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História Não Posso Negar - Vida a Três


Escrita por: Enix

Capítulo 58 - Vida a Três


 

~2 Anos Depois~


 

Desde que o acordo de paz foi selado com os Marleyanos, Paradis não recebeu nenhuma surpresa como todos acreditavam na possibilidade de acontecer. Não receberam ataques inesperados, nem forasteiros em suas terras. Esse momento de paz estava sendo ótimo para os cidadãos, porém a ideia da existência de titãs ainda era muito perturbadora, e uma problemática para Paradis, cuja vida era segura apenas atrás daquelas muralhas enormes. 

Mikasa soube por Sasha que Isabel saiu da Divisão de Reconhecimento há quase 1 ano e meio, e se integrou junto a Tropa estacionária. Ela não soube o motivo, porém ficou aliviada. Ela estaria longe do seu marido, e isso evitaria que Mikasa fosse obrigada a vê-la sempre que visitasse o quartel. Não ouviu falar dela desde então, e nunca mais soube da existência dela. Seu nome foi esquecido dentro do quartel, e Mikasa também esqueceu com todo o tempo que se passou. Isabel não significava nada para Mikasa, e sabia que comparada a aquela garota, Mikasa era muito melhor, multiplicado por mil.  E agora confiava em Levi, pois entre eles não existia nenhum segredo. 

Mikasa não voltou imediatamente para o esquadrão de Levi, pois pensou muito bem a respeito. Seu filho Mile ainda precisava de uma cuidadora, alguém para ampará-lo, amá-lo, e guiá-lo até que ele se tornasse consciente do que era certo e errado. Por isso, decidiu que o seu regresso à Divisão de Reconhecimento demoraria um pouco mais, entretanto, ela pretendia de toda forma voltar. Seu corpo que foi todo malhado em casa, provava o seu desejo perante a isso.  

Depois de longas conversas com Levi, Mikasa escolheu cuidar do seu filho até que ele estivesse um pouquinho maior, pois, assim como Levi, ela não gostaria que seu filho crescesse sob a influência de uma pessoa estranha. Queria acompanhar cada minuto do crescimento do seu filho, e sempre estar a disposição em tudo o que Mile precisasse. Isso era o normal de uma família. E ela queria isso, uma família de verdade. Não foi com Eren como ela planejou desde a infância, mas amou descobrir que poderia amar outra pessoa. Inclusive, se casar com outra pessoa, que era Levi Ackerman. O Seu ex Capitão, e atual Marido. 

Foi muito bom assistir os engatinhar de Mile, e acompanhar o processo do nascimento dos seus dentinhos de leite. Os cabelos de Mile se tornaram lisos e negros quase grafite como as madeixas escuras de Mikasa, no entanto, o fator dos olhos em Mile eram bem marcantes. Poderia ver Levi neles. 

Naquela tarde, Mikasa terminou de confeccionar um casaco para Mile em uma máquina de costura. Era estranho costurar, se sentia uma velha, mas foi o que encontrou de útil para fazer em seu tempo livre. Os ensinamentos de Mirley foram bem absorvidos e aplicados por ela, por todas as vezes que Mikasa apareceu no ateliê dela. Agora que aprendeu tudo, Mikasa adorava comprar tecidos e linhas para confeccionar roupas para o seu filho. 

Mikasa colocou Mile para brincar no tapete de uma salinha de estar com alguns brinquedos que ganhou de Connie e Jean. Ele estava bastante entretido com aquelas coisas, dialogando constantemente com os brinquedos como se eles tivessem vidas.

Mas naquela tarde, receberam uma visita de Hange. Claramente a mulher que usava óculos de grau foi recebida por Mile por um enorme abraço em suas pernas longas demais para ele. Hange ficou tão maravilhada, que seu amor de tia só crescia a cada dia. 

–Tia angi! –Mile pronunciou alegre ao ver a mulher que sempre o visitava todos os dias, mal conseguindo ditar corretamente o nome dela. 

–Oee meu pequeno. –Hange tirou o garoto do chão e segurou em um lado do seu braço. –Como o neném da titia está hein? 

