por que você estava fugindo? 

— Eu… – Seus olhos arderam ao lembrar da noite anterior e isso fez o alfa entrar em alerta. — …eu tinha sido prometido ao filho do líder da matilha pelo meu pai a alguns anos… – Começou falando. — Todavia, só fui descobrir esta promessa a poucos meses e isso me fez ficar extremamente bravo com minha família por ter feito algo assim comigo, mesmo que seja uma tradição em algumas matilhas. Eu tinha um namorado, o qual eu sonhava em casar e ter vários filhotes, e a partir do momento que eu contei sobre isso, ele disse que o casamento não aconteceria caso eu não fosse mais puro ou o noivo fosse morto… – O alfa franziu o cenho, duvidando se aquele ômega tão frágil poderia ser capaz de cometer um homicídio. — …e óbvio que eu optei pela primeira opção! Entretanto, eu era ingênuo demais para perceber que ele apenas queria se aproveitar de mim… Eu deixei aquilo acontecer porque eu pensava que ele me amava e também não queria que aquele matrimônio ocorresse, mas depois de tudo, ele sumiu e me deixou só para lidar com minha família. – Uma primeira lágrima escorreu pela bochecha corada e logo depois foi acompanhada de várias outras, sentiu a mesma sensação angustiante da noite anterior em seu peito. — Eu tentei esconder isso, por meses eu me culpei pelo o que eu tinha deixado acontecer, mas eu sabia que em algum momento eles iriam descobrir e, infelizmente, não demorou muito para isso. Meu pai e minha mãe ficaram furiosos e o líder da matilha ainda mais, então eu escutei que eles me levariam ao Conselho… 

— E como eu presumo, sua matilha ainda possui o código de crime de honra, certo?

— Sim… – Abaixou a cabeça. — Um dia antes de ir ao Conselho, eu decidi fugir para bem longe do lugar que eu chamava de lar e não bastou muito tempo para que colocassem oito alfas atrás de mim, prontos para me levarem à execução em praça pública. — Comentou enquanto brincava com os dedos. — E naquele momento eu só sabia que tinha de correr o mais rápido que conseguia, eu realmente não sei por quanto tempo corri e me escondi na floresta, mas conseguia sentir que eles ainda estavam atrás de mim, por isso não me importei com o destino que acabaria e foi assim que eu vim parar em seu território. – Concluiu, soltando o ar que prendia e encarando o líder da matilha com receio e ansiedade, um silêncio sombrio se fez presente e um calafrio percorreu pelo corpo esguio do ômega quando o homem de madeixas rosadas novamente levou o olhar para si, um olhar indecifrável e cheio de nuances.

— Isso que você me falou é realmente grave, eu poderia mandar meus homens te entregarem para aqueles guerreiros e não me envolver nesta história… – O Choi abaixou o olhar e concordou com a cabeça, sentindo os olhos ficarem úmidos ao pensar no seu destino, mas logo levantou a cabeça quando percebeu que ele ainda não havia terminado sua frase. — …entretanto, eu não sou cruel a esse ponto. É perfeitamente compreensível suas atitudes, embora algumas delas realmente foram ingênuas e bobas, creio que você não seria uma ameaça para minha matilha. – Se levantou de repente, fazendo o ômega encolher os ombros em desconfiança e medo, seu instinto ainda estava em alerta em relação a tudo aquilo. O líder do norte não demorou para caminhar em direção a porta e chamar o chefe da guarda, deixando o ômega ainda mais retraído naquela imensa sala. — Juyeon-ah, providencie um abrigo para este jovem ômega.

— Hyung…? 

— Você acha que ele é um risco para nós? – Questionou enquanto encarava o ômega de cima a baixo, sendo seguido pelo alfa mais novo que coçou o nuca sem graça e negou com a cabeça. — Ele estava apenas fugindo de alguns guerreiros, o motivo em si não é algo grave para nós. — O fugitivo escutava tudo atentamente, capturando cada mínimo detalhe para que tivesse certeza que aquilo não era uma mera alucinação em consequência do terror que havia passado nos últimos dias. — Agora faça o que eu lhe pedi e depois eu organizarei uma reunião geral para explicar a situação completa, por enquanto apenas o deixe se sentir em casa. 

— Como quiser, Younghoon hyung. – Acatou a ordem, pedindo silenciosamente para que o rapaz de madeixas escuras lhe seguisse e conforme o esperado deixaram o local em um silêncio constrangedor, Chanhee prestava atenção no caminho que faziam e tentava memorizar tudo o que conseguia para caso algo inesperado acontecesse consigo. A sensação de estar sendo observado voltou de forma opressora, lhe fazendo encolher os ombros e pedir para todos os santos que já estivessem perto do lugar onde ficaria até a decisão final do líder do Conselho do Norte. Os pés machucados doíam pelo longo trajeto e Chanhee tinha certeza que o alfa do seu lado também não fazia ideia de onde iria o deixar, aquilo lhe deixou com um pé atrás de alguma forma. — Bem, eu, hm, desculpe por ontem. – Disse surpreendendo o pequeno ômega que caminhava ao seu lado, o fazendo parar de andar por alguns segundos para raciocinar o que havia escutado.

— Tudo bem, eu entendo que você só estava cumprindo com sua função.

— Mesmo assim, peço desculpas. – Chanhee assentiu com a cabeça e deu um pequeno sorriso ao chefe da guarda, vendo o alfa relaxar os músculos e sorrir aliviado. — Espero que possamos ser amigos. – Foi sincero e recebeu uma risadinha em resposta e o silêncio voltou a se fazer presente, mas já não era mais desconfortável, de alguma forma ele entendeu que aquilo era uma resposta positiva. — Bom, chegamos. – Por fim disse enquanto parava em frente a uma loja e Chanhee ficou confuso de início, Juyeon não se importou com a placa que dizia que o estabelecimento estava fechado e o ômega presumiu que talvez ele conhecesse quem trabalhava ali, não tardou em seguir o gesto do alfa. O sininho na porta denunciava quando alguém entrava e por isso não foi preciso muito para que um rapaz de boné vermelho surgisse na frente de ambos.

— Juyeon-ssi, a que devo a honra de sua visita? Se for pra ver Hyunjae hyung, já te aviso que ele ainda não chegou. – A terceira voz disse e Chanhee examinou o aroma de flores de laranjeiras que ele exalava, chegando a conclusão que também era um ômega. O olhar curioso do homem caiu sobre si, fazendo o Choi se encolher atrás do alfa de porte grande. — Não acredito que você está traindo o Hyunjae e ainda trouxe seu amante para ele ver! Ah, mas você vai ver só, eu vou falar com Sangyeon hyung e ele vai te dar uma surra! Bastardo! Crápula! Baba- 

— Ei, ei! Não é nada disso que você está pensando, Changmin. – Se explicou enquanto desviava dos tapas que o ômega dava em si. — Eu vim aqui por que preciso que você me ajude, a pedido de Younghoon hyung.

— Oh… Oh!

— Esse aqui é Chanhee, ele é um ômega que eu ataquei ontem quando estava fazendo a patrulha pela fronteira, eu não sei muito sobre sua história, mas Younghoon hyung disse que estava fugindo e pediu para que eu providenciasse um abrigo para ele. – Concluiu sua frase recebendo total atenção de Changmin. — E eu queria saber se teria como você me ajudar, sendo sincero eu não consigo pensar em outro lugar para ele ficar.

— Tudo bem, entendi onde você quer chegar. Você quer saber se a minha antiga casa ainda está vazia para o abrigar?

— Hm, bom, sim…

— Para sua sorte, eu não consegui alugar ela, então ele pode ficar lá. – Disse e Juyeon soltou o ar que prendia de forma aliviada, levou seu olhar para o ômega calado e sorriu levantando o polegar em um sinal positivo, Changmin abriu um largo sorriso e se aproximou do rapaz de forma rápida, fazendo ele se assustar e dar um pulo para trás. — Desculpa, não queria te assustar. Eu sou Changmin, prazer.

— Eu sou Chanhee, é um prazer conhecer você. – O tom doce e tímido se fez presente pela primeira vez naquele ambiente, fazendo o outro ômega levar seu olhar para o alfa e o encarar ansioso.

— Você é uma gracinha! Em que ano você nasceu?

— Noventa e oito.

— Eu também! Já temos um motivo para virarmos amigos. – Comentou e o rapaz riu de forma envergonhada, balançando a cabeça em concordância. — De que mês você é?

— Abril e você?

— Novembro, bom, acho que eu devo te chamar de hyung, não é?

— É, eu acho que sim. – Respondeu enquanto prestava atenção em cada reação de Changmin, mas não durou muito tempo já que pelo meio da conversa o som do sino ecoou pelo ambiente, denunciando que alguém havia entrado, e isto capturou a atenção de todos que estavam presentes no salão. Chanhee sentiu o aroma de mel passar por seu olfato e logo virou seu olhar para perto da porta, arfou surpreso ao observar o homem alto que adentrou o local, em sua concepção, ele era lindo, os lábios finos juntamente do nariz empinado davam um bom contraste, e o corpo de porte atlético, porém ainda sim delicado, deixava tudo ainda mais harmonioso.

— Ora, ora, se não temos aqui o futuro ômega do chefe da guarda. – A voz de Changmin soou brincalhona e isso chamou a atenção de Chanhee, que seguiu o rapaz com o olhar e viu este ficar com as bochechas vermelhas enquanto se deslocava para perto do único alfa presente, este que acomodou sua mão na cintura alheia e o encarou com ternura.

— Você é sempre tão irritante, Changmin, só não mais que Eric. – Resmungou de mal humor e escondeu o rosto na curvatura do pescoço de Juyeon, murmurando um 'bom dia' preguiçoso e deixando um selar em sua mandíbula. — Quem é esse? – Questionou após sentir um aroma diferente no ambiente, algo que identificou como baunilha, e seu olhar acabou caindo sobre o pequeno ômega que estava perdido no meio dos três.

— Esse aqui é o Chanhee, ele é novo por aqui e vai ficar na minha antiga casa a pedido do líder. – Disse antes que Juyeon conseguisse abrir a boca e o citado na frase balançou a cabeça em concordância.

— Seja bem-vindo, Chanhee, eu sou o Jaehyun, mas, por favor, me chame de Hyunjae. – Se apresentou amigável dispersando o mau humor que havia o acompanhado até li, o Choi sorriu e estendeu a mão para um cumprimento, fazendo o mais velho seguir sua atitude. — Espero que se adapte a nossa matilha e se alguém mexer com você pode falar com Juyeon que ele dá um jeito no malfeitor, não é Juju? 

— Claro, baby. – Sorriu deixando um selar no nariz alheio e Chanhee automaticamente desviou a atenção para Changmin, que revirou os olhos e o puxou pelo braço, lhe fazendo ficar confuso.

— Eles vão ficar um bom tempo sendo extremamente melosos, te poupei de ver essa cena. – Explicou enquanto virava a plaquinha para o lado que estava escrito 'aberto' e o mais velho abriu a boca em sinal claro que havia entendido a atitude. Observou o mais novo ajeitar a entrada do café enquanto brincava com uma florzinha que havia retirado do vaso ao lado da porta, girando de um lado para o outro entre os dedos machucados. — Você não é muito de falar, certo?

— Na verdade, eu só estou meio tímido, talvez daqui a alguns dias isso passe. 

— Deve ser difícil mudar de uma matilha para outra, mas, se não for te deixar desconfortável, você pode me dizer o porquê desta mudança? – Perguntou enquanto limpava a mesa branca que havia colocado ali, resmungando quando algumas folhas caíram sobre ela.

— É complicado… – Murmurou. — …e definitivamente uma história longa, então resumindo, eu estava fugindo de alguns alfas e acabei sendo atacado por Juyeon.

Changmin não disse mais nada, apenas concordou com a cabeça e continuou a passar pano nas mesas para receber os fregueses, esporadicamente percebeu que o ômega mais velho aparentava estar cansado e resolveu por o levar para onde ficaria dali por diante. Chanhee caminhou com o rapaz por algum tempo, mas nada muito demorado, ouvindo-o falar animadamente sobre seu trabalho e seus colegas, mesmo que soubesse que o Choi não fazia a menor ideia de quem poderiam ser. A casa em que moraria era simples, as paredes mantinham um tom aconchegante de creme e os móveis de madeira escura contratavam com a tintura, o mais novo lhe mostrou rapidamente onde ficava cada coisa e explicou que não fazia muito tempo desde que decidira por se mudar, por este motivo que ainda havia uma porcentagem considerável das coisas que resolvera deixar por ali, mas garantiu que o mais velho poderia os usar sem preocupação, Chanhee sorriu e agradeceu ao de madeixas castanhas pela gentileza. Conversaram por mais alguns minutos antes do Ji dizer que precisava voltar ao trabalho antes que Hyunjae arrancasse sua cabeça por abandoná-lo ali e ambos se despediram de forma amigável, prometendo fazer algo juntos mais tarde. A casa ganhou um novo tom de silêncio, um que era confortável, mas se pensasse muito sobre, se tornaria perturbador.

Aproveitou aquele momento para fazer um chá, um simples chá para alguém que havia passado por fortes emoções nos últimos dias, tal qual que arrancou seu apetite e lhe deixou a mercê das fortes dores de cabeça que sentia todas as vezes que passava um longo período sem se alimentar, que, infelizmente, eram mais frequentes do que realmente gostaria. O chá de mamão caiu bem para si, as folhas ricas em antioxidantes fizeram-nos esquecer um pouco da situação que se encontrava e se concentrou apenas naquilo. Rodou os olhos pela sala em algum momento, o qual deixou a xícara de porcelana sobre o balcão, e caminhou até o sofá, sentando-se e mantendo o foco na televisão desligada, encarando seu próprio reflexo até sentir os olhos arderem e as lágrimas caírem sobre as bochechas gordinhas. O silêncio agora era perturbador. Chanhee tinha a sensação que ele poderia o engolir por completo, assim como um buraco negro sugava tudo para seu centro no universo, e as memórias amargas voltaram de forma vívida para o lembrar do erro que havia cometido. Seu peito apertou e mais lágrimas escorreram, se sentindo completamente sujo e desonrado, todas aquelas sensações caíram sobre si como um balde de água fria, para o lembrar de como havia manchado o nome de sua família para sempre.

 

 

 

 

 

 

— Bom dia. – O alfa de madeixas longas desejou enquanto entrava na sala, mantendo a expressão séria desde o momento que havia passado pelos portões brancos do Conselho. Varreu os olhos pela sala e deixou um sorriso satisfeito pairar por seus lábios quando percebeu que todos estavam presentes na reunião geral. — Devo admitir que a ideia deste encontro foi de última hora, mas vamos começar…

— É algo grave?

