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História Não Posso Negar - No Quartel


Escrita por: Enix

Capítulo 56 - No Quartel


 

Após o café da manhã em casa com  Mikasa e o seu filho Mile, Levi foi cumprir suas obrigações na Tropa de Exploração. A primeira coisa que fez no seu dia, foi convocar Sasha Braus a uma ordem irrevogável. Era notável que a garota em sua frente suava frio em posição de sentido, naquele gramado fora do castelo. 

–Você já deve imaginar porque eu a chamei aqui, Sasha. –Falou o Capitão em alto e bom som, com o olhar cortante que causou uma tremedeira em Sasha. –Quero ver você correndo 200 voltas nesse castelo.E se reclamar, vou aumentar para 300. 

–Poxa Capitão, eu não fiz por mal. –Choramingou ela, lembrando da fofoca que fez a Mikasa.  

–Não fez por mal hummm... –Ele colocou o dedo indicador nos seus lábios. – Mas você deveria saber que tem assuntos que não tem nada a ver com você e que não deve se intrometer. –Ele se sentou na cadeira que carregou para aquele pátio. – Sua língua grande demais por quase não fez Mikasa ir embora. E se ela estivesse em apuros com um filho pequeno, a responsabilidade seria a sua. 

–Ela iria embora? –Sasha ficou espantada sem imaginar que Mikasa seria capaz disso. 

–Iria se eu não chegasse a tempo. 

–Me desculpe Capitão! –Sasha abaixou a cabeça. Não era exatamente o que ela queria. Sasha só queria que Mikasa soubesse.

–Aceito suas desculpas, mas elas não mudam nada. –Respirou profundamente cruzando as pernas. – Talvez com uma punição você aproveite esse tempo para refletir sobre o que é bom senso. 

–Mas você também não foi nem um santo, e essa punição não me exime da sua responsabilidade de não ter contado a Mikasa. –Levi a olhou tenebroso, e Sasha deu um passo para trás tentando segurar a língua. 

–Essa era para ser uma conversa minha e dela, no devido momento certo. –Ele comprimiu os lábios. E era verdade. Mikasa saberia de um jeito ou de outro, mas devido aos hormônios da gravidez quis poupá-la.  –Mas como você não entendeu isso, quero você correndo agora em volta desse castelo. –Ela abriu a boca para falar, mas Levi interrompeu. –Eu avisei que se reclamar vou aumentar para 300 voltas. 

Não tinha jeito. Sasha se meteu com o cara errado. O Capitão Levi não era uma pessoa de facilitar as coisas para ninguém ali dentro, e sabia que por mais que choramingasse, Sasha não iria escapar dessa. Talvez seria até pior. Xingou-o mentalmente de “homem sem coração”, “desalmado”, “ demônio da faxina”, que não tem dó de ninguém. Entretanto, Sasha compreendeu que soltou uma bomba para Mikasa, uma bomba que não era sua. Era do Capitão. 

Sasha começou a correr a sua primeira volta ao redor do castelo com o Capitão Levi observando, e contando as voltas. Aquilo realmente seria divertido, para ele. Entretanto, minutos depois Hange apareceu perturbando a sua paz. 

–Ora Levi, pensei que não estava falando sério sobre aplicar uma punição em Sasha. –Ela riu observando a moça correr desesperadamente. 

–Você sabe que se não colocar ordem aqui, eles sempre fazem o que querem. –Ele levantou a cabeça para encarar Hange. –Você sabe como funcionam as coisas aqui na Divisão. 

–Sei… –Ela saltitou as sobrancelhas com um sorriso de ponta a ponta. –E se fosse Mikasa, você colocaria ela para correr 200 voltas no castelo?

–Hange, Mikasa não fez nada, Sasha sim. Não coloque bobagem na sua cabeça. 

–Mas e se Mikasa tivesse feito? –Ela insistiu sem deixar de encarar Levi com aquele olhar brilhante de quem sabia a resposta. 

Ele ficou calado balançando a perna, pois Hange queria xeretar a sua vida novamente, inclusive nas suas decisões como Capitão. Porém, Hange não estava errada sobre aquilo que pensou. A mulher lhe conhecia tão bem, que não precisaria dizer uma palavra. 

Mudou o rumo da conversa, se lembrando de assunto em especial, que pensou durante os meses da gestação de Mikasa. Em uma de suas conversas antes de dormir, a sua garota alguma vez comentou que queria deixar Mile crescer um pouco, antes de ter um segundo filho ou filha. 

–Hange, existe algum medicamento que evita gravidez?