Mile pegou nos cabelos dela que caíam em frente ao rosto. Ela ergueu o seu óculos, sentindo a mãozinha dele acariciar o seu cabelo. Ela não resistiu em se derreter com aquela fofura. Isso foi uma resposta automática para dizer o quanto estava bem. 

–Vamos sentar. –Mikasa apontou uma cadeira acolchoada para ela, e Hange se sentou.  –Veio ver o Mile?

–Sim, mas também vim por outra coisa. 

Hange tirou um pacotinho de plástico preto lacrado de dentro do bolso da sua jaqueta e passou para Mikasa. A Ackerman particularmente não sabia o que era aquilo.

–O que é isso? –Perguntou Mikasa. 

–Comprimidos para você tomar. –Respondeu Hange colocando Mile para se sentar na sua perna, brincando com ele.  

–Porque? O que eu tenho? 

Era visível que Mikasa não estava entendendo absolutamente nada. Fazia um bom tempo que não comparecia a um médico, não se lembrava de reclamar de alguma dor para Hange, e tão pouco chegou a ser examinada por ela recentemente. Mikasa também não pediu nada a Hange, por isto, sua mente vagou perdida, sem saber o que aquilo significava. 

–Demorei tanto para desenvolver isso, que provavelmente se esqueceu. –Ela brincou com Mile puxando as suas bochechas com os dedos tentando esticar a sua pele montando um sorriso arquitetado. –Isso é para evitar uma segunda gravidez não planejada. Você deve tomar um comprimido por dia.  

O rosto de Mikasa cobriu uma intensa vermelhidão, e ela guardou o pacotinho de comprimidos em um dos bolsos laterais de seu vestido estampado que cobria até os seus pés. 

Aquele castigo de Levi durou exatos dois anos. Nem ela soube como isso se estendeu por tanto tempo. A presença de Mile mudou algumas coisas, isso era evidente. Mas não o suficiente para impedi-los de alguma coisa, só que agora dividiam todo o tempo, atenção e cuidados com o Mile. Ficavam sozinhos por muito pouco tempo. 

Talvez esse foi um dos fatos. Mikasa também não pediu por aquilo entre quatro paredes, e aguentou todo esse tempo, sem provocações. Essa grande pausa parecia meio bobo, mas não era. Por trás disso, existia um grande receio de engravidar de novo. A ideia de um segundo filho era bem vinda para os dois, sem dúvidas, entretanto, Mikasa preferiu que isso acontecesse quando estivesse um pouco mais velha. Provavelmente com seus vinte oito anos a trinta. Estava muito longe, mas ela mal tinha feito vinte anos. Queria planejar o segundo filho com calma, e nesse intervalo de tempo, Mikasa gostaria de aproveitar para fazer outras coisas, como dar atenção a Mile e voltar para Divisão assim que ele crescesse um pouco, solucionando o problema com os Titãs.  

–Eu agradeço Hange. –Mikasa passou suas mãos no tecido do seu vestido, com a palidez do seu rosto voltando novamente. –Isso vai garantir?

–Sim, 98% de eficácia. Testei isso várias vezes para ter absoluta certeza. 

–Certo! –Mikasa abaixou o olhar, mordendo os lábios. –Bom, eu estive pensando, e vou batizar o Mile na Igreja daqui uns dois meses. Você aceita ser a madrinha dele?

Mikasa não precisava nem perguntar. Hange sempre quis ser a madrinha de Mile. Ela ficou tão alegre e surpresa com aquela pergunta, que mal pode respirar direito. Hange emudeceu por alguns minutos, obviamente sem palavras para expressar o que sentia. Contudo, Mikasa achava que Hange merecia ser madrinha de Mile. Ela acompanhou os seus primeiros meses de gravidez lhe dando grande apoio, inclusive nos seus momentos mais difíceis. E depois que Mile fez seis meses de vida, Hange passou a frequentar a sua casa quase todos os dias para vê-lo. Hange só não conseguiu visitá-los desde o princípio, porque Levi era muito sistemático em relação ao seu filho. Ela pensava que aquilo era ciúmes bobo, porém um ciúmes protetor. Entretanto, Hange foi ganhando pouco a pouco a confiança dele nesse âmbito, chegando ao ponto de Levi permitir os passeios fora de casa com Mile sem a sua ilustre presença, mas claro, constantemente Levi recomendava que deveria ter muita atenção com Mile, pois ele se distraía muito fácil com qualquer coisa que via pela frente, sem ter ainda uma noção de perigo. Por isso, a atenção era redobrada. 