— Não diria grave, na verdade, eu só queria deixa-los cientes sobre algo que aconteceu ontem. – Respondeu enquanto se acomodava na cadeira de couro, ficando frente a frente com todos os presentes. — Juyeon atacou um ômega que estava vagando em nosso território, sendo mais específico, perto da fronteira sul. – Começou dizendo, ouvindo um burburinho baixo se formar na sala. 

— Juyeon-ah o trouxe para meu consultório assim que percebeu o que havia feito. – Jacob comentou enquanto colocava as mãos sobre a mesa, recebendo a atenção do líder com sua fala, aquilo ele não estava sabendo. — Não me olhe assim, Younghoon, o garoto é apenas um ômega, não iria resistir caso o deixasse a sua própria sorte naquela floresta. 

— Certo, eu apenas fiquei surpreso, Juyeon não chegou a me contar que o havia levado até você. – Murmurou e levou um olhar repreensivo para o mais novo, que estava calado até o minuto presente. — Enfim, eu conversei com ele e sua história é triste, pois estava fugindo da morte. 

— Mas o que ele fez para que fosse condenado assim? 

— Disse que desonrou sua família e o prometido ao se deitar com outro alfa. – Explicou simplista para todos os que estavam com dúvida naquela sala, fazendo todos arfarem surpresos com a declaração. — Sendo sincero, ele não parece ter sido mandado para nos espionar.

— Muito bem, entretanto, o que faremos com ele? 

— Ele vai ficar conosco. – Decidiu por fim. — Eu me sentiria muito mal caso o entregasse para os guerreiros de sua matilha quando sei que seu fim não será um dos melhores, então decidi dar-lhe outra chance, aqui em nosso território.

— Você está louco, líder?! – O homem de meia idade protestou contra, fazendo Younghoon arquear as sobrancelhas em silêncio, deixando que ele continue sua frase. — Como você abriga uma pessoa desconhecida em nossa matilha? Me desculpe, mas o senhor não sabe nem se ele está falando a verdade sobre sua história, para mim isto é um equívoco de sua parte. Esta atitude está sendo imprudente e irracional, não deveria ser nem cogitada!

— Entendi, então o senhor prefere que eu deixe um jovem ômega a mercê da morte do que acolhê-lo? 

— Isso seria o lógico a se fazer, problemas de outras matilhas não são problemas nossos. 

— Você não acha que está sendo cruel? Eu realmente entendo seu ponto de vista, mas se ele não aparenta risco e nós podemos o ajudar, não vejo motivos para não o fazer. Ademais, a decisão cabe somente a mim, estou apenas comunicando a vocês. – Cuspiu de forma arrogante, fazendo o homem engolir seu grunhido. A sala ficou em silêncio absoluto após aquela discussão e o líder suspirou, massageando as têmporas com uma das mãos. — Então, alguém mais protesta contra? – Perguntou e viu todos trocarem olhares, sorriu ao perceber que os presentes balançaram a cabeça em negação. — Certo, estão dispensados. Você não, Juyeon, preciso conversar com você. – Disse quando viu o mais novo se levantar pronto para deixar a enorme sala, o mesmo homem que assentiu com a cabeça e voltou a se sentar, esperando os outros saírem para que Younghoon dissesse o que queria consigo.

— Sobre o que você quer conversar, hyung? 

— Ah, não é nenhum sermão, não se preocupe. – Younghoon riu ao perceber o quão tenso ele tinha ficado e em seguida bagunçou os fios róseos com a mão, Juyeon sorriu e relaxou os músculos, ficando mais tranquilo após aquela declaração do mais velho. — Para onde você levou ele?

— Ah, bem, eu pedi a Changmin para que deixasse-o ficar em sua casa antiga, não consegui pensar em um lugar mais elaborado, me desculpe. 

— Não se preocupe, você fez bem. – Fez um elogio sincero ao melhor amigo. — Diga a Changmin que irei passar lá para agradecer sua contribuição. Aliás, como Hyunjae está? 

— Bem, você sabe, um pouco mal humorado pela pressão que sua família está fazendo sobre nós, mas nada que biscoitos e chocolate quente não resolvam. Às vezes eu acho que deveria marcá-lo logo para acabar com todo esse burburinho que o atormenta cada dia mais, afinal, não é só ele que fica estressado com esse assunto. – Desabafou.

— Eu acho que você não deve fazer nada pelos outros, já te disse mil vezes a minha opinião, mas vamos lá, se vocês querem se casar primeiro para depois pensar em um selo de almas, então façam isso. – Aconselhara de forma calma e amena, recebendo toda a atenção do outro alfa. — Eu sei que você não gosta de ver ele todo estressado, mas a culpa não é da decisão de vocês e sim de quem está botando pressão e, também, nem falta tanto tempo para vocês se casarem, então não há motivo para que isso afete vocês.

— Você tem razão, eu só… – Suspirou cansado. — …me deixei levar por todo o estresse, vou conversar com ele quando chegar em casa. Muito obrigado por esse choque de realidade, hyung. 

Juyeon agradeceu genuinamente e o líder sorriu negando com a cabeça, fazendo ambos ficarem em silêncio por mais algum tempo antes do Lee pedir licença para ir embora, coisa que foi acatada pelo mais velho. Ao ficar sozinho na sala de reuniões, bateu os dedos na mesa e se espreguiçou, respirando fundo antes de finalmente se levantar para voltar ao seu escritório, o qual sabia que existia uma enorme papelada para encarar. Sua cabeça doeu apenas em pensar que aquele era mais um dia em que ele ficaria lendo e assinando papéis que pareciam não acabar nunca, ele realmente se arrependia de ter assumido aquela responsabilidade tão cedo, mas não havia nada a ser feito.

 

 

 

 

 

 

Chanhee havia descoberto uma nova habilidade: fazer arranjos de flores, e conforme os dias iam passando, ia aperfeiçoando ainda mais essa prática. Aquilo havia virado um escape para os dias em que todos os sentimentos ruins voltavam como uma avalanche dentro de si, pensar nas infinitas combinações florais que podia fazer o distraiam dos pensamentos massivos e autodestrutivos. E então os olhares curiosos e boatos sobre o ômega lentamente foram diminuindo e Chanhee agradecia por isso, não gostava nem um pouco de ser o centro das atenções, pelo menos ele não era destratado por ali e isso não poderia o deixar mais feliz, era uma coisa a menos para se martirizar. Changmin lhe fazia companhia nos finais de semana e graças ao ômega de fios castanhos, conseguiu fazer mais alguns amigos por ali, começando pelo irmão mais novo de Hyunjae, Eric, que era um ômega loiro bastante energético que exalava uma combinação de frutas cítricas e Sunwoo, o 'alguma-coisa' de Changmin, um alfa medroso e que gostava de implicar com o Choi. A relação dos dois era algo peculiar, eram algo claramente além de amizade, mas não gostavam de admitir tal fato e isso rendia diversas piadas por parte dos outros, Chanhee não se metia nisso, entretanto, achava ambos extremamente fofos juntos. 

— Você deveria tentar a vaga na floricultura do Kevin. – Hyunjae disse enquanto mexia em um dos arranjos que o Choi havia feito naquele mesmo dia e Chanhee viu os outros presentes na pequena a balançarem a cabeça em concordância. — Seus arranjos são uma gracinha.

— Será? – Murmurou enquanto terminava de enrolar a fita cor de pêssego no buquê que estava fazendo. — Não sei se sou tão bom ao ponto de ser contratado. – Foi sincero e voltou seu olhar para o mais velho, que negou com a cabeça e sorriu.

— Já te falei que não é para pensar assim, você é capaz sim, não custa nada tentar.

— Hyunjae hyung tem razão, você pode até ser chato, mas leva jeito com flores. – Sunwoo falou de boca cheia, levando um tapa de Eric que estava do seu lado e recebeu algumas migalhas de biscoito na cara. – Aí! Por que você me bateu? – Resmungou enquanto massageava o local dolorido.

— Você está comendo igual um ogro! – Eric retrucou limpando o rosto e Changmin começou a rir, batendo na coxa de Sunwoo em reflexo, fazendo esse gritar irritado. Chanhee e Hyunjae trocaram olhares antes de começarem a rir junto, nem reparando no olhar incrédulo que receberam do alfa. — Parem de rir do nosso Shrek, gente, ele vai ficar chateado. – E essa fala arrancou mais gargalhadas dos outros, principalmente do Ji.

— Ora seu…! Você vai ver só, Lee Youngjae! – Ameaçou quando percebeu que o mais novo já havia corrido para a outra parte da casa, não pensou duas vezes antes de dar um pulo do sofá e ir atrás do ômega. Chanhee deixou uma risada anasalada escapar e voltou sua atenção para as flores que estavam sobre a mesa e observando que Hyunjae continuou concentrado no que fazia. 

— Acham mesmo que eu deveria tentar a vaga? 

— Sim, você leva jeito para a coisa e, aliás, você é tão doce que mesmo que não soubesse fazer os arranjos, Kevin-ssi te contrataria. – Foi a vez de Changmin dizer. — Ficou tão bonito esse vasinho, Chanhee hyung, faz um pra mim? – Pediu admirando o vaso de flores que enfeitavam a mesinha de centro e viu o ômega de madeixas pretas azuladas corar.

— Nem vem, Changmin, eu pedi primeiro para que Chani fizesse meu buquê!

— Seu casamento é só daqui a quatro meses, até lá as flores já murcharam! – Argumentou contra o mais velho e observou este revirar os olhos contrariado, coisa que lhe fez rir. — Você faz, Chanhee hyung? – Perguntou e viu este assentir em concordância, o fazendo sorrir contente. Mais alguns minutos depois, Sunwoo e Eric voltaram de onde estavam, com o mais novo do grupo com os fios claros sujos de lama e o alfa com o rosto coberto de terra, Chanhee franziu o cenho e ambos engoliram um seco com a expressão alheia.

— Vocês dois, já para o banho! Estão sujando a casa toda, oh meu deus, eu limpei esse tapete ontem! – Abandonou tudo o que estava fazendo para socorrer o tapete felpudo que já se encontrava sujo de lama. — Céus, parecem duas crianças, eu realmente vou enlouquecer a qualquer dia! – Resmungou enquanto levava o ítem para o exterior da casa, ignorando os pedidos de desculpas dos mais novos. Respirou fundo e estendeu o tapete no chão de concreto, se afastando para ligar a mangueira e começar um novo ciclo de limpeza manual, aproveitando que aquele era mais um dos dias ensolarados característicos do norte. Jogou um pouco de sabão em pó sobre os tecido felpudo e um pouco de água para começar a limpar, não se importou em ficar ajoelhado sobre o chão, esticando um pouco a coluna para que pudesse esfregar os pelos sintéticos. 

Arfou cansado quando sentiu o suor escorrer por sua testa, coisa que o fez parar por um momento para passar as costas da mão no local e em seguida retomar ao que fazia antes, tentando ser rápido para não deixar os outros sozinhos por muito tempo, sabendo muito bem que a casa ficaria de cabeça para baixo caso isso acontecesse. Esporadicamente jogou mais um pouco de água sobre o tapete para retirar a espuma e passou os dedos entre os fios para que qualquer resíduo do sabão fosse embora junto com a água corrente. Sorriu satisfeito ao ver que os pelos já se encontravam branquinhos novamente, após se levantar, pegou o tapete molhado com as mãos e o estendeu no varal, tomando um susto quando viu a figura alta lhe observando apoiado na cerca de madeira. O rosto delicado recebeu um tom novo de vermelho e sua garganta se fechou, sentindo uma vontade de correr para o interior da casa e nunca mais sair.

— Olá, Chanhee, vejo que está se adaptando bem a casa. – A voz era melodiosa e profunda, fazendo os seus poucos pelos se arrepiarem completamente. — Pelo visto não foi só o tapete que ficou encharcado. — Brincou e Chanhee ficou ainda mais vermelho ao perceber a bagunça que estava, os fios grudados na testa e as roupas molhadas fizeram este querer chorar de tanta vergonha. 

— Eu… – Começou falando, mas estava tão envergonhado que as palavras pareciam ter fugido de seu dicionário pessoal. Naturalmente já era uma pessoa tímida e estar naquela situação em frente ao líder de uma matilha que não era originária sua, era vergonhoso, no mínimo. A decisão de sair correndo foi algo inesperado para ambos, e Chanhee só percebeu a besteira que havia feito quando já estava dentro de casa, com o coração acelerado e o as bochechas quentes, choramingou internamente e teve certeza que nunca mais conseguiria olhar para o líder sem sentir vergonha de sua própria atitude. Younghoon encarou o quintal atônito, deixando uma risada escapar assim que voltou a realidade, negando com a cabeça lembrando da aparência bagunçada do Choi. Fofo, foi a única coisa que se passou na cabeça do alfa de fios rosados. 

Caminhou até o quarto de forma apressada, abrindo a porta e a trancando para que pudesse se trocar com privacidade. Retirou as peças molhadas de forma rápida e as colocou dentro do cesto, pegando uma toalha nova para que pudesse se secar. Passou o tecido por toda a derme pálida, que agora já não estava tão machucada, e amarrou a mesma no quadril, para que pudesse ter mais mobilidade ao mexer no guarda-roupa em busca de uma nova muda de roupa. Mordeu os lábios ao novamente se lembrar do momento vergonhoso que havia acontecido minutos atrás, cobrindo o rosto com as mãos e sentindo as bochechas ficarem quentes, o olhar do alfa ainda parecia estar sobre si. Se vestiu rapidamente e deixou a toalha estendida na janela antes de sair do quarto para ir ao encontro de seus amigos, passando pelo corredor e logo chegando na sala, onde todos se encontravam sentados assistindo televisão. Sorriu aliviado e se juntou aos demais.

— Por que estamos assistindo isso? 

— Porque eu gosto. – Hyunjae respondeu a pergunta de Sunwoo com tédio, fazendo o irmão mais novo rir e estender a mão para um hi-five, sendo completamente ignorado, coisa que fez ser a vez do Kim rir.

— Chanhee hyung, eu nem vi que você tinha chegado.

— Eu acabei de entrar, sendo sincero.

— Por que seu rosto está todo vermelho? – Changmin perguntou com curiosidade, fazendo todos desviarem sua atenção para o ômega, que ficou tímido com tantos olhares que recebia.

