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História Não Posso Negar - O Nascimento do Pequeno Ackerman


Escrita por: Enix

Capítulo 51 - O Nascimento do Pequeno Ackerman


Fanfic / Fanfiction Não Posso Negar - O Nascimento do Pequeno Ackerman

 

O Capitão Levi desejava profundamente que aquela festa terminasse logo para que voltasse para o castelo, e depois para a casa. Vivia a cada minuto tenso, desde que a língua grande estava do outro lado do salão esperando o momento que Mikasa ficaria sozinha. "Aí" de Sasha se ela falasse alguma coisa, porque seria bom que ela aprendesse a rezar, pois iria precisar, caso inventasse de proferir maldades. 

Hange deu uma saída ao banheiro, e Mikasa mordeu um salgadinho querendo devorar todos de uma vez, mas se controlou e fez a comportada no meio das outras pessoas. No entanto, colocou o pratinho de comida na perna de Levi depois que se sentaram em um dos bancos de madeira, espalhados por todos os cantos do salão, com pisos quadrados em preto e branco.

Ao enxergar Eren e História vindo em suas direções, Mikasa se levantou para abraçar Eren, sussurrando alguma coisa no ouvido dele, que o fez sorrir e a apertar mais no abraço. 

O Capitão Levi afrouxou um pouco a gravata no seu pescoço, desde que começou a incomodar, e a sufocá-lo. Ficou sério, com aquela pontada de ciúmes. Desviou o olhar cruzando os braços e batendo o pé no chão incessantemente, procurando não ficar irritado com pouca coisa. 

–Parabéns pelo casamento… –Mikasa soltou Eren do abraço. –Eu estou muito feliz por você. 

–Obrigado! –Os olhos de Eren cintilavam com a animação de Mikasa. –Mas esse casamento foi apenas para selar esse acordo. 

Com a declaração de Eren, História compreendeu que ele ainda não nutria nenhum sentimento amoroso por ela ainda, apenas o de respeito e amizade. Aquele era um casamento sem amor, apenas de negócios. Ela sorriu sem graça, um pouco desapontada. Essa era a proposta, porém História queria que fosse muito mais que isso. 

–Eren tem razão, Mikasa. –Falou a loira. –Foi um casamento de negócios. Eren pegou o Titan, e para devolvê-lo e manter firme a antiga declaração que Rei Fritz fez sobre a paz entre as nações, seria necessário que ele se casasse comigo, ou que fosse comido por mim. Eu preferi não comê-lo, e achei a melhor saída esse casamento. 

–Entendo. –Mikasa refletiu sobre isso. –Eu fico aliviada que não foi necessário algo mais radical, mas eu acredito que vocês agora tem uma grande oportunidade de se conhecerem melhor. –Disse ela, esperançosa. – E podem acabar, sabe… –Mikasa colocou a mão na sua barriga indicando sutilmente o que queria dizer, o que deixou Eren e História bastante corados. 

–Ah, como está seu bebê? –História aproveitou aquele gancho para desfocar a atenção sobre ela e o Eren. 

–Crescendo a cada dia. –Respondeu Mikasa. –Nunca imaginei que em uma gravidez eu pudesse sentir tantas coisas diferentes acontecendo no meu corpo. 

–Hum? Como o que? –História ficou curiosa, sem compreender do que Mikasa falava. 

–Sono, fome, cansaço, irritação, uma maior sensibilidade emocional… aah, tanta coisa!

–Parece um sofrimento. –História observou em como a amiga falava. Embora fosse bonito, não parecia nenhum pouco agradável esse período de gestação. –Espero ver o rostinho do seu bebê logo. Todos estão aguardando ansiosos pela chegada dele ou dela. 

–Ainda faltam alguns meses. –Mikasa estava ansiosa para o parto, mas também com um pouco de receio. Não sabia como iria se sentir na hora de dar a luz ao bebê. Não sabia exatamente como funcionava um parto, só sabia que doía. –Estou imaginando como vai ser. 

História colocou a mão no lombo de Mikasa para confortá-la. –Não se preocupe, vai ficar tudo bem. 

Eren se afastou das garotas que estavam bastante distraídas conversando entre elas, e o Capitão Levi também se afastou terminando no fim, na companhia de Eren. Quando Hange apareceu do seu sumiço prolongado ao banheiro, o Capitão fez um sinal de longe, para que Hange ficasse perto de Mikasa o tempo todo enquanto ele se afastava. 

Eren parou de caminhar e ele também. 

–Você contou a Mikasa? –Eren perguntou com uma substância diferente na voz. 

–Ainda não. –Disse ele, apático. 