–Confesso que isso me pegou desprevenida. –Ela riu com Mile agora em pé sob sua perna direita, tentando alcançar uma caneta que segurava os seus cabelos na parte detrás da cabeça. –Mas é claro que eu aceito ser madrinha dele. 

–Isso é ótimo. –Mikasa destacou um sorriso. Hange era a sua melhor escolha, e se tornou até sua melhor amiga. Uma amiga verdadeira que sempre se dispõe a lhe ajudar, justamente com Mile, nas horas mais precisas. –Tenho certeza que Levi vai gostar de saber disso. 

–Eu sei que ele odiaria que Sasha fosse a madrinha. –Ela tamborilou os dedos em sua perna, estalando a língua. –Mas e o padrinho? Já decidiram? 

–Erwin! Levi vai falar com ele hoje. –Mikasa se levantou. –Aceita alguma coisa para beber?

–A não, obrigada. Eu já estou de saída praticamente, tenho que retornar ao castelo antes que dêem por minha falta. 

–Certo então! –Mikasa voltou a se sentar. 

–Se precisar de qualquer coisa Mikasa, é só me dizer que eu farei o possível. 

–Obrigada Hange, você é muito gentil. 

Hange deu um grande beijo na testa de Mile, e outro na bochecha dele, em que se pode ouvir os estalos. Ele ainda era rechonchudo, mas quando esticasse um pouco, se tornaria um rapazinho esbelto. Porém, algo lhe dizia que Mile teria a mesma altura que Levi quando estivesse adulto. Riu em pensamentos. Acompanhar de perto o desenvolvimento de uma família, com dois amigos seus, despertava um desejo profundo escondido dentro de um baú, em ter uma família também. 

–Titia Hange vai embora agora, mas amanhã titia vem de novo. 

–Tiau Titia. –E ele a abraçou pelo pescoço. 

Mile  demonstrava ser uma criança amorosa apenas com os seus dois anos de idade. Mikasa acreditava que essa era a personalidade dele se expressando, mas isso poderia mudar ao longo do tempo, à medida que ele crescesse. 

Hange devolveu Mile ao tapete repleto de brinquedos, e se despediu de Mikasa com um abraço bastante afável. Abriu a porta e foi embora, com o sentimento de dever cumprido. 

Mikasa aproveitou aquele momento para fazer um lanchinho para Mile. Um lanche rápido, porém muito consistente que o deixaria satisfeito para o resto do dia. 

Como deixou Mole limpinho uns minutos atrás, com roupas trocadas e limpinhas,  Mikasa apenas calçou sapatinhos nos pés dele. Deixou Mile por um instante na sala, e se trocou para vestir uma calça, botas e um camisete cor bege. Assim que terminou, escutou Mile gritar "papai" de forma bem aguda. Dali, soube que Levi havia chegado em casa. 

Mikasa não poderia deixar de notar, que era muito bonito a forma que Mile chamava de Levi de papai. Como Levi passava o dia inteiro ausente de casa, Mile o recebia com muita empolgação, demonstrando o quanto sentia saudades dele nesse tempo em que ele estava trabalhando para a Tropa. 

Levi apareceu no quarto com Mile dependurado nos seus ombros, sentado. Mikasa estava muito bonita com aquela calça, com uma roupa diferente do habitual que há muito não via. Não pode deixar de admirar a mulher com a qual se casou. 

–Está pronta? 

–Sim. –Respondeu ela passando os dedos em seus cabelos para assentar os fios desalinhados. –Vou só fechar as janelas. 

Ele esperou que Mikasa fechasse a janela do quarto deles, e depois de Mile. Se encontraram na cozinha com tudo no jeito, e saíram juntos trancando a porta de casa. 