–Não, porque?

–Curiosidade. –Comentou ele sutilmente reflexivo, sem deixar de contar as voltas que Sasha deu. –Eu sei o quanto você é inteligente e tem um bom conhecimento em medicina. 

–Obrigada… –Ela riu por esses elogios de repente. –Você nunca me elogiou antes. O que está para acontecer?

–Escuta… –Ele semicerrou os olhos quando Sasha quase parou para 

pegar um ar. Mas quando a garota se deu conta que ele ainda estava olhando, Sasha se assustou e começou a correr de novo. 

–Você pode criar algum medicamento para evitar? 

–É para vocês dois? 

–Sim.

–AHaaa… –Então Hange aproveitou a oportunidade para fazer uma piada com Levi. –Já está pensando em brincar de boneca de novo? 

–Ela me colocou de castigo. Não vai acontecer nada agora. –Ele passou a noite inteira sem dormir direito, pois Mikasa provocou-lhe e depois lançou aquela surpresa do nada. Era pura maldade. 

–Castigo? –Hange levantou a sobrancelha, porém seu raciocínio não foi tão rápido naquele momento.  

–Esquece, melhor não entender. –Levi mexeu seu maxilar com a mão. –Então Hange, pode criar alguma coisa para evitar?

–Posso tentar. –Hange calculou as possibilidades de criar algo assim.  –Mas pode demorar um tempo. Preciso fazer algumas pesquisas e testes.  

–Não tenho pressa. –Respondeu ele, calmo. –Mas preciso que seja seguro e eficaz. 

–Não vou criar nada que prejudique Mikasa, pode ficar tranquilo. 

–Obrigado. 

–Levi… –Ela coçou a bochecha sem graça por perturbar ele mais uma vez com aquele assunto. –Você já falou com Mikasa sobre eu ser a madrinha de Mile?

–Já! Sabia que você não iria esquecer. –E não iria tão cedo. Hange volta meia retornava aquele assunto todo santo dia. 

–O que ela disse?

–Não me deu uma resposta concreta ainda. –Ele disse sem muitos rodeios. –Mas não se preocupe quatro olhos, de um jeito ou de outro ela vai acabar escolhendo você. 

–Você acha? –Hange perguntou toda feliz. 

–Eu acredito. 

–Isso seria maravilhoso. –Ela quase deu uns pulinhos de alegria. –Eu levaria ele para passear, para andar de cavalo… 

–Não sonhe tão alto quatro olhos. –Levi deu uma fungada. Assim como ele, Hange fazia vários planos com Mile. 

–Ah, deixa eu sonhar! 

Sasha concluiu o circuito em volta do castelo em 200 voltas sem parar. Quando terminou, ela caiu de joelhos no chão, e se deitou abraçando o gramado de tão cansada. Se pudesse, não levantaria dali tão cedo. Entretanto, aquela era apenas uma parte da punição do Capitão. O estábulo repleto de cocô de cavalo ainda estava esperando por ela. 




 

~38 dias se passaram~

 

O período de repouso acabou e Mikasa não poderia estar mais feliz. Agora, não tinha restrição de muitas coisas. Poderia voltar algumas de suas atividades normalmente sem preocupações.

Mile completou um mês de nascido, e Mikasa acreditou que não demoraria muito para que ele completasse um ano. O tempo passava rápido, isso era um fato. 

Depois dos trinta dias, claramente Mikasa queria voltar a ficar em forma. Não esqueceu como se lutava, mas com a gravidez inchou um pouco. Principalmente nos quadris, seios e barriga. Pretendia perder os pouquinhos de centímetros de barriga que ganhou, e diminuir parte do quadril. Soube que precisava disso quando tentou vestir a calça do uniforme da Tropa que ela guardou no roupeiro, e não passou das coxas. Foi obrigada a retornar a uma pequena rotina de exercícios sempre no fim de tarde, deixando o bebê em uma cesta cheia de lençóis, lhe observando. Mikasa sabia que ele adorava observar suas "acrobacias" de uma maneira bastante curiosa, que às vezes o fazia rir. 

Com uma mão apoiada no chão, e a outra apoiada atrás das costas, Mikasa sustentava o seu corpo sem fazer movimentos em uma linha perfeitamente reta no ar, controlando a respiração e contraindo o abdômen. Não conseguiu ficar nessa posição mais do que dois minutos, porém, a sua meta era ficar cinco. Por isso, persistiu até que conseguisse. Os três últimos dias foram os mais intensos com aqueles exercícios, fora a sua decisão de não fazer sexo com Levi por um bom tempo. 