–Se você não contar, outra pessoa vai. –Eren foi honesto com o que pensava. –Todo mundo já sabe o que aconteceu, menos ela. 

–Eu não posso falar nada ainda. –Não poderia e não queria. Levi também não entendia tanta comoção em algo que ele não permitiu acontecer. Muito ao contrário, resolveu o problema que Mikasa tanto queria: Isabel longe dele. Porém o Capitão tinha preocupação sobre como Mikasa poderia se sentir, e medo de como ela poderia reagir.  –Depois que souber, talvez ela enlouqueça e suma. 

–Eu acho que ela não faria isso. –Eren falou pensativo, tentando prever a atitude de Mikasa.  

–Eu não duvido. –Levi cruzou os braços fungando. –Ela me falou isso uma vez, e eu não pretendo pagar para ver. 

–Mas o que aconteceu realmente? Você traiu?–Nem Eren e nem os outros sabiam o que aconteceu direito. Tudo o que tinham eram fofocas. 

–Não, isso não. –Respondeu ele irritado com aquela acusação.  

–Você alguma vez já pensou em trair?

–Eren, eu não sou um moleque fanfarrão. –O Capitão atravessou a espinha de Eren feito um calafrio, com o seu olhar cortante. –Minha lealdade não é apenas como soldado, mas também como marido. Não é como uma mercadoria que pode ser vendida ou comprada, e não vai ser Isabel que vai me fazer mudar de idéia sobre isso. Eu não devo nenhuma explicação a você, mas já que estamos aqui, não vejo problema em deixar isso claro. 

 –Bom saber...–Eren coçou a bochecha absorvendo as palavras do Capitão. –Não posso esperar menos de alguém que se casou com ela, e que tem o amor dela. 

–O que você sabe de mim, é só o que você pensa. –Respondeu ele, indiferente. –Não me conhece profundamente, além do superficial. 

–Sei apenas de você como Capitão.– Eren se aproximou dele com  alguns passos, olhando em direção às garotas. Falou baixinho para o Capitão, somente para que ele ouvisse. –Mas sabe... qualquer vacilo seu, eu pego ela de volta para mim. 

–Quer perder todos os seus dentes da boca no dia do seu casamento? –O Capitão falou ameaçadoramente, sem paciência para ser paciente. –Você está casado agora, se contenha!

–É brincadeira Capitão. –Eren soltou um riso bem descontraído, embora a brincadeira existisse um fundo de verdade. –Só queria ver a sua reação. 

–Eren, se tentar alguma gracinha como essa…

–Somos amigos. –Eren falou interrompendo, imaginando que o Capitão estava levando a sua declaração muito a sério. –Só não magoe a Mikasa. Ela é importante para mim. 

Mikasa, Hange e História aparecerem se juntando a eles repentinamente, dispersando a conversa entre homens.  

–Capitão, você é convidado. Não precisava usar o DMT em cima da sua roupa social. –Falou história anunciando o primeiro assunto no grupo, ao reparar bem os trajes do homem mais velho. 

–Um homem prevenido vale por dois. –Comentou o Capitão. Ele já estava acostumado com o uso do equipamento, aquilo não era nada. Também não se sentiria confortável em estar desarmado na presença de inimigos, com sua mulher grávida ao lado, e com possíveis imprevistos que poderiam ocorrer nesse casamento.  –Não me incomodo de vim de DMT, ao contrário, acho indispensável e muito necessário.

–Então tudo bem, Capitão.  –História deu de ombros, tranquila.  

O pequeno grupo conversaram entre eles sobre o casamento, os Marleyanos, e outras infinidades de assuntos que foram surgindo. Depois Eren e História foram conversar com outras pessoas e Hange desapareceu, deixando apenas Mikasa com o Capitão Levi. 

–Podemos ficar mais um pouco se quiser. –Levi colocou uma mão no bolso, focado em Mikasa. 

–Quero ficar até o final. –Mikasa falou alegremente. Estava gostando da movimentação, e talvez o bebê dentro da sua barriga também. –Se você tiver que ir trabalhar, tudo bem. Eu fico aqui sozinha, com Eren, Sasha e os outros…. 

A cabeça de Levi imaginou no que poderia resultar Mikasa sozinha com todas essas pessoas, e decidiu ficar por ali. Hange e Erwin poderiam dar conta do resto no quartel, enquanto ele zelava por seu casamento. 

–Eu fico com você. –Levi passou a mão na nuca, meneando a cabeça e estralando o pescoço. –O que você quer fazer?

–Não sei. –Ela deu de ombros. –O que der vontade de fazer. 