–Peguei um cavalo para você.  –Ele puxou as rédeas do animal para ela. Na verdade, Levi comprou aquele cavalo de um comerciante para Mikasa. Talvez ela sentisse falta de galopar. E aquele era um bom momento para galopar. 

Mikasa pegou as rédeas e montou na cela. Ainda não se esqueceu de como fazia a montaria. Olhou para Levi. –Você vai levar o Mile?

–Vou. –Levi segurou no garoto com uma mão, e com a outra se apoiou para subir em cima do seu cavalo. Colocou Mile na sua frente, sentado. O mesmo se divertia em segurar e puxar os pêlos do cavalo que caíam no pescoço. Levi apenas observou o seu filho brincar, segurando-o para não cair.  –Planejei esse passeio a um campo aqui perto. Tem alguns pequenos animais, e uma vista muito interessante. 

Levi seguiu com o seu cavalo na frente para mostrar o caminho, e Mikasa acompanhou alguns passos atrás, mantendo o cavalo a uma curta distância de Levi. 

Levaram algum tempo para chegar nesse lugar. Atravessaram alguns distritos, mas chegaram a um campo, cheio de árvores robustas, gramados bastante verdes, pássaros que cantarolavam em nos galhos de árvores remexendo em seus ninhos. Havia pequenas montanhas, e alguns moradores também que preferiam viver em uma casa no campo. Levi queria levar Mile para conhecer um lugar além daquilo que viviam todos os dias, pois, um lugar não era apenas habitado por pessoas e construções, mas também por animais e vegetações. Esperava que Mile crescesse sem conhecer o que era um titã de verdade. Sabia quantas pessoas morreram em nome de uma causa, nessa guerra sem fim de proteger as pessoas dentro daquelas muralhas contra aquelas aberrações. Levi esperava exterminar todos os titãs, antes que Mile tomasse consciência sobre o verdadeiro terror. 

Mikasa aquietou o seu cavalo com um leve movimento, para que parasse onde estava. Esperou Levi tomar a primeira ação, procurando observar o que ele pretendia fazer. 

Levi colocou o garoto no seu ombro, e desceu do seu cavalo puxando ele próximo a uma árvore. Não o amarrou, desde que confiava naquele cavalo que o acompanhou por longos anos. 

Mikasa desceu também, mas o prendeu o seu. Era um cavalo novo, de personalidade ainda desconhecida. 

–Então, o que viemos fazer aqui? –Perguntou ela, curiosa. 

–Ar fresco, mudança de paisagem, animais… –Ele caminhou até ela, colocando a mão na testa do cavalo dela. Era uma égua de pelagem branca. –Isso não te lembra alguma coisa?

–Os tempos bons que passamos na floresta em missão. –Mikasa moveu o seu olhar cristalino para ele. 

–Ao menos você se lembra dos momentos bons.

Levi tirou Mile do seu ombro e colocou-o no chão, para caminhar e conhecer o gramado. Haviam muitos esquilos por ali, que sempre passeavam por terra mas depois subiam nas árvores rapidamente. Mile ficava admirado com aqueles bichinhos tão pequenos. Ele começou a andar tentando pegar um, mas tropeçou e caiu com as mãos no chão. 

–Você vai deixar ele se sujar? –Mikasa perguntou surpreendida, vendo-o Mile se levantar rapidamente, voltando a andar como se nada tivesse acontecido. Ao menos, não era uma criança chorona nesses momentos. 

–Ele precisa entrar em contato com a natureza. –Levi cruzou os braços observando o garoto.  –É um ser humano que ainda está descobrindo o que é esse mundo. Precisa viver a experiência. 

Mikasa preferiu o silêncio, degustando da visão que era ver o filho deles brincarem, cheio de vivacidade, como se o mundo fosse imenso e belo para explorar e satisfazer todas as suas curiosidades. Seu rosto ficou terno. No fundo, também concordava com o pai do seu filho. Mikasa desviou rapidamente o seu olhar de Mile, quando se lembrou de uma coisa. 

–Você falou com Erwin sobre ser padrinho de Mile?

–Sim, ele aceitou prontamente. 