— Acho que esfregar um tapete embaixo do sol é algo que lhe custa um pouco de esforço, não? – Questionou de forma retórica, recebendo um 'ah' em coro como resposta. Não contaria a eles que havia ficado envergonhado por ter sido flagrado todo desleixado pelo líder da matilha e ainda mais que tinha corrido dele por tanta vergonha, com certeza que eles iriam tirar sarro de sua cara caso soubessem, então aquela meia verdade bastava para todos. — Decidi que irei tentar a entrevista na floricultura. – Comentou e a afobação novamente se fez presente na casa modesta em que morava. Ele nunca se acostumaria com toda aquela atenção que recebia.

 

 

 

 

 

 

Era quarta-feira quando Chanhee olhou em seu calendário, o dia em que havia marcado com o proprietário para realizar a entrevista e não poderia estar mais nervoso. Seu coração parecia que sairia pela boca de tanta ansiedade. Checou a roupa que vestia pela terceira vez para ter certeza que era algo formal o suficiente para agradar aquele que lhe iria entrevistar e ensaiou algumas respostas mentalmente para, pelo menos, ter alguma fase no que poderia falar para o homem. Respirou fundo pela última vez antes de passar pela porta de madeira e a trancar, guardando as chaves na bolsa que estava pendurada em seu ombro, se acalmando antes de sair em direção a floricultura, que fica a minutos consideráveis de sua casa, entretanto, seus passos apressados juntamente do anseio fizeram o caminho parecer curto. 

Sentado em uma cadeira acolchoada com uma revista no colo, era assim que o ômega se encontrava, o barulho do ventilador o deixava ainda mais nervoso enquanto esperava para ser entrevistado. Amaldiçoou-se mentalmente por estar trinta minutos adiantado. Desviou a atenção do que lia para reparar no local, as flores de diversos tipos e cores enfeitavam e ocupavam grande parte do local e os arranjos espalhados deixavam o local aconchegante para qualquer pessoa que chegasse ali, sorriu e facilmente conseguia se visualizar trabalhando no meio daquela bagunça colorida. Sua atenção se desviou para o homem de jardineira e boné que apareceu por ali, automaticamente se levantou para cumprimentá-lo.

— Você deve ser o Chanhee, não é? – Perguntou sorrindo de forma gentil e o ômega balançou a cabeça em concordância, o beta caminhou até a parte de trás do balcão e se apoiou ali. — Como você ficou sabendo da vaga? – Perguntou enquanto retirava espinhos de uma rosa e o de madeixas azuladas engoliu um seco, se aproximando lentamente.

— Bem, meus amigos disseram que você precisava de alguém para ajudá-lo e eu resolvi tentar, eles sempre elogiam meus arranjos. – Gaguejou no começo da frase, mas conseguiu pegar confiança assim que viu um sorriso pequeno se formar nos lábios finos do beta.

— A quanto tempo você mexe com flores? 

— Na verdade, eu descobri essa habilidade recentemente… – Foi sincero, recebendo a atenção do rapaz de fios descoloridos. — Eu comecei por curiosidade e tédio, mas depois eu percebi que gosto de mexer com flores.

— Isso vai ser interessante… – Murmurou e o ômega abaixou a cabeça enquanto brincava com os dedos. — A última pergunta e a mais crucial de todas. – Levantou a cabeça rapidamente, seguindo todos os movimentos do platinado com o olhar. — Você tem algo contra a Beyoncé? – Perguntou e Chanhee ficou confuso, o que isso tem a ver com a entrevista?, pensou.

— Na verdade não…

— Ah, ótimo! Então você começa hoje, bem-vindo à floricultura Moon! Meu nome é Kevin e qualquer coisa que você precisar, pode falar comigo! – Se apresentou de forma empolgada e o cérebro do Choi entrou em curto circuito, processando todas aquelas informações de maneira bagunçada. Foi tão fácil assim?, questionou mentalmente. Piscou lentamente e viu o beta sorrir, coisa que lhe fez travar por alguns segundos antes de caminhar até onde ele estava. — Sua função é atender os clientes e fazer os arranjos, a parte administrativa fica comigo. – Explicou enquanto caminhava de um lado para o outro, arrumando a bagunça que havia feito a minutos atrás. — Você tem alguma dúvida?

— Bom, hm, sim. – Murmurou e Kevin levou toda sua atenção para o ômega, fazendo este engolir um seco, mas já não estava tão nervoso quanto antes. — Por que você quis saber se eu tenho algo contra a Beyoncé? – Questionou de forma curiosa e viu o beta curvar os lábios em um sorriso brincalhão.

— A última pessoa que trabalhou aqui reclamava das músicas dela e eu como maior fã, não pude aceitar algo assim!

Kevin o respondeu e Chanhee abriu a boca em surpresa, concordando com a cabeça e recebendo uma piscadela do beta, que pediu licença e o deixou sozinho na loja. O Choi respirou fundo e vestiu o avental que estava pendurado ao seu lado, se preparando mentalmente para seu primeiro emprego trabalhando com o público, seria um dia longo. Atender os primeiros clientes foi uma experiência nova para si, por mais que tivesse travado e gaguejado no começo das frases, diria que não se saiu tão ruim quanto imaginou. O primeiro arranjo que fez era uma mistura de lírios amarelos, begônias e gipsófilas, que utilizavam um vaso tradicional enfeitado por laço de fita, um sorriso orgulhoso apareceu no rosto delicado do ômega e seu interior se iluminou ao receber os elogios por parte do casal que estava ali. Aquilo lhe motivou para que continuasse se dedicando no que fazia. Em geral, o dia ocorreu bem e por mais que existissem alguns cortes referente aos espinhos de algumas espécies, não tinha nada para reclamar. 

Balançou a cabeça de um lado para o outro, se divertindo com a música que estava tocando pelo local, enquanto fazia um pequeno arranjo de copos de leite. Sua atenção estava totalmente naquele vaso de vidro com as flores elegantes e talvez foi por isso que não percebeu quando outra pessoa entrou na floricultura. Mordeu os lábios em um sorriso quando terminou o que fazia, se virando para ajustar o arranjo sobre o balcão e dando um pulinho de susto ao perceber que não estava só. Ele queria desaparecer. Decidiu isso após se dar conta de quem estava ali. As bochechas gordinhas adquiriram o tom de carmim, fazendo que o ômega piscasse de forma rápida para ter certeza se que aquilo não era uma alucinação.

— Você trabalha aqui agora? – Questionou enquanto mantinha o olhar fixo no ômega, inalando o aroma de baunilha que ele exalava de forma quase viciosa. Se perguntou mentalmente como não havia percebido o quão bem ele cheirava. Chanhee abriu a boca diversas vezes, mas sua voz parecia ter fugido, então se contentou em apenas balançar a cabeça em um sinal positivo e recebeu um sorriso do alfa, um que fazia suas orelhas esquentarem e as bochechas rubras ficarem ainda mais vermelhas. — Eu queria um buquê de rosas brancas, de preferência, das mais bonitas que você tiver. – Pediu varrendo o olhar pela floricultura e Chanhee prontamente obedeceu, caminhando até a prateleira das rosas e retirando de lá as que julgou mais bonitas, voltou com pressa até o balcão, o qual começou a preparar o buquê, sentindo seu coração bater rápido com o olhar atento e curioso que recebia do alfa. Finalizou o pedido enrolando uma fita vermelha sobre o papel pardo, deixando um laço bonito enfeitar o buquê. 

— Aqui. – Disse baixinho enquanto o entregava para o de madeixas rosadas, levando um olhar tímido para o alfa, que tinha um sorriso bonito enfeitando o rosto, o dinheiro foi posto sobre a mesa e o Choi o recolheu, entregando o troco segundos depois.

— Obrigado, você leva jeito para isso. – Elogiou enquanto observava o buquê e Chanhee agradeceu a gentileza com um sorriso envergonhado. Younghoon desviou sua atenção para o ômega, nunca abandonando o sorriso ao ver as bochechas vermelhas e o tom tímido que ele deixava escapar as frases. Em um ato impulsivo, retirou uma das flores do buquê e a encaixou na orelha do rapaz, vendo este arregalar os olhos, podendo jurar que ele deu vida a um novo tom de vermelho. — Fofo. – Murmurou e o Choi só queria fugir para bem longe daquele alfa que estava quase lhe fazendo desmaiar de tanta vergonha. Tocou a rosa com a ponta dos dedos de forma delicada, sentindo seu interior se remexer em alguma sensação estranha, seu lobo estava agitado demais e aquilo foi estranho para si. — Você não precisa ter vergonha de falar comigo, eu não vou te morder, se é isso que pensa.

— Não é isso! – Gaguejou no começo da frase e suspirou derrotado, a sensação nunca lhe abandonou e começava a achar que o motivo era o olhar insistente do alfa. — É só que… que aquele dia eu saí correndo… eu fiquei com tanta vergonha, mas tornei as coisas ainda piores tendo esta atitude e agora eu estou aqui, igual um bobo na sua frente… – O tom doce vacilou e os olhos marejaram, deixando uma única lágrima solitária escorrer por sua bochecha e Younghoon foi rápido em a limpar.

— Não se preocupe com isso, eu achei fofa a sua atitude, por mais que tenha me deixado surpreso. – Confessou e Chanhee mordeu os lábios, apertando os mesmos em um sorriso pequeno, se tranquilizando um pouco. — Agora eu não quero te ver chorar por coisas assim, você fica mais bonito sorrindo. – Disse de forma gentil, ficando satisfeito quando percebeu que o ômega desviou o olhar e corou. — Eu preciso ir, estou arrumando as coisas para o aniversário de minha mãe, por favor, esteja lá.

— Mas… 

— Eu iria adorar ter sua companhia. – Sorriu e Chanhee sentiu seu coração falhar algumas batidas, gradualmente Younghoon se despediu e passou pela porta francesa, deixando o pobre ômega paralisado atrás do balcão. O Choi respirou fundo e processou todas aquelas informações, perguntando o porquê de Younghoon ter o convidado para a festa de aniversário de sua mãe sendo que eles eram quase como desconhecidos. 

— Eu ouvi tudo! – A voz de Kevin se fez presente no ambiente, fazendo o de cabelos azulados tomar um susto e abaixar a cabeça envergonhado. — Por que você não me disse que estava flertando com o líder? 

— Mas nós não estamos… 

— Eu nunca vi Younghoon agir desse jeito. – Não deixou o ômega terminar de falar, pois estava animado com a nova informação que havia descoberto. — Você deve ser alguém muito especial para que ele te convidasse para a festa de aniversário da senhora Kim. 

— Eu não sei se sou especial… talvez ele esteja apenas sendo gentil…

— Não acho que seja apenas gentileza, ele nunca tratou um ômega como fez com você, normalmente eu o assisto afastar todos os que tentam se aproximar dele. – Comentou enquanto batia o dedo indicador nos lábios finos, com uma expressão pensativa e Chanhee corou apenas em cogitar um interesse por parte do alfa. — Tanto que ele assumiu a liderança sem um companheiro e agora ele aparece todo mansinho pro seu lado, hm, sei não… Tem caroço nesse angu! – Chanhee ficou em silêncio, deixando Kevin com suas especulações enquanto passava um pano úmido no balcão, retirando os espinhos que estavam por ali. Deixou os pensamentos sobre o que tinha acabado de acontecer para depois, pois precisava estar concentrado para fazer os arranjos e buquês. Era impossível Younghoon se interessar por ele, uma pessoa tão nobre quanto o mesmo homem nunca iria querer ter ao seu lado um ômega desonrado e impuro. 

Quando a tarde caiu e seu expediente acabou, Chanhee ainda ajudou Kevin a arrumar e limpar a loja antes de se despedir para ir embora. Caminhou de forma calma pelas ruas asfaltadas, sentindo a brisa fresca bater em seu rosto e em um vento mais forte, segurou a rosa para que não fosse levada. Seu estômago resmungou de fome e esse foi o momento que percebeu que não havia tomado café da manhã e os biscoitos que beliscou durante a tarde já não enganavam sua barriga. Respirou aliviado quando chegou em casa, retirando os sapatos na entrada e deixando sua bolsa pendurada no cabide, colocou a rosa que estava presa em sua orelha junto das outras flores que estavam abrigadas no vaso de vidro, sorrindo ao perceber que havia dado um charme a mais para o arranjo que fez a poucos dias. Não tardou para tomar uma ducha, rindo ao ver algumas folhinhas caírem de seu cabelo, definitivamente estava uma bagunça. Vestiu o pijama de pinguins que Hyunjae havia lhe dado de presente e andou até a cozinha para começar a preparar sua refeição, que seria um simples lamen, estava cansado demais para fazer algo elaborado.

Enquanto a água fervia junto do macarrão, sentou-se no sofá e ligou a televisão, sorrindo ao perceber que havia chegado a tempo de ver o penúltimo episódio do drama que estava acompanhando. Na verdade, ele havia pegado a novela pela metade, mas não importava já que Changmin fez questão de lhe explicar toda a história dramática. Todavia, antes que pudesse apoiar as costas no estofado, a campainha tocou e ele franziu o cenho, pois não estava lembrado de estar esperando visitas. Suspirou cansado e se levantou, caminhando de forma preguiçosa até a porta e a abriu. O aroma de menta chegou ao seu olfato tão rápido quanto a velocidade da luz, ele conhecia aquele cheiro e seu rostinho já estava vermelho novamente, talvez algum dia esse fosse virar seu tom de pele natural. Levantou a cabeça para encarar a figura conhecida e arfou ao perceber o quão bem vestido ele se encontrava.

— Eu te convidei para ir a festa de aniversário da minha mãe, mas esqueci que você provavelmente não sabe aonde vai ser, me desculpe.

— Não achei que você estava falando sério… – Murmurou atordoado e o alfa mordeu os lábios nervoso, ambos sentiram os olhares curiosos caírem sobre si e Chanhee sentiu como se estivesse fazendo alguma coisa errada, e essa sensação ruim começou a dominar seu corpo. — Eu sequer tenho uma roupa para isso…

— Se esse for o problema, eu posso te levar para comprar algumas peças e dali iremos… – Younghoon sugeriu, mas o Choi apenas negou diversas vezes em relação a gentileza. O brilho nos olhos do alfa Kim foram o que levaram o ômega a aceitar o convite, pediu para que o rapaz entrasse e se sentasse no sofá enquanto ele se aprontava para irem, mas antes desligou o fogo e tampou a panela, deixando para decidir o que faria com o lamen depois. 