–Quer dar um passeio no jardim? –Ele segurou a mão dela, suave.  

–Quero. –Mikasa segurou na mão dele também, e os dois saíram para fora do grande salão fazendo uma breve caminhada no belo jardim, apreciando a vista. 

Estenderam o tempo com pequenas conversas entre eles, e também com outras pessoas. Contudo, passado algumas horas, a festa de casamento  terminou e todos foram embora para as suas casas. Nisto, já era noite. 

Levi acompanhou Mikasa até a carruagem e fez uma despedida rápida a sua esposa. Todos estavam exaustos, mesmo com uma festança que divertiu a todos.  

–Vou passar no quartel para saber como estão as coisas. –O Capitão Levi ajudou Mikasa a entrar, e depois arrumou o seu lenço por cima da gravata. –Daqui a pouco chegarei em casa. 

–Vai demorar muito? –Perguntou ela, um pouco sonolenta. 

–Não pretendo, caso esteja tudo bem. 

–Tudo bem, vou tentar esperar você. –Mikasa deu um bocejo, piscando os olhos lentamente. 

Ele fechou a porta da carruagem e Levi se dependurou na janela, colocando a mão na nuca de Mikasa, a guiando para uma bitoquinha sem que ninguém soubesse além deles. Levi se afastou da janela.  –Até mais tarde pirralha!–Fez um sinal com a mão, para que o cocheiro pudesse partir. 

O Capitão Levi cruzou o pátio e foi em busca do seu cavalo que estava no meio dos outros. Montou em cima do animal, e rumou para o castelo. Ao chegar lá, procurou saber de todos os detalhes com o Comandante Erwin sobre todo aquele procedimento com os Marleyanos. Ao que tudo indicava, nada de estranho. Tudo foi absolutamente muito pacífico, o que era de se estranhar. 

–É só isso? –Perguntou Levi, cismado. –Tudo o que eles querem é um papel assinado para a paz?

–Ao que parece, sim. –Erwin esfregou os dedos no seu queixo, pensativo. –Mas eu estou pressentindo que eles não vão ficar parados. 

–Como assim? –Levi arqueou as sobrancelhas, esperando a desgraça.  

–Eles nos odeiam. –Começou Erwin. Pensou em várias possibilidades. –Talvez estejam apenas ganhando tempo para fazer um massacre, sem falhas. 

–Então esse acordo de paz, História e Eren, é pura balela deles? –Levi perguntou irritado. Também pensou em algo assim, mas apostou nesse acordo para que esse povo não viesse perturbar. 

–Talvez seja. –Disse ele calmamente. –O caso é que não vamos confiar apenas nesse acordo. Se for real, ótimo. Mas se não for, temos que estar preparados. Afinal, é uma outra nação, e é bem possível que existam outras. 

–Eu pensei a mesma coisa. –Levi olhou para a janela. –Mas acredito que eles ainda temem alguma coisa. 

–Os titans das muralhas. É isso que eles temem. –Erwin encarou a figura do homem à sua frente. Sabia de boa parte da história. – O novo armamento irá servir. Levou muito tempo para aprimorar, mas valerá a pena.  Também vamos traçar uma estratégia para a possibilidade de recuperar os outros titans originais. –Finalizou Erwin e Levi ficou bastante reflexivo com o que ouviu.  

–E quanto aos titans? – O Capitão desviou o seu olhar da janela, para Erwin. –Temos que pôr um fim na existência dessas criaturas. 

–Eu não faço a mínima ideia de como faremos isso. –Erwin colocou a mão na cabeça, sendo muito honesto. Ainda não sabia por onde começar a respeito da solução desse problema.  –A resposta que podemos encontrar para isso, talvez esteja no Eren. 

O Capitão se levantou da cadeira. –Estou começando a achar que essa coisa de Titan não tem solução. –Ele olhou para a porta que foi aberta por Hange, interrompendo o assunto.  –Tsc. 

–Tem que existir alguma solução. –Erwin se levantou da cadeira também, apertando a mão de Capitão. –Eu já vou indo. Nos vemos amanhã!

Hange entrou e respirou fundo. –Eu te espero no café da manhã, Erwin. 

–Ela disse sorridente dando um tapinha no braço dele, que apenas confirmou com a cabeça. Erwin saiu, e Hange ficou sozinha no escritório com o Capitão Levi. 

–Que isso? Um encontro? –Perguntou o Capitão abismado. 

–Talvez, quem sabe… –Ela deu de ombros, se sentando na cadeira que Erwin estava. –Mas a minha visita aqui é por outra coisa. 

–É pelo o que? – Levi se encostou na mesa, esperando que ela falasse. 