Ele demonstrava suportar aquele período de abstinência, levando aquilo numa boa, mas vez ou outra lhe provocava para ver ela sair da própria linha, porém Mikasa se mantinha firme igual um poste em seu lugar. Não queria aquilo tão cedo, por dois motivos: Levi estava de castigo, e o medo de engravidar de novo pairava na sua mente. 

Mikasa terminou a sua série de exercícios físicos pegando uma toalha de rosto em cima da cadeira, passando na sua testa e no seu pescoço devido ao suor. Dentro de um mês aprendeu muitas coisas com Mile, e com a parteira Sandra. Se algum dia ocorresse uma segunda gravidez, ela saberia o que fazer, pois agora adquiriu experiência. 

Mikasa pegou a cestinha com o Mile e levou para o seu quarto, colocando em cima da cama. Passou o seu dedo indicador no queixo dele, brincando, até fazê-lo sorrir e balançar as perninhas freneticamente. 

–Quem é o bebê da mamãe? –Os olhos de Mile brilharam e ele segurou no dedo de Mikasa. –Adivinhou, é você! –E ele alegremente riu com o rosto de surpresa de Mikasa. 

Como os seus dias de confinamento dentro de casa acabaram, Mikasa  decidiu que visitaria a senhorinha Mirley aquela tarde para continuar com o seu pequeno curso de corte e costura. Foi ao banho, mas, com medo de deixar Mile sozinho em seu quarto devido por ser pequeno e indefeso, além do seu alto nível de proteção, Mikasa o levou para o banheiro também.  Colocou a cesta próximo a banheira dela para que pudesse observá-lo. Vez ou outra Mikasa sentia um grande medo de algo acontecer com Mile no momento em que ela não estivesse olhando. Essa sensação de perigo constante estava relacionada à titans entrando para dentro das muralhas, ou pessoas com más intenções, como aqueles que mataram os seus pais. Por isso, não conseguia deixá-lo muito longe quando estava sem a presença de Levi. Mantinha Mile o tempo todo grudado nela. 

Mikasa fez um bola de sabão soprando em direção a cesta, para que Mile se divertisse um pouco, o que causou esse efeito. Porém não demorou muito tempo. Apenas o suficiente para tirar o suor da pele e ficar limpinha. 

Quando retornou ao seu quarto, vestiu suas roupas rapidamente. Uma saia longa cheia de pregas, e uma camiseta manga longa. Calçou suas sapatilhas e escovou os seus cabelos.  Como Mile já estava muito bem limpinho, Mikasa apenas pendurou uma bolsa em seu ombro colocando algumas fraldas limpas, talco, uma macacão limpo, e um lençol. Pegou Mile no seu colo e trancou toda a casa.

Fez um pouco de caminhada em toda a sua trajetória protegendo Mile do sol com um capuz na cabeça que fazia parte do macacão. Algumas pessoas das quais não conhecia lhe cumprimentavam sabendo quem era ela. Referiam-se a Mikasa como Senhorita Ackerman, de um modo respeitoso e gentil. Mikasa, Levi e Mile eram os únicos Ackermans que o povo de Paradis tinham conhecimento da sua existência, pois o resto do clã foram caçados e mortos quando Fritz ergueu aquelas muralhas. 

Mikasa chegou no ateliê da senhorinha Mirley, que prontamente foi atendida por ela, deixando de lado algumas roupas que estava a espera de um bom concerto. 

–Boa tarde Senhora Mirley. –Disse ela, tirando o capuz de Mile da cabeça. 

–Muito boa tarde, menina. –Respondeu ela colocando o seu óculo pendurado em seu pescoço por uma cordinha. –Parece que muito tempo se passou desde a sua última visita. 

–Nem tanto. –Disse ela, despreocupadamente. –Estou atrapalhando?

–Não, só estava consertando algumas roupas. –A senhorinha fez um gesto com a mão para que Mikasa a acompanhasse, e puxou uma cadeira para que ela se sentasse. –Ainda está disposta a aprender corte e costura? 

–Sim. –Mikasa se sentou na cadeira, tirando Mile no ombro e colocando em seu colo. 

–Eu consigo lhe passar algumas coisas dentro de uma hora. –Falou ela se sentando também, pensando em ensinar Mikasa primeiramente o básico. –Mas e o baixinho esquentadinho, o seu marido, como ele está?

–Muito Bem. 

–Que bom. –Ela sorriu singela. –Não tenho visto ele praticamente. 