Encarou o guarda-roupa com dúvida, retirando algumas peças de roupa e as colocou sobre a cama, tentando decidir qual parecia mais apta para a ocasião. Ao abrir o primeiro botão do pijama, ficou envergonhado ao pensar que no cômodo do lado estava um alfa e suas bochechas queimaram, o fazendo morder os lábios em nervosismo, e logo inspirou para dar sequência ao que fazia, deixando a deslizar por seus braços e parar no chão. Decidiu por vestir uma camiseta branca e sobrepôs com blazer azul marinho, que ficou um pouco grande nele, mas não era algo realmente escandaloso, e a calça preta se ajustou perfeitamente em sua cintura curvilínea e nas coxas roliças, finalizando com uma simples gargantilha preta. Quando se olhou no espelho, o sentimento de vergonha se fez presente em seu corpo, cobriu os olhos com ambas as mãos e espiou novamente em uma brecha que havia deixado entre os dedos. As mãos ficaram úmidas apenas em pensar no alfa lhe encarando com aquelas roupas e automaticamente quis trocá-las, mas após minutos severos pensando se deveria ou não seguir em frente, caminhou até a porta do quarto e a destrancou, respirando fundo antes de caminhar até a sala. Avistou o rapaz olhando as fotos que estavam sobre a lareira e corou ao perceber que ele já havia desviado a atenção para si e deixado um sorriso diferente pairar por seus lábios. 

— Você está lindo. 

— Não precisa mentir para mim… – Murmurou enquanto caminhava até a porta, sendo acompanhado pelo alfa que apenas riu e negou com a cabeça, todavia, o ômega não viu este gesto. Chanhee calçou seu sapato social e respirou fundo, sendo seguido pelo alfa que abriu a porta para si e o esperou trancá-la para lhe acompanhar até o carro de luxo que estava estacionado na frente de sua casa. Os olhares voltaram e o burburinho ficou evidente, o pobre ômega suspirou incomodado e parou em frente ao carro, encarando a porta com dúvida se realmente era uma boa escolha entrar. Se assustou quando a porta foi aberta para si em um gesto de cavalheirismo, o levou o olhar para o alfa novamente, arfando ao receber um sorriso encantador em resposta. Deixou todos com seus comentários e entrou no carro, sentando no banco do passageiro e ouvindo a porta ser fechada, logo em seguida Younghoon já estava sentado ao seu lado. 

— O que te incomoda, Chanhee? – Questionou dando partida no carro e levando o olhar para o ômega novamente, que se assustou e rapidamente deixou o olhar cair para suas mãos elegantes que estava repousadas sobre seu colo. 

— Acho que não é uma boa ideia eu estar presente no aniversário da sua mãe… eu… – Os lábios tremeram e os olhos voltaram a estar úmidos, o seu nariz ardeu e fungou, tentando não deixar as lágrimas caírem e isso deixou o Kim em alerta. —…eu não posso te acompanhar, me desculpe… – Murmurou trêmulo e com a visão turva por causa das lágrimas que estavam a um fio de caírem, virou para o lado e tentou abrir a porta, mas sem sucesso, já que a mesma estava trancada. Se surpreendeu quando o alfa o prendeu em um abraço e não bastou mais para que deixasse as lágrimas regarem seu rosto, fazendo um soluço escapar por sua garganta, o nó em sua garganta se formou e a sensação ruim que lhe atormentava a tempos voltou, deixando o clima pesado se instalar dentro do carro.

— Calma, está tudo bem… – Sussurrou perto do ouvido alheio, usando seus feromônios para tentar o acalmar, e seu lobo inconscientemente chorou junto com o rapaz de cabelos azulados. Os soluços sofridos e o fungar eram uma das únicas coisas presentes no ambiente e conforme o tempo iam perdendo a potência até cessarem de vez, entretanto, permaneceram naquela posição até o ômega resolver se afastar.

— Me desculpe por isso… – Disse de forma tímida e envergonhada, levou o olhar até a camiseta do alfa, que se encontrava molhada por seu choro. — …peço desculpas pela blusa também… – Mordeu os lábios, se sentia mais leve após ter jogado tudo aquilo que lhe sufocava para fora, mas ficou vergonha após perceber que fez isso na frente do líder da matilha. — Eu precisava disso…

— Imagino… – Murmurou enquanto levantava o rosto do ômega gentilmente para enxergar os resquícios de lágrimas com um lencinho, mordendo os lábios para reprimir um sorriso. — Eu sei que você não quer ser visto comigo por causa de sua história, mas eu garanto que ninguém irá te incomodar na festa. – Foi rápido em dizer, fazendo Chanhee virar o olhar, constrangido. — E não será um evento grande, apenas alguns amigos e familiares estarão lá. 

— Eu só não vejo sentido você querer me levar a um evento tão íntimo… – Murmurou de volta, em um tom questionador e o alfa desviou o olhar para começar a dirigir, deixando o ômega sem resposta para sua dúvida. O caminho não foi totalmente silencioso por conta do rádio que tocava uma música animada, que fez Chanhee tentar acertar a letra da música como passatempo. O Choi observou que lentamente iam saindo da cidade e indo em direção a uma parte mais reservada, que era composta por árvores grandes e uma longa estrada de terra. 

Arfou quando o carro parou em frente a uma chácara, se sentindo nervoso sem nem mesmo ter saído do automóvel, e Younghoon notou isso de alguma forma, sorrindo de forma acolhedora para tentar transmitir segurança para o pequeno ômega. A porta foi aberta poucos minutos depois, o fazendo corar novamente quando seu olhar encontrou o do alfa e rapidamente saiu do carro, vendo este abrir a porta traseira e retirar o buquê e uma caixinha pequena do carro antes de trancá-lo de vez. Chanhee inspirou e expirou, caminhando ao lado do alfa até a entrada, choramingando internamente quando este tocou a campainha e segundos depois serem recebidos por um homem de fraque, que o Choi assumiu ser o mordomo da família. Os olhares curiosos caíram para si, como ele imaginava, e todos comentavam baixinho sobre o acompanhante do líder, mas não teve muito tempo para pensar sobre isso já que Younghoon lhe guiou para perto de um casal mais velho, que conversava de forma animada com outro casal.

— Feliz aniversário, mãe. – Desejou estendendo o buquê para a mais velha, que sorriu doce e aceitou de bom grado, cheirando as rosas brancas e suspirando contente. — Isso aqui também é para a senhora. – Abriu a caixinha revelando um colar perolado e Chanhee observava tudo atentamente, se sentindo mal pelo o quão ricos eles pareciam ser.

— Oh, meu amor, você veio! – Abraçou o filho de forma desajeitada para que não danificasse as flores e logo mais deixou o rapaz encaixar o colar em seu pescoço, dando um beijinho na bochecha do alfa. Chanhee continuava calado até o momento presente e agradecia por não terem notado sua presença ali, mas ele realmente comemorou cedo demais. — E quem é esse lindo ômega? – A mais velha perguntou desviando seu olhar para o que estava em sua frente, sorrindo ao perceber que ele havia ficado envergonhado.

— Mãe, esse é o Chanhee, ele…

— Ele é o seu ômega? Ah, você realmente não nos decepcionou! Ele é tão lindo e fofo, olha só como as bochechinhas dele ficam vermelhas, yeobo! – Chamou a atenção do esposo, que sorriu gentil e balançou a cabeça em concordância, mesmo que todos soubessem que ele estava entretido demais com os assuntos relacionados ao campeonato do seu time favorito. — Oi, querido, eu sou a Jeonghwa, mãe deste lindo alfa e também sua sogra, eu espero que ele não esteja te dando trabalho… 

— Mãe…

— Não me interrompa, Kim Younghoon! Então, querido, como você conheceu o meu bebê? Oh! Como você faz para sua pele ser tão macia? – Perguntou enquanto passava a mão sobre a bochecha do rapaz, que se encontrava completamente vermelho e acanhado. 

— Mãe, ele não é meu ômega! – Exclamou, chamando a atenção da mulher mais velha e, por algum motivo, Chanhee sentiu seu lobo se remexer incomodado, mas resolveu não dar atenção para aquela sensação estranha que pousou em seu peito. A mulher gradualmente se desculpou, se afastando do outro ômega e suspirando decepcionada. — Ele, bom, ele é o ômega que eu te contei, lembra? 

— Ah, sim, entendi… – Murmurou chateada. — Desculpe, Chanhee, eu não queria te deixar desconfortável, é só que ele é meu único filho e até agora não temos um genro, eu me emocionei um pouco por vê-lo com um ômega tão bonito como você. – Jeonghwa disse e Chanhee assentiu com a cabeça, se sentindo mal pela senhora Kim.

— Ele que fez o buquê. – Younghoon mudou o assunto, fazendo a mulher sorrir e entrelaçar seu braço com o do ômega, que se assustou, entretanto não se afastou. — Aonde vocês estão indo? – Questionou confuso.

— Iremos conversar um pouco. – Respondeu de forma simples enquanto se afastava cada vez mais dos outros, caminharam pelo salão em silêncio, aproveitando um pouco da música clássica até estarem em um lugar reservado, o qual viu a senhora Kim se sentar em um sofá e suspirar aliviada. — Esses sapatos estão me matando. – Comentou e o mais novo riu, se sentando no outro sofá de forma tímida. — Você fez um bom trabalho com o buquê, ele ficou perfeito.

— Fico feliz que a senhora gostou, eu o fiz com muito carinho.

— Oh, você é tão doce. – Falou em um tom encantado e Chanhee riu envergonhado, juntando as mãos sobre seu colo e sentindo o olhar da ômega mais velha sobre si novamente. — Então, Chanhee, você e meu filho realmente não tem nada? – Perguntou mais uma vez.

— Não, senhora. Eu realmente nem sei o porquê dele ter me convidado para participar do seu aniversário, nós não somos exatamente amigos. – Foi sincero e a mulher abriu a boca decepcionada, não era a resposta que ela esperava ganhar. 

— Você tem algo de especial para ele ser assim, creio eu. – Começou falando e aquela frase chamou a atenção do Choi. — Meu filho não agiria assim em vão. – Murmurou pensativa, lembrando de como ele se recusou a casar com uma bela ômega e filha de uma família nobre do Oeste e também de como ele se mantinha focado em aprender a ser um próspero líder ao invés de curtir sua adolescência como qualquer outro alfa.

Horas mais tarde e aquela frase ainda rodava por sua mente e isto lhe fazia questionar-se o que tinha de tão especial assim, observou o alfa rir após uma ômega bonita dizer algo e isso o incomodou por algum motivo, os cabelos rosados caíam por seus olhos e faziam contraste com o sobretudo preto que usava naquela noite e corou ao perceber que estava reparando demais naquele alfa. Se serviu com uma taça de vinho, levando o líquido até a boca e dando um gole raso para molhar a garganta, quando voltou sua atenção ao salão, já não encontrou mais Younghoon e isso lhe fez varrer o olhar por ali, tentando de alguma forma o localizador. — Procurando por alguém? – A voz conhecida disse perto de seu ouvido, lhe fazendo pular de susto e virar o corpo rapidamente, dando de cara com o peitoral alheio e isso lhe fez engolir em seco antes de levantar o olhar finalmente. 

— Não… eu apenas…– Se embolou na frase, fazendo o Kim rir e se sentar ao seu lado, Chanhee novamente sentiu aquela sensação estranha e mais uma vez decidiu apenas ignorar. O silêncio pairou sobre eles, mas Chanhee tinha algumas dúvidas sobre o rapaz que estava compartilhando o assento consigo. — Quantos anos você tem? 

— Vinte e sete, por quê? – E Chanhee engasgou com o líquido que bebia, não esperava que ele estivesse próximo dos trinta anos, aquilo sim foi uma surpresa para si. — Nem parece, não é? 

— Eu pensei que você tivesse no máximo vinte e quatro… – Respondeu baixinho e colocou a taça na mesinha de vidro. — Eu tenho vinte e dois. – Disse depois de um tempo e o Kim cantarolou uma resposta enquanto seguia os movimentos do ômega com o olhar, achando bonitinho o jeito em que seu pomo-de-adão se movia todas as vezes em que ele tomava um gole do vinho suave. Uma música lenta começou a tocar de repente, juntando todos os casais para o centro da enorme casa para dançar, Younghoon sorriu e se levantou, estendendo uma mão para o ômega em sua frente e riu ao ver ele ficar com as bochechas rubras. — Eu não sei dançar. – Explicou descansando a taça vazia na mesa e percebeu que o alfa não havia mudado de ideia.

— Por favor? – Pediu mais uma vez e Chanhee suspirou por não conseguir negar, sua mão foi de encontro com a do alfa, e reparou em como ela parecia grande em relação a sua e também de como era macia e quente. Foi conduzido até o meio do salão, onde Younghoon sorriu e colocou as mãos na cintura curvilínea do ômega e Chanhee corou fortemente com a ação, se aproximando do alfa e apoiando a cabeça em seu peito, vendo que era assim que todos estavam, o cheiro de menta parecia ainda mais forte naquela posição e aquilo o agradou de certa forma. Fechou os olhos e deixou o Kim lhe conduzir pelo salão, vez ou outra se desculpando por pisar em seus pés e recebendo apenas algumas risadinhas como resposta.

A música era calma e reparando na letra, parecia ser bem romântica, Chanhee sentiu seu rosto corar quando percebeu aquilo e o toque na cintura não ajudava muito para que o rubor deixasse de enfeitar o seu rosto. Quando a melodia acabou, se afastou do alfa e recebeu um breve beijo nas costas das mãos em resposta, sentindo os olhares caírem para si novamente. Aquilo o deixou desajustado e rapidamente se recolheu do salão, sendo seguido por Younghoon, que tinha uma expressão confusa.

— Eu fiz algo de errado?

— Não, não foi você, é que todos estavam olhando e eu me senti desconfortável. – Explicou de forma serena e o alfa concordou com a cabeça, entendendo que o ômega realmente não gostava de chamar tanta atenção. 

— Certo, se você preferir, podemos ir embora. 

— Não! Quer dizer… se você quiser ficar, tudo bem, eu espero… 

— Chanhee, está tudo bem você dizer que quer ir embora, não precisa se forçar a fazer uma coisa que não quer. – Disse em um tom compreensivo e Chanhee admirou isso, levando o olhar para o alfa, que sorriu para si e conseguiu agitar seu lobo. — Espere aqui, eu já volto. – Pediu e caminhou até os pais, falando algo com eles antes de se despedir dos mesmos e voltar para o lado do ômega, assentindo com a cabeça e Chanhee entendeu o gesto de forma imediata, seguindo Younghoon até que estivessem ao lado do veículo do citado. Não demorou para o alfa abrir a porta para si e em seguida sentar ao seu lado, dando partida sem hesitar. — O que você achou?