Então, Mikasa recordou que a decisão do Tribunal para não puni-los por aquele envolvimento proibido dentro da Tropa de Exploração, não se remetia a apenas uma união tradicional como casamento, mas também à entrada de Mile para Tropa quando ele estivesse maior. Isso a incomodou um pouco, pois, Mile estaria se colocando em risco. E aquele sentimento nostálgico voltou a seu peito, ao lembrar-se da promessa que fez a Carla, mãe de Eren. Isso agora se repetia mais uma vez, com o seu filho. 

–Porque está tão preocupada? –Levi questionou a moça ao seu lado com sua expressão habitual. 

–Temo o dia em que ele será recrutado. 

Levi não comentou com Mikasa que pensava constantemente sobre aquilo. Não queria preocupá-la, mas percebeu que não obteve sucesso, pois Mikasa ainda se lembrava das condições que ele revelou a ela, dentro de tantas conversas que tiveram. Ele também se preocupava com a vida de Mile, mas, por outro lado, ele tinha certa confiança que o garoto seria muito habilidoso e forte quando crescesse, sendo capaz de lidar com qualquer situação. Entretanto, colocou sua família como prioridade, e se fosse preciso, ele os protegeria de qualquer ameaça com tudo o que tinha. 

–Não foi definido para qual divisão Mile terá que entrar. –Levi comentou bastante pensativo. –Ele pode escolher para qual divisão deseja entrar. Não precisa ser necessariamente para a Divisão de Reconhecimento. 

No militarismo dentro de Paradis existiam três divisões: Reconhecimento, guarda estacionária e Polícia Militar. Mile poderia escolher com o que mais se identifica. Isso se for da vontade dele. O pessoal da Polícia Militar eram os que menos se colocavam em risco, se referindo aos titãs. 

Com a possibilidade de Mile entrar para a Polícia Militar, Mikasa sossegou um pouco. Era um pouco cedo para pensar sobre aquilo, mas aquelas ideias sempre chegavam sorrateiramente a cada dia que Mile crescia. Mudou o foco dos pensamentos para pegar o Mile que se empolgava demais, correndo atrás dos esquilos com o pedaço de galho que achou pelo caminho. Levi a seguiu logo atrás, imaginando que Mile queria descer o cacete em um dos esquilos. 

Mikasa pegou na mãozinha de Mile e levou-o de volta para onde estavam. Levi colocou a mão na cabeça dele, bagunçando os cabelos que tinham o comprimento até o queixo.  Se agachou tirando o graveto da mão dele e jogando longe. 

–Ei pirralho, não pode sair por aí batendo em animais indefesos. –Era nítido que ele não tinha noção dessas coisas. Por isso, deveria ensiná-lo como pai. 

–Não… papai? –Repetiu ele, meio tristonho. 

–Não. –Ele segurou no ombro dele, olhando para o rosto do seu filho. –Eles não fizeram nada para você. Seja bonzinho com eles. 

Mile segurou nos seus próprios dedos fazendo um “sim” com a cabeça, como se tivesse entendido o que seu papai estava tentando lhe ensinar. 

–Fique de olho Levi, eu já volto! 

–Onde vai? –Levi ergueu sua cabeça, vendo Mikasa se afastar para dentro daquelas árvores. 

–Eu não vou demorar! –Ela sorriu lindamente e sumiu. Estava claro que Mikasa estava feliz com eles. Os sorrisos dela eram mais frequentes. Estava se tornando cada dia mais carinhosa e atenciosa com eles, às vezes se preocupando por bobagem, mesmo que soubesse que Levi era um homem forte e sabia se cuidar sozinho. 

Levi distraiu Mile com brincadeiras, tentando imaginar o que Mikasa estava fazendo em um lugar que não tinha nada além de plantas. Pensou em todas as possibilidades, mas não adivinhou o que ela pretendia. Não demorou muito para que ela voltasse com um esquilo nas mãos, se sentando no chão e chamando Mile.  

Pegou na mãozinha dele para acariciar o topo da cabeça do esquilo, que estava bastante inquieto nas mãos dela. Entretanto, foi o bastante que Mile conhecesse e sentisse o contato do bichinho. Mikasa também estava deixando a sua lição para ele, que também deveria tratar bem os animais, assim como ele tratava as pessoas.  