–Ele está muito ocupado, senhora.  

–Eu imagino. Ser Capitão da Divisão e ter família ao mesmo tempo é algo difícil de reconciliar. –Ela ficou pensativa observando Mikasa que a encarava quieta. –Mas imagino que ele tenha encontrado um modo flexível de viver essa vida dupla. A propósito, Mile tem os olhos do Capitão Levi, mas os cabelos negros e o rosto lembram você. 

–Eu sei. –Ela sorriu olhando para o bebê. –Podemos começar Senhora Mirley?

–Claro. 

Mikasa passou o resto da tarde ouvindo e observando tudo o que a senhorinha Mirley lhe ensinou sobre corte e costura. Obviamente, não aprenderia tudo em apenas um dia, mas com algumas explicações soube por onde começar. 

Depois da visita ao ateliê, Mikasa decidiu que iria no castelo para ver os outros, como os seus amigos. Também pretendia fazer uma visita surpresa a Levi. 

Pegou uma carruagem mais próxima e partiu para o castelo. Ao chegar lá, encontrou muita movimentação dos novos recrutas no pátio. Alguns lhe reconheceram, mas não se aproximaram, desde que não tinham nenhum tipo de vínculo e sequer trocaram alguma palavra. 

Desceu da carruagem e pediu para que o cocheiro lhe esperasse. Entretanto, bem ao longe, Mikasa enxergou Sasha nos estábulos com luvas de borracha e um avental amarelo. Semicerrou os olhos. Ao que tudo indicava, Sasha limpava aquele lugar. 

Antes de entrar no castelo, Mikasa caminhou em direção aos estábulos onde estavam alguns animais presos. Se aproximou com cautela para que Mile não se assustasse com os animais, que às vezes relinchavam. Pode notar todos os acessórios de limpeza que compunha o kit de Sasha para aquela tarefa cansativa que era manter os estábulos limpos. 

–Sasha… 

Sasha ouviu a voz de Mikasa, e rapidamente ela se virou se deparando com a imagem dela com um bebê no seu busto. Foi uma surpresa plena. 

–Mikasa? Meu deus quanto tempo! –Ela largou o rastelo e veio em direção a ela para abraçá-la, porém Mikasa a deteve porque estava com Mile nos braços. Sasha também estava com as luvas sujas, ao que parecia era côco de cavalo.  

–Oh me desculpa. Mas você está mais bonita, e o seu bebê é tão gordinho e fofinho. 

–Obrigada. –Respondeu ela pelos diversos elogios. –Porque está aqui?

–Você não vai acreditar, Mikasa. –Ela suspirou pegando um banquinho para se sentar. –O Capitão me puniu por ter falado demais. Agora eu tenho que limpar esse estábulo todos os dias, por um mês inteiro. 

–Imagino o quanto deve estar sendo terrível para você. –Mikasa observou Sasha com uma cara sofrida. Não era segredo para ninguém que Sasha perdia a fome quando se deparava com as fezes de cavalo, e agora que em contato com elas, provavelmente Sasha estaria fazendo regime. 

–Mikasa me ajuda! –Sasha implorou. 

–Ajudar como?

–Peça para o Capitão Levi tirar a minha punição, por favor… 

–E porque você acha que se eu pedir você será poupada?–Sasha achava que só porque Mikasa era casada com ele, conseguiria as coisas fáceis. "As coisas não funcionam assim." Pensou Mikasa. 

–Porque você é a esposa dele, e a pessoa mais próxima do Capitão? –Sasha jogou o óbvio. –Talvez se você falar com ele com jeitinho, o Capitão me libere desse castigo infernal. Por favorrr! –Ela juntou as duas mãos, pidona. 

–Eu vou ver o que eu posso fazer. 

–Ah, obrigada! –Sasha quase pulou da cadeira em alegria. –Eu não aguento mais o cheiro desse lugar, me dá vontade de vomitar. Eu tenho pesadelos!

Ela tapou o nariz com dois dedos. O polegar e o indicador. Entretanto, Mikasa arregalou os olhos e começou a rir simplesmente do nada, o que chamou a atenção de Sasha. E só então ela percebeu que aquelas luvas estavam sujas de fezes de cavalo.  Sasha quase vomitou as batatas do almoço pela sua própria incompetência em não prestar atenção nas coisas que estava fazendo. Talvez tenha pegado uma doença contagiosa de Connie: A burrice. 

–A nãooo acredito! –Sasha gritou, e Mikasa mordeu o lábio para não rir. 

 



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