— Do que?

— De tudo, especialmente dos meus pais.

— Ah, a senhora Kim é uma pessoa muito doce e gentil e seu pai, bom, eu não sei, não conversei mais do que três palavras com ele. – Comentou com o olhar vidrado na estrada. — A festa estava muito bonita e bem organizada, acho que a única coisa que eu não gostei foi aquele patê de tomate. – Torceu o nariz desgostoso e sentindo vontade de vomitar só de lembrar do que havia experimentado a alguns horas atrás e Younghoon riu com a fala alheia.

— Acho que seu problema é o tomate em questão, lembro que você torceu o nariz até na hora de comer o espaguete. 

— É, talvez. – Chanhee sorriu e suspirou cansado, apoiando a cabeça no vidro do carro e brincou com as gotas de água que começaram a cair no lado exterior do vidro e Younghoon sorriu, sentindo vontade de apertar as bochechas gordinhas que o ômega tinha. O clima constrangedor não era mais tão forte sobre eles e agradecem por isso, lembrando que a ida para a festa foi algo estranho e definitivamente ruim. Os olhos do garoto de cabelos azulados pesaram de repente, denunciando o quanto ele estava cansado e bocejou antes de cair no sono, ali mesmo no carro do alfa.

Algum tempo depois ele acordou, sentindo algo quente o envolver e ao abrir os olhos, percebeu que era apenas a sua coberta, suspirou aliviado e sentou-se na cama, levando seu olhar para o relógio e se surpreendeu ao ver que eram oito da manhã, eu dormi tanto assim?, questionou mentalmente. Ao colocar os pés no chão, sentiu o choque térmico e resmungou por não saber onde estava suas pantufas, andou até o guarda-roupa e colocou uma roupa casual, se sentindo livre daquelas roupas apertadas que usou na noite passada. E nesse mesmo minuto, as lembranças com o alfa voltaram em sua memória de forma vívida, desde o momento na floricultura até quando estavam dançando, automaticamente sentiu seu corpo formigar em vergonha enquanto reprimia um sorriso. Sentia que seria um bom dia para si.

 

 

 

 

 

 

Meses se passaram e o inverno havia chegado e Chanhee não poderia estar mais feliz ao voltar a sentir o clima frio, que era uma característica do Sul, onde vivia antes. Gostava de como as pessoas pareciam mais estilosas, de tomar chocolate quente em frente a lareira e de ficar escondido embaixo das cobertas enquanto lia um livro de fantasia, já que era apaixonado por este gênero literário. Era finalzinho de tarde quando finalmente fechou a floricultura, sentindo a brisa fria bater contra seu rosto e sua bota afundar na neve fofinha que enfeitava toda a rua. Nada havia mudado, entretanto, existia algo o qual perturbava e lhe tirava algumas noites de sono. Uma coisa que tinha nome e sobrenome. Younghoon continuava sendo gentil e doce consigo, o levando para tomar café ou simplesmente o fazendo companhia enquanto lia, não importava, ele sempre estava lá de alguma forma e mesmo que não estivesse, a mente de Chanhee o lembrava de como a presença do alfa era aconchegante e calorosa. Aquilo estava o deixando louco. Principalmente por todos os seus amigos lhe dizerem que o alfa Kim estava o cortejando, sendo que… não! Ele não estava o cortejando, não havia motivos para algo assim, sabendo que o alfa estava ciente desde o começo sobre sua história. Porém, admitia que por mais que não acreditasse que era motivo dos cortejos de Younghoon, imaginava ambos como um casal, tendo uma relação bonita igual ou mais que Hyunjae e Juyeon. 

— Chanhee hyung! – Um coro foi escutado pelo ômega e ele sorriu ao ver Changmin, Eric e Sunwoo acenando para si, não teve outra atitude além de correr para onde eles estavam. Arregalou os olhos quando sentiu a bota deslizar pela neve e o seu corpo se desequilibrar, fechou os olhos com força esperando o impacto com o chão, mas por algum motivo, ele nunca veio. Aos poucos seus olhos se abriram e soltou a respiração que prendia, corando ao inalar o cheiro de menta característico e ainda mais quando encarou o rosto de traços fortes. — Você deveria tomar cuidado, Hee. – Falou e deu um daqueles sorrisos de tirar o fôlego.

— Obrigado, Younghoon hyung. – Agradeceu de forma tímida, colocando as mãos sobre o peitoral alheio e se perdendo na imensidão dos olhos castanhos, e ele não foi o único a fazer isso. Gradualmente, Younghoon o ajudou a ficar de pé e caminharam em direção aos outros, que sorriram animados e trocaram cotoveladas, coisa que não passou despercebido por ambos, mas preferiram ignorar tal fato. — Olá gente, o que vocês estão fazendo aqui?

— A gente veio te buscar para tomar um café, mas vejo que você já tem outros planos. – Eric assobiou como quem não queria nada e Chanhee ficou ainda mais vermelho, balançando as mãos em negação e começando uma pequena discussão com os amigos, fazendo Younghoon rir.

— Podemos tomar café juntos. – Sugeriu e todos olharam para ele. — Por minha conta. – Completou e vou uma chuva de sorrisos cair sobre si, coisas como: "o melhor líder do mundo" e "você é um anjo" foram ouvidas pela audição apurada do alfa, até mesmo o "Chanhee hyung teve muita sorte" não passou despercebido, mas isto ele apenas decidiu ignorar. O caminho até a cafeteria mais próxima foi divertido e percebeu que o ômega de aroma de baunilha não era quieto apenas com ele, mas ainda sim parecia menos retraído quando estava na companhia de seus amigos e se questionava mentalmente se o problema era ele. 

Quando adentraram o estabelecimento, procuraram imediatamente por uma mesa que comportasse todos e a não bastou muito para que se sentassem, fazendo Chanhee engolir um seco quando percebeu que o único lugar disponível para si era do lado do alfa mais velho, e pelos olhares que os amigos trocaram, percebeu que aquela situação foi proposital. Respirou fundo e finalmente se sentou, observando o alfa colocar o cardápio um pouco mais próximo para que ele também pudesse ver o que pediria, um 'obrigado' silencioso saiu por seus lábios de boneca e Younghoon apenas sorriu em resposta. 

— Boa tarde, senhores, já sabem o que irão pedir? – A garçonete disse enquanto analisava o alfa mais alto da mesa com um sorriso nos lábios rosados pelo batom, talvez fosse o fato dele ser terrivelmente atraente ou por ele ser o líder, ou poderia ser uma mistura dessas duas coisas, mas aquela atitude fez o ômega se remexer incomodado na cadeira.

— Para nós, dois capuccinos, um caramel macchiato, um bolinho de nata e dois de nozes. – Sunwoo tomou frente no pedido do parceiro e do amigo, observou a mulher anotar tudo de forma rápida no bloquinho e logo voltar sua atenção para o alfa.

— E você, senhor? – Não poupou o tom sugestivo, coisa que chamou a atenção do Choi, que mordeu o interior da bochecha e forçou sua melhor expressão neutra, Younghoon levou o olhar ao cardápio mais uma vez antes de começar a falar.

— Um espresso apenas. 

— Certo, volto já com o pedido de vocês. – Quando foi se virar, ouviu um pigarro e novamente levou seu olhar à mesa. — Sim?

— Eu posso pedir ou você vai fingir que eu não estou aqui? – O tom rude do ômega foi o que surpreendeu a todos ali, que estavam acostumados com o Chanhee doce e tímido. Changmin colocou a mão sobre a boca para disfarçar o sorrisinho que se formou em seus lábios, Sunwoo abaixou a cabeça, Eric engasgou com a saliva e o Younghoon encarou o ômega que tinha os braços cruzados e uma expressão irritada muito fofa com encanto. — Muito bem, eu vou querer um chá de hibisco e uma fatia de bolo de chocolate como acompanhamento. – Disse de forma ríspida e a outra ômega segurou o rosnado, dando um sorriso falso em resposta e pedindo licença para se retirar.

— Uau… O que foi isso?

— Chanhee hyung protegendo o território dele! – Youngjae respondeu a pergunta de Changmin e o mencionado sentiu seu rosto inteiro queimar, se encolhendo na cadeira e desejando sumir após agir daquele jeito, mas a culpa não foi dele, seu lobo que o fez agir daquele jeito possessivo. — Não fique assim, hyung, é normal ter ciúmes de vez em quando.

— Eu… eu não estava com ciúmes!

— E está tudo bem você admitir que tem ciúmes do Younghoon hyung. – Foi a vez de Sunwoo falar, fazendo o pobre ômega gaguejar uma resposta em sua defesa, mas os amigos continuaram brincando com a situação e isso o fez desistir de tentar dizer algo a respeito, e em algum tempo depois, a garçonete voltou com os pedidos, os colocando sobre a mesa de forma cuidadosa. Chanhee fingiu que não, mas viu quando a garota entregou um pedaço de papel para o mais velho e isso lhe fez bufar, e agradeceu logo depois quando percebeu que os outros não haviam notado aquela sua reação, pelo menos, não seus amigos. Younghoon sorriu ao ver todas aquelas atitudes vindas do ômega e não custou muito para que amassasse o pedaço de papel, deixando-o jogado perto dos guardanapos. 

— Esse capuccino é muito bom. – Changmin comentou enquanto observava o Kim mais novo morder o bolinho de nata que havia pedido. – O que vocês acharam?

— Esse chá está aguado, parece que eu estou tomando algum tipo de água saborizada. – Reclamou depois de dar mais um gole no chá, empurrando a xícara para a longe, como se dissesse que não queria mais, e levando mais uma garfada de bolo até a boca. — O bolo está esfarelando e é muito seco, tenho a sensação de estar comendo areia. – Outra reclamação foi escutada por todos e as bochechas alheias ganharam uma cor rosada quando sentiu o alfa ao seu lado limpar o canto de sua boca e escutou os outros três fizeram um 'ah' em coro, lhe deixando ainda mais envergonhado com a situação. 

Younghoon realmente pagou a conta, mesmo que Chanhee tivesse insistido para que dividissem o valor, o alfa não quis ouvir e arcou com tudo sozinho. Deixaram o estabelecimento após mais alguns minutos sentados e caminharam juntos até depois da esquina, onde deveriam se separar para irem até suas respectivas casas. Chanhee se despediu dos amigos com um abraço caloroso e acenou para eles quando estavam em uma distância considerável de si, quando viu o alfa parado no mesmo lugar, franziu o cenho e levantou o olhar confuso.

— Você tem algum plano para hoje? – Questionou e o ômega balançou a cabeça em negação, o que fez o mais velho sorrir. — Eu comprei um novo quebra-cabeça, pensei que você gostaria de montar-lo comigo. – E sentiu seu interior entrar em pane quando o sorriso bonito do ômega se fez presente no rosto delicado, não precisou de mais para que soubesse que aquela era uma resposta positiva para seu pedido indireto. 

Andaram mais alguns minutos antes de chegarem a casa do alfa, que na visão de Chanhee, apenas a sala já dava duas da sua, mas ele era um pouco hipérbole. O ômega deixou seus sapatos perto da porta e calçou as pantufas especiais que Younghoon havia comprado para ele, caminhando até o sofá, o qual se sentou com as pernas cruzadas e esperou pacientemente. Não demorou muito para que Younghoon voltasse com uma grande caixa, mas aquilo não foi tudo, logo mais ele se dirigiu até a cozinha e deixou o ômega sozinho na sala. Chanhee deu de ombros e abriu o quebra-cabeça, se sentindo animado ao ver todas aquelas peças, começando a procurar as peças que se encaixavam de forma atenta. Younghoon voltou a sala, porém o ômega não percebeu sua presença por estar concentrado no que fazia, um sorriso pairou pelos lábios finos dos de madeixas rosadas e colocou os embrulhos no sofá macio, ganhando a atenção do garoto finalmente. 

— Começou a montar sem mim? Assim eu fico chateado. – O tom de brincadeira foi evidente e por isso o Choi não se preocupou em pedir desculpas, dando apenas um sorriso pequeno em resposta. — Eu trouxe alguns salgadinhos para nós já que você não comeu quase nada na cafeteria. – Chanhee arfou surpreso e mordeu os lábios, se sentindo tímido por saber que Younghoon estava prestando atenção nele.

— Não precisava, Younghoon hyung, eu não estou com fome. – Disse, mas não foi levado a sério quando sua barriga fez um barulho indicando o contrário, Younghoon arqueou as sobrancelhas e estendeu uma das guloseimas que havia trago para o ômega, que pegou timidamente e levou um pouco até a boca. As bochechas cheias foram algo que o alfa achou extremamente fofo e por isso não conteve a risadinha, fazendo o ômega ficar confuso. — O que há de tão engraçado?

— Não diria engraçado, é só que você está tão fofo com essas bochechas, não consegui resistir. – Chanhee resmungou alguma coisa e voltou sua atenção para as peças, sendo seguido por Younghoon que começou a lhe ajudar a montar. O silêncio entre os dois era confortável, mas algo incomodava o ômega e o Kim sabia disso, apenas a forma em que ele se remexia no sofá, ou então de como ele suspirava, denunciava isso. Entretanto, por mais curioso que estivesse sobre isso, não o forçaria a dizer o que estava lhe atormentando, deixaria com que ele se sentisse confortável para falar sobre isso. 

— Younghoon…

— Sim?

— Eu… bem… você, hm, vai ligar para aquela ômega? – Perguntou e levou sua atenção para o quebra-cabeça, este que estava quase todo concluído, tentando de alguma forma esconder a expressão preocupada que tinha presente em seu rosto, Younghoon sorriu e deixou o que estava fazendo apenas para encarar o ômega em sua frente.

— Talvez eu devesse… ela é realmente muito bonita… – Comentou apenas para ver a reação alheia e reparou que ele mordeu os lábios balançando a cabeça em concordância. Chanhee sentiu seu lobo choramingar e um aperto se instalou em seu peito, no fim ele estava certo, Younghoon nunca cortejaria alguém como ele. Os olhos ficaram úmidos e um nó se formou em sua garganta, de repente a única coisa que queria era ir embora e ficar enrolado em suas cobertas. — …mas eu já estou interessado em outro alguém. – Aquilo chamou a atenção do ômega.

— Como ela é? – Questionou em um fio de voz, mesmo sabendo que a resposta poderia facilmente o machucar. Sentiu a espuma do sofá se afundar ao seu lado e arfou quando o alfa levantou sua cabeça de forma gentil, fazendo o rosto choroso entrar no campo de visão do mesmo homem.