–Temos uma caçadora de esquilos aqui. –Levi brincou e Mikasa torceu os lábios, divertida. 

O Passeio ao ar livre durou cerca de 1 hora. O entardecer foi aos poucos desaparecendo, dando lugar a noite. Neste intervalo de tempo, os três estavam retornando para a casa deles. 

Casa. 

Mikasa e Levi refletiram sobre essa palavra durante o caminho. 

Houve uma volta no tempo dentro de suas cabeças. Antigamente, não tinham uma casa para voltar, não tinham ninguém para voltar. 

Mikasa ainda podia contar com Eren e Armin, a sua segunda família, mas eles não tinham casa, ou algo que se parecesse com uma casa. Tudo o que tinham era a eles próprios.  

Com essa voltagem no tempo, Levi era outro que não tinha uma casa fixa, ou propriamente sua. Um lugar para que pudesse retornar, alguém que o estivesse esperando em casa. Tudo o que restou para ele foi o quartel, mas agora as coisas mudaram completamente. Mikasa e Levi tinham um ao outro agora, e agora Mile, além de uma casa para voltarem. A vida deles deu uma reviravolta drástica, que quando olhavam para trás, mal podiam se reconhecerem. Quem poderia imaginar que eles dois terminariam assim? 

Ao chegarem em casa, Mikasa colocou Mile para tomar banho, e depois o encaixou em uma cadeira. Preparou alguma coisa para ele comer, e Levi aproveitou aquele momentinho para se limpar também, antes de sentar à mesa para jantar.  Quando retornou, Mikasa já tinha preparado um banquete, e o estômago de Levi ardeu, desde que passou muitas horas sem comer alguma coisa quando esteve no quartel trabalhando. 

Ele se sentou à mesa, colocando a refeição no seu prato. O cheiro estava muito bom, ocasionando um sintoma como água na boca. Mikasa era maravilhosa em todos os quesitos, não poderia ter se apaixonado por outra mulher. Ela era tudo o que ele queria. Não pelo o que ela poderia fazer, mas sim por quem ela era, e pelas coisas que Mikasa o fazia sentir. 

Mikasa também se serviu do jantar, forrando o seu estômago vazio. Enquanto comia, observava Levi levar o garfo à boca saboreando a comida, e outras vezes Mikasa dividia a sua atenção com Mile, passando o lenço na boca dele, para limpá-lo da sujeira que ele estava fazendo com ele mesmo com o prato de comida. 

Quando terminou de jantar, tão logo quanto os dois homens da sua vida, Mikasa devolveu o prato à pia satisfeita. 

–Eu vou tomar um banho. –Diz ela afastando os cabelos de Mile do rosto, para não misturar com a comida.  –Tome conta do Mile por mim.

–Sem problemas. Tome seu banho tranquilamente. 

–Respondeu ele, tranquilo. Aprendeu tanto a cuidar de Mile com Mikasa, que sabia fazer isso de cor. 

Mikasa sumiu e Levi voltou a comer, vez ou outra chamando a atenção do seu filho para não brincar com comida. Às vezes o via arremessando a comida no chão com a colher. Era um pentelho nas horas vagas, isso quando não chegava em casa pisando em cima dos brinquedos dele sem querer, porque Mile deixava tudo espalhado pela casa.  

–Ei, não faça sujeira, ou a sua mãe vai ficar furiosa. –Na verdade, seria bem o contrário disso. 

Mile se aquietou e parou de jogar comida fora com o aviso de seu pai. Voltou a colocar as colheradas na boca olhando para ele, até que terminasse de comer tudo. Conseguiu assimilar em pouco tempo que conseguia deixar ele perturbardo quando fazia sujeira. Talvez por isso fizesse sujeira de propósito apenas para implicar com ele. Devolveu o prato de volta à mesa, mastigando a comida e passando a mão na boca. 