–Mikasa. 

–Hange, o fato que aconteceu c Isabel para mim é irrelevante, não tem importância. –Ele suspirou pegando a xícara de chá. Sua preocupação maior era a reação de Mikasa. –Mas todo mundo sabe, e estão comentando aqui no quartel. Eu tenho que falar para ela, ou Mikasa vai saber por outra pessoa. 

–Sasha está sob controle. –Hange cruzou as pernas, com sua voz tranquilizadora. Não gostava de oprimir ninguém e nem omitir, mas isso era por uma boa causa. –Os outros não tem contato com ela. Mikasa está dentro de casa, na dela. Olha, eu sei que não aconteceu nada, mas imagine se Mikasa ficar sabendo disso grávida? Ela vai surtar.

–Os hormônios… –ele se lembrou. –Só temo que ela invente de fazer uma besteira. 

–Não tem como saber. –Hange olhou para o Capitão. –A cabeça é de Mikasa, tudo o que sabemos é que ela pode entrar em uma crise. O estresse dela, as emoções, pode abalar o bem estar do bebê. 

–Hummmm… –Ele murmurou cruzando as pernas. Não só o bem estar do bebê, mas poderia acarretar em algo estúpido levada por emoções.  –Então você sugere que eu deixe para dizer a Mikasa depois do nascimento do bebê?

–É o melhor. –Hange deu de ombros. –Se isso for importante para você e para ela, o que eu acredito que é. 

–Não aconteceu nada. –Ele se desencostou da mesa, cruzando a sala muito inquieto. –Mas o meu sentido está me dizendo que isso ainda vai me render uma boa dor de cabeça. 

–É bem provável. –Hange riu. –Mikasa gosta de você, então é  natural que ela vai querer brigar.   

–Se fosse apenas brigar, isso para mim seria o menor dos problemas. –Disse ele, finalizando a conversa. –Eu vou para casa agora. Tenha uma boa noite, nos vemos amanhã!

–Boa noite, Levi! –Hange se levantou da cadeira, se despedindo também. Saíram do escritório de Levi, e cruzaram o corredor em direção oposta. Hange foi para a cozinha, e o  Capitão Levi foi para fora do castelo. 

Deu um pouco de água fresca para o seu cavalo, e montou em cima dele, voltando para a sua casa, que ao chegar, encontrou Mikasa na cama, com roupas de dormir, dormindo serenamente. 

Ele tirou os sapatos, o equipamento, e as suas roupas. Se lavou rapidamente, e vestiu uma calça. Deitou na cama ao lado de Mikasa e a abraçou por trás, beijando todo o pescoço de Mikasa, que despertou ela do seu sono rapidamente. 

–Levi? –Mikasa abria e fechava os olhos pesados de sono, porém tentava se manter consciente, levantando a sua mão para sentir o rosto dele. –Desculpe, eu estava com muito sono…

–Xiu… –Ele beijou a orelha dela, arrancando dela um suspiro e um arrepio, e Mikasa esfregou sua mão na dele. –Independente do que acontecer, você vai confiar em mim? –Perguntou ele, em sussurros. 

–Sim… –Respondeu ela quase fechando os olhos de novo. –Eu confio em você…

Levi ficou um pouco mais aliviado, ao saber daquilo que precisava saber. Sussurrou de volta, deixando Mikasa quieta. –Descanse… 

Mikasa voltou a dormir de novo, e Levi os cobriu com um lençol. Aconchegou Mikasa em seu corpo, e fechou os olhos para dormir também. 






 

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O nono mês de gravidez 

Os meses se passaram rapidamente, e Mikasa entrou no nono mês de gestação. Foi um mês complicado, pois a sua barriga cresceu, e estava bem maior. Seus olhos escuros ao redor, deixava claro que suas noites tinham sido mal dormidas noite após noite. O bebê se mexia bastante, às vezes recebia golpes e outras vezes, falta de ar. Ela se cansava rápido com caminhadas ou qualquer outra tarefa, até as mais simples. Seu corpo todo doía, e permanecer sentada se tornou um incômodo constante, preferindo sempre se deitar, escolhendo posições mais confortáveis. 

Levi, o seu marido, contratou uma parteira que também ajudaria a cuidar de Mikasa antes e depois do parto, e ensinaria a ela algumas coisas, principalmente como cuidar de um bebê. Ninguém era experiente nisso, nem mesmo Levi. 