— É uma das pessoas mais bonitas que eu já vi em toda a minha vida. – Murmurou enquanto limpava as lágrimas que manchavam o rosto delicado, se sentindo mal em vê-lo daquele jeito. — Ele é muito tímido e fica vermelho com facilidade, mas eu acho uma gracinha quando suas bochechas ficam rubras, tem a voz mais doce do mundo, aquela em que posso passar o dia todo escutando sem enjoar… – Continuou falando e percebeu que o ômega ainda não havia entendido que estava o descrevendo, deixou uma risada anasalada escapar para enfim dar o veredito final. — …e ele não acredita que eu estou o cortejando e se deixa levar por seus pensamentos depreciativos, que lhe dizem que não é digno de tal cortejo, mas estão completamente errados. – Finalizou e Chanhee arregalou os olhos, sentindo seu rosto inteiro ficar vermelho, tanto por perceber que Younghoon estava falando dele e ainda mais por saber que sim, o Kim estava interessado nele e que também estava o cortejando. 

— Mas… por quê? Você sabe sobre o que aconteceu e mesmo assim está aqui, dizendo essas coisas… Por que você está interessado em mim? – O tom confuso facilmente foi detectado pelo mais velho e a expressão desacreditada estava estampada no rosto delicado, e aquilo o fez suspirar. — Você deveria cortejar um ômega puro e não eu.

— Eu não me importo com nada disso porque eu quero estar ao seu lado, você me faz bem e não trocaria nada disso por outro ômega. Por favor, Chani, me aceite como seu alfa. – Pediu e segurou a mão pequena do Choi, sentindo que seu lobo se remexeu inquieto e ansioso pela resposta alheia. Chanhee abaixou a cabeça, processando aquelas palavras em sua mente, Younghoon estava pedindo para que o aceitasse? Aquilo não fazia sentido, a única pessoa que deveria agir assim era o garoto de fios azulados. O silêncio era perturbador e gradualmente Younghoon o interpretou como um 'não'. — Entendi, desculpe por incomodar você. – Praticamente miou uma frase, se afastando um pouco do ômega e voltando ao que estava fazendo antes e isso fez o Choi entrar em alerta.

— Eu não quis dizer isso… eu só fiquei surpreso, me desculpe por isso… – Disse inclinando o rosto para perto do mais velho, recebendo sua atenção e vendo um novo brilho em seus olhos. 

— Então você… – Deixou a frase incompleta, entretanto, Chanhee capturou o que ele quis dizer nas entrelinhas com facilidade, balançando a cabeça positivamente. E um gritinho escapou por sua garganta quando suas costas se chocaram contra o estofado do sofá, vendo a figura maior por cima de si com um sorriso enorme no rosto, que deixava a mostra todos os seus dentes branquinhos. Uma sensação boa passou por todo o seu corpo quando os lábios se encostaram, o rubor de suas bochechas era mais do que evidente, mas por agora não era importante. Younghoon pediu consentimento com o olhar antes de finalmente selarem os lábios e iniciarem uma dança sincronizada com as línguas ansiosas, Chanhee mergulhou seus dedos entre os fios rosados do maior, apertando sem força e arfando quando as mãos alheias encontraram seu lugar na cintura fina. O resto da noite se passou de forma aconchegante entre ambos, que se aninharam no sofá e o ômega se ocupou em ouvir as batidas do coração do alfa, que estavam aceleradas iguais as suas, aquilo fez um sorriso enfeitar os lábios inchados. — Eu amo você. – Younghoon disse depois de muito tempo, levando seu olhar para o rosto alheio e deixando um selar no topo de sua cabeça.

— Eu também amo você. – A voz tímida confessou com um novo tom de vermelho enfeitando as bochechas e um bocejo escapou por seus lábios logo depois de dizer aquilo, denunciando que estava cansado. — Acho melhor eu ir embora… – Murmurou coçando os olhos.

— Durma aqui. – O alfa se apressou em dizer. — Você pode usar uma de minhas camisetas como pijama. – Sugeriu escovando os fios alheios com os dedos e Chanhee resmungou uma resposta, piscando devagar e deixando outro bocejo escapar. Lentamente ele se levantou e deixou o alfa se encarregar de pegar uma toalha e seu pijama improvisado, ficando sozinho na sala por alguns minutos, mas nada realmente demorado. — O banheiro fica na terceira porta à direita. – Explicou e o ômega balançou a cabeça em concordância, caminhando preguiçosamente até onde lhe foi instruído. 

Fechou a porta e suspirou cansado, deixando um sorriso pequeno enfeitar seus lábios ao observar a marca vermelha que Younghoon havia deixado em seu pescoço minutos atrás. Olhou em volta e ofegou ao perceber o tamanho do cômodo, ele nunca se acostumou com isso, e em seguida deixou as coisas sobre a pia para que conseguisse se despir com facilidade. Colocou as roupas no cesto e se enfiou no box, abrindo o registro e sentiu seus músculos relaxarem ao sentir a água quente cair sobre seu corpo. Pensou em como Jeonghwa fica feliz com a notícia, a ômega estava sempre o empurrando para o filho quando via qualquer oportunidade e se sentiu feliz em saber que os pais de seu parceiro pareciam querer que ambos ficassem juntos mesmo cientes da história do Choi, agora, querendo ou não, o desejo de ambos haviam se realizado. Quando terminou o banho, se secou adequadamente e vestiu a roupa que Younghoon havia trago para si, corou ao sentir o cheiro de menta presente no tecido e sentiu-se envergonhado o suficiente para hesitar em sair do banheiro. Respirou fundo e contou até três, destrancando a porta e colocando os pés para fora, varrendo os olhos pelo corredor e vendo que uma porta estava aberta, deduziu que o alfa já estava no quarto e caminhou até o local, parando na entrada e automaticamente o olhar caloroso caiu sobre si.

— Fofo. – Deixou escapar e o ômega morreu de vergonha, andando timidamente até a cama e se sentando ao lado do alfa, que tinha os fios úmidos como os seus, denunciando que ele já havia tomado banho. — Você é tão cheiroso. – Murmurou enfiando o rosto na curvatura do pescoço alheio, inalando do aroma natural que ele possuía e fazendo o garoto rir com a sensação de cócegas. Bocejou mais uma vez e isso fez o Kim se afastar, abrindo espaço para o ômega se deitar ao seu lado, este que não pensou duas vezes em se aconchegar no peitoral alheio e sentir os olhos pesarem novamente quando sentiu os fios serem acariciados. Não demorou muito para que o Choi pegasse no sono, enchendo o quarto com barulhos bonitos que escapavam por seus lábios inconsciente e ajudando o alfa a adormecer enquanto tentava contar os pequenos roncos.

 

 

 

 

 

 

— Eu não acredito! – A voz feminina gritou e Chanhee riu envergonhado enquanto recebia o abraço apertado da outra ômega. — Vocês realmente vão se casar? – Perguntou mais uma vez apenas para ter certeza e viu o garoto balançar a cabeça, aquilo foi como um balde de água fria caindo por sua cabeça e quando viram, Jeonghwa já estava chorando, fazendo toda sua maquiagem escorrer junto das lágrimas. 

A decisão de se casar veio por parte do Choi, depois de finalmente aceitar de vez que Younghoon queria que ele fosse seu companheiro de alma, coisa que lhe custou alguns bons meses, não pensou duas vezes em propôr aquela ideia. O alfa ficou surpreso, claro, e insistiu para que passassem por todos os estágios de um relacionamento antes de tomarem aquela decisão, mas Chanhee não quis ouvir e o outro não viu escolha a não ser acatar ao desejo do ômega. Para ele, parecia estranho ser ômega do líder e não ser seu cônjuge, e aquela era uma tradição que não queria de jeito nenhum desrespeitar. Younghoon trocou um sorriso divertido com seu pai ao perceber que a matriarca parecia estar mais animada que os próprios noivos.

— Chanhee é um bom garoto, tenho certeza que vocês terão filhotes lindos. – O senhor Kim comentou enquanto levava uma taça de champanhe até a boca, sendo acompanhado pelo filho. 

— Eu e Chani entramos em consenso de ter três filhotes. – Soltou depois de algum tempo em silêncio, ganhando a atenção do pai, que assentiu com a cabeça e limpou a garganta antes de falar algo. 

— Oh, três é um número bom, filhos sempre enchem a casa de alegria, às vezes me arrependo por não ter te dado um irmão. 

— Nah, eu estou bem sendo filho único. – Younghoon fez uma careta e arrancou uma risada rouca de seu pai e logo sorriu ao ver o ômega se aproximando de si, entrelaçando ambos os dedos quando parou ao seu lado. — Meu noivo é o mais doce de todos. – Murmurou passando o nariz pelo pescoço branquinho, vendo este se arrepiar e rir baixinho. 

— Essa doçura toda me lembra dos nossos primeiros anos de casados, lembra, yeobo? – Jeonghwa perguntou e o marido concordou com a cabeça, recordando de um par de momentos em que eram tão melosos que ninguém os aguentavam. — São bons tempos, fico feliz que meu menino encontrou alguém como Chani para ser seu companheiro. – Continuou falando, fazendo o ômega se encolher cada vez mais de vergonha. — Posso te ajudar com os preparativos para a festa? Por favor? É meu sonho desde que Younghoon estava em minha barriga! 

— Claro, Jeong noona, eu ficaria encantado em ter sua ajuda. 

— Ah, eu estou tão animada! – Agarrou o braço do alfa mais velho presente e o balançou de um lado para o outro, como uma verdadeira criança e isso fez todos rirem.

Algum tempo depois, os mais novos se despediram dos anfitriões e caminharam até o carro em um silêncio confortável. Seguindo o mesmo padrão: Younghoon abrindo a porta para o mais novo para só depois entrar no veículo. Chanhee notou o brilho nos olhos do alfa e suspirou contente, sentindo seu interior vibrar em felicidade, mas sabia que não era o único a se sentir assim já que reparou em como os feromônios do mais velho preenchiam o ambiente fechado em que se encontravam, todavia não era como se ele não gostasse do cheiro de menta que ele possuía. Acomodou sua cabeça no ombro alheio e levantou um sorriso para o outro, fechando os olhos quando este acariciou seu rosto com a mão livre. — Eu estou feliz. – Ele murmurou pegando uma das mãos do ômega para deixar um selar gentil ali. — Você é como um sonho, não consigo acreditar que é real. 

— Todavia, eu sou real, Hoonie, e estou bem aqui do seu lado. – Disse em um tom doce, suspirando quando ele sentiu os lábios alheios passarem por seu pescoço, não ligando em como eles haviam chegado naquela posição. Younghoon marcou o pescoço leitoso com um chupão, respirando fundo para sentir mais do aroma de baunilha e deixá-lo inerte a realidade, Chanhee deixou um som diferente escapar pelos lábios e aquilo serviu como um despertador para o mais velho, que mordeu os lábios e acariciou o rosto corado. — Hoonie… você está perto de entrar no cio, não é? – Perguntou e viu o mais velho ficar envergonhado, percebendo que era uma resposta positiva. — Sabes que eu posso te ajudar com isso…

— Não! – Exclamou rápido e arregalou os olhos quando viu o ômega morder os lábios e abaixar a cabeça, resmungou um palavrão e agarrou as duas mãos delicadas, ganhando a atenção alheia. — Eu não quis dizer que não quero sua ajuda, é só que… eu não quero que você se sinta obrigado a fazer isso.

— Eu não estou me obrigando a fazer isso, jagi… Por favor, me deixe te ajudar…

— Tenho medo de te machucar, Hee, você sabe como os alfas ficam no cio. 

— Você não vai, jagi, eu sei que não. – Insistiu e Younghoon suspirou, deixando mais um selar nas mãos alheias antes de deixar um pequeno sorriso enfeitar seus lábios finos e Chanhee entendeu que aquilo era uma resposta positiva, fazendo seu interior se agitar. Younghoon deu partiu no carro, olhando o retrovisor antes de começar a dirigir de volta para casa, que depois de muito pedir conseguiu fazer com que o ômega morasse consigo. 

 

 

 

 

 

 

Os fios caíram por seus olhos após o secador ser desligado e ele sorriu ao ver a cor rosada fazendo contraste com seu tom de pele, esperava que o alfa gostasse do seu novo visual tanto quando Chanhee havia gostado dos cabelos negros alheios. Deixou o aparelho sobre a pia e saiu do banheiro com cautela, tomando cuidado para não fazer barulho, e caminhou até a sala na ponta dos pés, fazendo o alfa entrar em seu campo de visão e sorrindo ao perceber que ele estava concentrado no que passava na televisão. Se aproximou lentamente e tapou os olhos com ambas as mãos, ouvindo uma risada gostosa desse outro que ficou surpreso com a ação repentina. — O que é isso? – Perguntou sorrindo e ouviu a risadinha do ômega, que lentamente retirou as mãos de seu rosto e revelou a surpresa, fazendo o alfa ficar de boca aberta.

— Hoonie! Fecha a boca antes que entre alguma mosca! – Ele riu divertido e ofegou quando o alfa lhe puxou para sentar em seu colo, sendo analisado de cima a baixo pelo mesmo homem. — Você gostou?

— Eu amei, você ficou tão, mas tão lindo… Ah, meu futuro marido é o mais lindo, hipnotizante, etéreo e de tirar o fôlego desta matilha, não, deste universo! – Respondeu entre beijos, não poupando nenhum lugar e sorriu ao ver o ômega ficar envergonhado, acariciou a bochecha alheia com ternura e aproximou gradativamente os rostos até estarem perto o suficiente para sentirem a respiração um do outro. Chanhee fechou os olhos e esperou pelo o que viria a seguir, Younghoon entendeu o recado e logo selou os lábios em um beijo carinhoso e que demonstrava todo o amor que tinha por aquele pequeno ômega. Arfou ao sentir o aperto em sua cintura e ainda mais quando seu lábio inferior foi puxado pelos dentes do alfa, coisa que lhe fez remexer sobre o colo alheio e arrancar um murmúrio do outro homem. Não soube dizer quando que o beijo carinhoso se transformou em um mais quente e necessitado, muito menos quando foi que Younghoon o colocou deitado e se acomodou entre suas pernas, mas soube que ele não estava normal quando um rosnado escapou por sua garganta.

— Ah, Hoonie! – O barulho fofo saiu entre o beijo e o Choi apertou os lábios quando a mão alheia passeou por seu rosto até chegar em seu pescoço, onde deixou uma carícia. — Jagi… – Chamou pelo alfa, sentindo falta da presença dele sobre sua boca Younghoon se afastou, ficando sentado sobre seus joelhos enquanto sentia o olhar confuso do ômega sobre si.