Nesse período de tempo, Levi também terminou o seu. Se levantou limpando a boca de Mile com o lenço, e tirou ele da cadeira para lavar as mãozinhas dele com água e sabão debaixo da torneira da pia. Colocou ele sentado na cadeira novamente, e lavou os pratos, secando e colocando no lugar. Ainda preparou o seu chá preto para fechar com a noite. Porém, Mile bocejava de sono. 

–Ok pirralho, hora de dormir. 

Levi pegou o garoto e o segurou em um dos seus braços, carregando ele até o quartinho. Mile ainda segurou no seu pescoço, deitando a cabeça no seu ombro piscando os olhos pesadamente. Ele geralmente dormia muito cedo. Era uma criança que não gostava de tirar sonecas ao dia, preferindo gastar suas energias com qualquer coisa que prendesse a sua atenção. 

Deitou Mile na cama cobrindo ele com um lençol, e fechou as cortinas do quarto para que ele pudesse dormir tranquilamente. Sentou na beirada da cama, e ficou um pouco com ele. Observou ele dormir como uma pedra. Mile cresceu tão rápido, que Levi mal pode ver o tempo passar. 

Voltou para a cozinha e se sentou na cadeira, servindo-se com o seu chá. Mikasa entrou naquele cômodo, limpinha, cheirosa e com roupas de dormir. Notou que ela tinha um pacotinho preto nas mãos, em que o barulho do rompimento do lacre foi audível para ele, chamando bastante a sua atenção. Acompanhou ela tomar um copo d'água engolindo o comprimido. Acreditou que aquele era o remédio que Hange lhe dissera mais cedo. 

–Está precisando de alguma coisa aqui em casa? –Perguntou ele, bebericando o conteúdo da xícara. 

–Não, está tudo em dias. 

–Nada mesmo? 

–Não está faltando nada por enquanto. –Mikasa deixou o copo em cima da pia, e guardou os comprimidos em um cantinho. Sabia o quanto Levi era preocupado com o bem estar da sua família.  –Pretende dormir agora?

–Ainda vou ficar um pouco acordado, minha garota.  

Mikasa deu uma volta na cadeira apoiando a sua mão no ombro de Levi, e sentou no colo dele, de frente, pegando-o de surpresa. Tirou a xícara com o chá preto das mãos dele e colocou em cima da mesa, com Levi olhando curiosamente para ela. 

Os dedos de Levi percorreram o ombro dela tocando nas alças daquela camisola fininha. Aproximaram suas bocas um do outro, e os dois trocaram um beijo calmo e lento. Ele podia sentir o amor em cada beijo que Mikasa lhe dava, o que lhe deu uma sensação intensa. 

Escorregou a sua mão para a coxa de Mikasa, e ela arfou desejosa dentro da boca dele. Estava claro que Mikasa sentiu falta de algo a mais entre eles. Por isso, tocou-o em todo o peito por debaixo da camiseta, tateando toda a sua musculatura. Inconscientemente se moveu em cima do colo dele, fazendo movimentos bastante instigantes, o que levou Levi a ficar duro. Ele também sentiu falta daquele calor dela, de mergulhar dentro dela, e se extasiar com os gemidos dela, e com a sensação de que a tinha em todos os sentidos possíveis. 

Mikasa se levantou de cima dele, e tirou a sua roupa de dormir na frente dele. Depois se livrou da calcinha deixando-a no chão. Levi segurou em sua cintura, e puxou em direção a ele, reconhecendo todas as curvas do corpo dela. Admirou-a por um breve instante, e beijou o colo, deixando uma pequena mordiscada. 

Mikasa passou as suas mãos no cabelo dele, bagunçando-o. Podia sentir o quanto a pele dele estava quente, ardendo em brasa. Mal viu a hora em que ele se livrou da própria calça, ficando exposto para ela. 

Ela se sentou no membro dele, soltando um baixo gemido. Fazia tanto tempo que não entravam em contato daquele jeito que houve um impacto forte sobre as reações do seu próprio corpo. Se moveu em cima dele, agarrando-o pelo pescoço, com ele segurando em suas costas e na sua cintura. Tomaram muito cuidado para não causar ruídos, evitando que Mile acordasse repentinamente. 