Não tinham exatamente uma previsão de que dia, e em que horas o bebê poderia nascer. Por isso, foi comprado uma cama de solteiro e encaixado no quarto do bebê, para que a parteira que atendia pelo nome de Sandra, passasse suas noites dormindo ali, sob qualquer sinal de emergência. Levi e Mikasa também chegaram em um consenso. Depois do quinto mês de gravidez, não fariam mais sexo em diante, ao menos, até que o bebê nascesse. 

Naquela manhã de quinta feira, Mikasa estava sentada em cima da cama, ainda de camisola. Levi também estava sentado na cama ao lado dela, porém, vestido adequadamente para voltar ao quartel. 

–Hange me contou que dá para escutar os chutes do bebê. –Levi se expressou muito curioso, e também com uma pequena vontade de saber como era. 

–Ela está certa. O bebê chuta muito a minha barriga. –Mikasa passou a mão afetuosamente na barriga enorme.  –Você quer escutar?

Levi olhou para ela com as mãos sobre as suas pernas, muito interessado e ansioso. –Eu quero. 

–Então vem cá e encoste sua cabeça aqui. 

Com o chamado de Mikasa, Levi se abaixou e colocou um lado do seu rosto na barriga de Mikasa, tentando escutar alguma coisa. Mikasa acariciou os seus cabelos de fios alongados, iniciando um breve cafuné. Era engraçado a forma que Levi demonstrava estar bem atento, a cada movimento. 

–Tenho a impressão que eu escutei alguma coisa… –Disse ele, sem ter certeza, semicerrando os seus olhos. –Será que foi um chute?

–Pede para ele chutar, Levi. –Mikasa concebeu a grande ideia. 

–E você acha que ele vai me entender ou me escutar? –Levi questionou, acreditando que o bebê não entenderia o seu pedido. 

–Claro que vai. Ao menos eu acho. Tenta. –Motivou ela. 

Levi não sabia fazer isso, como iniciar um diálogo com uma criança que nem sequer ainda veio ao mundo. Foi terno, mas objetivo naquilo que esperava. –Se você estiver me ouvindo, chute para o papai. 

Mikasa riu causando tremulações na barriga, pela forma que Levi pediu para que o bebê chutasse. Aquilo tinha sido engraçado. Entretanto, Levi esperou que Mikasa ficasse quieta mantendo sua orelha colada na barriga dela, e repentinamente, ouviu um som que veio de dentro da barriga. Mikasa também sentiu a vibração. 

–Isso pareceu um chute. –Levi ficou animado, mas queria ter certeza que não foi alucinação ou qualquer outra coisa. Pediu, mais uma vez. –Chuta de novo pro papai… 

Levi escutou outro barulho, quase instantaneamente, respondendo ao seu pedido. E o som foi bem mais forte do que o anterior. Aquilo alegrou Levi demais. Ele se afastou, e olhou para a Mikasa. –Eu acho que o moleque me entende. 

–Pode ser ela também. 

Levi levantou deixando um leve beijo na testa de Mikasa, em que ela o abraçou na cintura. –Não tem importância se for menino ou menina. Serei pai do mesmo jeito, e cuidarei por igual. 

Mikasa compreendeu que para Levi não existia diferenciação entre um e outro. De toda forma era filho dele, e Levi o trataria da mesma maneira. Fechou os olhos, respirando profundamente. 

–Eu estou com um pouco de medo. –Mikasa apertou um pouco mais a cintura de Levi.  

–Do quê, pirralha?

–De como será o parto. 

–Você vai sentir dor, mas depois vai passar. –Ele projetou na sua mente todas as coisas que Hange contou para ele sobre o parto. –Você é uma garota forte, não precisa ficar com medo. 

–Eu quero que você esteja aqui na hora. –Pediu ela, quase em um suspiro. 

–Eu vou estar. –Disse ele, passando a mão levemente na cabeça dela. –Prometo a você. 

Ficaram um tempo assim, mas se desgrudaram, pois, Levi era um Capitão e tinha suas obrigações a cumprir. 

O café da manhã foi bastante rápido. Levi mal tocou na refeição. Apenas bebericou o seu chá preto e foi embora. Por outro lado, Mikasa demorou um pouco mais para comer, mastigando lentamente, se deliciando com o sabor. A parteira, chamada Sandra, também lhe acompanhou no café.

Pouco tempo depois após o fim da refeição, Mikasa foi limpar a mesa e a cozinha, mesmo com suas costas doendo, somado a uma vontade imensa de deitar e ficar quietinha. Porém, isso não foi o suficiente para Mikasa encerrar com os seus afazeres domésticos. 