— Eu acho que ele chegou, Hee… – Murmurou e Chanhee logo entendeu do que ele falava. — Não estou conseguindo ter total controle sobre mim… Você ainda tem chance de sair daqui… – Ele sugeriu e o mais novo negou com a cabeça, erguendo o corpo e ficando frente a frente com o mais velho, levando uma das mãos até o rosto quente dele e deixando o polegar acariciar o local.

— Eu quero te ajudar, Hoonie, eu já havia lhe dito isso. – Falou de forma decidida e Younghoon suspirou, tinha tanto medo de machucar o ômega que amava. — Nada e ninguém vai me fazer mudar de ideia. – Acrescentou e ficaram em silêncio por mais algum tempo antes do alfa rosnar e lhe empurrar para o estofado novamente, fazendo Chanhee arfar quando os lábios passearam por seu pescoço, marcando-o com diversos chupões e grunhido ao sentir o cheiro de baunilha em seu olfato. O Choi reparou em como a coloração dos olhos alheios estavam oscilando, uma hora estando castanho e outra vermelho, como se Younghoon lutasse contra seu próprio lobo e ignorando o fato do ômega estar ali por que queria. — Jagi, pode deixá-lo vir, eu sei que seu lobo não faria nada para machucar o seu companheiro… – Disse de forma doce enquanto acariciava os fios negros do rapaz, ouvindo este murmurar alguma coisa que a audição do ômega não foi capaz de compreender e assim que ele levantou o rosto, percebeu que os olhos estavam completamente vermelhos, sem nenhum tipo de variação. 

A blusa alheia rapidamente foi retirada, revelando o peitoral trabalhado do alfa e fazendo o mais novo suspirar quando passou a mão pela pele quente. O ômega ofegou quando a sua peça de roupa seguiu o mesmo destino, sendo jogada em qualquer lugar da sala, e se remexeu no sofá ao sentir o olhar repleto de desejo que Younghoon lhe enviava. Os lábios finos foram em direção aos seus botões rosados, lhe fazendo gemer ao sentir a língua fervorosa brincar com o biquinho eriçado para depois o prender entre os dentes e deixando o calor se alastrar por toda a extensão do ômega, que pedia silenciosamente por mais de seus toques. Os dedos finos mergulharam em seus fios e foi guiado para que descobrisse mais do corpo pequeno, e o rosnado foi quase inevitável por parte do alfa quando notou o pequeno volume que enfeitava o short de algodão que o ômega usava, sentiu o seu próprio íntimo pulsar em ansiedade e Chanhee arfou ao sentir a peça ser arrancada com brutalidade de seu corpo, levando a roupa íntima junto em consequência.

— Meu. – Murmurou e o Choi se arrepiou com a rouquidão presente na voz que já era profunda naturalmente, balançando a cabeça lentamente com a afirmação alheia, os beijos partiram da barriga branquinha até as coxas imaculadas do garoto, deixando um chupão em sua lateral interna.

Farejou o local e um sorriso satisfeito pairou em seus lábios, encarando a obra de arte que tinha em sua frente por minutos inteiros, fazendo o ômega fechar as pernas em vergonha. Aquilo fez o alfa rosnar e novamente as abriu, deixando outra trilha de beijos por ali até ir de encontro com a região íntima do garoto, tendo a ajuda da mão direita para estimular o membro alheio, esfregando o polegar na cabecinha rosada e sentindo o líquido seminal sair em abundância, manchando os dedos esguios. Abaixou o rosto e se aproximou da entrada alheia, que escorria lubrificante natural e respirou fundo, tragando o aroma de baunilha como se fosse a droga mais viciante que existisse e logo mais beijou a intimidade, ouvindo um suspiro escapar pelos lábios naturalmente rosados. Largou o membro do ômega para segurar suas coxas e erguer um pouco o quadril alheio, enfiando o rosto entre as penas e deixando a boca ir em direção a entrada estreita, deixando a língua atrevida brincar com as preguinhas antes de iniciar uma sucção ali, ouvindo o parceiro engasgar e soltar um gemido bonito. 

— Hoonie! – Chamou quando sentiu os dedos úmidos acariciando sua região íntima, lhe fazendo contraí-la inconscientemente e ouvindo um grunhido do alfa. Seus olhos marejaram quando o primeiro dedo entrou sem aviso, sentindo uma ardência insistente na região e Younghoon beijou sua coxa tentando lhe confortar, quando o segundo se fez presente, um gemido desconfortável saiu pela boca do ômega e isso fez o alfa entrar em alerta, que parou tudo o que estava fazendo e recebeu um olhar confuso de Chanhee. — Continua… – Implorou empurrando o quadril para baixo e arfando ao sentir os dedos se movimentarem dentro de si, Younghoon murmurou algo e começou a mover os dedos dentro do ômega de forma cuidadosa, escutando este gemer baixinho e suspirar satisfeito. 

Fez movimentos de tesoura no menor, tentando abrir espaço dentro dele para o que viria a seguir e mordeu as coxas marcadas sem força, ouvindo outro dos gemidos doces que saíam pela boca alheia. Chanhee mordeu os lábios quando os dedos foram retirados de si e remexeu o corpo embaixo do alfa, arfando surpreso por não ter reparado em que momento ele havia terminado de tirar suas roupas. Sentiu uma fisgada em sua entrada ao observar o noivo estimular sua própria ereção, que gotejava em prazer, abrindo a boca em um gemido mudo quando o membro rijo roçou em seu íntimo e afundou as unhas curtas nas costas largas quando ele foi introduzido em si com alguma dificuldade. Younghoon gemeu rouco quando as paredes internas do Choi abraçaram seu membro e não demorou para que começasse a se movimentar, sem ter noção que aquilo machucava o garoto. 

— Jagi… devagar… eu estou aqui… assim vai me machucar… – Miou com dificuldade, sentindo as lágrimas escorrerem pelas bochechas e o alfa pareceu entender, deixando um selar carinhoso em seus lábios e ir diminuindo o ritmo até parar completamente para não machucar ainda mais o ômega. Chanhee respirou fundo e esperou alguns minutos, sentindo a ardência ir diminuindo gradativamente até se dispersar por completo, o encorajando para movimentar os quadris e dar permissão ao alfa para continuar o que estava fazendo antes. 

O aperto na cintura foi presente em todo momento, fazendo ele ter certeza que ficaria marcado até o fim da semana se continuasse assim, mas não era como se ligasse para isso agora. Younghoon o estocava de forma rápida e precisa, batendo em seu ponto ideal diversas vezes e lhe fazia ver estrelas por baixo das pálpebras, que ficavam ainda mais nítidas quando além disso, os botões rosados também eram estímulos, estes que já estavam em um tom forte de vermelho pelo tanto que o alfa abusou do local. Arqueou as costas quando as mãos atrevidas capturaram seu membro, lhe fazendo engasgar e tremer por tantos estímulos que estava recebendo em um curto período de tempo. O corpo super sensível não precisou de mais para que deixasse toda a sua essência manchar os abdômen e arrancar um gemido alto do ômega, algo que chamou a atenção do alfa e o fez aumentar a velocidade da penetração para que acompanhasse a onda de prazer que o parceiro estava recebendo, rosnando ao sentir a cavidade naturalmente estreita se fechar ainda mais contra si.

A pulsação insistente referente ao membro rijo foi o suficiente para Chanhee saber que o alfa também estava a um fio de ter o seu clímax e foi preciso de apenas de mais duas estocadas para que ele viesse dentro de si, fazendo o ômega suspirar ao sentir o líquido quente preencher todo o seu interior. O olhar de Younghoon se focou unicamente no pescoço marcado e as presas afiadas incomodaram sua gengiva até que as liberou por completo, Chanhee inclinou o pescoço e convidou o alfa para que deixasse sua marca ali, sabendo que esse era seu desejo, e a sensação dolorosa se fez presente, sentindo os caninos perfurarem sua carne. Minutos depois, ele se afastou e lambeu o local ferido retirando o sangue que se acumulou ali e o gosto ferroso passou por seu paladar, encarou o rosto delicado e pediu com o olhar para que fizesse o mesmo consigo. E Chanhee arfou surpreso, mas zumbiu feliz por Younghoon querer pertencer a ele, se aproximando do pescoço do alfa e seguindo o mesmo processo que havia ocorrido consigo a poucos minutos, agora, selando as almas para a eternidade.

Os corações sincronizaram as batidas e a sensação diferente se fez presente no corpo de ambos, embora as emoções fossem as mesmas, ainda era agoniante nas primeiras horas de laço. Chanhee observou o alfa cair cansado do seu lado, abraçando seu corpo pequeno e descansando a cabeça em seu ombro, respirando de forma pesada, não parecendo a mesma pessoa de momentos anteriores. Um sorriso pairou nos lábios inchados e um selar casto foi dado sobre a testa do Kim, vendo este se aconchegar ao seu lado e fechar os olhos, fazendo o ômega acariciar os fios negros antes de sentir o sono invadir seus sentidos. Entretanto, ele sabia que aquela paz acabaria quando o cio voltasse e Younghoon estivesse sobre si novamente.

 

 

 

 

 

 

— Calma, hyung, vai dar tudo certo. – Eric disse preocupado enquanto via o mais velho correr para o banheiro assim que o telefone tocou e foi atrás dele, fazendo uma careta quando assistiu ele colocar todo o seu almoço para fora. Chanhee não fazia ideia se aquilo era porque estava nervoso ou pela gestação que havia acabado de descobrir.  

Os enjoos e mudanças de humor um mês depois de ter passado o cio com o alfa foi motivo de alerta para Chanhee, mas estava tão ocupado com a floricultura que foi deixando aquilo para depois até começar a afetar seu trabalho. Não pensou em outra coisa ao perceber quais eram os sintomas e o teste de gravidez sobre a pia do banheiro confirmava suas suspeitas. Ele estava esperando um filhote. O que para si era incrível já que sempre quis ser pai, mas não sabia qual seria a reação do alfa que havia lhe marcado como seu. Estava ciente que o mais velho queria ser pai, entretanto, isso estava planejado para daqui a alguns anos apenas. E se ele não quisesse o filhote? Largasse Chanhee em sua própria sorte? Tais pensamentos lhe faziam ter ainda mais vontade de vomitar.

— Chanhee, Younghoon hyung está te ligando. – Hyunjae gritou do lado de fora do quarto e o mencionado sentiu seu estômago embrulhar ao ouvir aquilo. Faziam boas horas desde que saiu de casa e até agora não havia mandado uma mensagem para o alfa, e sentia a preocupação queimar em sua marca e aquilo o fez se sentir culpado, e a vontade de chorar voltou como uma avalanche. 

— Hyunjae hyung você está piorando tudo! Cale a boca! – O mais novo gritou de volta para o irmão e a voz do Lee gradativamente foi se afastando da porta do banheiro.

O ômega se encolheu ao lado da pia, sentindo as lágrimas começarem a regar o seu rosto e um soluço escapou por sua boca, colocando a mão sobre o peito em uma tentativa falha de fazer o aperto ir embora. Não soube quanto tempo ele passou sentado ali, mas em algum momento ele teve que levantar e tomar coragem para ir embora e encarar o alfa. Hyunjae e Eric disseram que ele podia passar a noite com ambos caso precisasse de mais algum tempo para se recuperar do choque de realidade, Chanhee agradeceu, mas recusou a oferta, ele precisava conversar com Younghoon e adiar aquilo só faria ele se sentir pior, os irmãos entenderam o que ele quis dizer e ofereceram apoio emocional caso nada ocorresse como o esperado. Um abraço acolhedor foi trocado na despedida dos três e Chanhee suspirou quando começou a caminhar pelas ruas quase vazias da alcatéia, apertou a alça da bolsa e apertou o passo, querendo chegar em casa logo. Respirou fundo ao parar na entrada e quando destrancou a porta, viu o alfa correr para perto de si com um olhar preocupado e fez o ômega suspirar. Não disse nada, apenas se ajeitou para entrar e se sentou no sofá, dando duas batidinhas para que Younghoon se sentasse ao seu lado. 

— Hee? Onde você estava? Eu fiquei preocupado com você… Senti um sensação estranha o dia todo e não estava vindo de mim… Aconteceu alguma coisa?

— Calma, jagi… – Murmurou brincando com os dedos, não sabendo como contaria para ele, estava completamente perdido. — Eu estava na casa de Hyunjae hyung e Eric…

— Ah, que bom! – Suspirou aliviado. — Mas, aconteceu algo, não é? Eu consigo sentir… É algo ruim? – Perguntou com preocupação, tomando a mão pequena para si e entrelaçando os dedos, tentando passar segurança.

— Depende da sua concepção. – Levou o olhar para o alfa e mordeu os lábios nervoso, sentindo seu interior borbulhar em uma mistura de ansiedade e medo. — Hoonie, lembra quando eu te falei que estava me sentindo mal? 

— Claro, amor, eu até te chamei para ir ao médico, mas você disse que não era nada demais! Por quê?

— Por que… bem… – Respirou fundo e apertou a mão de Younghoon, tomando coragem para dizer o que estava o perturbando, se sentindo ainda mais nervoso com o olhar ansioso do mais velho. — Eu estou esperando um bebê, nós vamos ter um filhote. – Disse de vez e a boca do alfa caiu em surpresa, fazendo ele ficar em silêncio por vários minutos processando o que havia escutado e Chanhee se sentiu nervoso com aquilo, sentindo medo de como ele agiria após voltar a realidade. Younghoon desceu o olhar para a barriga sem nenhum volume do ômega e sorriu, mas sorriu de forma espontânea e que mostrava todos os seus dentes. — Hoonie?

— Um bebê… – Younghoon sussurrou emocionado e Chanhee viu as lágrimas de formarem nos cantos dos olhos do mais velho. — Isso é verdade? Por favor, não brinque comigo assim, Hee!

— Eu estou falando sério, jagi, fiz o teste hoje e deu positivo. – Explicou e arfou surpreso quando o maior lhe prendeu em um abraço apertado, fazendo o ômega soltar as lágrimas que havia segurado até o momento presente e choraram juntos, mas de felicidade. Younghoon se afastou para limpar o rosto do parceiro, sorrindo e selando os lábios, fazendo o ômega se entregar ao momento afetuoso que estavam tendo. Deu um gritinho quando o mais velho lhe pegou no colo e caminhou consigo até o quarto em que ambos compartilhavam, onde colocou o ômega com cuidado na cama, com medo de machucá-lo de alguma forma. — Você quer que nosso bebê seja um alfa, ômega ou beta? 