Trocaram contato com as suas línguas, com Mikasa sentando em cima dele. E ele, devolvendo o movimento por baixo, bombando nela. Houve um momento em que Levi segurou nas pernas de Mikasa, e se levantou da cadeira encostando Mikasa contra a parede, com as pernas dela em volta da sua cintura. Ele continuou penetrando sem parar, com movimentos intensos, escutando Mikasa gemer no seu ouvido baixinho, com os seios dela balançando contra o seu pescoço. Chegaram ao ápice em pouco tempo, compartilhando juntos a sensação do orgasmo. 

Mikasa descruzou suas pernas em torno de Levi, e ele lhe colocou no chão. Ela pegou a sua roupa e vestiu, assim como ele também fez. Segurou na mão dele, e o levou para o quarto. Deitou na cama de costas para ele, abraçando o travesseiro, mas Levi montou em cima dela, com o peso do seu corpo sobre o de Mikasa. 

Ele queria uma segunda vez. 

Ele beijou todo o pescoço dela, levantando o vestido da camisola até a cintura. Abaixou a calcinha parando no meio das coxas, e afastou um pouquinho as pernas dela uma da outra. Se desfez da metade da sua calça se expondo novamente, e penetrou mais uma vez. 

–Então o meu castigo finalmente teve fim? –Sussurrou ele, próximo ao ouvido dela, passando as suas mãos nos ombros de Mikasa e nas laterais do corpo enquanto penetrava com uma vontade extremamente forte. 

–Teve fim há muito tempo… –Ela falou pausadamente, mordendo os lábios para não gemer tão alto. Seu corpo estava sentindo todos os efeitos dele. 

–Neste caso eu fico feliz. Eu não levo o menor jeito de ser puritano perto de você.

Mikasa disfarçou um sorriso com a brincadeira de Levi. –Mas você já estava se tornando um. 

–Quase um. –Levi mordiscou a orelha dela. – Mas por você eu sou paciente. –E como era paciente. Ela exercitou toda a sua paciência durante muito tempo. 

Levi prendeu o corpo de Mikasa no dele, soltando alguns ruídos com a sua boca contra o pescoço dela. Seu corpo deu os primeiros sinais que o orgasmo estava chegando, mas fez o possível para que fosse o mais duradouro o possível e delicioso para eles dois. 

Nessa parte ele se garante.

Quando Mikasa se contraiu no membro dele diversas vezes, ele também gozou com um intenso choque atravessando o seu corpo. Parou de se movimentar, pressionando a sua virilha uma última vez no bumbum de Mikasa. Depositou um beijo longo no pescoço dela, e saiu de cima, erguendo o seu corpo e vestindo sua calça.

Também levou a calcinha de Mikasa até os quadris dela, vestindo. Abaixou o vestido dela colocando tudo no lugar, e se deitou na cama, bastante relaxado.  Mikasa chegou perto dele. O suficiente para abraçá-lo no corpo, colocando a sua cabeça em cima do peito, e Levi retribuiu os cobrindo com o lençol. 

Houve algumas trocas de carícias por um longo tempo, porém, quando os dois estavam quase fechando os olhos para dormir, Mile apareceu pulando em cima da cama, no meio deles. 

Mikasa se afastou de Levi, despertando do seu sono. O filho deles estava ali acordado, o que não era algo surpreendente. Contudo, a carinha era de puro sono. 

Levi também acordou, e compreendeu que o pirralho queria dormir com eles. Não recriminou, pois às vezes quando Mile tinha pesadelos,  ele aparecia para dormir com eles. Talvez tivesse medo. 

Deu um pouco de espaço na cama para que o garoto se deitasse no meio deles, e ele se deitou. 

–Boa noite mamãe, boa noite papai. 

–Boa noite Mile… –Os dois responderam ao mesmo tempo, o que deu segurança para que Mile fechasse os olhos novamente e dormisse, pois seus pais, as pessoas das quais o protegiam, estariam velando ele, até nos seus mais profundos sonhos. 

 


Notas Finais


Demorei uma vida pra postar esse capítulo, mas eis que estou aqui kk
Ficou imenso, é ficou kk


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