Cobriu as fatias de pão com uma tampa e limpou os farelos na mesa com uma flanela umedecida. Contudo, naquela manhã, Mikasa recebeu duas visitas. Sasha e Connie deram as caras do outro lado da porta, pegando Mikasa de surpresa. Os dois lhe cumprimentaram com um abraço e Mikasa os convidou para se sentar na cozinha, à mesa. 

–Que milagre ver vocês por aqui. –Mikasa cortou dois pedaços de bolos para servi-los, estranhando a visita dos seus amigos depois de meses sem entrarem em contato. 

–Demoramos quase meia hora tentando achar a sua casa. –Sasha estava um pouco frustrada. Errou várias casas até conseguir encontrar a dela.  –E Connie lerdo como é, não ajuda. 

–Aqui não é difícil de achar. –Mikasa colocou um pedaço de bolo em um prato e depois em outro. –É que vocês nunca vieram aqui. 

–Pode ser. –Connie levou um pedaço do bolo à boca, quando Mikasa empurrou o pratinho para ele. –Foi mesmo difícil de achar, mas agora que achamos e sabemos onde fica, se torna mais fácil de vim aqui. 

–Depois que você aprende não erra mais. –Mikasa se sentou, sutilmente alegre por ter companhias para conversar. –Espero receber mais visitas como essa. 

–Vamos aparecer mais vezes. –Sasha quase engoliu seu pedaço de bolo, já de olho no bolo de Connie dando bobeira. Desviou o olhar, quando Connie a repreendeu em silêncio por estar desejando a comida alheia. – Como está o nosso bebê? 

–Está bem. Agora ele só sabe me chutar e se mexer dentro de mim. 

–Nossa, que perturbação. –Sasha tentou imaginar como era. –Mas e o parto? Você sabe que vai ter que cuspir essa criança para fora de algum jeito. 

–Sasha, não fale assim! –Connie repreendeu pela maneira como Sasha falou do bebê. 

–Tudo bem. –Mikasa relevou se divertindo com a visita dos dois. Fazia tempos que não via ninguém. – Só estou um pouco nervosa com esse parto. 

–E o Capitão vai estar aqui para ver? –Sasha levou outra garfada à boca. 

–Ele me disse que estaria. –Mikasa demorou o seu olhar em Sasha. A própria arregalou os olhos como se sua mente tivesse lhe dado um start, se lembrando de algo estupendo. 

–Mikasa, você não acreditar no que eu tenho a dizer para você…–A fofoca novamente estava quase lhe sufocando a garganta de tão presa que passou todos esses meses. Entretanto, Connie adivinhou do que se tratava. Puxou o braço dela, olhando-a seriamente nos olhos balançando a cabeça negativamente, tentando avisá-la para não fazer aquilo. –O que é? Mikasa tem que saber. –Sasha puxou o seu braço de volta, brava. 

–Saber do que? –Perguntou Mikasa confusa, mas compreendendo que aquilo era um prelúdio de uma notícia que não iria gostar de saber. 

–Mikasa, por pouco você não perdeu o seu marido… 

Mikasa se assustou com aquela afirmação. –Como assim?

Connie tentou tapar a boca de Sasha para que ela não dissesse aquilo que todo mundo prometeu esquecer. Porém, Sasha conseguiu se desvencilhar de Connie e Mikasa ficou com o coração batendo a mil por segundo, de puro medo e espanto, ao mesmo tempo que ficou irritada com Connie por atrapalhar. 

–Diga Sasha! –Mikasa exigiu que ela terminasse de falar. 

–A Isabel… –Sasha empurrou a mão de Connie para longe. –A Isabel quase agarrou o Capitão dentro do escritório. Se não tiver agarrado né? Porque depois que eu saí de lá eu não vi mais nada. 

–Como é que é? –Mikasa estava em choque, porém brava e com seu coração doendo. 

–Mikasa, ela estava sentada no colo dele… 

–Chega Sasha! –Connie tentou colocar um pingo de juízo na cabeça dela. 

–Isso foi quando? –Mikasa perguntou, ignorando o chilique de Connie. 

–Meses atrás… Antes do casamento de Eren com História.

–Quem mais sabe?

–Todo mundo, menos você. 

Mikasa ficou atônita e quase perdendo o chão. Ela poderia esperar qualquer coisa naquela manhã, menos aquilo. Ficou coberta de ciúmes, mas a raiva foi cem vezes maior. Sua cabeça não entendia como aquilo tinha acontecido, se Levi amava ela, e se Mikasa deu um aviso em Isabel. Porém, sentia um negócio que pesava, e dilacerava. 

A primeira coisa que passou na sua cabeça, foi pegar o cavalo de Sasha para tirar aquela história a limpo. Depois, iria cumprir com aquilo que prometeu. Arrumaria suas coisas dentro de uma mala e iria para outro canto, ficando fora do alcance de Levi, o mais longe possível. 