— Não me importo com isso, Hee, eu quero só que ele nasça saudável e bonito como você. – Murmurou se aproximando do noivo sorrateiramente e levantando a camiseta deste para encarar a barriga que em breve ficaria enorme, Chanhee resmungou ao pensar em perder todas as suas roupas e Younghoon riu gostoso, deixando um selar casto em seu ventre. — Sabe quem vai adorar essa notícia? – Perguntou enquanto acariciava a barriga alheia e o ômega riu.

— Jeong noona, claro. – E o Kim balançou a cabeça concordando deixando outra risada boba escapar, recebendo um beijo na bochecha em seguida. — Obrigado por me fazer tão feliz, Hoonie.

— Eu que devo te agradecer por me aceitar como seu alfa. – Respondeu virando o corpo pequeno com cuidado para que este lhe encarasse, vendo que as bochechas já estavam vermelhas como o habitual. — Eu amo você, yeobo e já amo nosso filhotinho. – Murmurou enquanto retirava os fios que caíam sobre os olhos expressivos do Choi.

— Eu também te amo, Hoonie. – Respondeu de volta antes de se levantar bruscamente da cama e sair correndo até o banheiro sentindo o embrulho no estômago novamente, fazendo o alfa ficar preocupado e ir atrás de si. Se ajoelhou contra o vaso sanitário e levantou a tampa de forma rápida, jogando para fora o que restou do almoço e sentindo os dedos do Kim acariciarem seus fios claros enquanto presenciava aquela cena nenhum pouco agradável. Os minutos se passaram e aos poucos o intestino de Chanhee se acalmou, o fazendo respirar fundo e rir. — Acho que nosso filhote também te ama. – Disse fazendo gracinha e escutou o alfa gargalhar antes de lhe ajudar a levantar, no fim Younghoon estava mais do que feliz com a nova notícia e Chanhee não poderia estar mais tranquilo com isso.

 

 

 

 

 

 

Os meses se passaram e com isso veio o matrimônio de ambos, uma festa elegante e com poucos convidados, que foi pedido do ômega e ninguém o negou, pois todos sabiam o quanto ele ficava desconfortável em um grande grupo de pessoas. O terno que usou precisou passar por várias modificações já que sua barriga cresceu de forma considerável ao longo do tempo e agora, com quatro meses e meio, todos comentavam sobre como parecia maior do que o esperado para alguém nos primeiros meses de gestação. Chanhee e Younghoon estavam ansiosos, pois aquele dia em específico era o grande dia em que saberiam o sexo e a classificação do bebê, um marco importante para todo casal e ainda mais para o líder da matilha.

— Hee, você está pronto? 

— Espera só um pouquinho! – Disse e logo jogou o que restou do café da manhã para fora, se apoiando no vaso sanitário enquanto esperava seu estômago se acalmar, odiava aqueles enjôos matinais que estavam lhe acompanhando de forma persistente desde o primeiro mês. Chanhee suspirou e se levantou após algum tempo, esperando que o obstetra entendesse o motivo de seu atraso, deu descarga e escovou os dentes de novo antes de cruzar a porta e dar de cara com o alfa ansioso. — Agora a gente pode ir. – Sorriu e viu ele arfar animado, entrelaçando seus dedos e caminhando consigo até o carro, que já estava ligado referente a ansiedade do alfa. 

Younghoon abriu a porta para si como de costume e ele sorriu quando o alfa sentou ao seu lado, acariciando a barriga grande e respirando fundo antes de dar partida no carro. O caminho até o obstetra foi tranquilo, o ômega falava sobre as coisas da gravidez enquanto o mais velho dava ideias de decoração para o quarto do filhote de ambos, Chanhee riu por saber que ele praticamente assumiu aquela responsabilidade por conta própria, mas agradeceu por ter um alfa tão atencioso como Younghoon. Minutos depois, já estavam em frente a clínica e Chanhee sorriu, saindo do carro apressado e ignorando os chamados do marido, que se afobou e correu atrás de si como se o ômega estivesse fugindo para fora da matilha. Ele era um alfa bobo, com toda a certeza.

— Senhores Kim, o doutor Ahn já está em seu aguardo no consultório. – A recepcionista informou de forma simpática e Chanhee agradeceu, ele adorava aquela beta. Younghoon entrelaçou seus dedos com os do ômega e sentiu sua mão ficar úmida, denunciando que não era só ele que estava nervoso e sorriu, caminhando até a sala quatro e dando suaves batidas na porta antes de finalmente entrarem. — Bom dia, papais, estão ansiosos para saber o sexo e a classificação do bebê? – Perguntou e instruiu o ômega a se deitar para começar o ultrassom.

— Muito, Hoonie quase não me deixou dormir de tanta ansiedade, parece até que ele está carregando o bebê. – Chanhee respondeu e gemeu incomodado quando o gel frio foi colocado em sua barriga, fazendo o outro ômega rir.

— Alfas são assim mesmo, você pode ter dez filhotes, mas sempre parece a primeira vez. Experiência própria. – O obstetra disse, fazendo o Kim mais novo rir e apertar a mão do parceiro ao perceber a expressão de cachorrinho sem dono que enfeitou o rosto dele. — E como está a questão dos enjôos? Ainda são frequentes? – Questionou enquanto ligava o aparelho.

— Oh, sim, não entendi porque eles não cessaram ainda. – Disse enquanto sentia o alfa acariciar os fios desbotados. — Todos dizem que minha barriga está muito grande para alguém de quatro meses, queria saber se isso é normal. 

— Em relação aos enjôos, eu irei te receitar um medicamento que eu usei em minha gestação e garanto que ele irá te ajudar. – O ômega mais velho falou enquanto passava o aparelho sobre o ventre de Chanhee, recebendo um murmúrio em resposta e sorrindo ao olhar no visor. — Sobre a sua barriga… bom, é mais que normal para alguém que está esperando gêmeos. – Revelou sem rodeios e tomou um susto quando o alfa deixou o recipiente com luvas cair no chão. 

— Gêmeos? – Chanhee gaguejou desacreditado e levou o olhar para Younghoon, que já deixava algumas lágrimas escorrerem pelo rosto de traços fortes. — Tem certeza, doutor? 

— Mais do que certeza, olhe no visor. – Sorriu gentil e viu o ômega mais novo arfar surpreso ao ver os dois bebês na tela, seus olhos ficaram úmidos e logo as lágrimas escorreram pelas bochechas coradas. 

— Você consegue ver o sexo? – Younghoon perguntou ansioso e com a voz miada, vendo o mais velho assentir e isso lhe deixou agitado, apertando a mão do marido e sorrindo para ele. Seria pai de dois bebês e aquilo soava incrível para si. — E então? – Disse ansioso após longos minutos do médico passando o aparelho na barriga do esposo, que transmitia uma ansiedade que se misturava com a afobação do alfa Kim. 

— São dois meninos. – Disse por fim e Younghoon escutou seu lobo uivar em alegria, ele seria pai de dois lindos garotos e sorriu bobo ao pensar naquilo. O médico limpou a barriga do ômega com delicadeza, retirando o gel e logo aplicando outro produto, fazendo ambos ficarem confusos. — Esse gel ajuda o alfa detectar o cheiro dos filhotes. – Explicou. — Pode se aproximar, Younghoon-ssi. – Sorriu e se afastou um pouco, deixando aquele trabalho para o alfa. O Kim se agachou ao lado do esposo e depositou um selar na mão elegante antes de aproximar o rosto de seu ventre, farejando o ar com atenção e realmente sentindo o cheiro novo presente no corpo do ômega. 

— Eu sinto um cheiro de caramelo e outro de café. – Murmurou depois de algum tempo e levou seu olhar para o médico, esperando que ele dissesse algo. — Isso quer dizer que… – Não conseguiu terminar sua frase já que a informação chegou em seu cérebro de forma tão intensa que seu corpo simplesmente parou de responder, o fazendo apagar completamente e deixar o companheiro preocupado, mas que logo foi consolado pelo outro ômega que lhe disse que alfas eram assim mesmo. 

 

 

 

 

 

 

— Younghoon hyung é realmente muito fértil, logo no primeiro cio conseguiu te engravidar e de gêmeos ainda! – Changmin disse andando de um lado para o outro, não conseguindo processar a informação direito, a qual descobriu por um acaso. 

— Quem está grávido de gêmeos? – Jeonghwa questionou logo após trancar a porta da casa do filho e Chanhee se perguntou como todas aquelas pessoas tinham acesso as chaves da sua casa. — Não vai me dizer que… – A frase morreu assim que ela notou o olhar do outro ômega, aquele olhar respondeu todas as suas dúvidas. — Chani! Como você foi capaz de esconder isso por tanto tempo? Eu achei que você gostasse de mim! 

Chanhee e Younghoon decidiram esconder aquela informação de todos até o dia em que os bebês finalmente nasceriam, mas nada dura para sempre e uma hora a verdade viria à tona, e lá estava ele, em plenos nove meses de gravidez, escutando seu melhor amigo e agora sua sogra falando sem parar. Eles estavam deixando o pobre ômega tonto de tantos questionamentos. Maldita hora em que Younghoon resolveu marcar mais uma reunião naquela semana. Adorava o amigo e a sogra, mas seus hormônios queriam apenas um pouco de paz e silêncio, de preferência enquanto era mimado pelo marido. O ômega aumentou volume da televisão e ignorou ambos, acariciando a barriga e sorrindo ao sentir um chute sobre sua mão, lembrando de como Younghoon gostava de conversar com os dois filhotes e da forma que ele ficava bobo todas as vezes em que eles lhe respondiam com um chute. Deixou um gemido de dor escapar ao sentir uma pontada na barriga, mas ignorou ao achar que era apenas mais uma cólica. 

— Chanhee… – Changmin lhe chamou e recebeu a atenção do ômega. — Você está fazendo xixi? – Perguntou e Jeonghwa arregalou os olhos, deixando os dois homens confusos com sua reação.

— A bolsa dele estourou! – Exclamou afobada. — Os bebês vão nascer! Changmin ligue para Younghoon agora! – A senhora Kim mandou e correu até o corredor, abrindo porta por porta até achar o quarto dos netos, onde pegou a bolsa maternidade e saiu correndo em direção ao rapaz, que estava com a mão na barriga e deixando um murmúrio de dor escapar por seus lábios cheinhos. Jeonghwa ajudou o genro a chegar até o carro, onde tomou frente e deu partida para irem até o hospital mais próximo, Changmin entrou logo em seguida dizendo que não estava conseguindo falar com o alfa. — Continue tentando, Changmin. – Aconselhou e começou a dirigir, tentando ser rápida, mas cuidadosa para não causar um acidente.

No Conselho, Younghoon sentiu sua marca formigar e sabia que algo não estava certo, pediu licença para chegar ao telefone e arregalou os olhos ao ver a enorme quantidade de chamadas perdidas vindas do número do esposo. Não perdeu tempo em abandonar tudo o que estava fazendo para ir atrás dele, entrando no carro e o ligando de forma apressada, parando apenas quando escutou o toque insistente do celular. Seu mundo quase caiu ao atender e escutar a voz de Changmin, que lhe avisava que Chanhee havia entrado em trabalho de parto e estavam a caminho do hospital, os olhos ficaram úmidos ao perceber que seus bebês iriam vir a vida. Aquilo foi o suficiente para si, lhe fazendo dar partida no carro e dirigir de forma rápida até o hospital, torcendo para que conseguisse chegar a tempo. Mesmo com toda a correria e desespero de todos, tudo deu certo no final, Younghoon chegou no hospital praticamente na mesma hora em que os outros e conseguiu assistir ao parto dos bebês, coisa que lhe emocionou em escalas absurdas e lhe fez chorar quando escutou o primeiro chorinho. 

Horas depois Chanhee havia acordado, estava tão cansado pelo esforço que fez que assim que o segundo bebê saiu, ele apagou. Deixando o marido preocupado com o ato inesperado, mas logo foi confortado pelos médicos, lhe deixando mais calmo e deixando o ômega descansar enquanto ele acompanhava a enfermeira que levou seus bebês para o primeiro banho, isso também o fez chorar. Younghoon entrou no quarto em que o Kim mais novo estava e se aproximou lentamente, deixando um selar na testa que tinha alguns fios grudados.

— Onde eles estão? – Perguntou inquieto, olhando de um lado para o outro e fazendo o alfa sorrir com o instinto paterno do ômega. — Hoonie, eu quero meus bebês. – Choramingou, deixando um biquinho enfeitar os lábios. O silêncio foi algo que Chanhee não esperava receber, mas logo foi quebrado quando uma beta chegou com dois embrulhos em seus braços e aquele momento o mundo parecia ter parado para o ômega de fios descoloridos. As lágrimas regaram o rosto alheio assim que os segurou, sorrindo ao observar o rostinho dos filhotes e ao sentir o cheiro de ambos misturados em uma combinação perfeita, assim como o seu e de Younghoon. 

— Eles são tudo o que eu pedi para a Lua. – Younghoon murmurou enquanto pegava o pequeno ômega nos braços, se derretendo completamente ao ouvir o barulhinho característicos de recém-nascido. — Lindos e saudáveis, como o meu lindo esposo. – O momento afetuoso continuou concentrado no ar e nem mesmo quando Changmin e Jeonghwa entraram no quarto ele acabou. A senhora Kim sentiu seus olhos ficarem marejados e caminhou até o filho para poder observar o neto, Changmin seguiu a mesma atitude e foi ao lado de Chanhee, encarando o bebê com curiosidade.

— Vocês já decidiram os nomes? – A ômega perguntou e encarou o outro filhote, sentindo seu coração ficar quente e viu que ambos balançaram a cabeça em concordância.

— O ômega vai se chamar Minho. – Younghoon disse. — E o nosso alfa vai ser Soomin. — Chanhee não abandonou o sorriso do rosto, deixando a cabeça se apoiar na cabeceira da cama e ninando o bebê para que este dormisse. Sua família estava completa agora, com um lindo alfa e dois bebês que encheriam a casa de alegria e luz, não podendo esquecer dos sogros e dos amigos que lhe acompanharam em toda aquela jornada. Ele finalmente havia encontrado o seu final feliz.


Notas Finais


oi gente, feliz natal e já adianto um feliz ano novo!!! eu sei que isso ficou enorme e tals, mas eu fiquei tão empolgada escrevendo que só sabia que precisava terminar o mais rápido possível (e isso custou 6 notas e meia do meu bloco de notas), mas eu amei escrever essa história e desenvolver o romance dos dois, obrigado por acompanharem até aqui e espero que vocês comentem bastante sobre, até mais hihihi <3


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