Deu alguns passos apressados em direção a porta, e os seus amigos ficaram preocupados com aquela reação. Entretanto, a bolsa de Mikasa estourou e um monte de líquido escorreu da sua perna para o chão. Ela não ficou parada, e se moveu mesmo assim ignorando o que tinha visto. Segurou nas cortinas da janela quando seus pés ficaram escorregadios no chão. Mikasa colocou a mão na barriga sentindo fortes contrações no abdômen, e muita dor. Ficou muito irritada com um turbilhão de sentimentos a flor de pele, pois o seu filho queria nascer justamente naquele momento que queria explodir. Podia sentir lágrimas caindo dos seus olhos, em decepção. 

Sasha se levantou imediatamente junto a Connie,  segurando Mikasa pelos braços para não cair. Logo, a parteira percebeu o que estava acontecendo, e pediu para que os dois ajudassem levar Mikasa até a cama, enquanto pegaria lençóis e toalhas limpas para prepará-la para o parto.

Dessa forma aconteceu. Mikasa foi deitada na cama, com toalhas e lençóis limpos a postos para iniciarem o trabalho de parto. Depois que Sasha tirou os sapatos dos pés de Mikasa, ela deu um sopapo no pescoço de Connie. –O que está fazendo parado aí ainda? Vai chamar o Capitão logo, que o filho dele está nascendo. 

–Também não precisava desse tapa. –Resmungou ele passando a mão do pescoço para a nuca, desaparecendo do quarto para ir em busca do Capitão. 

Connie pegou o seu cavalo e galopou até o castelo, encontrando com Jean de bobeira no pátio. Deixou o seu cavalo com Jean, que este estranhou a urgência do amigo. Parecia até que alguém estava morrendo e que o mundo estava acabando, ou poderia ser só uma dor de barriga mesmo. Pensou Jean. 

Connie saiu correndo pelos corredores, e foi direto para o escritório do Capitão Levi. Ele não estava sozinho, e sim com Hange e Erwin. Connie tentou respirar primeiro antes de soltar a notícia, e Levi ficou irritado, porque Connie não bateu na porta antes de entrar, como sempre, além de tudo, foi interrompido em uma conversa importante. 

–Acho bom você ter um motivo para entrar sem avisar! –O Capitão Levi falou para Connie, estudando o garoto à sua frente. 

–Eu acho que ele tem! –Hange olhou para o garoto, imaginando que ele tinha corrido uma maratona para estar ali. 

–Capitão, desculpa por ter entrado sem bater, mas é urgente e é assunto do seu interesse. 

–O que é urgente? –Perguntou ele, preocupado. 

–Mikasa está tendo o bebê agora… –Ele soltou tudo, e o Capitão Levi quase deu um salto na cadeira, de susto. 

–O que você está me dizendo?–Levi empurrou a cadeira imediatamente se levantando do seu assento. Sentia algo palpitar dentro dele. –O bebê está nascendo agora? 

–Sim… –Respondeu Connie endireitando a postura. –A parteira já está entrando em trabalho de parto. 

–Com licença Comandante, mas irei me ausentar dos serviços da Tropa hoje. –Aquilo não era um pedido, era um comunicado. –Preciso ver essa criança nascer, e Mikasa precisa de mim. 

–Sem problemas. –Respondeu o comandante tranquilamente. –Você tem todo o tempo que precisar. 

O Capitão Levi saiu da sua sala apressadamente e foi direto no estábulo pegar o seu cavalo. Galopou tão rápido, que colocou o cavalo no limite. Estava ansioso pela chegada da criança, porém, muito preocupado com Mikasa. No minuto que avistou a sua casa, deixou o seu cavalo preso em uma árvore, e entrou direto em casa. Poderia ouvir os gritos dela atravessando todas as paredes. 

Com mais alguns passos, encontrou Mikasa deitada na cama, de pernas abertas para a parteira. Ele olhou para Sasha se perguntando que diabos aquela garota fazia ali, e Sasha sorriu torto e meio sem graça, suando frio com a presença do Capitão no quarto ,morrendo de medo de morrer em vida. Mas ele não disse nada para ela ainda, desde que tinha algo muito mais importante para fazer. 

Foi para o outro lado da cama, e pegou na mão de Mikasa, segurando com suas duas mãos. Mikasa segurou com força soltando outro grito enquanto chorava, tentando empurrar o bebê para fora da sua barriga de vez. 

–Não pare, continue colocando força. –Sandra a parteira, estimulou. 

Mikasa sentia uma dor enorme. Tinha a sensação que partiria em dois, ou que iria perder todas as suas forças e aquele bebê não iria sair. A dor era tanta que acreditou que morreria, porém, tudo o que importava agora era que o bebê saísse. Por isso, se concentrou o máximo possível para conseguir aquilo, pois o momento exigia.  Pode sentir Levi tocar os lábios dele na testa da sua mão, como um beijo de conforto, e todo o medo de Mikasa em volta daquilo se dissipou, mesmo que no fundo estivesse chateada e com raiva dele.  

 

Aquilo levou horas. 

A cabeça do bebê conseguiu passar do canal vaginal, agora só faltava o resto do corpo. Mikasa fez todo o esforço para empurrar o bebê para fora, usando toda a sua força para isso. Levi ficou o tempo todo ao lado de Mikasa, segurando a mão dela. Mikasa já estava toda suada, com o cabelo grudado em todo o seu pescoço e rosto. Sua pele estava corada do quanto o seu sangue ficou agitado, e sua voz rouca de tanto gritar. 

Mikasa deu um último grito, e com o auxílio da parteira, conseguiram retirar todo o bebê. Sandra manuseou o corpo do bebê com cuidado nas mãos, cortando o cordão umbilical. Deu um leve tapinha na bunda do bebê para que ele chorasse. Enrolou ele em um lençol, limpando a face com um lenço. Levi chegou mais perto para olhar o seu filho. 

A parteira colocou o bebê nos braços dele, e disse: –É um menino. 

Levi encarou o bebê demoradamente, maravilhado. Ainda estava de olhos fechados, e aos poucos parava de chorar. As mãozinhas eram bem pequenininhas, mexendo levemente sobre o lençol enrolado. Tudo nele parecia frágil. 

Retornou para onde Mikasa estava, deitada na cama. Cansada e toda dolorida.  Se abaixou um pouco em direção ao rosto dela, e Mikasa imediatamente quis pegar no bebê. Ela segurou o seu filho nos seus braços e contra o seu busto, olhando para ele com um sorriso bobo no rosto, muito admirada. Nem acreditava que aquela coisinha saiu de dentro dela. Uma vida. 

–Qual o nome da criança? –Perguntou a parteira, limpando Mikasa e tirando todos os panos sujos que foram utilizados para o trabalho de parto. 

Mikasa olhou para Levi e Levi olhou de volta para Mikasa. Os dois tinham um nome na cabeça assim que olharam para o rosto do filho deles. –Mile. –Mikasa falou à parteira. 

–Mile. –Repetiu ele. Também pensou no mesmo nome. 

Mikasa segurou o bebê no colo, vendo como ele era tão pequeno nos seus braços, e leve. Sofreu uma dor desgraçada, mas valeu a pena. 

Logo, Hange e os outros apareceram e encheram o quarto de Mikasa e de Levi, repletos de curiosidade para conhecer o bebê que veio ao mundo. 

Mikasa passou o bebê para as mãos do Capitão Levi e ele segurou, olhando bem para o bebê, observando todas as características de seu rosto. Levou ele contra o seu peito, andando pelo quarto. 

Hange se aproximou para ver o rostinho do bebê. Sussurrou: –Mas como ele é tão bonitinho. –Hange sorriu. –É ele, não é?

–É um menino. –Respondeu o Capitão, abrindo um breve sorriso. Conseguia imaginar todas as coisas que poderia fazer quando ele começasse a andar e estivesse com idade. Pronunciou, calmamente: –Mile, o nome dele. 

Hange falou baixinho com o bebê, muito extrovertida. –Oee Mile, titia Hange está aqui para ajudar a cuidar de você… 

Ele respondeu mexendo a mãozinha e bocejando,e Hange se derreteu toda, como uma boba.  

–Acho que ele entendeu você. –Comentou Levi, muito observador e analítico.  

–Posso segurar ele um pouco? –Pediu Hange, porém Levi se recusou dando as costas para ela, segurando bebê muito protetor. Apatetada como era, no mínimo deixaria o bebê cair. E ele não queria ver uma cena dessas. 

–Nem pensar. –Respondeu ele.  

–A, porque? –Ela fez bico. 

–Porque não. –Levi saiu de perto de Hange. –Quem pode segurar o bebê é só o pai e a mãe. Você é desastrada, não vai segurar direito. 

 


Notas Finais


Esse capítulo foi demorado.
Sou noob nesse assunto de parto, então tive que fazer uma pesquisa bem selecionada pra escrever k
Mas enfim, vamos acelerar os capítulos agora que tá tudo Nice qqq


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